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História O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 Um anjo chamado Saejin


Escrita por: GegeXianle

Notas do Autor


Aí está o segundo capítulo... O misterioso anjo de asas cinzentas começa a se manifestar mais intensamente.

Boa leitura!

Capítulo 37 - Parte 2 Um anjo chamado Saejin


Fanfic / Fanfiction O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 Um anjo chamado Saejin

Parte 2  Um anjo chamado Saejin

 

Era uma manhã de sombria reflexão.

Por isso, não necessariamente uma boa manhã.

Shou acordara antes de Jang, antes do amanhecer.

Insuportavelmente inquieto e odiando as reações de seu corpo, odiando propriamente seu corpo por inteiro.

Ainda remoendo o fato que se tivesse usado seus poderes de anjo, não teria sido preciso matar um ser vivente de Antuerperia com uma espada, mesmo que este fosse um bandido.

Precisava ficar sozinho.

Solitude necessária.

Então, levantou-se de mansinho quando a madrugada estava escura e deixou a estalagem.

Não é que pensasse em abandonar Jang, apenas carecia de se afastar um pouco dele.

Zanzando nos arredores da estalagem encontrou o sátiro, dono da estalagem com o rosto nas sombras, encoberto pelo capuz e perguntou se havia algum rio, ou fonte nas redondezas que pudesse tomar banho.

A voz rouca do sátiro contou sobre uma gruta onde havia um lago e apontando pelo caminho, deu a orientação que Shou precisava para chegar até lá.

O nome do local era Gruta dos Espelhos e ao entrar nela, compreendeu o porque.

As paredes da gruta pareciam ser feita de pedaços de espelhos embrutecidos e sujos, antigos e oxidados pelo tempo.

Como estava demasiado escuro em seu interior, Shou abriu suas asas como não abria há muitas horas, a sensação é que não trazia suas asas para o exterior de seu corpo há muitos dias.

A luz que emanava delas lhe deu uma percepção mais aguçada do local, via-se em pedaços nos espelhos da gruta e sentiu-se ainda mais desolado.

Não demorou e descobriu o lago, mais que depressa despiu-se das vestes e deixou-as dobradas num canto menos poeirento junto com sua espada envolta na bainha.

Aproximou-se da beira nu em pelo vendo a luminosidade de suas asas refletida na água, devagar encostou os dedos do pé na superfície e sentiu a temperatura.

Estava gelada.

Mas, disse para si mesmo que era o que precisava.

Sentou-se naquele beira e primeiro mergulhou as pernas, a sensação era cortante.

Respirou fundo antes de deixar imerso o seu corpo, de molhar suas asas.

Deu um pequeno impulso deslizando o corpo e estava feito, a água se agitara em torno de seu corpo e logo tornara a se aquietar.

A água gelada do lago da gruta dos espelhos o paralisara, fazendo seu corpo inteiro se empertigar e sua mente se converter num branco angustiante.

O frio penetrante, gélido e escuro era tudo que vigorava.

Muito diferente das fontes termais na fenda da montanha Damion, na Aldeia de Hanja.

 

Contudo, preferia mil vezes o branco torturador de sua mente acuada pelo frio intenso do que o desejo que antes permeava em sua carne, no corpo que tinha e detestava.

Jang era parcialmente culpado por sua inquietude, poucas horas antes desse instante provocara seu corpo com carícias quando Shou estava ainda adormecido no futon.

O anjo regente da Castidade não sabia mais o que fazer para se livrar da própria excitação, da vontade de levar as carícias às últimas consequências.

Shou encarava seu reflexo levemente distorcido nas água límpidas e gélidas longe de se sentir bem consigo mesmo e sua voz quebrou o silêncio daquele lugar vazio e ecoante num sussurro desconsolado:

__ O anjo da Castidade é uma fraude.

Seu queixo começou a bater, sem ter plena noção de como seus lábios estavam roxeados.

Não importava, anjos não podiam morrer de hipotermia.

Até que foi atingido pela sensação que não estava sozinho.

__Jang... É você?

Shou se manteve de costas para a entrada da gruta que ficava a cerca de duzentos metros da onde estava, imerso nas águas geladas até quase seus ombros.

Contudo, como não obteve resposta, moveu-se sentindo suas asas pesadas e sentindo ainda mais frio ao ficar imerso nas águas apenas da cintura para baixo.

__Jang?... Não tente me fazer de tolo!

__Hum... Se queria tanto que fosse Jang... Por que saiu do lado dele? Devia ter continuado com as carícias no futon.

Ouviu aquela voz se projetar, ecoando através das paredes espelhadas da gruta escura que suas asas encharcadas precariamente iluminavam agora.

Shou se moveu inquieto dentro do lago, a voz não lhe era nem um pouco estranha... Em verdade, sacudia suas entranhas, reverberava dentro de si rebuscando tempos antigos.

O começo dos tempos, o início de tudo.

Os primórdios da criação.

Não conseguiu dizer nada de imediato tomado pelo espanto momentâneo, apenas escapou por seus lábios um murmúrio estarrecido que de modo algum foi ignorado.

__Ora... Depois de tudo... Ainda lembra da minha voz, Shou? Ou está surpreso por eu saber o que se passa entre vocês dois?

As emoções de Shou estavam em torvelinho, algo se movia nas sombras e tinha dificuldades de mover seu corpo rijo de frio, seu queixo ainda a bater veemente sem piedade.

__Ouvi seu lamento, alias...__ Aquela voz conhecida parecia mais próxima.__ E te dou razão sobre ser uma fraude se não consegue guardar a própria virtude... Se considerou deixar Jang para fugir do desejo que sente... Saiba que ele vai morrer se ficar sem você.

Sua respiração saía entrecortada e por mais que suas asas luzissem, parecia cada vez mais preso em escuridão e aquele vulto chegou tão perto que pode sentir a respiração, como se estivesse prestes a ser tocado.

Era como sufocar em trevas e por um momento pensou em Lúcifer.

Mas, não... Não era Lúcifer.

O dono daquela voz profundamente sedutora e bela era...

__Saejin?...__ Shou perguntou incrédulo.

Viu com debilidade, um tanto enevoado, preso a um suposto sonho confuso... O sorriso dele por muito pouco não tocando em seus lábios.

Que no segundo seguinte... Desapareceu.

Um feixe de luz desfez quase toda aquela intensa escuridão, a luz da alvorada penetrando por uma rachadura tênue no teto da gruta.

E de um instante para o outro...

A solitude se transformara em solidão.   


Notas Finais


Obrigado por lerem. :)


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