História O Sequestro - Temp. 1 - Namjoom em Perigo - Um Novo Começo?

Tinham fracassado, era no que Namjoom pensavam enquanto o policial registrava o depoimento deles, não haviam conseguido nada naquele dia e ainda por cima quase tinha sido sequestrado de novo, seu medo só aumentou, já não fazia mais ideia do que pensar a respeito, olhou para Anne que tentava explicar pela enésima vez o que eles tinham passado. Ele sabia que havia colocado ela em perigo também, sabia que logo não seria seguro para ela e a avó dela manterem ele por perto, ele abaixou a cabeça e passou a mão pelos cabelos, pensativo, será que não havia nada que ele pudesse fazer?

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O dia na delegacia havia sido exaustivo, mas eles conseguiram chegar em casa a tempo de Anne sair para o trabalho. Ela se arrumou apressadamente, Anne odiava se atrasar. Durante o caminho de volta eles fizeram vários caminhos diferentes, para não deixar rastros e terem certeza de que não estavam sendo seguidos. Morando no Brasil Anne sabia muito bem como era isso, a cada esquina uma surpresa. Pra ela não fora difícil fazer tudo isso, mas ela percebeu que Namjoom, estava cada vez mais inquieto e pensativo, aquele sorriso doce que ele sempre dava a ela não havia parecido nenhuma vez depois da correria na Av. Paulista. Anne sabia que ele estava chateado por não poder voltar pra casa, então antes de sair arrumou o quarto e a cama pra ele e foi chama-lo na sala:

- Namjoom... Você pode vir aqui?
Anne o havia tirado de seus pensamentos, mas quando ela o chamou ficou feliz. Antes conversar com ela do que ficar perdido em sua cabeça sem uma resposta para o seu problema. Foi até ela no quarto, quando chegou ela abriu um sorriso gigante pra ele e apontou para a cama.

- Veja!! Eu já arrumei a cama pra você e deixei mais algumas roupas também. Você vai fazer o seguinte. Vai tomar um banho, vai vir para o quarto e vai dormir bem gostoso, e.... ahh eu vou deixar o “Juju” com você. Ele sempre me faz companhia quando eu preciso de um amigo. – Fala pegando um urso de pelúcia marrom que estava acomodado na cadeira ao lado da cama.

- Obrigado Anne! Por tudo.... Você precisa mesmo ir trabalhar hoje? Eu acho que o “Juju” não vai aguentar ficar comigo sozinho...

- Oh.... Eu sei que você está triste..., mas eu preciso ir e você precisa descansar. Sabe, quando tudo está cinza na minha vida e eu penso que não vou aguentar, eu abraço o “juju”, ligo o som e choro até não haver mais lágrimas, até eu dormir... Você ainda tem chances de rever seus amigos, eu não tenho mais chance alguma de rever meus pais. Então seja forte.

Anne sabia que era um momento delicado e sabia que o amigo precisava dela. Mas ela tinha uma vó pra cuidar e tinha que garantir o pão de cada dia pra todo mundo. Mas naquele momento quis ficar com ele, quis ficar ali e abraça-lo o mais apertado que conseguisse, ficar ela não poderia, mas o abraço, bem não faria mal nenhum um abraço. Ela o abraçou e ele retribuiu, colou o rosto no dela e chorou...

Ficaram assim, um longo tempo, ele a abraçou mais forte e ela sentiu toda a dor dele, o afagou, o abraçou apertado, ouviu o seu choro, ele a abraçava mais e parecia que no fim ela entendia a dor dele mais do que qualquer pessoa, ela o entendia porque a dor vivia dentro dela também. Ela deixou que ele libertasse a dor e ficou com ele, ficou com ele porque era o certo a se fazer porque era isso que ela queria fazer.

Os minutos passaram e Namjoom se afastou de Anne, ele estava triste por toda a confusão que acontecia, entretanto estava feliz por estar com ela. Tudo pareceu ficar mais confuso. Anne pede para que ele vá tomar um banho enquanto ela liga para a sua chefe avisando que não poderá ir trabalhar naquela noite. Ela toca delicadamente o rosto dele antes dele se levantar e seguir para o banheiro.
Ela havia decidido ficar em casa e cuidar dele, ainda não sabia se era a coisa certa, mas era o que seu coração pedia a ela para fazer, e o coração dela esquentava e formigava toda vez que olhava pra ele. Ela nunca havia sentido isso e era estranho e empolgante ao mesmo tempo, sorriu sozinha ele era fofo até quando estava triste.

