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História O Som da Música - INTERATIVA - Capítulo VI - E tudo começou com música e cerveja


Escrita por: IamSpartacus

Notas do Autor


Salve peregrinos, to aqui trazendo mais um capítulo novinho pra vocês.
Fico devendo o aestethic porque me embolei forte durante a semana, basicamente é isso, espero que gostem do capítulo.

Capítulo 7 - Capítulo VI - E tudo começou com música e cerveja


Corredores brancos, luzes fortes e claras. O inferno necessário de qualquer pobre e um local a qual todos estamos sujeitos a ir, por bem ou, principalmente por mal. O enorme edifício branco e azul ornamentado com uma decoração pós-moderna feita de ladrilhos ressaltava o letreiro que, naquela hora do dia, ainda estava apagado. O Hospital Geral de Nashville era a referência médica na cidade e todos os seus mais de dez andares ofereciam atendimento completo para os doentes, junto disso a enorme conta a pagar uma vez que o tratamento médico nos Estados Unidos não é público e sim privado, e são poucos os empregos que oferecem auxílio hospitalar.

Ali dentro, mais especificamente no décimo segundo andar no Centro de Tratamento Intensivo leito número 0059 encontrava-se o jovem que Kai e Abigail encontraram algumas horas atrás. Família e amigos não foram autorizados a entrar para encará-lo, o máximo que podiam fazer era observar a alguns metros de distância através da janela de vidro que ocupava boa parte da parede. Por um deslize dos funcionários, ou talvez pela pressa do atendimento dado o grave estado do homem ali internado, as cortinas da janela não estavam fechadas, de modo que era possível acompanhar toda a correria ali dentro entre enfermeiras, médicos, máquinas e procedimentos.

Daquela posição Cattleya observava com as mãos tampando a boca e o olhar desesperador a situação de Dave. Lá dentro a enfermeira pareceu utilizar um rádio comunicador para transmitir uma mensagem. Poucos instantes depois dois homens surgiram trazendo uma sequência dos aparatos médicos. A situação de David parecia mais séria a cada instante. O médico, de muito boa aparência e com o sobrenome Stevens bordado em seu jaleco parecia bem preocupado, o que de fato não passava tranquilidade nenhuma para quem assistia do lado de fora.

Num reflexo de consciência David começou a se debater sobre a maca. Por puro instinto ele talvez tenha se virado para a borda da cama onde começou a vomitar descontroladamente, era uma gosma amarelada, sem indícios de resto de alimentos mal digeridos. Se não fosse pela agilidade dos homens recém-chegados o paciente teria caído afinal sofrer convulsões e vomitar ao mesmo tempo não é algo controlado. Por um segundo ele se acalmou, um exato milésimo de segundo, talvez apenas o tempo para sugar o ar com toda potência e necessidade de seus pulmões para finalmente voltar a ter o ataque epilético.

As convulsões voltaram numa potência assustadora, uma espuma branca era expelida entre seus lábios. O som dos aparelhos eletrônicos apitando loucamente e toda a comoção dentro da sala era assustadora. Qualquer um, leigo, iria se espantar com a cena, naturalmente uns mais que os outros. Naquela hora Trixie, Jack, Billy, Seth e Grace já haviam chegado. A única reação dos rapazes foi encarar a cena boquiabertos. Trixie virou o rosto forçando bem para não olhar ou ouvir. Seth, talvez pelo seu antigo ofício, era o mais tinha alguma frieza para o caso, mesmo assim, o moreno não se limitou a assistir. Abraçou Cattleya ficando na frente dela e impedindo o contato visual, Grace seguiu a mesma movimentação que Trixie. O pior de tudo ali era não poder fazer ou falar nada para ajudar, ninguém sabia o que iria ocorrer de fato.

– A atividade cerebral dele está muito alta! Pulso e pressão acelerados. – falou uma das enfermeiras enquanto alternava o olhar entre o aparelho ligado a um dos pulsos de David. – Doutor ele está sofrendo um choque anafilático!! Se continuar assim...

