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História O Último dos Imortais - Capítulo Único


Escrita por: CaioHSF

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction O Último dos Imortais - Capítulo Único

Loffar deitou o filho na cama e cobriu com a coberta estampada com vários corvos. Einar estava inquieto esta noite, e não seria tão fácil fazê-lo dormir.

– Não. Ainda não posso dormir.

Seu pai, sempre bondoso e paciente, sentou ao lado do filho e começou a ler o livro favorito dele: Vikings, lendas imortais, de Carter Black. Começava com “Quando os imortais caminhavam sobre a Terra...” Nesta idade, o menino amava os antigos guerreiros vikings mais do que tudo, e às vezes sabia mais sobre os nórdicos do que uma criança de sua idade saberia de qualquer coisa. O antigo guerreiro Einar, o Corvo na Neve, o viking imortal que derrotou os dez mil gigantes de fogo dos campos infernais de Musplheim, decapitou a besta-fera Kraken do Abismo das Águas Negras, aprisionou no Poço da Perdição o antigo lobo monstro gigante chamado Fenrir, derrotou a feiticeira Morgana le Fay, teve bastardos com sereias, entre outros atos heroicos ou profanos dignos de um pirata viking dos antigos mares escandinavos. Para Loffar, os nórdicos tinham lendas muito estranhas, falando de gigantes e pontes do arco-íris, mas para seu filho, eram mais do que lendas.

– Pronto para dormir? – perguntou, com um sorriso cansado. A lua além da janela iluminando a cena. Os olhos azuis de Einar desejando aventuras inomináveis e a pele pálida brilhando.

– Não, pai. Ainda não posso dormir. – Isso significou mais um conto do viking imortal, como ele conquistou o coração da celta Evelynn, e a beijou sob a lua de sangue no Vale de Thor. Houve vários imortais ao longo da história que o viking conheceu, como o príncipe da Valáquia Vlad II Draculea, o Empalador, uma guerreira asteca viajante do tempo e um velho pigmeu da África que cavalgava uma zebra e tinha o poder de mover montanhas com a mente.

Fez uma careta antes de responder, como se procurasse intensamente a resposta dentro de si. – Não. Ainda não dá – respondeu – mas não se sinta mal. É que eu tenho que salvar o mundo. Eu sei que pensa que sou apenas um menino, mas sou Einar, o Viking Imortal, Corvo na Neve, A Tempestade Negra, O Pesadelo dos Prados de Ossos. E logo, Tayon, meu cavalo alado de seis patas virá me buscar.

– Sim, filho, claro – o sono esmagava os olhos de Loffar como o martelo na forja da espada.

– Imagine se eu dormir, e Tayon chegar e me procurar? Não vai me encontrar, pois estarei aqui dormindo, e irá embora. Coitado. Teria feito uma viajem tão longa à toa. – Loffar deu beijo na testa de Einar e desligou o abajur. Despediu-se, mas quando alcançou a porta, seu filho ascendeu o abajur. Pulou na cama e exclamou:

– É verdade! Nunca estranhou meu nome ser Einar? O mesmo nome do Viking Imortal?

– Foi uma coincidência. Eu li esse nome em um livro uma vez na faculdade e achei bonito.

– Eu sou o Viking Imortal. Morgana, a Fada Negra feiticeira do Bosque das Sombras me transformou em bebê e eu fui adotado por vocês. Pensei que tinha acabado com ela na primeira vez.

– Então, guerreiro lendário, como pode ser imortal?

– Um lobo atacou minha mãe quando grávida, mas ela sobreviveu. Uma flecha envenenada a tocou, mas sobreviveu. Um raio caiu nela, e sobreviveu. Quando nasci, ela não sobreviveu, mas eu sim. – Einar leu o rosto de seu pai, o mesmo olhar que adultos sempre faziam para ele. Odiava isso.

