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História O Sol em meio à tempestade - Capítulo 55


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Oi, amores.
Sei que atrasei na postagem, mas é que essa semana que passou foi corrida... Mas cá estou eu, com um capitulo grande, e que, infelizmente, não garanto a boa qualidade, pois minha criatividade anda um pouco abalada...
Enfim... Ai está

Capítulo 56 - Capítulo 55


Fanfic / Fanfiction O Sol em meio à tempestade - Capítulo 55

Katniss

– Você vai mesmo ao jogo? – Gale perguntou, com a voz dura, e os olhos semicerrados.

– Já estou indo – rebati, alcançando o celular sobre a mesa de centro. – Por quê? Pretende me amarrar aqui dentro? – questionei, jogando o aparelho dentro da bolsa presa em meu ombro.

– Se for preciso... – ele respondeu.

Quando fiz menção de caminhar em direção a porta, Gale se moveu, postando-se a minha frente, para bloquear minha passagem.

Soltei uma risada descrente, e sem que fosse um movimento calculado, acabei imitando Peeta, passando a mão direita por meus cabelos, jogando a franja pra trás. Mordi, imperceptivelmente, o canto esquerdo da boca, para conter um sorriso idiota, e respirei lentamente, cruzando os braços.

– Você está passando dos limites, Gale – falei, elevando a sobrancelha esquerda.

No dia anterior, depois que saí do colégio, acabei demorando tempo demais para voltar para casa, e isso tinha sido por dois motivos:

1 - Eu não queria encontrar com Gale;

2 - Eu precisava pensar com calma, sobre meus sentimentos confusos.

Por isso, andei bastante com o carro velho que era do meu pai, e cheguei a jantar sozinha, em um restaurante simples, quase chegando em Southfield. Minha noite tinha sido até mais leve quando fui dormir, e pela manhã, cheguei a sair pra dar uma caminhada em um parque próximo ao meu apartamento, dando atenção até para o céu azulado, que me lembrava muito um par de olhos, que mexia com todo o meu sistema nervoso.

– Você está me ouvindo? – perguntou ele, irritado.

– Não – respondi, descruzando os braços. – Eu não ouvi nada do que você disse, e nem quero. Porque, pela primeira vez, em quase três semanas, eu estou me sentindo muito bem. Não vai ser você quem vai acabar com isso – respondi rispidamente, e lhe dei as costas, para dar a volta no sofá.

– Ele só vai te magoar mais, Katniss. Seja sensata, pelo amor de Deus – Gale disse desesperado. – Peeta foi egoísta em esconder isso de você, e no fundo, você sabe. Não é possível que ele tenha ganhado você, com apenas alguns machucados de nada na cara.

– Que você causou – retruquei, me aproximando da porta. – Então, se ele me “ganhou”, a culpa é completamente sua – acusei. – E quer saber? – perguntei, segurando a maçaneta, e virei o rosto para encara-lo. – Mesmo que ele me machuque novamente – soltei devagar, sentindo meu estômago revirar levemente ao pensar naquilo –, você não tem nada com isso.

Gale ficou tão sério com as minhas palavras, que senti meu coração pesar pela culpa.

Respirei fundo, e decidi voltar cautelosamente, até onde ele estava parado, me encarando com a boca em linha reta, e os braços cruzados.

– Desculpa, eu...

– Não – ele me interrompeu friamente, soltando os braços ao lado do corpo. – Você tem razão. Eu não tenho nada com isso.

– Não foi isso o que eu quis...

– Foi sim – Gale voltou a me interromper. – Mas tudo bem, Katniss. Eu não vou mais me importar com alguém que não se importa consigo mesma. Faça o que bem entender.

Gale passou por mim rapidamente, trombando em meu braço. Virei para acompanha-lo com os olhos, e o vi parar, depois de já abrir a porta.

– Só espero que ele não esteja escondendo outra esposa de você – ele cutucou acidamente, antes de sair, e bater à porta com força.

Continuei a encarar o local onde ele havia sumido, e o único movimento que meu corpo fazia, era por culpa da minha respiração, que eu tentava manter uniforme. A cada inspiração, meu peito doía intensamente, causando lágrimas aos meus olhos.