Só aquilo não bastava, o tradicional “pi pi pi” da máquina que controlava seus batimentos cardíacos foi trocado por um som único sem variações.

– O coração parou! – comentou uma outra enfermeira e logo em seguida completou. – Ele está sem pulso, vamos perde-lo!

Era muita coisa junta e misturada, era o tipo de situação que você vai duvidar do médico que parece que mal saiu da faculdade. O doutor mal teve tempo de pensar, ele parecia preparar uma solução quando na verdade jogou tudo pelos ares. Tomou uma seringa nova, prendeu a agulha num pequeno pote de vidro e sugou seu conteúdo até metade da seringa estar cheia. Rapidamente desferiu dois leves petelecos sobre a ponta da agulha deixando o excesso da substância cair no chão. Com pressa ele tomou espaço entre os enfermeiros e enfermeiras e executou seu ofício.

– Estou aplicando injeção de epinefrina intravenosa no paciente. Preparem o desfibrilador. – rapidamente ele arremessou a seringa vazia na lixeira e abriu espaço para que o enfermeiro de pele escura tomasse posição com o desfibrilador.

– Quanto tempo enfermeira para a aplicação?

– Cinco segundos. – respondeu o enfermeiro com o aparelho.

– Quanto tempo ele está sem circulação?

– Cerca de vinte e cinco segundos. – respondeu a enfermeira encarando o relógio.

– Aplique cinco vezes em ciclos de três segundos, só pare se ele mostrar resposta, entendido? – decretou o jovem doutor Stevens

– Sim senhor doutor! Estamos prontos! – numa espécie de trabalho em conjunto a enfermeira rasgou a camisa de David ao meio deixando seu torso exposto.

– Um, dois, três, vai!! – ordenou novamente o doutor responsável.

De fora da sala ouviu-se o som da descarga elétrica indo contra o corpo de Dave numa forma desesperada de reanima-lo. A situação era comovente, Cattleya não aguentou mais, despejou as lágrimas na camisa de Seth entre gritos e soluços. Sem que percebesse Trixie havia segurado fortemente a mão de Billy que correspondeu apertando ainda mais forte a dela. Jack ainda estava impactado com a cena de forma que mal percebia o que ocorria em sua volta. Do outro lado do corredor, sentados em bancos Kai e Abigail também evitavam olhar. Não era uma questão de ser forte e aguentar assistir, era uma questão de ser humano e se sensibilizar com a dor do próximo.

A primeira descarga elétrica não surtiu efeito, o corpo quicou sobre o colchão até voltar a sua posição original. A segunda também não mudou a situação e a terceira teve o mesmo destino. Eles estavam perdendo eles.

– Quanto tempo de morte? – indagou apressadamente o doutor

– Quarenta e dois segundos, e contando... – a voz saiu em alto e bom tom.

– Aumente a carga em vinte e cinco por cento, deixa que eu assumo! – ele enfim chamou a responsabilidade, posicionou o aparelho sobre o peito de Dave e aguardou a contagem.

– Um, dois, três, vai!

A descarga um pouco mais agressiva era uma das últimas apostas, passando-se um minuto da morte as chances de reanima-lo diminuíam exponencialmente, passando-se três minutos eram praticamente nulas. Daí a importância de conseguirem ali e agora, eles precisavam trazer aquele jovem antes de se completarem sessenta segundos, ou então não teria mais jeito.

A eletricidade do choque tomou seu corpo que mais uma vez quicou na cama chegando a encurvar um pouco a coluna. Para o alívio geral a máquina registrou o batimento cardíaco, ele estava vivo, ou melhor, ele estava de volta entre os vivos. O clima entre a equipe média amenizou, todos trocaram olhares de alívio. O jovem doutor Stevens que não era tão mais velho que seu próprio paciente agaixou-se dobrando os joelhos e apoiando as costas na parede. Retirou a máscara e a touca jogando os cabelos castanhos para trás. Um longo suspiro decretou a paz momentânea, mas o trabalho ainda não tinha acabado, reanima-lo era apenas o início, havia ainda todo um tratamento para tentar prever a ação de sequelas.

