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História O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - A Taverna Luo Pan


Escrita por: GegeXianle

Notas do Autor


Como vão, andarilhos?

A nossa próxima parada é na velha Taverna da Aldeia de Hanja.
Mas, cuidado!

Nada é tão confiável quanto possa parecer...

Capítulo 4 - A Taverna Luo Pan


Fanfic / Fanfiction O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - A Taverna Luo Pan

A Taverna Luo Pan

 

Shou estava de pé, ao lado da parede coberta de livros.

Havia um aberto em sua mão e seu dedo indicador deslizava pela página amarelada, levemente puída nas bordas.

__Consegue ler o que está escrito aí?__ Etzel perguntou jogando o conteúdo de um frasco dentro de um caldeirão de formato oval sobre uma pequena fornalha crepitante.

__Não há nenhuma figura de línguagem ou dialeto que um anjo não possa decifrar.

__Isso quer dizer que não sabia falar minha língua até ouvir minha voz se pronunciar?

__Não... Mas, basta que eu tenha contato com qualquer que seja o idioma, que consigo absorver todos os aspectos da língua.

E enquanto conversavam, Etzel ia de canto ao outro, ora em sua mesa pegar algum frasco, ora na parede lendo depressa os rótulos, pegando uma garrafa ou outra e colocando um pouco disso e pouco daquilo no caldeirão fervente... Uma fumaça vermelha-alaranjada e fugaz escapava de sua abertura.

Por isso, Shou fechou o livro gerando um breve som abafado e colocou sua atenção em Etzel.

__Isso seria algum feitiço? Ou espécie de poção?

Mas, antes que Etzel pudesse responder o caldeirão borbulhou numa pequena explosão sonora, um sapo pequeno subitamente pulou de dentro dele e saiu pulando até alcançar porta afora. Etzel fez uma careta levando uma mexa de seu cabelo púrpura escuro para trás de sua orelha, fitando o semblante algo assustado de Shou.

__O que está procurando nesses livros? Um meio de voltar para casa?

__Talvez...__ O anjo deu os ombros.__ Essa poção tem a mesma finalidade?

__Ah... Isso?

Etzel achou uma colher de pau no meio de alguns tubos de ensaio e a mergulhou no conteúdo borbulhante, a fumaça escapava em menor quantidade... Fugaz como rastro de incenso.

Pegou um pouco na ponta da colher e provou.

__Arghn! Já vi que não se pode misturar caldo de abóbora selvagem com pêlo de rã vermelha!

__Mas... Rã não tem pêlo.

__Aqui em Antuerpéria tem sim.__ Etzel objetou rindo maroto.__ Mas, quer saber? Vamos dar um pulo na aldeia... Nem que me pagassem eu comia esse negócio.

Shou não disse nada a princípio, mas quase sorriu. Encaixou o livro que antes estava em sua mão na única brecha que tinha e fitou o mago.

__Isso era mesmo para comer?__ Shou esboçou um sorriso pequeno e incrédulo.

__Esquece, vai... Assim você aproveita para conhecer os arredores.__ Etzel disse vestindo um colete.__ Só que haja o que houver... Não revele suas asas a ninguém, entendido? E é melhor usar o capuz do manto sobre sua cabeça, melhor que você não chame muita atenção.

__Não pretendia revelar minhas asas... Mas, por que esconder meu rosto?

__Porque a Aldeia de Hanja tem toda espécie de magos... Assim como Antuerpéria tem todo tipo de criaturas, em ambos os casos... Nunca confie neles.

Shou apenas assentiu com a cabeça, algo pensativo e disposto a aceitar o conselho de quem devia ser seu único amigo naquela terra estranha.

 

                                                                            ******************

Beirava o início do tarde quando Etzel e Shou deixaram a casa ao pé da montanha Damion.

Desceram pelo caminho sinuoso ladeado por poucas moradas, pequenos montes se erguiam por trás delas, muros de pedra contornavam as casinhas.

Etzel acenou de longe para os poucos magos que avistou nos quintais vizinhos.

Ao fim daquela descida ficava o centro da aldeia.

Shou se sentia bem ao lado de Etzel, mas teve receio quando a descida terminou.

A aldeia fervilhava, haviam moradas maiores, o comércio local.

As casas em parte feitas de pedras, outras em madeira e seus telhados cobertos de vegetação, em outras erva daninha e flores se entrelaçavam, mas nenhuma tinha pinheiros tão altos quanto no telhado da morada de Etzel.

Não soube bem porque, mas Shou acabou por segurar-lhe o braço. A capuz do manto cobria sua cabeça, escondia em parte o quão longo era seu cabelo, deixava praticamente nas sombras a beleza de seu rosto, ainda que fosse tarde e o dia estivesse claro.

Também havia várias tendas, magos e magas vendendo poções e encantamentos.

Etzel sorriu quando Shou segurou em seu braço, anjos podiam sentir medo? Então, não eram tão diferentes de magos.

__Nem todos aqui são magos...__ Etzel sussurrou para Shou, atrelado ao seu braço como um garotinho assustado.__ Outros povos de Antuerpéria às vezes vem de longe em busca de certas poções.

Shou se limitou a ouvir, era tanto para assimilar... As palavras de Etzel eram apenas uma pequena parte de todo aquele cenário.

Deixaram a praça no centro da aldeia para trás e entraram no que parecia ser uma imensa árvore, uma antiga e gigantesca sequóia. A placa entalhada cuidadosamente em madeira na entrada dizia "Taverna Luo Pan".

Era um ambiente sombrio se comparado a luz do dia que cobria toda aldeia naquele horário, chegaram-se perto do balcão e Etzel pediu algo para comerem e beberem.

Shou não estava muito certo se deveria comer, mas parecia tão apetitoso e involuntariamente o interior de sua boca se enchia de uma rala saliva.

As vontades de seu novo corpo o infernizavam a todo instante e entravam em conflito com sua essência de anjo.

Acabou cedendo a vontade e pôs-se a comer quieto e timidamente ao lado de Etzel, ouvindo inevitável as conversas paralelas da clientela frequente daquela taverna.

Entre risadas estridentes e comentários, um em especial chamou a atenção de Shou e Etzel.

__Viram uma criatura voadora planando sobre a montanha Damion... Vocês sabiam disso?__ Um velho mago começou.

__Vai ver que era uma fada... Se eu visse uma juro que a acertava com meu cajado.__ Uma maga refilou.

__Fadas por aqui? Hum... Esse não é o território delas.__ Outro replicou.

__Dizem que não se parecia com uma fada...__ O velho mago retrucou em tom de mistério.__ Era como uma harpia gigante!

__Ei, Etzel!__ A mesma maga de antes exclamou.__ Isso foi por cima de sua velha casa... Não viu nada de estranho na noite passada?

__Não sei para que tanto alarde.__ Etzel riu em tom de descaso.__ Devia ser só um animal elementar que estava de passagem... Um gryphon ou coisa do tipo.

Mas, Shou estava paralisado. Tinha parado de mastigar e sua cabeça pendia ainda mais escondida pelo capuz, um pedaço de seu cabelo comprido escapava e estava à mostra.

O mago mais velho cuspiu um bocado de sementes para o lado oposto do balcão e mirou-se de soslaio na figura quieta e paralisada do anjo.

Seu olhar correu por toda silhueta do rapaz com curiosidade mordaz.

 

 

 


Notas Finais


Obrigada por lerem! \o

(Às vezes, detesto mesmo essas notas finais, mas agradecer é tudo que eu posso fazer... Não é mesmo? O oposto disso seria ingratidão)


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