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História O Senhor da Chuva - Capítulo vinte: Borrado.


Escrita por: AliceDracno

Notas do Autor


Estamos na reta final! Pois é, infelizmente, só mais alguns capítulos e O Senhor da Chuva acaba... que triste, né? Enfim, eu não posso demorar porque, de novo, eu vou ajudar numa festa de aniversário da família. Uma coisa curiosa sobre nós é que a grande maioria das pessoas da minha família faz aniversário em dias com o número 2. Vai entender...
Enfim, 6 pessoas comentaram capítulo passado, infelizmente eu ainda não tive tempo para responder todos eles, porque foram comentários enormes e que merecem respostas dignas. Os maravilhosos que comentaram foram:
S2aori,
Pablx,
Viabieber,
Netflixs2,
LucyBlackbird,
samn-chan

Capítulo 20 - Capítulo vinte: Borrado.


Os passos de Light não eram nada hesitantes. Ele andava por aqueles corredores labirínticos com maestria. Aquele dia era o dia da morte de seu pai. Em poucos minutos, trinta no máximo, o nome dele seria escrito e sua vida, tomada. Mesmo fazendo parte de seu plano, aquela morte seria dolorosa para ele. Quando ele entrou no quarto, não havia ninguém. Sua mãe ainda estava com Sayu e elas duas não poderiam voar para Los Angeles graças a um problema no passaporte da mais velha. É claro que Light havia manipulado um conhecido gangster invadir a casa de seus pais e roubar o passaporte de sua mãe, logo depois cometendo suicídio. A questão era que o passaporte ficou retido como prova e demorava muito mais do que os 5 dias para que um outro ficasse pronto. Os 13 dias do acordo acabam naquela tarde, era o último dia de Souichiro vivo.

Sentou-se ao lado da cama do pai, agarrando sua mão. O plano de se livrar totalmente da desconfiança não funcionaria se os outros não entrassem logo, por isso ele ficou olhando de soslaio para a porta até ver a maçaneta girando. 13 dias. A sentença de morte, os minutos de vida de Souichiro Yagami se esgotavam. Primeiro Matsuda entrou, depois Aizawa, Ide e, por fim, uma enfermeira usando um uniforme azul. A moça de belos olhos azuis se aproximou do pai de Light, uma máscara branca cobria parte de seu rosto, mas ela era linda e disso não haviam dúvidas.

Matsuda, por exemplo, ficou olhando ela com cara de bobo até receber de Ide um cutucão nas costelas.

—Não fiquem com uma cara dessas — a moça disse. —Tenho certeza que, depois de tantos dias dormindo, ele vai acordar —tentou reconfortar os outros, mas ela não sabia o que eles sabiam. Retirou a máscara branca e revelou uma boca em formato de coração e tingida de vermelho. Light reparou que ela usava maquiagem. Não sabia dizer o quanto, mas ela usava maquiagem. —É um homem forte —ela declarou, pegando a prancheta e riscando algumas coisas após ter trocado o soro. —Não morreria depois de treze dias lutando contra a morte —pontuou a frase já saindo e fechando a porta. Os batimentos cardíacos de Light aumentaram, a forma como ela pronunciou o número 13... aquela era A! Até porque, Souichiro não estava naquele lugar a treze dias, estava a cinco dias ali.

Ele se levantou e pegou a prancheta, o soro estava riscado e o horário da troca colocado na frente. Engoliu em seco e saiu, chegando ao fim do corredor e depois voltando. Poderia ser somente paranoia. Dessa vez, uma enfermeira de cabelos brancos o seguiu, e tamanha foi a surpresa de todos quando a enfermeira entrou para verificar o soro. Light rapidamente retornou à posição inicial e agarrou a mão do pai.

—Acabaram de trocar —Matsuda avisou a senhora. Inutilmente, claro, pois a mesma já havia notado o saco plástico cheio. Ela pegou, contrariada, a prancheta e viu que a pessoa que trocou o soro não havia assinado. Pior, os outros medicamentos não haviam sido dados.

—Ele vai acordar em pouco tempo—a enfermeira disse, ríspida. —Uma imbecil, provavelmente novata, acabou de retirar o medicamento que o mantém em coma induzido. E o pior, não assinou! O paciente vai ter dores terríveis! Essas malditas residentes que só porque sabem usar a internet, acham que são melhores! —Bufando, ela saiu reclamando sobre novatas e residentes. Todos trocaram olhares assustados.

