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História O vapor das engrenagens (Steampunk) - O valor do sangue


Escrita por: ArwenDelano

Notas do Autor


Finalmente conclui esse capítulo kkkk
Espero que gostem <3333

Capítulo 2 - O valor do sangue


Um baile está acontecendo no grande palácio de Nova Paris. A música tocada pelos violinos atravessam as grosas paredes de aço do palácio. Aquele não era um baile para as grandes personalidades da monarquia, mas sim para suas esposas. O objetivo de tal formalidade era simples: Formar o conselho estatal para resolver o que fazer com os invasores.

– Então quer dizer que alguns plebeus invadiram nossa cidade?– Diz uma voz rouca, no canto da mesa, tentando aumentar o volume de sua voz por causa do alto som da música.

– Infelizmente sim, Conde Louis. – O Rei Luis XVII teve uma grande pausa. – Junto com a distribuição de alimentos aqueles dois malditos invadiram nossa cidade. Felizmente eles não são tão espertos quanto parece, já que após pouco tempo de estadia se revelaram ser ilegais em nossa cidade.

O conselho tinha se aquietado podendo se ouvir apenas a música que vinha do grande salão ao lado. – Vossa alteza?– Uma voz doce e delicada veio da porta entreaberta e de lá surge uma bela figura, seu rosto representava uma delicadeza rara destacando seu lábio vermelho, seus olhos brilhavam com a luz das chamas que iluminavam a sala, seu corpo modelado pelo seu espartilho branco mostravam suas curvas femininas. – Eles foram burros o suficiente para declarar sua ilegalidade, porém nem todo o povo é assim, se eles não tivessem aberto a boca, alteza. Nunca teríamos descoberto quem eles eram de fato.

Luis XVII olhou a moça e percebeu o quão errado ele estava por achar que se estivessem na cadeia tudo aquilo terminaria, enquanto se perde em seus pensamentos uma voz traz o Rei de volta a realidade. – Charlotte, eu te disse para cuidar de sua mãe e seus irmãos. Essa reunião é do conselho e a senhorita não tem a permissão de estar aqui.

Naquele momento os olhos de Charlotte se dirigiram para seu pai, ele não tinha a menor semelhança com ela, mesmo sabendo que tal fato é por conta da velhice ela não via nada que pudesse ser comparado a ela nele. – Meu querido pai, eu não sabia que tinha uma reunião do conselho acontecendo aqui, até porque fomos convidados para uma festa e não para uma discussão política. Como eu fui convidada para uma festa, achei que todos os cômodos desse palácio estariam disponíveis e ao chegar nessa maravilhosa sala ouvi sem querer a excitante conversa dos senhores.

– Ela está certa, Conde Vignole. Não sabemos quantos desses imundos entraram em nossa cidade, talvez a babá de seu filho seja uma, ou quem sabe a do meu próprio filho. E é verdade estamos em uma festa, ela não está errada de vir até aqui. – Enquanto balbuciava essas palavras os olhos do Rei se viraram para o pai da doce donzela.

– Alteza se me permite tenho algumas sugestões sobre o que podemos fazer quanto a isso. – Charlotte começou a rodear a mesa em que os cavalheiros estavam sentados e continuo com seu discurso. – Como os cavalheiros bem sabem, estamos com um grande problema, dois intrusos invadiram nossa cidade e não temos Ideia de como isso aconteceu, e além do mais não sabemos quantos invadiram nossa cidade antes desse ocorrido.

Todos da sala já estavam observando o caminho que ela seguia, mas também obsrvavem seu belo par de pernas. Alguns achavam que uma mulher não deveria discutir política, ainda mais em um grupo tão importante como aquele. Outros, como o Rei, não estavam ligando para ela ser ou não uma mulher, mas sim a visão estratégica e política dela.

– Mas vamos direto ao assunto senhores. – Charlotte finalmente tinha achado um local onde quis ficar, seus braços abraçavam o pescoço de seu pai enquanto seu queixo apoiava de leve nos cabelos recém-comprados dele. – Não sabemos quem são eles, muito menos como eles souberam entrar aqui. Portanto creio que deveríamos visitar o alquimista e infiltrar alguém com o outro.

