História O verdadeiro amor. - Capítulo 2.

Uma coisa que não saia da minha cabeça? O talvez que Haru havia dito como se eu realmente fosse fofoca para os meninos da sala dele, e aquilo me deixou feliz, e ao mesmo tempo triste por não saber se ele estava envolvido nesse grupo, talvez eu estivesse pensando nisso muito mais que na desculpa que eu deveria dar a ele por causa do beijo na bochecha. Por um momento eu queria ser o tudo que saía da boca dele, afinal, ele era maravilhoso, e não nego que havia chamado muito minha atenção. Mas eu definitivamente não sou gay! É apenas coisa do momento.

O sinal da última aula havia tocado, e eu sabia que estava de detenção por ter desrespeitado o professor, e duraria até uma semana, depois disso eu estaria livre. Foi ideia também da minha mãe, foi comunicada do meu erro e ela mesmo disse o meu castigo, mas na verdade não era para me corrigir, mas queria que eu ficasse mais na escola para não atormentar ela na hora do trabalho, para o diretor ela era uma mãe rígida e maravilhosa, ou seja, levava todos os créditos por fingir se importar comigo e aceitar todas as regras da escola sem negar sequer uma coisa que envolvesse a mim.

Eu ia a todas as viagens, seja acampamentos, clubes, ou a despedida no final do ano, e minha mãe gostava, afinal eu não a atormentaria, e não nego, eu também gostava por simplesmente não ficar naquele tédio que chamo de casa. Como disse, eu era bem popular na escola, já que minha mãe era uma escritora famosa e nossa conta bancária era maravilhosa nos olhos dos outros, resumindo, a maioria de minhas amizades eram de puro interesse, eu não ligava, pelo menos eles não me deixavam sozinho nas viagens.

Me mantive sentado e lembrei que eu deveria me desculpar com Haru, mas o professor obviamente não me deixaria sair nesse momento, então talvez amanhã no começo da aula eu pudesse ir falar com ele calmamente. Bati o lápis com leveza na mesa e esperei o professor entrar, não demorava muito, por isso não era possível fugir sem ele perceber.

Quando ele entrou meu coração disparou, atrás estava o garoto que havia me chamado atenção, que por alguns segundos havia roubado meu coração hetero e o tornado uma máquina de arco-íris.  Exatamente, era o Haru.

 O loiro veio até a mesa do lado e deu um sorrisinho para mim, devolvi com outro e olhei para o professor, que não esperou para começar a encher o quadro de atividades extras para apenas dois alunos que obviamente haviam aprontado, o que não vem ao caso.

Quando o professor começou a passar, um pequeno bilhete posicionou em cima de meu caderno, era de Haru. O olhei de canto e vi que ele sorria feito um idiota, como se estivesse me mandado algo que tinha grande valor. Abri o pequeno papel e naquele momento meu coração acelerou e um nó se formou em minha garganta, arregalei os olhos e reli várias vezes, tentando acreditar.

"Adorei o beijo na bochecha, mas que dia vamos ficar?"

Parecia aqueles bilhetes de meninos do fundamental que queria loucamente ficar com uma menina. Não acreditei, ele queria ficar comigo, e eu também queria, não nego. Sem pensar duas vezes coloquei "hoje" e joguei na mesa dele, se era o que eu queria, era o que eu teria. Ao mandar o bilhete ele sorriu, colocando a ponta do lápis na boca e rasgando o papel em pedaços.

Me lembro da última vez que fiquei com alguém sem ter nada sério, foi antes da minha ex, era uma garota do primeiro ano. Aconteceu por causa da amiga dela que me chamou para uma festa e eu bobo caí, mas na verdade era para ficar com a tal amiga, e nesse dia perdi minha virgindade e meu bv. Sim, perdi bem velho, e eu sei, sou um idiota.

Eu sabia que se ficasse com Haru eu não seria mais hetero, porém eu não poderia negar algo que eu e todo o meu corpo implorava. Se isso se espalhasse, adeus popularidade, mas, quem liga para amizades falsas? Prefiro aventura.

Fui tirado de meus devaneios quando recebi outro bilhete de Haru. Abri e me virei para ele, apenas concordando com a cabeça. Estava escrito da seguinte forma:

"Naquele beco escuro do lado da loja de doces."

É, eu sabia, estávamos agindo feitos alunos do fundamental. Mas dar alguns beijos e não se apaixonar não é problema nenhum, não é?

Eu só digo que estava ansioso para a aula acabar logo, e com isso parecia que a hora passava mais devagar, minha ansiedade estava quase me matando, então eu não parava de me mexer.

A cadeira de Haru se movimentou, eu sabia que ele percebeu minha situação por apenas me olhar, então se levantou e pegou a mochila, sentou em minha frente e disfarçadamente - para que o professor não percebesse - colocou a mão em cima da minha coxa e apertou com cuidado, como se passasse para mim um pouco de calma. Sem fazer barulho cheguei minha cadeira mais para frente e posicionei minha mão por cima da dele , entrelaçando nossos dedos, parecíamos namorados, mas eu sabia que por enquanto (ou talvez só por hoje) éramos apenas ficantes, na verdade, daqui alguns minutos nós realmente seríamos.