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História O último suspiro - Minha vida


Escrita por: Terra-Branford

Capítulo 3 - Minha vida


- Eu... Eu estava apenas procurando algumas roupas.

Me esforcei em responder naturalmente, mas sei que falhei miseravelmente, a expressão de desconfiança no rosto de Loki era a certeza disso.

Me senti como uma criminosa que tenta esconder uma arma.

- Por que está tão assustada? – Loki perguntou estreitando seu olhar penetrante em minha direção.

A desconfiança presente ali me deixou extremamente desconfortável. A mensagem dizia para eu não confiar nele, eu havia gravado aquilo de alguma forma, mas não conseguia entender o porquê. Será que aquela mensagem era verdadeira? O que poderia me garantir que não a gravei em um dia qualquer que tive algum desentendimento com ele?

Ele era tudo o que eu tinha afinal, talvez algum dia ele estivesse sem paciência e tenha me tratado mal de alguma forma, certamente não deveria ser fácil aturar alguém em minhas condições todos os dias, talvez fosse apenas isso, casais brigam as vezes, isso acontece, talvez eu esteja sendo paranoica por desconfiar dele, na certa Loki estava ali apenas preocupado, tentando me ajudar e eu apenas o respondia com desconfiança.

Eu deveria confiar nele, em meu marido, mas havia uma espécie de energia maligna em Loki, algo ruim, que me deixava aflita e desconfortável, algo que eu ainda não sabia o que era, algo que me assustava e o olhar tão intimidador dele só aumentava essa sensação.

Novamente acreditei que ele pudesse ler a minha mente com aqueles olhos e incomodada me obriguei a desviar meu olhar para o chão.

- Você me assustou, chegando assim tão de repente... Pensei que estivesse sozinha e... – disparei a falar afoitamente, só parando quando senti o toque frio de seus dedos em meu rosto.

Senti minha pele arrepiar com aquele toque e antes que me desse conta Loki havia erguido meu rosto, me obrigando a encará-lo novamente.

A proximidade dele me deixou inquieta e meu coração parecia prestes a sair de meu peito, de tão acelerado que batia. Uma onda de ansiedade e medo começou a crescer em meu corpo e observar os olhos tão expressivos de Loki não estava ajudando em nada.

A mão que acariciava o meu rosto rumou para a minha cintura e involuntariamente dei um passo para trás, senti a madeira do guarda roupa resvalar em minhas costas enquanto Loki se aproximava perigosamente de encontro ao meu corpo.

- Não precisa ter medo de mim, Sigyn. – Loki aproximou seu rosto do meu -  Eu não mordo, a menos que queira, é claro.

Senti meu rosto pegar fogo, tentei desviar o olhar do dele, mas Loki me impediu novamente, dessa vez mantendo uma de suas mãos sobre minha face, despertando novamente aquela imensidão de sentimentos ambíguos que me atingia sempre que ele estava próximo.

Percebi que ele observava meus lábios incessantemente e o medo que crescia em meu interior pareceu ganhar o entrave de sentimentos que me rodeava, me obrigando a me afastar dele às pressas.

- Você fica ainda mais bela quando está com vergonha. – Loki comentou rindo.

Tentei sorrir, mas tudo o que consegui foi emitir um sorriso torto e falso, iria dizer algo a ele quando reparei que os olhos verdes e astutos não estavam mais focados em meu rosto, acompanhei o seu olhar agora sério e percebi com certa apreensão que ele havia notado pela primeira vez o pequeno baú que eu carregava em uma das mãos.

- O que é isso? – ele perguntou curioso.

- Isso? – olhei meio sem jeito para o baú e depois para ele – Nada! Uma caixa que encontrei por acaso. – comentei com indiferença.

Comecei a andar pelo quarto fazendo alguns gestos aleatórios com as mãos, tentando agir naturalmente, tentando passar a sensação de indiferença. Depositei a caixa em uma mesa e voltei a observar Loki. Ele continuava com os olhos fixos na caixa e temi que todo aquele teatro fosse em vão.

Caminhei descontraidamente em sua direção, mas Loki não pareceu dar a mínima importância, seu olhar agora frio continuava fixo naquela caixa.

Comecei a temer que ele fosse se certificar pessoalmente do conteúdo do baú, o que ele faria quando descobrisse a gravação? O vi dar um passo em direção a mesa e comecei a me desesperar, corri e me coloquei em seu caminho, parando a sua frente. Os olhos dele recaíram sobre mim, havia certa raiva em seu olhar e quando ele entreabriu os lábios para provavelmente exigir que eu saísse de sua frente eu o agarrei, o beijando com intensidade.

Ele pareceu surpreso com minha atitude, e por um momento ficou sem reação, eu por outro lado só queria que ele parasse de olhar para aquela caixa, que a esquecesse.

Passado aquele momento de choque, senti os braços de Loki envolverem a minha cintura e me puxarem com urgência contra seu corpo. O beijo se tornou mais intenso, e aquela altura eu já não conseguia pensar em mais nada, descobri que adorava beijá-lo. As mãos dele passeavam pelas minhas costas enquanto seu beijo ficava mais exigente, a sensação sublime que me envolvia deu lugar ao medo conforme suas mãos exploravam o meu corpo, como um lembrete do que realmente estava acontecendo, eu estava me agarrando com um estranho.

Tentei afastá-lo com as mãos, mas Loki não percebeu isso ou simplesmente não se importou, continuou me sufocando com seus beijos.

