História O Sol e a Lua - Almas gêmeas eternas - Perdida num mundo preto e branco

Andava pelas calçadas molhadas da minha rua, estava chovendo, mas eu tinha que ir para a escola, não que eu gostasse dela, mas era melhor do que ficar em casa vendo meus pais brigarem sem motivos, mesmo não querendo deixar meus irmãos sozinhos tendo que presenciar a briga deles sem saber o que estava acontecendo. Chovia um pouco, eu não tinha guarda-chuva então tinha que me apressar. Era meu primeiro dia nesse novo inferno.

                Cheguei um pouco suada e meus tênis um pouco molhados, corri pelos corredores sem notar que o um senhor, o porteiro, havia me dado  quando entrei na sala todos me olharam, tantas pessoas me encarando, eu não fiz nada além de abrir um sorriso envergonhado.

- Desculpe professora... eu posso entrar? – Olhei para a senhora sentada com óculos pequenos, olhos azul-escuros, cabelos curtos lisos e brancos, ela me encarou meio séria, mas balançou a cabeça assentindo para que eu entrasse.

                Todas as quatro fileiras daquela sala um pouco estreita estavam ocupadas, menos a ultima cadeira da ultima fileira, perto da janela. Eu andei calmamente até o fim da sala, ainda meio envergonhada e perdida, e me sentei.

- Bom, queridos, como eu falava vocês deverão fazer uma crônica contando um pouco sobre vocês, leiam a pagina cinco e seis do livro de redação e vejam as instruções e dicas, eu sei que é o primeiro dia, mas quero testá-los então isso valerá como meio ponto na média. – Ela sorriu enquanto fechava o livro dela olhando para cada um de nós.

                Eu abri minha mochila e peguei o livro de redação e comecei a folheá-lo até a página certa. Estava meio frio e eu não tinha casaco e minhas mãos tremiam enquanto segurava o lápis.

- Pega, eu te empresto meu casaco. – Era uma garota, cabelos curtos e cacheados, com a pele escura e um sorriso muito fofo.

- Obrigada... qual seu nome? – Pergunto vestindo o casaco roxo e chamativo que ela me emprestara.

- Vitória. – Ela fechava os olhos quando sorria, era tão fofa. – E qual o seu novata?

- Meu nome é Millie.

                Vitória, minha primeira amiga, minha prova de que eu não era invisível naquele mundo preto e branco.