—Foi um ato deliberado —Light murmurou, dizendo o que todos pensaram. Pensou em sair e correr atrás de A, como fez antes, mas ela estaria longe e seriam inútil. Foram longos minutos de toda a equipe observando o corpo de Souichiro até que acontecesse: as máquinas começaram a apitar insistentemente, e então a voz rouca e grave de Souichiro soou. Ele estava acordando para morrer. Morrendo no horário estipulado. Mesmo assim, conseguiu dizer:

—Light... meu filho... fico tão feliz em saber que você realmente não é Kira —e então, fechou os olhos.

As lágrimas desciam pelos olhos de Light. Mais tarde, eles diriam que o que matou seu pai foi a maldição dos tais 13 dias. Mas Light, em seu amago, sabia que havia sido não só ele, mas A. Ela havia sido benevolente de fazer seu pai partir tendo certeza de que seu filho não era um assassino. Light nunca havia testado fazer as pessoas falarem determinadas palavras antes de morrer, e não sabia se realmente aconteceria mandar eles ficarem em coma e depois acordarem, dizer aquilo, e depois morrerem. Até porque ele tomava uma medicação que induzia ao coma. O caderno não fazia coisas impossíveis para o corpo humano. Ficaria na dúvida eterna se A o havia ajudado ou se fora o caderno. De qualquer forma, ela havia tentado. Ele só não sabia o motivo.

Todavia, logo o motivo surgiria. Era hora de terminar a primeira parte do luto e começar a resolver as coisas para seu retorno ao Japão, atrás de Misa, BB e A. O que, consequentemente, o levaria a L, mesmo que ele não soubesse.

 

(...)

 

Light Yagami, Kira, não havia ido atrás deles, se manteve com o pai em Los Angels. BB estava entediado, parado naquela sala de estar, pernas abertas e uma delas passando por cima do braço da poltrona. Seu moletom largo havia subido até o umbigo, mostrando as cicatrizes de sua tentativa de suicídio ateando fogo a si próprio. Fazia barulhos com a boca e batia os dedos contra um pote de geleia vazio. Ambos sabiam o motivo, ele queria saber o nome dela. O nome real de Amaya, Ayla Anders.

—Estou entediado —murmurou. Ayla suspirou, encarando o chão e depois voltando seus olhos para BB.

—Beyond. —Era o jeito dela de dizer que estava preocupada.

—Relaxe —retrucou, ainda brincando com o pote. Os cães de Ayla começaram a ladrar, ela soube que haviam entrado. Ela tinha 12 minutos. Pegou Misa, levou para a sala e deixou-a com BB.

—O que está havendo? —A loira, chorosa, perguntou.

—Seu Light-kun veio te salvar —a risada inescrupulosa de BB arrepiou o corpo dela. —Fique quietinha, sim? —Mas quem disse que a loira iria obedecer? Ela começou a gritar, como louca. Como planejado. Ayla caminhou para a saída secreta. Aquela era uma entrega, era hora de devolver Misa Amane para Light Yagami. E deixar BB com ele.

Desceu as escadarias ocultas com velocidade. Sabia que assim que Light colocasse os olhos sobre a parede atrás do piano, saberia sobre a passagem que ali era escondida. Desceu as escadas com velocidade, até alcançar a garagem do prédio. Dezesseis agentes subiam o prédio e, uns poucos, haviam ficado na recepção. Fácil para ela fugir, como o plano pedia. Dentre todos ali, ela reconheceu um: Matsuda. E quando ele atendeu o telefone, ela soube que Light estava com Misa e só havia um meio de sair dali, brigando no mano a mano com os dois que guardava a saída, a seis metros de onde ela estava. Tinha apenas mais alguns minutos. Sem que Matsuda, que estava na frente do prédio, notasse, Ayla chegou por trás dos dois guardas e bateu a cabeça deles uma contra a outra, desacordando e fugindo com a viatura deles.

Fácil demais para ela, perita em artes marciais. Olhou por cima do ombro para o prédio que ficava para trás.

—Merda, BB, espero que você fique bem —disse à ele pelo comunicador.

Relaxa, eles não podem me fazer nada —respondeu. Toda aquela segurança dele ao falar gerou a ela uma dor. Por que ele tinha tantos segredos e, mais ainda, por que tinha toda aquela certeza de que não acabaria morto?