Algo que Gale disse, tinha conseguido me ferir profundamente, fazendo desmoronar o pouco que eu havia conseguido colar do meu coração. De repente, eu me senti afundar novamente naquele poço sem fundo. Toda a tranquilidade, a certeza, e a pequena alegria que eu estava sentindo desde o dia anterior, tinham sido esmagadas pelas palavras do meu melhor amigo.

Mordi meu lábio inferior, que estava trêmulo – assim como as minhas pernas e mãos –, e respirei fundo, engolindo, com dificuldade, a vontade de chorar. Eu precisava me recompor, e cumprir o prometido ao Peeta.

Se eu disse que estaria naquele bendito jogo, eu estaria, sem me importar com meu estado emocional.

 

~||~

 

Dirigir naquele estado, não parecia ser a melhor opção, mas, digamos que, eu não havia raciocinado muito bem, depois de discutir com Gale. Por isso, chegar ao colégio tinha sido um grande esforço pra mim. Principalmente por culpa do constante enjoo, e das pernas entorpecidas, que faziam os meus pés errarem os pedais do carro velho algumas vezes.

Com medo de já ter começado o jogo, decidi entrar pela porta interna, que passava pelo corredor dos vestiários, e era onde ficava a sala do treinador. Eu ouvia o som de bolas quicando, o que me fez imaginar que os jogadores ainda estavam se aquecendo.

Apesar dos passos lentos e arrastados, consegui alcançar a entrada da quadra.

Quando passei pelo arco da porta, meus olhos vagaram pelo local, dando-me a oportunidade de ver os jogadores, cada um com uma bola, batendo-as contra o chão, e um por um, acertavam a cesta com um movimento rápido e um salto perfeito.

Sorri brevemente, pensando no quanto o time parecia bom, e, finalmente, decidi que deveria caminhar até a arquibancada mais próxima para procurar um bom lugar pra sentar. Porém, quando meu olhar parou em um ponto específico, na lateral da quadra, meu corpo paralisou, meu coração perdeu algumas batidas, e o enjoo se alastrou mais pelo meu estômago.

Peeta estava de costas pra mim, mas eu podia ver seus braços cruzados em frente ao corpo. Cashmere estava a sua frente, falando algo, e parecia preocupada.

Claro que vê-los conversando sempre me causou ciúme, mas esse não era, exatamente, o problema. O problema, era ver o quão perto ela estava dele. Aquilo só serviu pra machucar mais meu coração quebrado.

As lágrimas se formaram em meus olhos, e eu me xinguei mentalmente por não ter permitido que Gale me amarrasse em meu apartamento. Talvez Peeta não precisasse do meu apoio. Ela estava ali pra ele. Ela estava... Tocando no rosto dele, analisando seus ferimentos. Um gosto amargo subiu por minha garganta, e eu precisei dar alguns passos cambaleantes pra trás, para poder me encostar na parede mais próxima.

Eu não tinha certeza do que estava acontecendo comigo, mas doía. Doía demais. Doía tanto, que eu tinha vontade de me sentar no chão do corredor, encolher meus joelhos contra o peito, e chorar amargamente. Não podia ser só o ciúme. Tinha algo a mais naquela equação, que estava invisível aos meus olhos. Tinha algo a mais que estava me machucando, me dilacerando de uma forma que eu nunca havia sentido.

Com uma dor aguda na cabeça, permiti que minha mente tentasse descobrir quando tudo pareceu piorar, e a resposta veio logo, como um tiro certeiro, em meu peito dolorido. Minha situação havia piorado, quando Gale me fez lembrar o motivo exato de eu ter me magoado com Peeta.

De repente, tudo passou a fazer sentido.

Com tanta saudade e preocupação, foi como se eu tivesse enterrado, bem no fundo do meu coração partido, o que havia causado um término tão sofrido, com o homem que eu amava, fazendo-me esquecer temporariamente toda a mágoa. Mas Gale havia despertado meu subconsciente. Peeta tinha mentido pra mim. Ele tinha uma esposa. Como eu poderia ter pensado em aceita-lo por perto, só por me preocupar? Como eu poderia me arriscar, com alguém que havia quebrado minha confiança, só por sentir saudade?

Fechei as mãos com força ao lado do corpo, sentindo minhas unhas se enterrarem contra a carne, enquanto toda a minha pele parecia esquentar gradativamente. Fechei os olhos, encostando a cabeça contra a parede, dando respirações longas e profundas, em uma tentativa de acalmar meu estômago agitado.

