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História O Som da Música - INTERATIVA - Capítulo II - 2.Coração Selvagem


Escrita por: IamSpartacus

Notas do Autor


Olar pessoas!
Esse capítulo é mais voltado para a situação do David Scully, nosso Dave que iria se encontrar com uma produtora para tentar o seu contrato. Mas fiquem tranquilos, estou postando um capítulo duplo essa madrugada, então vamos com tudo. Aviso desde já que há pedaços bem "pesados" nesse capítulo, então fiquem atentos.

Como não tem música nesse capítulo eu deixo um presentinho para vocês, fiz uma gif sobre a última cena do Capítulo I, vocês podem checá-la nesse tumblr aqui: https://www.tumblr.com/blog/iononparloitaliano

No mais boa leitura!

Capítulo 3 - Capítulo II - 2.Coração Selvagem


A pequena plateia aplaudiu animadamente o repertório da ruiva baixinha. Ela era dali, aquele local era a sua casa. A maioria das pessoas já conhecia Cattleya e, quem não conhecia, acabava concordando que a mulher sabia muito bem cantar, sem falar de uma espécie de aura misteriosa e angelical que ela carregava em torno de si.

Acima do tablado de madeira, muito bem lustrado, ela encarou o público com seus olhos penetrantes. À longe via o sorriso de aprovação de Trixie junto de Billy e Jack, no entanto o que mais chamou a sua atenção foi o homem parado a alguns passos do palco. O elemento não parecia um frequentador assíduo do pub, muito pelo contrário. Vestia-se de forma totalmente diferente, camisa social, gravata, calça jeans e sapatos tão bem lustrados quanto a madeira do palco.

Ela deixou aquilo para lá, agradeceu as palmas e desceu do tablado. Voltou para seus amigos, tomou novamente o avental verde escuro que tanto lhe vestia bem. Ali em volta ela sentia-se acolhida, um sentimento raro que não sentira desde que sua família deixou a França por problemas financeiros. Riu sozinho encarando o mais perfeito nada. Outra pessoa subia ao palco, Trixie tagarelava enquanto tentava se livrar de Jack, Billy parecia muito interessado na conversa com o homem estranho ao lado dele. Ela só pensava em David e como queria que ele estivesse ali.

Do outro lado da cidade em meio a coberturas caras e apartamentos luxuosos estava David. Em toda a vida ele nunca tinha penteado o cabelo para o lado ou mesmo usado um paletó, mas aceitou com prazer aquelas imposições. Ele tinha total noção de que o ambiente pedia aquilo e que o motivo que o levou ali também pedia. – Essa é a sua chance David, não coloque tudo a perder. Coisas assim não caem do céu muitas vezes, você tem a merda da oportunidade de mudar sua vida, da sua mãe, da sua irmã e da sua namorada. – as palavras saíam involuntariamente pela sua boca em baixo tom enquanto ele esperava que alguém atendesse a porta do apartamento no décimo sexto andar.

Por vezes ele não sabia o que pensar ou mesmo agir. Dave não se prendia aos detalhes, era seguro de si, mas até a pessoa mais confiante ficava sujeita a esse frio na barriga que surge em momento importantes. Precisou afrouxar a gravata, usar aquilo era como sentir que estava com a corda da forca no pescoço, no entanto, era um mal necessário. A porta abriu, ele olhou apressado, era a própria.

Miranda Greystone estava à sua frente usando aquele visual de loira poderosa que qualquer diva queen invejaria. Cabelos jogados para o lado, maquiagem leve, batom vermelho, vestido curto. Ela era bonita, o provável motivo de tantos de seus agenciados acabarem indo com ela para além da gravadora e das salas de reunião. – David, comecei a pensar que não viria. – ela se inclinou e o cumprimento. Dois beijos, um na bochecha direita outro na esquerda. – O terceiro só depois do casamento. – comentou risonha lançando uma piscadela. – Venha, entre, seus amigos já estão aqui.

Dave precisou respirar fundo, olhou para o local. Só a sala dela era maior que a sua casa incluindo o quintal. Esculturas de arte moderna, colunas gregas, sofás, divãs e poltronas distribuídos ao lado da mobília. Na parede uma sessão invejável da cópia dos discos de ouro e platina de todos que ela já havia agenciado. Ali surgiu a maior preocupação de Dave, nenhum deles chegava nem perto do heavy metal, eram em sua maioria música pop e uma banda solitária de country. Numa primeira instância ir ali pareceu ter ido um erro, por outro lado ele cantaria até Beyoncé se fosse necessário para ganhar uma conta bancária com mais de três zeros no saldo.