– Fui eu quem conquistou o coração de Evelynn no vale de Thor. Aqueles lindos cabelos cor de sangue, a pele branca pálida como a neve e os olhos negros e vazios como as asas de um corvo cruel. Sabia que uma de nossas filhas inspirou a lenda da Branca de Neve? Pai, acredite, sou o guerreiro lendário. Mabakai, um sobrevivente do império africano de Mali é meu maior nêmeses. O conheci quando os vikings foram comprar escravos na África. Para mim era mais que um escravo, era um filho. Mas ele era um guerreiro imortal. Nossas batalhas são travadas há séculos. Das terras frias da Antártida às ruinas de Atlântida. Desde quando os gigantes caminhavam sobre a Terra.

– É mesmo?

– Eu já bati nele com um fóssil de dinossauro até o dinossauro ganhar vida. Mas agora, a Estrela do Cão se alinha com a constelação do gigante Órion, e Fenrir será liberto do Poço da Perdição, e Mabakai encontrou a espada de Surtr, o rei dos gigantes de fogo de Musplheim. Juntos, os dois mergulharão o mundo em uma era de chamas eternas, amenos que eu os impeça.

– E como pretende fazer isso? – perguntou, tentando entender o mundo de seu filho, ainda que não acreditasse ou entendesse nada daquilo tudo.

– Com isso! – ergueu seu machado de brinquedo que guardava de baixo do travesseiro quando dormia. Era de plástico e tão simples e artificial que nem parecia um machado. Ele o ganhou há anos quando... bom, parece que Loffar não se lembrava ao certo como Einar conseguiu o machado, mas lembrava de ele o ter desde sempre. – Meu machado negro. O encontrei nas águas violentas, sendo carregado por um corvo enquanto a neve caia. Ah! Ele chegou!

– O quê?

Einar desceu da cama com muita energia, pegou de baixo de cama seu elmo viking de brinquedo feito de cartolina e canetinhas, e abraçou seu pai. De pijama, pulou da janela e Loffar pode ver o filho montando um magnífico cavalo branco de seis patas e com asas de penas brancas como pomba, sujas de sangue de trolls. Parecia chuva, mas percebeu que era uma legião de corvos que em turbilhão rodeava a criança, que agora era um homem, com um poderoso machado de guerra e uma gloriosa barriga gigantesca cheia de cerveja e hidromel. A barba loira espessa e os olhos na sombra do elmo prateado. Foi um momento, apenas um momento, mas Loffar quase teve a impressão de ver neves descendo do céu ao encontro das fadas dos bosques, os anões forjando espadas e trolls em uma luta por clãs, banshees e duendes com potes de ouro, sábios escrevendo em runas, druidas e suas construções de pedra, a lança de Odin, o martelo de Thor, a trombeta de Heimdall, por um momento, as lendas estavam vivas mais uma vez. Com uma gargalhada e um palavrão, o viking gritou “Hrowwwg!” seguido por “Eu sou Einar Loffarson, o Viking Imortal!!!” Seus braços peludos pareciam fortes o bastante para arremessar montanhas, e não tinham cicatrizes, pois o guerreiro imortal é imune a ferimentos de qualquer arma humana. Comeu uma costela de dragão assada enquanto bebeu hidromel. Cante canções sobre mim, meu pai. Até a glória no Valhalla!, ele disse. Trovões batiam nos tambores do céu e os raios eram os fleches de luz entre corvos de trevas que desapareceram com o homem e seu cavalo, deixando apenas um fedor de cerveja e ossos da costela de dragão.

– Amor? O que aconteceu – Gerda entrou no quarto, os pés pálidos descalços no chão. Parecia um anjo durante a noite, com seu rosto de fada. – Onde está Einar? Ouvi um maluco gritando lá fora – os olhos eram brilhantes poços azuis de preocupação. Loffar pensou na maneira mais lógica de explicar o que aconteceu. Só havia uma, e estava quando os imortais caminhavam sobre a Terra.

– É melhor você sentar ...

 

“Não está morto aquele que pode eternamente jazer, e em épocas estranhas até a morte pode vir a morrer.” H. P. Lovecraft



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