Ele saiu do banheiro e voltou ao quarto, Anne estava deitada na cama, mas quando Namjoom chegou ela se levantou perguntando se ele queria comer uma pizza. Ele sorriu pra ela, com aquele sorriso, o sorrio que ela buscou durante todo o dia, Anne se animou e foi fazer o pedido da pizza, a vó estava no quarto dormindo, então era somente eles dois. A pizza não demorou muito para chegar, e Anne e Namjoom comeram na sala enquanto assistiam tv.

- O que houve com seus pais Anne?

- É uma história complicada...

- Complicada, tipo as duas tentativas de sequestros que eu vivi?

- Hum.... Não, não é nem de perto parecido. É um pouco difícil de explicar...

- Bom... Você disse que ouve musicas o tempo todo e não se apega a ninguém, então fiquei pensando o que poderia ter acontecido, pra você apenas viver olhando o mundo e a vida passando pela sua janela.

Anne toma um gole de refrigerante e refletiu sobre o que Namjoom disse, era exatamente isso que ela fazia? Somente via as coisas passarem por ela, nada além disso? Respirou fundo e decidiu contar a ele.

- Há 3 anos, eu fiquei muito doente, o Brasil estava com alguns surtos de dengue, gripe disso, gripe daquilo, então o tratamento era complicado, eu fiquei internada nas clínicas, que fica no centro de São Paulo, minha mãe estava sempre comigo, todos os dias ela estava lá. Meu pai não podia estar da mesma forma, por causa do trabalho, mas uma noite ele ficou lá comigo. Eu pedi pra ele ir pra casa, mas ele disse que queria ficar – Suspiro – Quando amanheceu ele se despediu dizendo que viria mais a tarde com minha mãe, eles iriam vir juntos, eu disse a ele que eu os esperaria. E ele se foi – agora lágrimas começaram a rolar pela face de Anne, ela as secou e continuou contando. – A noite já tinha chegado e meus pais não tinham aparecido. Apenas  na outra manhã o médico que cuidava de mim veio me contar. Meus pais estavam vindo para me visitar, meu pai dirigia o carro, mas ele perdeu a direção por conta de outro veículo que vinha em alta velocidade, eles bateram o carro e não suportaram... - Anne chorava mais agora - Eu deveria ter aproveitado o último instante que tive com ele, sabe... Eu deveria ter dito o quanto eu o amava e o quanto eu o admirava... Porque eu não fiz isso? Porque deixei ele ir??
A voz embargada de Anne tomou conta da sala, ela chorava levando a mão ao coração como se fosse possível diminuir a dor no peito, por conta da tristeza que habitava seu coração. Rapmon ouviu e se arrependeu de ter pedido para ela contar... Deve ter sido horrível, não dava nem pra imaginar.

- Você não podia saber Anne, que algo assim poderia acontecer com eles. Mas do amor deles você sabia, e esse amor ele não se foi. Continua vivo...

- Desculpa, eu não consigo passar um dia sem reviver isso. Essa parte da minha vida me corrói, me mata por dentro, a única coisa na qual penso é que não quero viver isso de novo, não quero amar tanto, para não ter de perder tanto, porque a dor, a dor é insuportável, e todos os dias dói...É como eu disse. Você ainda pode ver seus amigos, eu não posso nem me afastar da dor, porque ela faz parte das lembranças que tenho deles. É a única coisa que posso ter...

- Não diga isso, você não pode viver assim, não deveria deixar a dor ser o e caminho, você é uma garota especial, quando que alguém poderia me ajudar como você tem feito? Como alguém poderia ser essa neta amável que você é?? Você é mais especial do que pensa Anne, você só precisa  permitir sentir o amor ao invés da dor.

- Não tente me consolar Namjoom, você vai embora assim que tudo isso acabar. Vai voltar para os seus amigos, pra sua vida, pras suas fãs. Você não se lembrará de mim. Eu ficarei aqui, com minha vó e minha dor. – Anne se levanta e começa  arrumar a bagunça, pegando os copos e a caixa de pizza e levando para a cozinha. Namjoom abaixou a cabeça passou a mão no cabelo e coçou a nuca, tinha falado alguma besteira pra ela? Decidiu ir ajudá-la.

- Eu lavo a louça... Se você não se importar.

- Não me importo... – Namjoom! -Disse Anne enquanto se encostava na pia. –
- Sim?

- Me desculpa, eu não deveria ter falado com você daquele jeito. Você é um rapaz maravilhoso, devem ter muito orgulho de você no seu país e eu fico feliz de poder fazer parte da sua vida. Eu tenho que aprender a lidar com o “Adeus” e talvez você seja a minha lição.

Namjoom sorriu, e a abraçou. Não da maneira como havia feito antes, de um jeito bem mais gentil, sem dor, ele estava bem com ela e se sentia seguro com ela. Com Anne... Ela o abraçou também e pareceu que o abraço era perfeito porque ela se aconchegou em seu peito e ele a cobriu com seus braços.