– Katniss? – a voz grave e preocupada, fez meu interior se contorcer de modo doloroso.

Abri os olhos devagar, dando de cara com Peeta, que estava com os hematomas muito mais piores do que no dia anterior.

– Você está bem?

Neguei com a cabeça, mordendo o lábio inferior com força. Eu sentia-me ligeiramente tonta, por isso, aos poucos, fui escorregando pela parede, pronta para me sentar no chão, e me livrar do tremor em minhas pernas. Porém, antes que eu chegasse no meio do caminho, Peeta se aproximou, e segurou minha cintura com firmeza.

– O que você está sentindo? – questionou, mantendo-me em pé.

O que eu estava sentindo?

Raiva, saudade, ciúme, inquietação, insegurança, medo, mágoa, amor, ódio. Tudo ao mesmo tempo.

As primeiras lágrimas caíram, enquanto minha boca permanecia completamente selada. A vontade de desabar e me aconchegar, nos braços do causador da minha destruição era tão grande, que eu acabei grunhindo de raiva, e tentei afastar suas mãos de mim, mas Peeta não me soltou. Pelo contrário. Ele acabou firmando ainda mais suas mãos em minha cintura.

– O que está acontecendo, Katniss? – ele perguntou em voz baixa, com os olhos agitados.

– Você aconteceu – soltei de maneira contida. – Você... Você acabou comigo, Peeta – choraminguei, batendo o pé, quase de maneira birrenta. – Eu estou... Em pedaços – solucei em meio as lágrimas. – Eu odeio... Odeio você – tampei o rosto com as mãos. – Odeio... O fato de você ter me feito esquecer apenas por algumas horas o que você havia feito, porque... Porque – falei de maneira abafada, fungando algumas vezes, e somente quando gaguejei, decidi abaixar as mãos –, ... porque agora que eu lembrei, me sinto muito pior do que antes – murmurei. – Eu... Eu não fiz nada... Pra merecer isso. Eu fiz o melhor que eu pude... – fechei as mãos, e as encostei contra seu peitoral. – Eu... Eu dei tudo de mim, pra te amar da melhor forma possível – minha mão direita batia, sem força, contra seu peito, conforme eu falava, e Peeta continuava paralisado, me fitando com atenção. – E... E pra piorar... Você... Você estava com aquela... Aquela...  

– Está se referindo a Cashmere? – perguntou ele, receoso.

Assenti energicamente, e tentei me soltar de seu toque outra vez, mas isso serviu apenas para fazê-lo me apertar mais, e se aproximar, quase esmagando o meu corpo entre ele e a parede atrás de mim.

– Ela só estava agindo como ela mesma. Eu a afastei de mim, assim que ela me tocou. Pra não dar mais brechas, eu ia pra minha sala, pra esperar o jogo começar. Foi assim que te encontrei aqui – explicou em voz baixa.

Quando Peeta pareceu perceber que eu não diria nada, ele voltou a falar:

– Antes de te conhecer, eu já não dava corda pra Cashmere. Agora que te conheço, eu não daria corda nem pra ela, nem pra nenhuma outra mulher que não fosse você, Katniss.

Balancei a cabeça em negação, completamente perdida.

– Eu... Eu não quero... Não quero ouvir essas c-coisas... Eu... Eu...

Meu lábio inferior tremia de maneira incontrolável, e eu soluçava tanto, que eu desisti de tentar falar.

Ficamos ambos calados, enquanto eu chorava intensamente, ainda com as mãos fechadas entre nós dois. Sem dizer nada, ele me puxou cuidadosamente, fazendo-me desencostar da parede, e envolveu minha cintura com os braços.

– Você... Você não pode tentar me consolar, quando... Quando você é o culpado – reclamei entre soluços, empurrando-o pelo peito, ainda com as mãos fechadas em punhos, numa tentativa de me soltar de seu abraço

– Shh – Peeta murmurou, e manteve apenas a mão direita na base da minha coluna, para subir com a esquerda até a parte de trás da cabeça. – Eu posso sim – disse ele com a voz mansa, empurrando carinhosamente a minha cabeça pra baixo.

Encostei o rosto, parte contra sua camisa, e parte contra minhas mãos, balbuciando reclamações, que nem eu mesma compreendia. A mão direita de Peeta subia e descia vagarosamente pela linha da minha coluna, enquanto a outra, mexia em meus cabelos.