– Como você pode ver o lugar está meio cheio. Se enturme, tome um champanhe ou vinho se preferir. Estou conversando com alguns senhores importantes da Startime International, eles me querem produzindo o próximo EP do Calvin Harris. – notava-se com facilidade a autopromoção que ela fazia de si mesma – Falarei com você assim que conseguir me livrar deles, aproveite a festa.

Miranda sumiu, Dave ficou perdido. Nunca se sentiu tão enclausurado em toda a vida, e olha que já tinha passado por situações bem preocupantes. Estar ali no meio claustrofóbico, mas ele iria superar. Perdeu alguns instantes encarando os discos na parede até notar uma presença próxima de si. Ele virou de súbito quase topando com um garçom que servia taças de alguma bebida que deveria custar mais do que os rins dele.

– Duas por favor. – a voz veio do seu lado.Era um homem de boa aparência, forte e musculoso. Maior que Dave e que passava a ótima impressão de que um tapa daquele homem iria desmontá-lo mais do que um castelo de cartas. Para a sua surpresa o rapaz de pele bronzeada e uma franja, digna daquelas boy bands dos lados da California e Omaha, abriu um largo sorriso enquanto lhe oferecia a outra taça.

– Pela sua cara você está perdido aqui. – o comentário veio seguido de outro largo sorriso. Entregada uma das taças o homem tomou um gole da sua própria. Ele se vestia bem. Jaqueta preta, blusa branca, o clássico. Olhando para aquilo e comparando com o seu paletó que deveria ter saído de algum morto ele nunca se sentiu tão idiota.

– Me sinto como o novo vira-lata do canil. – comentou enquanto virava a taça sem cerimônias. – Você por outro lado não parece tão perdido quanto eu. – entregou a taça e pegou outra. Beber era o melhor jeito de se acalmar, ele só tinha que tomar cuidado para não extrapolar.

– Já estive na sua posição. Me chamo Miles. – eles se cumprimentaram com um aperto de mãos. – Miranda está negociando algumas coisas com os engravatados do andar de cima, meu single vai ser pauta da conversa deles em algum momento.

Tudo fazia sentido. Miranda não era burra, devia ter juntado alguns figurões de gravadoras e um punhado de artistas novos que ela já oferecera seus serviços ou não. Todos juntos ali seria mais fácil negociar e se necessário teria os dois lados da moeda a seu alcance para eventuais problemas. Sabendo disso Dave se sentiu ainda mais como um mero peão num tabuleiro ainda no início do jogo.

– Um brinde ao seu sucesso. – falou com um sorriso de canto trocando a taça vazia por uma nova.

– E ao seu. – completou o homem. – A propósito, qual seu nome? – por mais instigante e invasivo que aquela pergunta pudesse ter parecido o tatuado com roupa de defunto não se incomodou. Prioridades.

– Ah, erro meu. David Scully, ou somente Dave. – ele partia para a quinta ou sexta taça sem nem perceber. A bebida tinha um gosto doce, porém não enjoativo, você sentia que bebia Sprite, enquanto na verdade entornava pelo esôfago algo com quase vinte por cento de teor alcólico. Já era seguro dizer que a cabeça tateava e o humor estava levemente alterado. Ele não tinha chegado no estado de sentir andar fofo, mas talvez fosse melhor puxar o freio de mão.

Miles e Daves sentaram-se no bar. Miranda nem dava as caras. A maioria dos convidados permanecia esperando pacientemente a sua vez ou conversando com outras pessoas que pareciam ter saído de um centro comercial. Ele perdeu quanto tempo ali de conversa mole? Uma hora talvez? Perdeu a noção do tempo e os números do relógio na parede eram pequenos demais para que ele enxergasse naquele estado.

Pelo menos Miles era uma boa companhia, provavelmente ele olharia a música pop de forma diferente depois daquele dia. Talvez até fosse interessante pensar um pouco. Segundo o próprio Miles ele precisou de quase um ano para, sob as orientações de Miranda, estar pronto para o mercado. Foram doze meses trabalhando com compositores experientes, DJs renomados e todo um trabalho para criar uma boa aparência que pudesse atrair as pessoas, no fim a música nunca era tudo, era só parte de um conjunto.

