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História O silêncio em você - Carta de um falecido que te quer bem


Escrita por: Giunkook

Notas do Autor


Giu, vc está no seu normal? Já deve ser a terceira fic postada essa semana!
Pois é meu bem
não me pergunte porque
Ai, se alguém quiser fazer uma capa pra essa fic eu aceito!

Capítulo 1 - Carta de um falecido que te quer bem



 

Jeongukk acordou com dor de cabeça. Mais uma vez a ressaca e uma criança estava a sua frente, sorrindo. Sora, sua filha, tinha um pedaço de bolo na mão e um papel de carta.

“O que há, Sora?” ele perguntou impaciente. A menina indicou o prato com os olhos e o pai pegou-o, junto a carta. Provavelmente era mais um presente infantil que a filha fez.

“O moço que estava aqui pediu para te entregar.” ela respondeu.

“Como assim? Que moço?” Jeongukk franziu o rosto.

“Um de sorriso bonito. Ele não parava de escrever isso, mesmo quando eu cheguei e conversei com ele. Parece ser importante… ” ela respondeu. Resolveu abrir o envelope e iniciou a leitura.


 

Olá, Jeongukk..

Faz aproximadamente nove anos que eu fui embora, você deve ter mais noção disso do que eu. Sabe, aqui desse lado as coisas passam tão rápido que eu nem mais consigo acompanhar! Eu sou avoado, você me entende, né?

Sabe, eu percebi que algumas coisas ficaram um pouco pendentes entre nós… e eu não me refiro ao seu boneco do Homem de ferro que eu acabei deixando cair e depois escondi no apartamento da minha mãe pra você não achá-lo. Estou falando mais é de sentimentos.

Eu sei bem o que está pensando: “Kim Taehyung? Sendo sentimental?”. Mas é, olha o que a morte não faz conosco! Ficamos tão pensativos. Todo dia, por exemplo, eu penso em você. Eu penso que o seu cabelo ficou terrível nesse laranja claro-onde você estava com a cabeça afinal? E também que o fato de, às vezes, você não tomar banho durante três dias é meio nojento.

Mas o principal que eu preciso falar é da sua filha.

Ela vai fazer dez aninhos amanhã, e é tão bonita Gukkie! Parece bastante contigo, até no jeito. É uma menina gentil, educada e muito criativa. Esses dias ela deu o dinheiro do lanche dela para um adolescente que pedia dinheiro no sinal. Ano passado mesmo eu a encontrei conversando com uma senhora de idade que chorava baixinho- era aquela sua vizinha, a senhora Hyomin. Ela faleceu recentemente, não sei se lembra, já que você tem estado ocupado.

A velha chorava porque se sentia abandonada pelos filhos, que nunca vinham visitar ela e nem ao menos telefonam. E então a Sora deu um abraço nela e disse que às vezes as pessoas que a gente ama não podem nos dar atenção porque na verdade tem seus próprios problemas, e não querem preocupar mais ninguém com eles. Então elas se excluem.

Uma menina de ouro, não concorda?

Mas veja, temos um grande problema aqui: a Sora chora também, tanto quanto você. Ela chora quando tem que voltar sozinha para casa, ela chora quando você esquece de fazer a janta e ela fica com fome a noite inteira, ela chora quando você esquece o aniversário dela, chora quando você menospreza ela, chora quando é dia dos pais e ela é a única sem ninguém… você não vê, mas ela chora.

O pior, Jeongguk, é que ela sabe também da sua dor. Ela consegue ouvir seus soluços de madrugada e é ela quem coloca bandaid nos seus cortes mais profundos enquanto você dorme depois de se machucar. Mas veja, ela não tem mais que 10 anos!

Semana passada, quando por algum milagre você fez a vontade dela de ir nadar na cachoeira, aconteceu algo terrível. Enquanto você estava deitado na pedra fumando maconha, “entorpecendo sua tristeza”, Sora estava sendo levada pela correnteza e se afogou. Eu vi tudo acontecer bem ali, vi os olhos dela se arregalarem, vi os bracinhos se debaterem e ela engolindo água. Você não estava nem ai.

O anjo da guarda dela salvou sua vida e ela pode voltar a margem. Eu fiquei imensamente aliviado, muito mesmo. Mas em seguida eu vi quando ela foi até você com os olhos vermelhos, tão indefesa, querendo carinho, e você a ignorou.

Jeongguk, eu não te reconheci. Não acreditei no que você havia se tornado, não mesmo. Alguém envolvido com drogas e afundado em depressão que não é capaz de praticar um mísero ato de compaixão. Amanhã será o aniversário da Sora, e eu sei quais seus planos.

Você pretende se suicidar hoje a noite. Erro maior eu não conheço. Fará exatamente o mesmo que eu fiz há nove anos, quando descobri que você me traía e que tinha uma filha bastarda. Mas veja, eu estava equivocado e fora de mim! Aquilo foi um ato cruel comigo mesmo, e muito pior com você.

Nosso amor era tão real, Jeon! Você me ensinou que eu não precisava fingir ser alguém que eu não sou, e que caso todos se virassem contra mim eu teria você. Por isso eu não poderia temer nada nem ninguém. Você me construiu um balanço imaginário em que eu me agarrava ao vento que eram os teus cabelos e migrava do prazer ao amor infinito seja lá quantas vezes. Você me libertou de meus preconceitos e me fez amar ser quem eu sou.