– Quero amostras de sangue para exame e a um coquetel para os rins e fígado. Monitoramento excessivo, nenhum detalhe pode escapar, qualquer alteração no quadro dele eu quero saber, compreenderam? – decretou o jovem doutor após fazer uma exame rápido para averiguar o estado do paciente.

A porta do leito se abriu. Todos instantaneamente viraram-se para observar médico e parte da equipe se retirarem. Stevens se dirigiu até o grupo tendo em mente que alguém ali deveria ser familiar ou próximo de David. Sem muitos rodeios ele parou bem no meio entre eles e não procurou amenizar o olhar sério e centrado.

– Amigos e familiares do senhor Scully, certo? – indagou sem se preocupar com o tom. Era mais que nítido que o homem estava exausto, tanto físico quanto mentalmente.

– A mais próxima dele sou eu, sou namorada dele, todos os outros são amigos. – respondeu Cattleya tomando a frente porém sem largar o braço de Seth.

O médico suspirou fundo novamente, teoricamente não estava autorizado a fornecer tantas informação para apenas amigos, deveria prestar contas somente a ela, porém era visível que todos ali pareciam se importar. Sem pensar duas vezes então, ele resolveu abrir o jogo e explicar o pouco que sabia, afinal David Scully chegou rapidamente indo direto para a emergência, e Stevens tinha acabado de atender um paciente que havia sido baleado três vezes antes de assumir com David.

– Por enquanto o estado de seu namorado é estável. Ele sofreu de convulsões, expeliu alguma substância que desconhecemos e logo em seguida teve um choque anafilático e uma parada cardiorrespiratória. – procurou explicar com um pouco mais de calma para ver se todos conseguiam entender perfeitamente. – A princípio os ferimentos externos não importam muito, precisamos saber o que causou isso, pelos sintomas eu acho que uma overdose e piorou com uma alergia dele com alguma substância.

Os olhos mareados de Cattleya refletiam o brilho do desespero, ela sentiu um forte aperto no coração como se todo o seu mundo fosse desabar naquele momento, logo agora que eles estavam experimentando alguns momentos de paz e tranquilidade, e acima de todo o resto, prosperidade. Era difícil de acreditar que tudo aquilo estava acontecendo. Chocada ela alternou o olhar entre o doutor a sua frente e à janela da sala onde Dave estava, cujas cortinas haviam sido fechadas agora.

– Eu não sei como isso pode ter acontecido. Ele saiu para trabalhar de manhã cedo ontem e não voltou para casa. – respondeu ela totalmente desiludida e desamparada.

– Vamos descobrir o que houve. Peço que a senhora faça a ficha e o cadastro no hospital. – chamou uma das enfermeiras. – A enfermeira irá lhe acompanhar. – só então ele bateu os olhos em Seth e, ao ver o ferimento em seu nariz, exibiu uma careta grotesca, aquilo estava literalmente torto, a nível de precisar ser colocado no lugar. – E você vem comigo, seu nariz está quebrado e vai precisar de, pelo menos, um raio x e um curativo decente.

O moreno assentiu afirmativamente e precisou alertar Cattleya para que o soltasse. Em seu braço estavam as marcas das unhas da mulher, exibindo seu grau de desespero nos instantes que haviam passado. Seth desapareceu em um dos lados do corredor, Cattleya no lado oposto. Restaram apenas Billy, Trixie, Grace, Kai e Abigail. Todos sentados nas cadeiras não tão acolchoadas de forro azul, com exceção de Jack que preferiu ficar de pé escorado na parede.

– A gente simplesmente encontrou ele num beco enquanto tentávamos cortar caminho. A ambulância veio muito rápido e trouxe todos nós. – procurava explicar Kai, a situação para eles, como se aquilo fizesse alguma diferença.

– Não sabemos o que aconteceu, topamos com o amigo de vocês caído no chão perto de uma lata de lixo. – completou Abigail meneando com a cabeça e dando de ombros.