Foram no total duas horas bebendo, rindo e conversando. Ele nunca foi tão sociável, mas a partir do momento que não se sabe mais quantos copos você bebeu tudo parece mais aceitável. Felizmente David Scully se conhecia muito bem, só precisava vomitar e urinar para melhor relativamente. Sabendo disso ele notou que o local já havia se esvaziado um pouco. Sentiu uma pressão na bexiga e decretou.

– Preciso ir no banheiro. – felizmente não se embolou com as palavras apesar da leve tonteira. Levantou, procurou estabilidade. A cabeça estava leve e tudo parecia um pouco mais confuso.

Andou aleatoriamente pela casa, parecia mais perdido que cego em tiroteio. O apartamento era enorme, qualquer um nas condições dele se perderia ali. Foi então que virou mais um corredor e encontrou três portas. Uma estava entreaberta. Teoricamente ele já tinha identificado onde era o banheiro, era logo a primeira porta à sua direita, no entanto o farfalhar e os gemidos contidos que pareciam escapar involuntariamente de dentro do cômodo não-fechado atraíram sua atenção.

Ele não deveria ter ido, sabia disso, mas o homem é curioso por natureza e pensando bem, não havia nada ali que o impedisse. Andou calmamente sobre o chão que, agora, era coberto por um carpete branco. Apoiou-se na parede porque andar tornou-se um pouco mais difícil dada a falta de luminosidade decente. Da fresta da porta ele observou. Na cama de casal Miranda se dividia entre três homens, eles a cercavam e em parte cada um tinha a sua vez. Ele iria mentir se dissesse que não se sentia excitado, o que viu aquela mulher fazendo ele não viu nem mesmo nos filmes pornô. Depois de alguns minutos observando concluiu que era melhor ir até o banheiro e por mim no mal originado pela bebida e outro, nem tão maléfico, originado pela performance assistida.

Apoiou-se na parede de frente para o vaso nem fechou a porta. Vomitou e se sentiu relativamente melhor. Lavou o rosto algumas vezes tendo certeza que nunca em sua vida poderia comprar toalhas tão confortáveis quanto aquelas até voltar para o vaso novamente. Fazer aquilo sob aquelas circunstâncias lhe parecia bem deselegante, mas não iria para um possível “entrevista de emprego” com um nítido voluma ne calça. Suspirou profundamente, fechou os olhos e tentou se concentrar. Imaginou Cattleya e todos os momentos de amor e intimidade que tiveram a sós até hoje. A imaginação tornou as coisas mais fáceis, foi então que sentiu um hálito quente em sua nuca.

Ele ainda estava naquele estado entre um pouco bêbado e talvez sóbrio e dado o momento bem singular a imaginação tomou proporções maiores. Sentiu um beijo úmido e quente na lateral de seu pescoço, uma mordida leve em sua orelha até que outra mão ocupou-se do que ele fazia antes. Ele estava vulnerável apenas alimentou a ilusão de ter a namorada ali consigo até finalmente cerrar os dentes enquanto chegava ao ápice do prazer. Levemente distraído, minimamente iludido virou-se sentindo duas mãos em sua cintura enquanto suas calças caíam pelos joelhos. Outra boca uniu-se a sua e cedido pelas forças do momento ele correspondeu, foi só aí que algo lhe pareceu muito estranho.

As sensação de algo arranhar seu rosto era desconhecida. Abriu os olhos e deparou-se com Miles. Explicar a mente de Dave naquele momento era completamente impossível. Ele atuou como um vulcão em erupção. Soltou o braço num soco potente no rosto do moreno que caiu no chão. Ele recuou enquanto procurava algum sentido naquilo e tentava não acreditar no que ocorreu.

– Você tá maluco? Chega perto de mim de novo e eu te arrebentar. – brandou relutante. Uma hora ou outra ele teria de aceitar a ideia, mas não agora.

– Você não é gay ou bi? – a cara de Miles era tão impagável quanto a cena de Dave com as calças no joelho e completamente impactado. Um silêncio constrangedor se formou entre eles. Para David era óbvio que não, para Miles era um total mal entendido.

– Não! – respondeu quase como se decretasse uma ordem.

Miles levantou-se, o soco foi forte, seu nariz sangrava. Ele procurou palavras para se desculpar, mas não encontrou nenhuma. Era realmente um mal entendido, mas ele não sabia o que dizer para colocar panos quentes na situação. Ele até tentou se aproximar de Dave, mas quando viu o rapaz segurando a respiração e cerrando o punho com vontade ele parou.

– Eu não sabia, pensei que você estava interessado, eu realm... – as palavras foram interrompidas bruscamente pelas de David.