Lentamente, minhas mãos foram se abrindo, até estarem espalmadas em seu peito, mas não me movi nem mais um centímetro depois disso. Mesmo relutante ao conforto que seus braços me passavam, meu choro se acalmou em poucos minutos, mas eu ainda me sentia tonta e enjoada.

– Eu... Eu preciso ir pra casa – murmurei, ainda com um tom choroso, enquanto afastava o rosto da camisa de Peeta, evitando olha-lo diretamente.

– Eu levo você – disse ele, com a voz séria.

– Não. Você tem o jogo ainda... E... Eu preciso... – fechei os olhos, quando minha visão tornou-se turva e, em seguida, escurecida. – Preciso ficar sozinha.

– Sem chances de eu te deixar ir embora sozinha – Peeta retrucou. – Jake dá conta do time.

Neguei várias vezes com a cabeça, mas não abri os olhos.

– Isso pode te prejudicar – meus joelhos falharam, e, enquanto eu me agarrava na camisa de Peeta para não cair, ele já me abraçava pela cintura novamente. – Eu... Eu posso pegar... Um... – engoli em seco, sentindo as extremidades do meu corpo começarem a esfriar lentamente, como se eu estivesse as enfiando em água gelada. – Um... – apertei os olhos.

– Katniss? – a voz de Peeta soou longe.

Tentei respirar fundo, mas eu não senti o oxigênio passar por minhas vias aéreas. Eu já não sentia grande parte dos meus membros, quando ouvi Peeta tentar me chamar novamente. Meu corpo sucumbiu de vez, e não sei se cheguei a ser amparada. Minha consciência começou a se esvair, assim como os meus sentidos, e, então, eu apaguei.

 

Madge

– O que você fez com ela? – perguntei em tom acusatório, assim que adentrei o quarto de hospital.

Peeta arqueou as sobrancelhas levemente – já que seu olho direito, e sobrancelha esquerda pareciam bem feios –, mas não se moveu na cadeira de plástico, onde ele permanecia sentado, com os braços cruzados, ao lado da maca onde Katniss estava desacordada.

– Vejo que Gale já te contou – Peeta respondeu.

– Sim, ele contou. Mas não foi isso que eu perguntei – retruquei, aproximando-me o mais rápido que minha enorme barriga permitia, e fitei minha amiga.

Ela estava com o rosto pálido, e os lábios ressecados. Seus batimentos estavam fracos, e sua pressão arterial estava baixa no monitor próximo ao Peeta.

– O que aconteceu? – refiz minha pergunta, e ergui os olhos para encara-lo.

– Eu não sei direito, Madge. Katniss foi até o colégio, provavelmente para assistir ao jogo, mas não chegou até a quadra. Eu a encontrei no corredor, antes da entrada, e ela parecia muito mal. Logo me lembrei da gripe, que ela me disse que ia e vinha a todo momento, e que as vezes lhe dava moleza nas pernas, então, eu me aproximei para ampara-la. Foi quando ela... Simplesmente se enfureceu. Katniss começou a... – Peeta franziu o cenho minimamente, e um lampejo de tristeza atravessou seus olhos. – Ela começou a dizer que me odiava, que estava destruída, e coisas do tipo... Eu a deixei falar, porque eu sabia que Katniss precisava soltar tudo o que estava pesando em seu peito. Ela chorou tanto, que eu não sei como consegui permanecer firme. Quando Katniss se calou – um resquício de sorriso apareceu nos lábios de Peeta –, eu a abracei, e ela reclamou, dizendo que eu não podia tentar conforta-la, quando eu era o culpado de tudo – ele suspirou devagar, e desviou o olhar para Katniss. – Mas eu não a soltei. Eu a mantive em meus braços, até que seu choro cessou. Só que mesmo sem chorar, estava nítido que ela ainda estava muito mal. – Ele ergueu os olhos, mas seu olhar se perdeu em algum ponto além de mim. – Katniss começou a gaguejar mais do que antes, e não conseguia mais completar as frases. Suas pernas cederam, e no segundo seguinte, ela estava desmaiada em meus braços. Eu larguei tudo pra trás, e a trouxe para o hospital. Jake deve ter percebido minha ausência, e se encarregou de ser o treinador hoje – Peeta passou a mão direita pelos cabelos, e voltou a olhar em direção a Katniss.