Eu sinto falta de você, e eu sei que você sente minha falta. Mas do jeito que você está vivendo sua vida… eu sinto muito Jeongguk, se morrer agora você não virá para junto de mim. É por isso que não poder ser agora, eu te proíbo, ouviu?! Eu não quero mais você agora!

Preciso que você fique e volte a ser feliz assim como era quando eu estava aqui. Se acha que vai te faltar amor, por favor, olhe ao seu lado. A Sora quer tanto o pai dela. Já não tem mãe, imagina como é duro para ela viver assim.

Jeongguk, ela nunca conheceu você de verdade. Você sempre a tratou como se fosse um erro, o motivo de nossa separação e de minha morte. Ela não é o erro, o erro começou com você, que me traiu. E, olhe, eu já lhe perdoei faz tempo! Então por que bate sempre na mesma tecla?

Eu estou aqui, do seu lado Gukkie. Enquanto você está deitado no sofá, após três garrafas de bebida. A Sora acaba de chegar da escola e está vindo na nossa direção. Ela consegue me ver, pela primeira vez, e você também conseguiria caso estivesse acordado.

“Olá, fadinha.” eu digo. Ela sorri tímida e me dá um oi com a mão. Em seguida ela se aproxima de você e deixa a mochila no chão. A aura dela é radiante! Queria que você pudesse ver…

“Boa tarde, papai.” ela sussurra pra você e te dá um beijo na testa. Me encara novamente. “Quem é você?”

“Um amigo distante. Eu vim ver como ele estava.” respondi sorrindo. “Mas ele está dormindo… você pode entregar isso a ela quando despertar?” eu pergunto, entregando-lhe um pedaço de papel. Ela pega e assente com a cabeça. “Boa garota.” eu comento lhe afagando a cabeça. “Seu papai está doente de coração, os sentimentos dele, sabe? Então perdoe-o por isso. Ele te ama muito.” eu falo e ela abaixa a cabeça. Eu seguro seu queixo e levanto seu olhar. “Eu também te amo muito. Você e ele.” eu completo.

Jeongguk, quando estiveres triste e solitário e uma leve brisa tocar tua face, não te assustes, foi a minha saudade que te beijou em silêncio.

Assinado, Kim Taehyung


 

Jeongguk fechou a carta com lágrimas escorrendo, completamente atônito com aquilo. De repente se sentiu sujo, errado e pecador. Um dos piores possíveis. Se sentiu um lixo humano que merecia tudo, menos estar vivo.

“Papai? Está chorando?” Sora, que estava sentada ao seu lado no sofá, perguntou preocupada. Jeon a encarou de boca aberta, sem saber o que dizer. Apenas fitou-a por longos segundos, deixando as lágrimas se derramarem, o nariz escorrendo e a vista embaçada. Um aperto no peito enorme, uma angústia terrível lhe consumia.

Aquilo… era real? Havia mesmo ocorrido? Teria sido mesmo Taehyung a escrever aquela carta?

Ele encarou envelope em suas mãos e gotas de lágrimas caíram por sobre ele, molhando-o. Jeongukk entendia agora, ele entendia! Estava tudo tão claro, tão concreto… era um cego… um tolo. Secou as lágrimas com a manga da blusa branca social e repousou a carta no chão. Em seguida se concentrou em Sora, que estava assustada e ainda segurava o prato com bolo.

“Sora, esse bolo… “ ele iniciou. A menina mordeu o lábio com força,tentando controlar o nervosismo.

“Hoje eu fiz ele na aula de cozinha. É de morango, o sabor que você gostava.” ela respondeu.

“É pra mim?” ele perguntou controlando a voz mais gentil possível. A menina concordou e estendeu o prato em sua direção. Jeongukk tomou o garfo nas mãos e experimentou. Era o pior bolo de morango que já comeu na vida, e não pôde conter uma careta.

“P-papai d-desculpa! Está muito ruim? D-desculpa, eu prometo que vou melhorar, é que foi a primeira vez que eu tentei fazer algo do tipo e…” Jeongukk não deixou que ela terminasse e continuou a comer do bolo, mesmo duvidando de que o morando estivesse dentro do prazo da validade.

“Está perfeito. Eu amei. O melhor bolo que já provei!” ele disse de boca cheia, forçando um sorriso. Nunca Sora havia presenciado seu pai sorrir, e mesmo que estivesse um pouco nojento com aquela comida na boca, ainda se sentiu feliz. Ele estava sorrindo para ela, por ela e por causa dela.

“Que bom que gostou, papai!” ela exclamou. Jeongukk então deixou o prato de lado e engoliu tudo de uma só vez, quase engasgando. Em seguida se aproximou da filha e a abraçou, com força, com amor. Como nunca mais havia abraçado ninguém e como nunca Sora havia recebido tanta demonstração de afeto. “P-pai?” ela perguntou, incerta de que deveria retribuir o abraço. Era um comportamento anormal de seu progenitor.

“Desculpa, Sora. Desculpa, desculpa, desculpa…” ele repetiu diversas vezes, não parou um segundo. E Sora, com uma inteligência incomum para alguém de dez anos, entendeu perfeitamente o que ele queria dizer. Sorriu e lutou contra o choro. Apenas retribuiu o abraço e disse, sendo a primeira vez que ele dava a devida atenção a sua sentença.

“Eu te amo, pai.” 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, eu fiz de coração. E se alguma de vcs se identificou com a Sora, saiba que eu desejo que você escontre o amor paterno, carinho e proteção ao lado de Deus, que é nossos pai e nos ama mais do que qualquer coisa. Para ele você é insubstituível!
"Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti."
Isaías 49:15

Uma boa semana para todos


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