– Eu não quero saber. Vá atrás de mim e eu te quebro no meio, fale do que aconteceu aqui para alguém e eu te quebro no meio. – num lapso de fúria ele avançou contra o outro homem. Puxou-o pelo colarinho da camisa e o colocou contra a parede enquanto o pressionava abaixo do queixo com o antebraço. – Entendeu?

Quase esqueceu de soltá-lo mesmo depois do mesmo ter concordado com um gesto desesperado de sim com a cabeça. Deixou Miles no chão e saiu do banheiro incrédulo. Tudo aquilo tinha sido um erro. Onde foi que ele estava com a cabeça? Sabia que Miranda nunca tinha trabalhado com bandas de heavy metal, sabia da fama dela de ser ninfomaníaca ou no mínimo abusadora com os seus. A menor das ideias de aquilo ocorrer com ele o assombrava, o assustava o suficiente para ir para casa e era isso o que ia fazer. Rumou até porta ignorando todas as vezes que esbarrou em alguém.

A sala estava vazia, somente dois ou quatro pinguços estavam desmaiados no chão ou no sofá. Ele abriu a porta tentando conter a raiva e quando saía sentiu uma mão pousar em seu ombro.

– O que houve David? – era Miranda, já vestida, penteada e maquiada. Aquilo parecia mais surreal a cada minuto que ficava ali. Ele sentia repulsa, sentia raiva, sentia ódio.

– Eu vou embora. Esqueça toda essa merda, eu não vou fazer isso, não vou passar por isso. – o lado agressivo que ele tanto lutou para suprimir durante esses anos acabou se libertando. O aviso foi bem claro, tanto que a mulher o soltou, mas não sem antes um aviso.

– Assim que eu fechar essa porta você pode ter certeza que nenhuma outra vai se abrir para você. Você vai ter tido a sua chance David, e desperdiçado ela por não conhecer os ossos do ofício. Sua vida vai ser lutando para ter o que comer amanhã tocando para pessoas que só vão se importar com o barulho gerado. – pausa – Assim que eu fechar essa porta, vai ser melhor você procurar outro emprego.

O tempo correu contra ele. O ranger da porta se fechado foi a única trilha sonora para o momento. Novamente lá estava ele sendo chutado para fora feito um vira-lata sarnento. Só ele sabia como a vida tinha sido difícil até agora, a menor perspectiva de melhora era o paraíso. Imaginou todos os infortúnios que teve em seu passado. As dificuldades com o padrasto e todas as vezes que pegou Cattleya dormindo no balcão do Jim’s Pub por ter ficado trabalhando até tarde para conseguirem pagar a conta. Ele era desempregado, ganhava uns trocados com shows muito eventuais, Jason trabalhava como atendente de Telemarketing. Eles nunca tinham o suficiente.

Assim, tão conturbado quanto uma chuva de verão a mente dele traçou uma resposta. Virou-se colocando o pé na frente da porta. O olhar de satisfação de Miranda era como o de uma criança ao ganhar um presente novo. Ela sorriu, um sorriso tão podre quanto o de um assassino. Ele entrou, sem dizer uma palavra. Olhou para a sala novamente e viu que eram os seus amigos ali caídos feito soldados abatidos. Miranda cresceu para cima dele, caçou sua boca, mas ele virou o rosto.

Dave precisou aceitar que faria aquilo, o simples pensamento ia contra tudo o que ele pensava e acreditava. Depois que aceitou se tornou mais fácil. Era sexo, só sexo. Era exatamente isso a venda que ele precisava para tampar seus olhos. Iria lidar com a culpa depois, a sua maneira, mas agora tinha tomado uma decisão. Andou na direção de Miranda. Ela recuou até sentir a bancada do bar atrás de si. Enquanto a encarava fixamente ele soltou o cinto e abriu a calça novamente. Ela passou a língua entre os lábios e tentou beijá-lo novamente, mas ele não deu aquele gosto a ela. Virou a mulher com certa pressa e agressividade. A fez se curvar sobre o balcão, rasgou seu vestido e arrancou sua calcinha.

Ela riu animada. Dave sentia repulsa, de si mesmo e daquela mulher. De algum modo sentiu-se como aquele homem que mais odiava. Pensou novamente: “É só sexo”; e fez o que tinha fazer.


Notas Finais


É, Dave teve de fazer uma escolha bem difícil aí. O que vocês acharam? Teriam feito a mesma coisa ou não?


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