 —Como pode ter tanta certeza, imbecil?

 —Amaya, você fica sexy preocupada. —Ele desligou e, provavelmente, destruiu o comunicador. Apertou o volante da viatura com força demais, sentiu as lágrimas descendo pelo seu rosto, como raras vezes desceram. Merda, ela amava demais aquele homem, se ele morresse, mataria alguém. Limpou as lágrimas com as mãos enluvadas e tentou parar de chorar, já devia estar com a maquiagem horrivelmente borrada.

—Em pensar que todos nós, nessa merda de jogo, somos um bando de lunáticos inteligentes demais para o próprio bem do mundo —entrou em outra garagem e deixou para trás a viatura, mudando de carro e seguindo para um hotel fuleiro em outra cidade. Deixou para trás, também, a vontade de chorar e se encolher como a criança que ainda se sentia por dentro.

 

(...)

 

BB não parecia, nem estava, nervoso. Quando os policiais e Light chegaram no quarto, ele já havia quebrado o comunicador e brincava com uma faca, murmurando uma música qualquer. Quando aquele par de olhos zapearam a equipe, todos se sentiram arrepiados. Aqueles olhos eram exatamente o que eles imaginaram para um assassino tão inescrupuloso quanto o que cometeu aqueles terríveis assassinatos das fotos.

 —Boa noite —declarou, chocando Light. —Acho que está aqui para me prender, não é?

—Exatamente —Light declarou, tentando ignorar a semelhança entre os irmãos.

—Que bom. Misa Amane está amarrada na banheira. Ela estava gritando como um porco que era levado para o abate. É irritante. Ninguém da minha família suporta barulhos muito altos. Acho que vocês, que trabalharam com L, sabem como somos... hum, qual é a palavra? Ah, sim, peculiares. Somos peculiares. Eu, A, L, Mello, Near e Matt. Todos somos muito peculiares.

—Vem com a gente logo —Mogi pegou-o pelo ombro com agressividade e jogou longe a faca que ele brincava. BB não resistiu, o que era estranho. Ide foi atrás de Misa no banheiro.

—Calma lá, grandão. Acho que você tem que procurar ajuda, sabe. Toda essa agressividade não faz bem pra gente —continuou dizendo ao ser arrastado para fora. Silencioso, Light manteve seu olhar na porta mesmo quando Beyond já não se encontrava mais em seu campo de visão. Só depois observou a aconchegante sala. E, o mais importante, descobriu a saída atrás do piano. Então, foi por ali que a tal A fugiu? Depois veria onde aquela passagem daria.

—Light-kun! —A voz esganiçada de Misa tirou os pensamentos lógicos da mente de Light. —Onde você está, Light-kun! Misa quer abraçar você.

—Aqui —disse. A voz de seu amado Light, para ela, foi como um balsamo. Chorou e, seguindo a voz, bateu contra ele e o abraçou com força.

 —Misa sentiu tanto a sua falta, meu Light-kun! Misa sofreu tanto! Light-kun não tem ideia. Mas Misa sempre soube que Light-kun vinha salvá-la. Mesmo quando eles diziam que não. Que Misa não é importante para Light-kun. Misa sabe que Light-kun a ama assim como Misa ama Light-kun!

—Isso —não a abraçou de volta, sequer ouviu o que ela disse.

—L —Matsuda o chamou. —A tal A fugiu com a nossa viatura. —Light xingou a garota mentalmente. Misa apertou mais o abraço, agora chorando na blusa de Light. —Ah, Misa-Misa! —Matsuda se aproximou, colocando a mão no ombro dela. —É bom ver que está bem. —Estática, Misa não disse nada, ignorando o policial e soltando Light lentamente, de uma forma tão chocada e mecânica que chamou a atenção dos dois homens. Lembrando-se de que L está vivo, Misa balbuciou:

—Light-kun, tem algo que você precisa saber. O L, ele está vivo —a afirmação fez Light se surpreender e Matsuda rir de nervoso e descrença. Quando não obteve resposta alguma de Light, continuou: —É tudo um jogo dele para destruir você. Mas Misa-Misa não vai deixar que ninguém, ninguém, destrua o Light-kun dela! —Voltou a abraçá-lo. Depois do choque, veio a ira. Empurrou Misa de forma pouco delicada e disse:

