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História O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 O Anjo das Virtudes torna-se o anjo da morte


Escrita por: GegeXianle

Notas do Autor


Saudações, hoje a jornada envolve perigos, envolve sangue coragem.
Estamos à caminho da Estalagem do Sátiro...

Capítulo 31 - Parte 2 O Anjo das Virtudes torna-se o anjo da morte


Fanfic / Fanfiction O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 O Anjo das Virtudes torna-se o anjo da morte

Parte 2 O Anjo das Virtudes torna-se o anjo da morte

 

Enfrentaram alguns saqueadores de estrada.

Havia uma armadilha entre árvores e o cavalo tombou junto com Jang e Shou.

Eram cinco bandoleiros contra dois.

Um anjo que ocultava suas asas e o cidadão Contrário mais destemido de toda aldeia.

Pensando bem, os saqueadores não faziam mesmo ideia da onde estavam se metendo!

Os bandidos estavam armados com adagas e punhais, surgiram por entre os vinhedos que ladeavam o caminho como uma matilha de cães raivosos atacando de forma desordenada.

Jang desembainhou sua espada cercado por três dos bandoleiros, enquanto a primeira reação de Shou foi se esquivar de dois deles que vieram em sua direção, o cavalo debandou em meia a agitação.

O pensamento que consumia sua mente era de que não queria machucar ninguém, mas aqueles dois estranhos investiam em sua direção, gritavam palavras desordeiras que aturdiam seus sentidos e em meio a tudo isso, a aflição que sentia ao ouvir a espada de Jang combater as adagas raivosas, o som do metal forjado faiscando e se chocando terminou por fazer Shou acabar puxando a própria espada que carregava na bainha presa a sua cintura.

Não tinha a destreza e intenção necessária, mas entre olhadelas furtivas na direção de Jang adquiria noção de manuseio absorvendo para si a habilidade que precisava, assim como fazia com dialetos e línguas estranhas em pergaminhos. Parecia haver uma corrente elétrica correndo em seus braços, estava preocupado com Jang, também pensava em meio a luta se o cavalo tinha se perdido.

Em virtude de tantos sentimentos difusos, baixou por um instante e guarda e ouviu a voz de Jang.

__Atrás de você, Shou!

A voz de Jang soou grave e forte como uma trovoada, mesmo assim Shou não se moveria rápido o bastante para se proteger do ataque. Num movimento incrivelmente rápido Jang puxou um pequeno punhal estrategicamente preso uma de suas botas e atirou de forma certeira acertando o meio das costas de um dos saqueadores.

O som do punhal acertando em cheio a carne, penetrando os ossos não passou despercebido pelos sentidos de Shou. Se lutava contra a adaga de um estranho, não passava de um instante irracional pela sobrevivência desnecessário que o consumia e o angustiava e tudo que o anjo desejava era que aquele instante terminasse logo.

Não perdurou muito mais, quando sua espada atravessou o corpo de seu oponente e seu corpo se curvou numa dolorosa e lenta queda ao chão, três dos bandidos abandonaram o local numa covarde retirada.

Shou arregalou o olhar sobre o estranho caído, sucumbindo a lâmina de sua espada. O som dos passos dos outros bandidos desapareciam e logo um silêncio apenas quebrado pelo vento e sua respiração entrecortada recaiu impiedoso.

__Shou... Você está bem?

Ouviu a voz de Jang, mas não conseguia desviar-se do estranho que agonizava bem diante de seus olhos, o sangue vertendo em coágulos pela boca.

Não conseguia mais olhar e se afastou simplesmente, tão estridentemente estarrecido que deu as costas para o cenário, para os dois corpos frios que haviam restado daquela luta no chão.

Jang aparentava uma calma gritante enquanto observava Shou se afastar, indo na mesma direção para onde a única montaria que tinham havia debandado.

 

                                                                                ***********

Não estavam tão longe, o cavalo bebia água num córrego e Shou estava ao seu lado, segurando-lhe as rédeas.

Jang se chegou e Shou virou-se devagar, tendo uma expressão infinitamente triste no rosto.

__Não deve abandonar sua espada.

O tom de censura era sutil na voz de Jang, ao estender a espada de volta para Shou já limpa do sangue das entranhas de outrem.

__Não a quero mais.

__Por quê?__ Jang insistiu entregar-lhe a espada, seu olhar esverdeado era igualmente afiado.__ Por que matou um facínora que o teria estripado sem dó? Fez um favor aos moradores dessas redondezas!

__O que aqueles homens queriam?...

__Pelo que sei... São saqueadores de corpos.

__De corpos?__ Shou sentia sua garganta ressecar.

__Algumas partes de corpos de criaturas mágicas valem muito no mercado negro da feitiçaria.

__Isso não justifica a morte que eu causei...

__Achei que não soubesse usar uma espada, aliás.

E não sabia usar a espada até aquele fatídico dia e somente Arcanjos carregavam lâminas, eram os guerreiros de Deus.

Mas, não podia dizê-lo a Jang se ele desconhecia a verdade a cerca de sua verdadeira forma. Queria tanto dizer que sua missão era proteger, que era tão somente um Anjo das Virtudes.

Era um fardo excruciante renegar sua natureza.

Também era verdade que podia ser tudo que quisesse, adquirir qualquer habilidade que lhe fosse ensinada, absorver para si o conhecimento em qualquer idioma e no entanto...

Shou não tinha controle sobre o que estava se tornando.

Partiu do próprio Jang encaixar a espada na bainha presa à cintura de Shou, mais uma vez estavam bem próximos e Jang aproveitou para olhar diretamente dentro de seus olhos.

__ Shou, o que mais está escondendo de mim?

__Você não confia em ninguém, Jang... É prudente da minha parte ficar calado.

__Sua percepção é falha, Shou.

O comentário soou algo frígido, embora houvesse uma insignificante nota de mágoa. Jang se afastou um pouco e em seguida seus olhares tornaram a se encontrar.

__Eu não teria o trabalho de lhe conseguir uma espada, se não confiasse em você... Como pode ser tão tolo?

O sorriso pequeno arqueado no rosto desaforento de Jang era feito de um escárnio não tão sutil quanto seu tom de censura.

__Desculpe...__ Shou retrucou baixo, desviou o olhar.

__De uma coisa eu sei... Apesar de ter alguma habilidade com a espada, você nunca tinha tirado a vida de ninguém.

Seus pensamentos de anjo se atropelavam enquanto encarava as águas do córrego e sem dizer algo mais naquele instante, limitou-se a seguir Jang guiando o cavalo num pequeno trajeto a pé.

Depois tornaram a montarem juntos o cavalo.

Como queria poder contar para Jang que não precisava ter matado para defender a própria vida! Que Deus, o Deus que os habitantes de Finis Tempore desconheciam, tinha concedido a imortalidade aos seus anjos, como tantos outros dons.

Shou se perguntou diversas vezes até chegarem em uma estalagem, depois de algumas horas de viagem, se tinha cometido um pecado sem perdão...

 


Notas Finais


Agradeço por estarem aqui e m]ao abdicarem dessa jornada.


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