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História O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - O verde claro do absinto


Escrita por: GegeXianle

Notas do Autor


As Crônicas de Antuerpéria continuam, andarilhos.
E a noite quieta traz um novo capítulo...
Olha para o céu que se descortina, as duas luas que vagam e deixe-se arrebatar.

Capítulo 7 - O verde claro do absinto


Fanfic / Fanfiction O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - O verde claro do absinto

 O verde claro do absinto

 

Era a noite do quarto dia.

Uma noite quente, tal como no dia que se conheceram naquele mesmo quintal.

Não que Shou a princípio quisessse desfrutar da noite, Etzel é que o tinha tirado de dentro de casa, feito com que ele fechasse um de seus livros.

Os dois sentaram-se numa rocha encravada no solo num canto do quintal, Etzel encheu dois copos de cristal com absinto. A garrafa em formato triangular estava atrás de ambos na parte plana da rocha.

Shou fitou a bebida verde clara dentro do copo, o cheiro era convidativo, só que ainda não tinha tomado um único golinho.

Não tinha mais saído da morada de Etzel depois de sua ida a Taverna Luo Pan e apenas se separava de Etzel quando ele saía para comprar mantimentos, ou ingredientes para poções.

Por isso, encarava aquele licor verde mergulhado em pensamentos.

Em tão pouco tempo, percebia-se tão dependente de outro ser.

Mas... Por quê? Era um anjo, uma existência superior, um ser celestial dotado de inteligência extraordinária e mesmo assim o receio o dominava, o medo fazia Shou recuar.

Antes pensava saber tanto, mas agora sentia realmente que nada sabia.

Ainda não entendedia as complexas necessidades de seu corpo, tinha dificuldade de interpretar tudo que sentia, às vezes chorava apenas por dentro sem que ninguém soubesse feito criança... Será que de algum modo Etzel percebia seu pranto de alma? Por isso ele insistia em protegê-lo com tanto afinco?

Shou andava a se sentir um estorvo, a tristeza que muitas vezes o afligia enevoava seus pensamentos e terminava sempre perdido.

Perdido...

Perdido numa terra estranha.

Perdido dentro de um corpo físico que o atordoava.

Perdido em pensamentos.

Mais do que perdido no verde claro do absinto.

__Shou...

A voz de Etzel soou musical, uma nota ou duas suave e fluida penetrando nos sentindo do anjo, fazendo Shou estremecer enquanto erguia seu olhar.

__Permita-se relaxar, hum? Ao menos um pouquinho...

Etzel estava rindo de manso, esbarrando de leve no ombro dele.

__Desculpe...__ Shou sorriu algo tenso.

__Prove do licor...__ Etzel sugeriu a esbarrar com seu copo no dele, o cristal tinindo.__ E dê uma olhada nessa bela noite.

Resolveu seguir a sugestão provando com cautela do absinto, atento a brisa noturna em seu rosto e cabelos, aos sons daquele instante, o céu estupendo onde se encontrava duas luas, quando nem sempre eram visíveis simultaneamente.

O céu intensamente pontilhado de corpos luminosos... Diminutos a olho nu.

Tomou mais um pouco do licor a observar a montanha Damion.

__Quando sobrevooei a montanha... Reparei que ela tem uma abertura em sua lateral. Sabe onde aquela fissura dá?

__Quer ir até lá e descobrir?__ Etzel sorriu ainda mais faceiro.__ Nem precisamos escalar, sei um feitiço muito útil de teleporte.

Aquele gosto exótico e refrescante vigorava em sua boca, a sensação causada era boa e Shou sorriu pensativo, roubando mais um golinho para si.

__E se fóssemos voando?

__Eu não sei se você reparou...__ Etzel ironizou.__ Mas, um de nós dois não tem asas.

__Está me tomando por fraco?__ Shou brincou em tom de desafio.__ Posso voar com você até a fissura na montanha, não sou frágil do jeito que você pensa.

Etzel tomou de seu absinto, uma boa dose, restando somente dois dedos de líquido no fundo reluzente.

Passou a língua nos lábios provocante a fitar Shou.

__Então, prove.

Shou imitou a expressão de seu olhar, de seu semblante... Ainda que com um pouco menos de malícia. Tomou também uma boa dose e um pouco de absinto escorreu por seu queixo, deixando o copo vazio sobre a parte plana da rocha, logo pô-se de pé.

Entrepôs as mãos respirando fundo e as asas majestosas se projetaram em suas costas primeiro cobertas por uma fugaz luminescência.

Etzel se ergueu sem pressa alguma a se espreguiçar:

__Hum... Não serei demasiado pesado para você?

__Fique de frente para mim... E descubra por si mesmo.

__Shou é ousado quando quer... Gostei.

E Etzel estalou os dedos das mãos, se colocou de fronte a Shou a fitar-lhe nas sombras da noite.

__Passe os braços por meus ombros e segure firme...

Devagar Etzel o abraçou pelos ombros, não conseguia evitar que sua tez estivesse coberta de safadeza.

__Quando eu levantar voou... Prenda seus joelhos em minha cintura... Pronto?

Sentiu Shou envolver suas costas com firmeza e o observou erguer a cabeça a calcular com o olhar até onde devia sobrevoar.

__Quando quiser, meu anjo e senhor.

E num instante imprevisto, Shou abandonou o chão.

Etzel ficou tão impressionado com o movimento das asas que quase esqueceu de encaixar os joelhos no corpo de Shou. Rapidamente ganharam altitude, um abraçava o outro com intensidade e firmeza.

Não conseguia desviar-se da linha do pescoço, subindo o olhar pelo queixo, a face de Shou e seu cabelo azulado esvoaçando suave durante o voou que ambos alçavam...

Etzel sorriu para si mesmo, deleitando-se com as sensações de seus corpos colados, o som do bater de asas, sabendo que ninguém mais em Antuerpéria voara nos braços de um anjo.

Quem precisava de teleporte afinal?

 

 


Notas Finais


Até mais ver.

E obrigada. ^^"


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