—Misa, não sei que tipo de jogos psíquicos e doentios aqueles dois fizeram para você acreditar nessa sandice de que L está vivo, mas peço que você não continue acreditando nisso. L jamais faria uma coisa assim. Jamais. Então, não desonre a imagem dele dessa forma. Ok? —Misa, chocada, ficou para trás. Sem saber qual caminho tomar para seguir seu amado, praticamente gritou:

—Não é joguinho nem desonra! L está vivo! Eu o ouvi! Ele estava aqui! —Ainda mais irritado com a loira, Light saiu depois dar uma ordem, num tom mais ríspido que o normal, à Matsuda:

—Cuide dela até que a viatura de vocês chegue. Depois, leve-a para um hospital para exames. —Depois de sair, ouviu Misa gritando com Matsuda, que tentava acamá-la sem sucesso algum. Encontrou com os guardas esperando o elevador, junto de BB algemado. Juntos, o grupo entrou no elevador.

—Essa loirinha é bem irritante, né? —Light o ignorou. —Sabe, A teve compaixão dela. Caso contrário, ela estaria morta. A sempre segue as ordens do L, não importando quais são. Um tipo de lealdade quase tão cega quanto a da sua namoradinha. A diferença, é obvio, é que a minha garota consegue pensar por si mesma, ao contrário de Misa, que se ludibria com seu rostinho bonito. Até que há, nessa história toda, uma coisa boa para ela: quem sabe agora, com ela impossibilitada de enxergar seu rostinho bonito, Light Yagami, ela não consiga sair do feitiço estabelecido por você e caia na real. Porque nós sabemos que agora ela é inútil pra você, e que é questão de tempo até que seja dispensada.

O fato de ser ignorado não irritou Beyond, na verdade o divertiu. Estava louco para ficar sozinho com o novo “L” numa sala de interrogatório. Apertou o aço frio das algemas e quase riu. Sóbrio ou não, ainda assim era um homem cínico e descrente da raça humana. Quão divertido seria mexer com a psique de Light Yagami? Uma pisque que, por estar debilitada graças aos últimos acontecimentos, seria ainda mais divertida?

—Me pergunto como vocês dois tiveram dinheiro para pagar um prédio inteiro —Ide murmurou. BB abriu um sorriso frio e respondeu:

—L sempre cuida dos seus. —Light se recusou a olhar naquele rosto tão semelhante ao de L, não quando ainda colocava os pensamentos no lugar.

Chegaram ao térreo e Light logo mandou: —Ide, você vem comigo. Os outros, esperem reforços para iniciar a perícia no prédio.

—Nossa, você é bem mandão. —BB pontuou a frase com um assovio. Light se controlou para não responder. Uma coisa curiosa era a quietude de Ryuk quanto ao assassino. Até aquele instante, o Shinigami nada disse sobre o humano irmão de L e tão emblemático e peculiar quanto o próprio. Por ter se recusado a olhar BB, não percebeu que os dois se encaravam de forma curiosa; ninguém percebeu, já que depois da morte de Souichiro, Ryuk voltou a ser invisível para todos da equipe.

O humano me vê sem nunca ter tocado no meu Death Note, pensou Ryuk. Alguém aqui consegue ser mais interessante que L e Light ao mesmo tempo. Fitando os emblemáticos olhos cor-de-sangue, Ryuk chegou à conclusão de que eles eram mais do que apenas fora do comum. O mais peculiar, era o que estava de vermelho acima da cabeça dele. Guardou só para si todas as teorias possíveis. Dentro da viatura, sentou-se ao lado de BB, que murmurou baixo o suficiente só para que Ryuk ouvisse:

—Como vai, senhor Shinigami? —O caminho foi silencioso, o que incomodou Light e Ide. Era um silencio mortal que transmitia perigo. Não só isso, o silêncio abria margem para que Light pensasse nas palavras de Misa; fazia Ide olhar para BB pelo retrovisor o caminho inteiro, como se a qualquer momento ele pudesse saltar de seu lugar e os esfaquear a sangue frio, o que não era impossível, dado seu histórico. Era impossível para o policial parar de se imaginar morto numa poça de sangue como as imagens dos crimes dele mostravam. E BB sabia do efeito que causava nele, já que persistia em encará-lo até fazer o homem suar frio.