O Rei olhou para ela abraçando seu pai e após isso olhou o conde Vignole e sua expressão de extrema vergonha. – Minha querida... Como é seu nome mesmo? – Luis XVII então olha para a donzela esperando ouvir mais uma vez sua doce voz, mas invés da voz suave dela, ele ouve o amargo na voz do conde. – Charlotte. Charlotte Vignole, meu Rei.

– Charlotte. Estou impressionado com sua liderança. Muito bem, faremos o que você disse, porém quem irá para a prisão de alquimistas será a senhorita está bem assim? – Luis tinha dito isso e o sorriso no rosto de Charlotte apenas aumentou, em contrapartida o de seu pai apenas se fechou mais.

__

Veiga estava em uma prisão feita para alquimistas, aquele era o único prédio em Nova Paris que suas paredes não eram de metal. Ao acordar ele percebe estar preso por uma espécie de algema que cobria seus pés e mãos de sua visão. A lua já pairava por cima da grande aerocidade, Veiga conseguia sentir a brisa da noite, podia sentir também a claridade da lua que invadia sua cela, a noite estava calma e quieta o único barulho que ali se ouvia era o motor da grande aerocidade.

– Meu caro jovem, o senhor não irá se soltar dessas algemas?– Uma voz cansada vinha para acorda-lo de seu pensamento. Veiga olhou aquele senhor, sua barba grande e sua cor beirando o grisalho lhe davam um tom de sabedoria, mas se ele é tão sábio quanto parece por que está na prisão?

O jovem Veiga continua olhando o velho sem saber o significado daquela pergunta. – O senhor não me ouviu?– Ao recitar aquelas palavras as algemas que antes prendiam sua mão dentro de um casulo metálico agora estavam descendo seu pulso, se tornando um bracelete. Ao testemunhar aquele ato Veiga arregalou os olhos, nunca tinha visto tanto domínio de alquimia como viu agora.

– Como o senhor fez isso? – Aquelas eram as únicas palavras que Veiga poderia soltar de sua boca depois do domínio da alquimia que presenciara. O velho riu.

– Creio que você não deve ter estudado alquimia, jovem mestre. – E o velho voltara a rir olhando a expressão deslumbrante no rosto de Veiga. –Digamos que o círculo que o senhor deve ter tatuado nas costas da mão não servem de nada. Na verdade servem apenas de apoio, assim que ter o círculo presente em sua mente a alquimia se torna simples. – O velho agora vinha se aproximando de Veiga e com a mão fez com que aquele casulo recuasse para o pulso de Veiga. – Onde você aprendeu alquimia meu jovem?

–Na verdade eu nunca aprendi de fato, conheço o símbolo por estar presente em qualquer propriedade de algum integrante de minha família, mas nunca transmutei nada além de formas. – Veiga continua falando, mas as pausas em sua fala demonstravam o quão nauseante era falar sobre sua família. Veiga se dá conta de que na verdade nunca havia contado sobre sua família para o jovem Allan, mas acabara de contar para um velho que mal conhecia.

O velho suspira e começa a olhar a cicatriz, no formato de um círculo de alquimia, que Veiga tinha plantado em seu próprio pulso. – Então ninguém lhe ensinou, jovem?– A cabeça de Veiga agora balançava negativamente enquanto olhava nos olhos do velho. –Pois bem, eu irei te ensinar, porém saiba que você nunca terá uma noite de sono aqui dentro. – O velho então passou a mão de volta na algema de Veiga que fez com que o aço antes recuado voltasse a sua forma original. O velho fez algum sinal com a mão e transmutou um risco na pedreira em volta do colchão sujo de Veiga, e assim que retirou sua mão o símbolo da alquimia estava encravado na pedra.

– Seguinte meu jovem, nós temos muita sorte por esses animais não conhecerem a alquimia. Eles pensam que não podemos transmutar sem olhar os símbolos em nossa mão, e até pensam que não podemos transmutar nada que não seja de ferro. – O velho voltou a rir. – Toda noite a partir dessa você tentará se livrar das algemas com alquimia assim que conseguir voltaremos a nos falar.

O velho agora estava andando em direção ao outro lado da cela esperando que um milagre saia de Veiga, mas a única coisa que Veiga consegue é adormecer.

 Do outro lado da cidade, em um presídio comum com suas paredes de ferro acobreado e suas algemas de aço, Allan descansa como se não tivesse acontecido nada naquele majestoso dia.