– Você perdeu sua estreia pra traze-la até aqui, mesmo depois dela ter dito que te odiava? – questionei.

Ele me encarou.

– Ela me odiando ou não, não há nada que eu não faça por ela, Madge – Peeta voltou a fita-la, e curvou-se em sua direção, para tocar a mão dela. – Meu emprego, meus problemas, minha vida, está tudo abaixo de Katniss.

– Até mesmo um casamento? – cutuquei.

– Principalmente essa merda de casamento – ele murmurou, passando o polegar no dorso da mão de Katniss. – Foi um erro esconder dela. Eu já sou separado perante a sociedade há mais de três anos. Faltava apenas a parte da papelada. Eu deveria ter contado a Katniss.

– Mesmo que você contasse tudo antes, e usasse esse argumento a meses atrás, Katniss não aceitaria se tornar parte disso. Não acho que ela escolheria por conta própria namorar um homem casado.

Peeta suspirou.

– Mesmo que não aceitasse, Madge. Ela merecia saber antes – ele negou devagar com a cabeça. – Eu só quis protege-la.

– Protege-la de um segredo que você guardou, para não deixar com que ela se afastasse de você – acusei.

Ele ergueu os olhos, parecendo indignado.

– Pense bem, Peeta – falei antes dele retrucar. – Você escondeu dela, mesmo sem ter a certeza de que ela sentia algo por você. Por que você tentaria protege-la de se magoar, se até certo ponto, acreditou que Katniss só te via como amigo? Por mais que você se ache uma ótima pessoa, e eu acredito que seja mesmo, o fato de esconder que era casado, até você saber que Katniss também estava apaixonada, foi por você mesmo. Você foi egoísta. Você se viu tão apaixonado por ela, que não podia perde-la por algo que você não podia se livrar.

Seus olhos brilhavam, e estavam agitados, passeando por meu rosto. Peeta ficou em silêncio por longos segundos, parecendo pensar. Por fim, ele soltou a mão de Katniss, e se colocou de pé.

– Você tem razão, Madge – Peeta concordou, esfregando as mãos na calça esportiva. – Eu realmente agi com egoísmo. Eu tive muitas oportunidades pra contar pra Katniss, e devia ter feito isso, antes de ter certeza sobre os sentimentos dela. Eu errei, e não tem um dia que eu não me arrependa por ter sido tão covarde. Por ter tido tanto medo de perder a única mulher que eu realmente amava... Que eu realmente amo – ele correu a mão devagar pelos cabelos, e suspirou. – Se eu pudesse voltar no tempo, eu mudaria isso. Contaria tudo a Katniss, e deixaria as coisas acontecerem da maneira correta, mesmo que de certa forma, eu saísse perdendo com isso. Ao menos, se eu tivesse contado mais cedo, ela não se magoaria tanto como se magoou. Como eu disse a você: Eu não a mereço – ele deu um sorriso fraco e carregado de tristeza, que sinceramente, afundou meu coração. – E estou errado em ter esperanças que ela volte pra mim.

Peeta olhou para Katniss, e por alguns segundos, ele a estudou com seus olhos marejados. Então, ele se curvou na direção dela lentamente, e murmurou:

– Eu sinto muito... Por tudo – Peeta beijou demoradamente a testa de Katniss, e notei quando uma lágrima dele, atingiu a pele dela, enquanto ele retomava sua postura anterior.

– Peeta... – Katniss sussurrou.

Nós dois a fitamos, mas ela ainda estava com os olhos fechados. Seus batimentos cardíacos aumentaram levemente no monitor.

– Não acho que esteja errado em ter esperanças. Mesmo com tudo isso, ela ainda se preocupa. Katniss ainda te ama – afirmei com convicção. – E apesar de tudo, você sabe cuidar dela. Infelizmente ocorreu esse problema entre vocês... Um problema não muito comum... Mas acho que há conserto. E, sinceramente, eu torço para que vocês dois fiquem bem, porque... Eu tenho assistido o estado de Katniss, e... Se vocês não se acertarem, eu acredito que ela não saberá se recuperar dessa perda.

Suas sobrancelhas estavam levemente arqueadas pra mim, e ele realmente parecia surpreso com a minha fala.

– Não sei como você, noiva do Gale, consegue torcer para que fiquemos bem – Peeta disse segundos depois, com um sorriso fraco nos lábios.