A sensação de satisfação desapareceu, dando lugar apenas ao medo de que ele não parasse, comecei a me debater e o empurrei com dificuldade, me afastando o máximo que consegui dele, os olhos verdes voltaram a me observar, e a raiva e frustração contidos ali me deixou desconfortável.

- Me desculpe... Eu...– comecei a falar de supetão, como se de alguma forma precisasse me justificar pelo que ocorreu – Eu não posso.

Ele piscou os olhos algumas vezes, e de repente a raiva e mágoa já não eram mais visíveis no verde de seu olhar.

Loki continuou me observando em silêncio por longos minutos e desejei profundamente que ele parasse com aquilo.

- Quer comer algo? - ele perguntou de repente para o meu alívio.

- Sim. - respondi aliviada por finalmente acabar aquele silêncio.

Loki me conduziu até a sala, e havia surgido sobre a mesa diversos alimentos que antes não estavam lá. Achei aquilo no mínimo curioso, mas não tive coragem de perguntar nada a respeito.

Me sentei e me servi de alguns pães, Loki não comeu nada, apenas sentou do outro lado e continuou com aquele olhar enigmático e analítico em minha direção. Provavelmente para a minha infelicidade ele ainda estava pensando naquele baú.

- No que tanto pensa? - resolvi arriscar.

Um sorriso presunçoso surgiu no rosto dele.

- Em como é fácil decifrá-la querida Sigyn.

- Ah é? - respondi confusa.

Ele voltou a rir, dessa vez com mais intensidade, reparei que gostava daquele som e do riso divertido que havia se formado nos lábios finos e convidativos.

- Você é sempre tão desconfiada. - comentou com um tom divertido.

Apesar do divertimento em sua voz me senti mal com aquela constatação. Loki não havia feito nada de errado e mesmo assim eu o tratava com desconfiança e ingratidão.

Ele podia ter me abandonado, mas estava ali cuidando de mim, se doando, e eu era incapaz de retribuí-lo.

Me lembrei de nossos beijos a pouco e fiquei pensando o quanto àquela situação deveria ser difícil a ele, Loki era meu marido, mas sempre que queria algo precisaria me conquistar de alguma forma, será que algum dia eu me lembrava dele? O desejava o suficiente para querer algo além de alguns beijos?

Eu deveria esquecer aquele baú e focar nele, em conhecê-lo, mas algo me dizia que aquela mensagem sempre viria a minha mente, talvez eu a encontrasse todos os dias e ficasse perturbada sem  saber o que fazer.

Pensar naquilo trouxe aquele lobo novamente a minha mente, ele simplesmente sumiu quando Loki apareceu, o que teria acontecido com ele?

- Loki, por um acaso temos algum animal de estimação? - perguntei de repente.

Ele me analisou por alguns segundos antes de responder.

- Não. Por quê?

- Nada em especial. - dei de ombros - Cochilei durante a tarde e sonhei com um.

- Você sonhou?

Havia um certo tom de acusação naquela pergunta, como se eu tivesse dito algo absurdo.

- Sim. - respondi meio incerta - Algum problema?

- Não. - ele respondeu com um tom diferente, frio - Só algo novo, posso saber com o que sonhou mais especificamente?

- Sonhei com um lobo, sonhei que tínhamos um.

- Foi sua imaginação, esqueça isso. Não existem lobos por aqui. – ele respondeu sem emoção na voz.

Por que ele estava mentindo?

- Tem certeza? - deixei escapar.

-  Absoluta. - ele respondeu com certa irritação.

Algo me dizia que ele não gostava daquele assunto. De lobos.

- Já tivemos um, algum dia? - insisti.

- Não. - ele foi firme - Esqueça isso Sigyn, não existem lobos nesse mundo.

Ele estava mentindo, ele estava me enganando, mas porque? Me lembrei do lobo, ele estava ferido? Será que havia sido ele o responsável?

O silêncio voltou a reinar naquela casa, assim como a desconfiança de antes que voltará com mais intensidade, me incentivando a querer voltar ao quarto e escutar todas as mensagens que havia naquelas conchas.

Eu precisava desesperadamente saber quem era aquele homem, quem era o meu marido.

- É… Estou me sentindo um pouco indisposta, se importa se eu voltar a me deitar? - inventei uma desculpa qualquer.

Minha pergunta aparentemente inocente pareceu despertar o interesse dele e um brilho diferente surgiu nos olhos verdes.

- Está se sentindo mal? Está sentindo enjoos? - havia certa expectativa naquela  pergunta.

A pergunta dele me deixou inquieta, será que ele pensava que eu estava grávida? As implicações ocultas daquela pergunta me deixaram chocada. Ele queria ter outro filho? Havíamos tido algum tipo de relação nos últimos  dias?

- Acho que estou apenas cansada. - desconversei.

A expectativa nos olhos dele desapareceu e ele apenas acenou com a cabeça.

Me apressei em sair daquele lugar, voltei ao quarto e fechei a porta, como se de alguma forma aquilo pudesse me proteger de Loki.

Caminhei em direção a mesa que havia depositado o baú e voltei a mexer no conteúdo dele, todas as conchas tinham datas gravadas nelas, datas que variavam no período de um mês, não sabia que dia era hoje, então não sabia a quanto tempo elas estavam ali, peguei a que tinha a data mais antiga e pressionei entre meus dedos, a luz de outrora voltou a envolvê-la e a ansiedade por descobrir quem eu era voltou a me dominar.


Notas Finais


Será que Sign vai descobrir sobre o seu passado?
Nos próximos capítulos: as lembranças gravadas de Sigyn


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