Veiga sente o sol em seu rosto e em um momento seus olhos se abrem, ele estava ansioso para começar a praticar alquimia, mas infelizmente ele tinha em mente que só poderia praticar a noite. O tempo se passa, já está quase na hora do almoço e Veiga não tem a menor ideia de como irá comer com aquela caixa em sua mão. Uma voz doce chama a atenção dos presos.

– Licença senhores, meu nome é Charlotte Vignole. Qual de vocês seria o... – Uma breve pausa se estabelece na fala de Charlotte e seus olhos que antes encaravam as faces daqueles malditos homens agora encaravam um papel. – Veiga. Isso, estou procurando o senhor Veiga.

Veiga ao ouvir seu nome levanta cambaleando por causa das algemas em seus pés. – Esse é o meu nome. O que me traria a honra de sua presença em minha humilde residência?– Veiga observa aquela senhorita, ele não tem certeza, mas crê que ela seja no mínimo três anos mais nova que ele.

– Bem... Creio que você já sabe qual é sua sentença por ter invadido nossa capital. – Sua voz estava serene como sempre, porém a voz tinha se tornado mais baixa quando disse o crime que Veiga tinha cometido. – Para sua sorte estou aqui para reduzir sua pena.

– Reduzir? – Os olhos de Veiga tinham se arregalado, ele nunca ouvira dizer que alguém sentenciado a uma prisão perpétua conseguira reduzir esse grandioso tempo.

– Meu Rei acredita que vocês não foram os únicos a avançar por nossas defesas, então em troca de algumas informações ele lhe dará apenas 30 anos de penitencia.

Naquele momento os olhos de Veiga se arregalaram, ele sábia que após aprender a alquimia ele estaria livre e poderia libertar seu velho amigo também, porém não era tão simples assim. Como ele e Allan iriam descer daquela aerocidade? Enquanto se perdia em seus devaneios, a doce voz daquela bela mulher o trouxe de volta a realidade. – Porém nem tudo é um mar de rosas. Caso o senhor aceite, seu parceiro será condenado à morte, caso o senhor recuse faremos essa mesma proposta para ele. Portanto se ele aceitar quem irá para a forca será o senhor.

Aquilo tinha mexido com Veiga, ele tinha acabado de perder a calma, coisa que até então nunca tinha acontecido. Veiga agora estava sentindo o gosto do sangue em sua boca pelos socos que levara ao ser preso. Será que sua fúria estava a ponto de abrir seus machucados? Veiga não tinha certeza, mas também não poderia pensar para afirmar aquilo, a única coisa que se passava em sua mente era o fato daquela mulher vir até ele oferecendo a morte de seu amigo em troca de uma redução em sua pena.

Veiga estava se controlando para não explodir sua raiva, ato que estava fazendo muito bem até a doce voz sussurrar se ele aceitaria aquela proposta. – Não, eu não aceito essa proposta tão generosa. – A voz que antes estava calma deu lugar a uma voz que ele não sabia que possuía. – Você quer informação bela senhorita? Muito bem. Creio que você não tenha a mínima noção do que está acontecendo abaixo desta bela cidade, caso não saiba eu não te julgo, eu não deveria esperar nada menos que ignorância, vinda de você. Enquanto suas festas apresentam comidas onde não tem nem onde guardar, o povo passa fome lá em baixo.

O rosto de Charlotte estava em uma aparência que ela desconhecia. Não sabia o que era receber gritos de alguém, e o pior: Não sabia como rebater aqueles insultos. –Sabe essa maldita saia que está usando? Ela foi feita por uma artesã da cidade de baixo. E essa artesã provavelmente derrubou seu sangue para produzir uma peça de roupa para a nobreza.

–Infelizmente não tenho culpa por ela ter nascido em um berço pobre e ter que trabalhar para comprar suas próprias roupas e artigos de luxo.

Veiga ouvira aquilo com tamanho desdém que não soube se ela estava falando sério ou não. A única coisa que lhe restou foi rir. – Acho que você ainda não entendeu a gravidade da situação, mademoiselle. Ela não está trabalhando para comprar as roupas que você usa. Ela está trabalhando por seus filhos. Por alimento. Pela vida.

Aquelas palavras eram piores do que lanças entrando na carne de Charlotte. Será que aquilo era verdade? Como ela poderia ter ignorado esse déficit? Aquele homem não podia estar falando a verdade para ela. Sua vida tinha tantos prazeres e comodidades, ela sabia que na cidade abaixo não havia nada disso, mas tal discrepância era extraordinária.