Era tanta coisa acontecendo seguidamente uma da outra que eles pareciam não ter tempo para só recuperar o fôlego. O caso de Billy e Trixie ainda servia como a cereja do bolo. O loiro sabia que era melhor contar logo o que aconteceu, uma hora Jack iria perceber ou saber por outra pessoa e aí seria pior.  No entanto num momento estava transando de manhã, no outro participando de uma cena de fuga pelos fundos de um prédio caro e agora tinha que encarar o fato do namorado de Cattleya estar ainda entre a vida e a morte.

– Que merda cara, que merda. – retrucou Jack andando em círculos na frente deles. – Esse cara tava muito perto de conseguir um contrato, mas desse jeito? Já não basta o susto psicológico que foi, ele e a Cattleya vão ficar devendo até a alma deles para o hospital.

Ninguém queria falar sobre dinheiro no momento, mas era um mal necessário. A medicação, o tratamento, a internação sem dúvida iriam pesar no bolso feito uma bola de metal presa no calcanhar de um preso.

– Nós vamos ajuda-los, é o que amigos fazem... – comentou Trixie porém completamente desiludida de suas próprias palavras, todos ali entendiam o quão astronômica poderia ser uma conta dessas, principalmente para quem mal conseguia manter as contas do mês pagas e a geladeira com algo além de teias.

– Não se iluda baby, mesmo que todos nos juntemos vai levar anos para pagar isso... – não era comum de Jack tamanho pessimismo, mas na verdade aquilo era nada além da realidade.

Um silêncio mórbido se formou entre eles. Todos presos em seus próprios pensamentos. Os minutos se passavam e nada mudava, parecia decretada a situação mais que incômoda. Entre suspiros tediosos e olhares cansados eles começaram a conversar sobre qualquer coisa, qualquer coisa que os tirasse daquele complexo de infortúnio que pareciam terem mergulhado. Falaram de muitas coisas, principalmente sobre música. Diferente do resto ali Malekai e Abigail tinham tido alguma sorte, ou melhor, tido a oportunidade de mostrar seu talento. Depois de abrirem um show para Cassaddee Pope os dois estavam a beira do estrelado, e faltava bem pouco para conseguirem ficar definitivamente embaixo dos holofotes. Infelizmente hoje seria o encontro que sacramentaria a união deles com a perspectiva de um futuro agradável. Infelizmente ou felizmente, para todos os casos, eles encontraram Dave e agora estavam ali.

Pouco mais de meia hora depois Seth surgiu virando o corredor acompanhado de uma enfermeira que parecia rever a receita médica com ele, quase que forçando-o a repetir os nomes dos medicamentos e sua dosagem. No rosto ele possuía um curativo bem melhor que o improvisado por Trixie algum tempo atrás, e na outra mão o que parecia serem as chapas do raio x tirado. Pelo fato dele só ter voltado daquele jeito quer dizer que o nariz estava bem, realocado em seu lugar de origem e, sem ter se quebrado em pedaços menores.

– Você parece ótimo. – comentou Billy enquanto Seth se aproximava.

– Nem me diga. – respondeu cutucando de leve o ferimento até ser repreendido por Trixie. Ele ia sobreviver, não era nada para quem tinha sofrido coisa muito pior enquanto ainda estava no front de batalha e depois de ter voltado dele.

– Acho que todos estão com fome certo? – Trixie tomou posição atraindo a atenção para si. A decisão do grupo fora unânime, ninguém tinha tido a chance de comer direito. – Tem um subway aqui perto, vou lá comprar algo, ficar com fome e se encarando nesse silêncio não vai ajudar em nada. – era verdade, poucos segundos depois de encerrar sua frase algumas barrigas roncaram em alto em bom tom. – Vem comigo Billy?