– Torço mais por ela... – soltei com sinceridade, e ele apenas assentiu, fechando seu sorriso devagar.

– De qualquer forma, não acho que Katniss pense numa possibilidade de consertarmos as coisas – disse Peeta, já com a expressão carregada de tristeza novamente. – Me amando ou não, ela ainda está muito magoada, e eu não sei se...

– Peeta... – Katniss voltou a sussurrar, interrompendo a fala dele.

Ele voltou a fita-la, e um esboço de sorriso torto apareceu em seus lábios.

– Eu estou aqui, pequena – Peeta sussurrou, voltando a se aproximar da maca, para tocar a mão de Katniss.

– E é aqui que você vai ficar – disse como uma ordem, recebendo o olhar dele sobre mim. – Sou uma mulher de quase nove meses de gravidez. Quer mesmo que eu fique aqui como acompanhante?

– Não seria confortável pra você, mas não posso ficar – Peeta suspirou, e voltou a se afastar dela. – Antes de desmaiar, Katniss disse que precisava ficar sozinha, e eu acredito que esse “sozinha”, significa “sem mim”. Depois de ontem, eu decidi que só me aproximaria se ela permitisse. Não vou, e nem quero, forçar a barra. É melhor que eu não esteja aqui quando ela acordar.

– Novamente está agindo como um covarde – cutuquei.

– Não. Katniss deixou claro que está sofrendo por minha causa. Dessa vez, estou realmente pensando só no bem estar dela, e nada mais – retrucou.

– Se ela está sofrendo, não é só porque você a magoou. Ela sente sua falta. E se você estivesse mesmo pensando no bem estar de Katniss, você lutaria com mais afinco por vocês dois – cruzei os braços, e Peeta franziu o cenho levemente. – Não foi por esse Peeta sem iniciativa que Katniss se apaixonou – apontei.

– Ontem eu quase a beijei... Mas ela pareceu assustada demais com minha proximidade, e eu...

– De “quase” o mundo tá cheio – o interrompi – Esse Peeta que eu estou vendo, não é o mesmo de meses atrás, e eu até entendo, porque você está sofrendo. Mas a Katniss não precisa do cara inseguro, com medo de se aproximar só porque ela parece com medo. Ela precisa do cara que bateu na porta dela por vários dias, mesmo sabendo que ela não abria pra ninguém. Do cara que insistiu em ensina-la a ser uma pessoa durona na frente dos alunos. Do cara que a convenceu a ir esquiar, mesmo que ela tivesse medo. Do cara que odiou a mãe dela, só por tê-la magoado. Do cara que insistiu em entrar na vida dela, mesmo que ela não permitisse há anos que isso acontecesse de verdade. É desse Peeta que Katniss precisa. Não do Peeta que lhe dá tanto espaço, a ponto de deixa-la pensar que o odeia. Eu já disse que ela te ama. Isso é o suficiente pra você lutar de verdade, e começar a tirar os outros sentimentos que atrapalham vocês, do caminho.

Quando terminei de falar, Peeta desviou o olhar, para voltar a fitar Katniss. Um tempo passou, e ambos permanecemos em silêncio, até que ele se manifestou, ao olhar pra mim:

– Ligue pra minha irmã, quando os resultados dos exames saírem. Estou sem celular – ele disse, já em movimento, pronto para sair do quarto.

– Peeta – chamei, virando-me para encara-lo.

Ele parou um pouco antes de chegar na porta, e virou a cabeça em minha direção.

– Você ouviu alguma coisa do que eu disse? – questionei, com certa irritação.

Assim que meu olhar encontrou o dele, pude perceber que minha pergunta já tinha uma resposta muda. E então, Peeta sorriu. Um sorriso quase feliz. Um sorriso que me fez sentir esperança por minha amiga. Esperança que ela poderia sim, ter a oportunidade de ser feliz, porque ali, naquele momento, fitando o rosto machucado de Peeta Mellark, eu tive a certeza de que a partir daquele minuto, ele não daria mais espaço para Katniss.

– Obrigado, Madge – ele agradeceu, voltando a andar.

– Se você voltar a mentir pra ela, eu mesma arranco sua cabeça, antes que Gale pense em fazer alguma coisa – ameacei.

– Isso, nunca mais irá acontecer – Peeta respondeu com convicção, antes de sumir da minha vista.


Notas Finais


Beijos


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