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História O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 A primeira mentira do anjo


Escrita por: GegeXianle

Notas do Autor


Saudações.
Desculpe o sumiço.
Andei muito ocupada trabalhando e estudando.
Mas, eu volto... Nunca se esqueça disso, eu SEMPRE volto.

Capítulo 35 - Parte 2 A primeira mentira do anjo


Fanfic / Fanfiction O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 A primeira mentira do anjo

Parte 2  A primeira mentira do anjo

 

Os pirilampos sempre se aproximavam da onde estava o anjo.

E logo o pequeno jardim nos fundos do quarto na estalagem se encheu deles, tornando-se furtivamente luminoso.

Tal como no dia em que dormiram na cabana puída à beira da mata, Shou entrou no quarto depois de Jang, após passar um tempo meditando sozinho e o encontrou sentado no chão mais uma vez junto a sua espada ainda que houvessem dois futons pouco confortáveis a disposição de quem alugasse o cômodo por uma noite.

Shou sentou-se sobre um dos futons estendidos a olhar timidamente ora sim, ora não na direção de Jang.

Tinha tanto em mente, queria tanto conversar e se quer sabia por onde começar.

Tanto que se surpreendeu assim que Jang quebrou o silêncio, sem mesmo buscar seu olhar.

__Shou... Tenho que te contar uma coisa.

O tom de Jang era sem dúvida solene, uma seriedade fria e inexorável.

__O que seria?__ Shou abraçava os próprios joelhos sobre o futon, tendo tornado a vestir a blusa, amarrado cuidadosamente a tira de couro trançada no tecido.

__Na ocasião em que te resgatei da beira do rio... Pensei em te matar.

Por alguma razão, não se sentia surpreso por ouvir a confissão de Jang e por isso, Shou limitou-se a ouvir tudo que ele tivesse a dizer sem interromper.

__Não é segredo que tirei sua roupa... E quando vi aquelas asas desenhadas em suas costas, me ocorreu que você pudesse ser como aquele ser das asas cinzentas, eu olhei atentamente aquelas asas e cheguei a tirar o punhal preso a minha bota, deslizar na sua pele.

Shou mirava-se ligeiramente atônito em Jang, mas não estava preso a figura dele sentada no chão e sim as imagens passando em sua mente, seu corpo desacordado sobre a esteira de bambu, o punhal deslizando com o gume cego no contorno do símbolo de suas costas, que em verdade nunca tinha visto e ficou perturbado por a cena parecer muito mais sensual que ameaçadora.

O contraste do prateado da lâmina com sua pele era uma visão excitante descrita suavemente pela voz excessivamente fria de Jang.

__Quanto mais tempo passo ao seu lado, mais afasto essa possibilidade.__ Jang retorquiu retirando metade de sua espada da bainha, fitando a lâmina dupla e o verde flamejante de seu olhar se refletiu nela.__ Embora esconda fatos sobre você, do jeito que é involuntariamente sincero... Já teria revelado suas asas se fosse como aquela criatura que almejo matar.

As palavras de Jang pareciam ser uma reflexão em viva voz, tal como se estivesse confessando a lâmina de sua espada. De súbito, tornou a deslizar a lâmina para dentro da bainha e somente nesse instante é direcionou seu olhar de Shou.

O som preciso, breve a bafado da boca da bainha batendo firme contra o guarda-mão da espada fez com que Shou estremecesse por dentro, tivesse um pequeno solavanco interno a engolir a seco sem negar-lhe o fitar.

__Ou tem algo que queira me contar, Shou?

Seu coração de anjo pulsava desordenado e ficou de pé sobre o futon, por um instante considerou mesmo mostrar-se como era, evocar suas imensas asas brancas bem diante de Jang. Trancou seus punhos e tornou-se por um ínfimo instante cabisbaixo.

E no que tornou a mira-se nele, sua voz enfim saiu sem expressar qualquer sentimento:

__Não... Tem razão, não sou como aquela criatura alada... Ou eu quase não teria me afogado se pudesse realmente voar.

__Isso também passou pela minha cabeça.__ Jang especulou, algo mais tranquilo após as palavras de Shou.__ Mas, ainda acho possível que existam outros seres alados como aquele de asas cinzentas em Antuerpéria... Pode ser que ele tenha vindo de outro reino de Finis Tempore.

__Talvez... Nem toda criatura alada seja má como a que você procura.

Seu pequeno argumento saiu tão inseguro e sem forças que foi praticamente ignorado por Jang.

Não porque Shou duvidava disso, mas porque sentia-se profundamente intranquilo e culpado por negar a verdade, ocultar suas asas, manchar com a inexatidão sua natureza angelical.

Não entendia a si mesmo... Por que tinha mentido?

Será que era possível voltar a atrás e ressarcir o seu erro?

Poderia se sentir mais calmo se contasse a verdade?

Não conseguia fazê-lo por mais que tentasse, imaginava Jang verdadeiramente zangado!

Por isso, engolia a culpa e as verdades entaladas na garganta, tinha medo e não queria brigar.

Acima de tudo, temia não ser mais aceito.

__Jang... Hoje há uma acomodação para você.__ Shou precisava mudar de assunto, precisava fugir da sensação tenebrosa do abraço apertado de sua própria mentira.__ Então... Por favor, não durma sentado no chão.

Jang sorriu, a curva ascendente de seus lábios sempre carregava uma malícia velada.

__Sabe de uma coisa, Shou? Acho que é você que não gosta de dormir sozinho.

__Pode ser que tenha razão... Da onde eu vim, nunca se está só.

__O que fará se eu me recusar a ocupar o futon? Vai fingir que não está com sono e terminar dormindo ao meu lado de novo?

Shou virou seu rosto indignado com as palavras, com provocação implícita nas entrelinhas.

__Eu não fingi nada! Não fiz de caso pensado... Ou acaso pensa que todos são cheios de malícia como você?

__Não mesmo...__ Jang riu, raramente descontraído.__ Não você, Shou... Muito pelo contrário, a você falta malícia e deve ser o que eu mais gosto no seu jeito de ser.

__Então...__ Shou suspirou resignado, não sabia se podia considerar o riso e as palavras de Jang como elogio.__ Ao menos vai considerar ter uma noite de descanso decente?

__Hum... Eu até considero, se você juntar o seu futon com o meu.

Shou piscou seus olhos maquinando em sua mente a sugestão.

__Você quer dizer... Lado-a-lado?

__Evidente... E se quiser fugir para o meu futon no meio da noite, também não me importo.

Shou lançou-lhe de pronto um olhar de brava censura infantil, suas bochechas coraram levemente.

__Calma, Shou...__ Jang disse mais contido de sua malícia, de seu tom irônico-sensual.__ Foi brincadeira e olha que é raro me ver dizendo esse tipo de gracejo.

Ainda duvidoso, sem suas bochechas se livrassem do rubor, Shou juntou seu futon ao de Jang.

Tendo posto a candeia sob o alqueire, o quarto da estalagem deitou-se em penumbra e somente a vaga claridade do jardim é que não os deixava na total escuridão.

Cada espada estava deitada ao lado da beira de cada futon, ambos ocupavam suas respectivas acomodações a se olharem na penumbra geralmente gentil.

Shou foi o primeiro a adormecer, enquanto um segurava a mão do outro...

 

 


Notas Finais


Obrigada por lerem!


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