A pergunta levantou suspeitas. Seth já tinha certa desconfiança, afinal Trixie e Billy tinham ído em seu resgate mais cedo, no entanto ele compreendia que aquilo não era assunto dele e portanto nem se metia, todos ali eram adultos e sabiam o que faziam. Mas foi com Jack que aquilo soou mais estranho que o comum, ele sabia bem do jeito de Trixie, mas não podia imaginar a aproximação repentina dela com seu melhor amigo. Ele olhou para cena, porém em silêncio, afinal aquilo também poderia ser só um ciúme desmedido graças a mentalidade livre e aberta de Trixie. Restava lembrar que no fim das contas eles não tinham um relacionamento bem estruturado, se bobear nem relacionamento era de fato.

Billy relutou ao ouvir a proposta, mas pensou rápido ao concluir que quanto mais demorasse para dizer algo, mais daria tempo de pensamentos nada agradáveis surgirem na cabeça de Jack. Ele olhou discretamente para o melhor amigo e depois para a loira. Aquilo era como estar entre a cruz e a espada. Enfim tomou sua decisão, se levantou e seguiu ela.

– O que foi aquilo Trixie? Você sabe que podia ter dado uma merda fodida com o Jack... –comentou enquanto saíam do hospital e atravessam a rua.

– O que? Não posso mais pedir ajuda ou você tá pensando que vou trazer toneladas de comida sozinha? – respondeu com certo descaso e mesmo sem lhe dar atenção.

Ele a segurou pelo pulso assim que saíram da vista do hospital. Ambos estancaram seu passos e trocaram olhares, diferentes dos olhares de mais cedo. Notava-se claramente que Trixie estava transtornada e Billy, mesmo sendo bem menos controlado e mais cabeça-quente, procurava manter a calma. Talvez fosse o sentimento de culpa, ou o sentimento de culpa misturado a vontade louca que tinha em possuí-la de novo.

O pensamento perverso de transar com ela ali mesmo atingiu sua mente como um raio atinge uma árvore, porém ele conseguiu contornar facilmente, não era a hora, o local e nem o clima certo para aquilo.

– Nós precisamos conversar... – falou com a voz baixa.

Trixie puxou o braço e se afastou alguns passos dele. Cruzou os braços e lhe deu as costas. Liberou alguns palavrões na tentativa de deixar extravasar e tentar colocar em ordem a manhã agitada que estava tendo. A única sorte era saber que hoje era o dia de folga dela e de Cattleya.

– Não Billy. Não inventa de começar com essa drama agora. Isso é tudo o que a gente não precisa!! – falou em alto e bom tom.

– É melhor falarmos com o Jack logo, se ele descobrir depois... – ele não teve tempo de terminar suas palavras.

– Depois o que? É o Jack, droga! – ela mostrou a mão direita para ele. – Tá vendo algum anel aqui? Alguma etiqueta ou marca de propriedade? Eu não sou exclusiva de ninguém, tá pra nascer homem que vai me prender. Se eu quero transar eu transo, e se você não quiser há quem queira, então corta esse sentimentalismo, ninguém tá bem pra nada agora, é só você parar e ver. – ela fez uma breve pausa para recuperar o fôlego. – A gente praticamente sequestrou a Grace Cameron e o Seth dormiu na casa dela, David quase morreu. A única coisa certa que aconteceu hoje foi eu e você. Quando chegar a hora nós contamos pro Jack.

Billy a encarou, como se tentasse enxergar além da imagem naturalmente ostentada pela loira. De fato ela era livre e sem relacionamentos, mas havia algo que ele não queria estragar e era a sua amizade com Jack Cooper. Ter dormido com a mulher que o amigo era perdidamente apaixonado sem dúvida era um golpe poderoso em qualquer confiança.

No fundo não tinha palavras para dizer. Eles dois se beijaram ali mesmo perto do poste e voltaram a se encarar. Tudo parecia melhor.

– Nós vamos voltar para lá com uma dúzia de sanduíches, vamos apoiar a Catt e quando formos para casa vamos transar até cairmos de exaustão entendeu? – retrucou ela enquanto o puxava pela mão para atravessar outra rua. Ele riu e deu de ombros, fazer o que?!