A chegada no QG do novo L não foi tão dramática quanto BB esperava. Internamente sabia que não era realmente o QG dele, mas um galpão qualquer da polícia. Quando chegaram, Ide arrastou BB para dentro, enfiando-o numa sala de interrogatório improvisada, sem a típica janela que, com o jogo de luz, transformava-se em um espelho. Não, aquele era só um cubículo com uma mesa e duas cadeiras. Sentou-se numa das cadeiras e teve os pés também algemados.

Sem dizer nada, o policial saiu e deixou a porta trancada. Analisando melhor o local, viu as câmeras: uma em cada canto da sala, todas apontadas para si. Então, aquelas eram algumas das armas que Light Yagami usariam para tentar matá-lo? Interessante. Outra coisa bastante interessante era o fato do Shinigami ter ficado com ele, ali, naquele cubículo.

—Senhor Shinigami, o senhor não me respondeu se está ou não bem. Muito mal-educado da sua parte, senhor. —BB brincou.

—Estou bem —respondeu, sentando-se na cadeira a frente de BB.

—Que bom. —Virou a cabeça de lado. —Bem, é verdade que o senhor gosta de maçãs?

—Sim, é verdade.

—Interessante. Muito interessante.

—Você também é muito interessante, B —normalmente chamaria qualquer pessoa pelo nome real, porém, com BB, sentia que deveria ser diferente.

—Obrigado. —Fez um estranho barulho ao bater a língua no céu da boca. —Se o senhor está aqui, Light Yagami está nos observando pelas câmeras de segurança e mandando uma foto minha para Teru Mikami. Estou certo?

—Você é inteligente —declarou o Shinigami. BB deu de ombros, vendo, pela reação de Ryuk, que não, que ele estava contatando Mikami e sem observá-los pelas câmeras.  

—Faria algum sentido eu estar nesse jogo se não fosse? Os tolos, nesse jogo, são rapidamente descartados. —Deu de ombros, tirando os olhos de Ryuk e olhando o nada. Ficaram em silêncio até que BB disse uma coisa que atormentou Ryuk: —Bom, senhor Shinigami, o senhor tem alguma objeção quanto a eu te chamar só de Ryuk?

               

(...)

 

Mello, mesmo sob protesto dos médicos, saiu do hospital assim que Near recebeu a notícia que, realmente, o corpo enterrado não era o de L e que BB havia sido preso. O trio voltou para o Japão horas depois de tudo isso acontecer e, no dia seguinte, estavam na nova cede da SPK, que até então estava vazia e só contava com eles três e mais alguns agentes que ainda nem haviam aparecido.

—O que caralhos está acontecendo nessa merda? —Foi a primeira coisa que Mello disse quando finalmente o trio ficou sozinho. Ali dentro, tinha certeza de que não tinha chance alguma de serem ouvidos.

—É o que vamos descobrir —Matt declarou, sentando-se na frente do computador, seguido por Mello e Near, que se sentaram à direta e esquerda dele.

—Por que não perguntam para aqueles que sabem toda a história ao invés de tentarem do jeito mais difícil e arriscado? —Só então o grupo notou que não estavam sozinhos. Na poltrona no canto esquerdo do cômodo, estavam dois fantasmas: A e L, sentados, tomando chá como se nada nunca houvesse acontecido, como se os teatros de suas mortes jamais houvessem acontecido. Como se jamais houvessem deixado Matt, Mello e Near sozinhos.

—Porra —Mello sussurrou, verbalizando todo o susto que o trio tomou.

—Continua um boca-suja impulsivo, não é, Mello? —Amaya perguntou, sorvendo o chá. —Algumas coisas nunca mudam.

—Como entraram aqui? —Near perguntou, sem ligar para o fato de ser L e Amaya ali, aparentemente.

—Pela porta da frente. A segurança tem que melhorar, sabia? Com distintivos falsos nós entramos com relativa facilidade. —Matt riu, caçando sua carteira de cigarros nos bolsos, não encontrando em lugar algum. E então, lembrou-se que seu último cigarro havia acabado dias antes e que nem o hospital nem Near deixaram que ele arranjar outros, por isso, a abstinência, suas mãos tremiam e Matt não pensava direito. Como fez anos antes, Amaya se ergueu e caminhou até o ruivo, pegou um cigarro e, depois de o colocar na boca de Matt, acendeu para ele. A aproximação dela não foi bem-vinda, não por parte do albino e do loiro. Contudo, o único a fazer alguma coisa a respeito foi Mello.