– Agora que já sabe que viemos até aqui para sobreviver, ainda quer me jogar contra meu melhor amigo? Sei que ele não aceitará. – Sua voz que antes estava retumbante agora gaguejava em busca de ar. – E se ele aceitar, não irei culpá-lo. A sua sociedade estará manipulando ele, então eu o perdoarei.

Aquelas palavras se tornaram tão significativas para Charlotte que ela não conseguia sequer mostrar seu belo sorriso. Seus olhos se fecham. Aquilo não podia ser verdade. Charlotte então reabre seus olhos e em um ato de raiva e fúria se vira e vai embora.

__

Allan agora estava sendo realojado para a cela onde passaria o resto de sua vida. Não que isso seja um incomodo para ele. Agora estava bem alimentado e ainda tinha seus belos companheiros desdentados para acompanhá-lo em suas histórias do exército. Enquanto contava suas maravilhosas histórias, um homem barbudo o observava. – E então foi assim que corri pela primeira vez em um andador. – Allan riu se vangloriando por não ter caído em sua primeira corrida.

A conversa se estende e Allan já está ficando cansado e sem empolgação para narrar seus feitos no exército. – Então, meus caros senhores. Já está tarde e creio que vocês já querem dormir. – Enquanto dizia essas palavras o homem barbudo o observava e finalmente decidiu abrir a boca se dirigindo para a nova sensação daquela pequena cela.

– Você já se vangloriou o suficiente não? Por que não nos mostra alguma história onde seus feitos não falem mais que sua boca? Conte-nos sobre o porquê você está aqui.

Allan olhou o homem barbudo que agora estava com o corpo sobre a luz da cela e conseguiu ver sua feição. Sua barba ruiva e seus braços queimados, ele sabia o que braços queimados significavam, mas apenas deixou de lado. – Meu caro, se por algum motivo eu contar o porquê de estar aqui, sua raiva por mim se elevará. – Allan riu.

– Mas como o senhor insiste tanto, contarei. Sabe essa grande aerocidade? Sabe como vim parar nela? Eu simplesmente decidi invadi-la, e cá estou eu. – Os olhos velhos dos presos desdentados se arregalaram com tal afirmação. Não é possível que alguém tão jovem conseguisse quebrar as defesas de Nova Paris.

O homem Ruivo finalmente tivera certeza de quem era seu alvo. A noite se seguiu com uma série de perguntas sobre como e o porquê dessa invasão.

__

A luz que vinha do luar já tinha adentrado a cela de Veiga por um bom tempo, e desde que conseguiu ver a lua pela pequena fresta que chamavam de janela, ele estava praticando sua alquimia.

O símbolo na pedra já estava gravado na mente do pequeno alquimista, mas mesmo assim sempre que olhava para aquela algema não conseguia entender nada daquele círculo imaginário. Com a força que suas mãos produziam para transmutar aquela algema, faziam com que seus pulsos sangrassem. Aquela discussão tinha acabado com sua sanidade mental e Veiga sabia disso. Sabia também que não era o ódio que alimentava a alquimia.

Veiga já estava treinando há horas e até agora não conseguira uma imagem fixa do círculo. Seu pulso já tinha sangrado o máximo que podia. Seu colchão não estava mais sujo apenas de poeira.

Veiga olhou aquele sangue que escorria por suas mãos e pingava em seu colchão. Veiga nunca tinha sido chegado em sua família. Eles o tratavam como um ninguém por ser apenas mais um bastardo no mundo. Aquilo não era justo e ele sabia disso. Seu nome era Veiga Foucalt e seu avô era o pai da alquimia, mesmo com o sangue podre de alguma acompanhante de luxo, que nunca conhecera, ele também tinha o sangue do nobre alquimista correndo em suas veias. Mesmo com o sangue de sua mãe nas veias ele continuava um filho da alquimia. Aquilo corria em seu sangue e ele não podia esquecer-se disso.

Veiga olhou seus pulsos. O sangue escorria. Algo brilhava.

Finalmente Veiga viu o circulo em suas algemas.


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo e espero não ter tantos erros...
Obrigado pelo apoio e por ler a fic.
Caso tenha alguma crítica, sugestão elogio ou Deus sabe lá o que, por favor não se acanhe e comente. Terei o maior prazer em ler
Obrigado mais uma vez e até a próxima.
<33


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