No hospital Grace encontrava-se numa sacada. A jovem cantora de apenas dezenove anos encarava com desdém a selva de pedra refletindo sobre sua vida. O fato lhe obrigou a acender um cigarro, malboro vermelho que foi colocado entre os lábios finos sem cerimônias. Um longo trago e então a sensação de alívio causada pela nicotina. Paz, era tudo o que ela precisava para resolver as coisas.

Alguns passos se tornaram audíveis, ela olhou para trás sem grandes pretensões e observou Seth Bullock com seu novo nariz embrulhado em ataduras brancas se aproximar. Ele se debruçou na grade de mármore que ficava na ponta da sacada e a encarou.

– Dia corrido não é?!

– Nem me diga...

– Já pensou o que vai fazer com...tudo isso?

– Eu não faço ideia.

O diálogo ocorreu bem rápido, afinal era um assunto delicado que nenhum deles parecia estar muito a vontade para falar, porém ainda era necessário. Bullock se virou para ela e a encarou em silêncio. Sem entender o motivo daquilo Grace arqueou uma das sobrancelhas  e logo viu seu cigarro ser tomado da sua boca e apagado na sola do sapato dele.

– Grávidas não fumam, não faz bem pro bebê. – comentou ele guardando o que restou do cigarro no bolso do jeans.

– Grávidas também não costumam cantar ou fazer shows. – rebateu ela e ali as palavras pesaram. Grace não tinha parado para pensar direito até agora. Ter aquele bebê significaria pausar sua carreira que parecia extremamente promissora, não ter aquele bebê por outro lado era uma decisão difícil por todos os motivos que eu e você conhecemos.

– Você tá pensando em... – falar a palavra era difícil, ainda mais para ele pela forma com que ele foi criado. Suas crenças e tudo mais, Seth era um homem bem resolvido, liberal, porém não alheio de sua fé e da moralidade que desenvolveu. Para ele criança sempre é uma benção bem-vinda.

– Abortar? – ela completou. – Não sei, a ficha não tinha caído até agora, mas acho que não posso tomar nenhuma decisão certa sem falar com o pai.

– Espero que ele não esteja tão nervoso quanto hoje mais cedo. Não tenho outro nariz para quebrar e acho que você não ficaria bem com um nariz roxo. – comentou de brincadeira trocando as palavras por algumas risadas, o que também foi a reação dela.

– Ai dele se ele levantar a mão para mim. – respondeu ainda se acalmando dos risos. – Você é um bom homem Seth Bullock, não sei como agradecer o que fez por mim. – vagarosamente ela depositou sua mão sobre a dele e logo em seguida um beijo em seu rosto.

Ele encarou aquilo de soslaio. Não haviam segundas intenções ali, era apenas um agradecimento sincero. Mal sabiam eles dois que no prédio à frente, alguns andares acima deles um paparazzi havia captado toda a cena com fotos que certamente seriam muito bem vendidas e, possivelmente, alimentariam as manchetes dentro de algumas horas.

– Agradecido madame, xerife Bullock à sua disposição. – forçou a voz puxando ainda mais o sotaque sulista. Pareceu um personagem de um desses faroestes bang-bang, o que só gerou novas risadas entre eles.

Era assim que as coisas eram. Tiveram uma manhã apertada e era certeza que muito mais estava por vir. Se não buscassem apoiar um ao outro dificilmente iriam sair bem daquilo. Novos laços se concretizavam, entre amores e amizades.


Notas Finais


E então, o que acharam?
Sem dúvida tentei fazer uma descrição da situação do Dave de modo que desse um aperto no coração de vocês e um leve desespero, porém não sou roteirista de Law and Order então né?! :B

O que acharam sobre a situação do Billy e da Trixie? O Dave vai escapar dessa? E Seth e Grace? (paparazzi fdp diga-se de passagem).

Aguardo a opinião de vocês nos comentários, mandem bala! Críticas, elogios, sugestões ou só suas impressões sobre o capítulo. Até a próxima!


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