Quando o punho de Mello acertou o nariz dela, a reação da mulher foi a mais apática possível, retornando a encará-los enquanto limpava o filete de sangue que descia do nariz. O trio sabia que se ela quisesse, teria impedido o soco, mas ela não queria, possivelmente por achar que o merecia. E sim, eles estavam certos, Amaya sabia que merecia esse soco e muitos outros, não só pelo que já havia feito, mas pelo que ainda viria a fazer.

—Alguém mais quer me socar?

 —Não sei o Near —ele soltou a fumaça do cigarro pelo nariz —, mas eu quero muito. Porém, antes, queremos que vocês dois nos respondam algumas coisas. —Matt declarou, tragando o cigarro e soltando a fumaça em argolas. Near não sabia se mantinha seus olhos em A ou em L. Enquanto o maior detetive se mantinha apático, A sorriu.

 —Vocês cresceram tanto... —suspirou.

  —Não graças a você. —Near retrucou, caminhando até as poltronas na frente do sofá onde L estava. Mello e Matt fizeram o mesmo, deixando A para trás.

  —Certo. Vamos mesmo deixar para lavar a roupa suja quando toda a família disfuncional estiver presente —Amaya murmurou.

  —O que querem saber? —L perguntou.

  —Que tal você começar essa história do início? —Mello pediu, desembrulhando um chocolate. Sujo de glacê, L se pôs a contar parte do plano ao trio, sem revelar quase nada do desfecho da trama. Amaya desenhava o grupo, tentando colocar a cabeça no lugar enquanto isso, suas palavras não eram bem-vindas. L explicou que forjar sua morte para forçar a entrada do trio e de BB e A para a investigação era a única forma de encurralar Kira, que era sim Light Yagami. Obter provas para acusar Kira, deixar Light trilhar um caminho que não tivesse volta, sem escape para se livrar da prisão; uma forma de conseguir o caderno de volta, de conseguir livrar o mundo de Kira.

 O barulho do relógio, do lápis de Amaya roçando o papel, das respirações e talheres, foram os únicos que se prontificaram a quebrar o silêncio depois que algumas coisas foram ditas. Near sabia que não era tudo; como especialista em quebra-cabeças, sabia reconhecer quando lhe entregavam um faltando peças. Por fim, deixou isso quieto, sabia que o que quer que estivesse por vir, revelaria o que L escondia e responderia, de uma vez por todas, as perguntas em aberto.

—Então, temos um plano ou não? —Matt perguntou.

—Quando foi que agi sem um plano? —Amaya perguntou, colocando caderno de desenhos na mesa ao lado dos doces de L e, pontuando a frase ao colocar o lápis com força excessiva sobre as folhas, exatamente entre as representações do trio e ela, mostrando que sabia o plano e seu desfecho e não gostava dele, levantou-se. —Vou para um dos quartos.

—Você confia nela, mas não em nós. —Near concluiu. Mordendo o último pedaço de seu chocolate, Mello completou:

—Isso diz muito sobre você e seu relacionamento com a gente. Mesmo depois de tudo o que ela fez, você ainda tem preferência por ela. Por ela e por BB. Uma mentirosa e um assassino. 

O olhar vago de L não era uma surpresa, porém o que ele disse, foi sim uma surpresa: —Nunca houve predileção por alguém. Nunca. E se ela sabe do meu plano, por completo, é porque vocês não o aceitarão completamente. —Assim como a pupila, se levantou para ir até seu quarto.

—Qual a probabilidade de desistirmos de sermos seus sucessores quando soubermos qual o desfecho de seu plano? —Matt quem perguntou, interrompendo a saída de L.

—80% de chances de vocês desistirem.

 

(...)

 

Light, assim que finalmente conseguiu fazer seu celular descartável ter área, mandou uma mensagem para seus subordinados com uma foto de BB, aproveitando-se que demoraria para que os outros aparecessem. Todavia, o que ambos responderam chocou Light: o nome de BB era ilegível. Voltando-se para o que acontecia entre BB e Ryuk, notou como os dois estavam dispostos na sala e como pareciam se encarar. Como aquilo era possível? Como o nome de BB poderia estar borrado para os olhos de um Shinigami? Quem diabos era aquele homem, de face e maneiras tão semelhantes a L, com olhos de assassino e de sorriso cruel e tão misterioso quanto o de Monalisa? 


Notas Finais


Mereço comentários? Bem, espero que sim. Até semana que vem, bebês da titia Alice! Digam-me o que acharam! Beijos!


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