Orihara, Izaya P.O.V.
Saio do banho. O vapor da água quente preenche o banheiro. Enrolo-me na toalha e passo a mão no espelho para tirar as gotículas. Vejo as olheiras enormes que circulam meus olhos.
Termino de fazer toda minha higiene. Me enxugo e seco meu cabelo com o secador. Visto uma calça jeans, uma camiseta de manga comprida e calço um sapato de couro preto. E por fim, coloco um sobre tudo preto.
Vou para a sala e vejo três malas de diferentes tamanhos perto da porta. Olho para a parede de vidro. Há uma garoa fina e irritante caindo lá fora. O dia hoje está mais escuro do que todos os outros do ano. Pelo menos pra mim.
- Namie-san! - Chamei-a.
- O que? - Ela estava na cozinha.
- Tome conta do apartamento pra mim. As chaves estão em cima do balcão. Vou ficar fora no máximo um ano.
Namie apenas balançou a cabeça.
- E a senhorita vai me ajudar a levar as malas.
- Que saco... - Ela revirou os olhos e pegou uma das malas.
Passei os olhos pela sala pela última vez.
Nós descemos de elevador. Me despedi de Namie, e sentei em cima de uma das malas. Chamei um táxi.
Mandei uma mensagem para Shizuo.
"Podemos pelo menos nos despedir? Vá no aeroporto me encontrar."
Depois de um tempo, o táxi chegou. O senhor que dirigia o veículo me ajudou a colocar as bagagens no porta-malas.
- Pro aeroporto, por favor - Falei.
No caminho, através do vidro respingado, observei as ruas e os prédios. Não deixei de reparar nos humanos que passavam. São Petersburgo é bem diferente de Ikebukuro. As construções, as pessoas e os costumes. Lá também deve haver mistérios. Mas aqui é mais intenso. Ikebukuro pode te ouvir. E tudo que nela aparece; desaparece no mesmo dia. Essa cidade é o lugar perfeito para um informante como eu.
Ontem, tentei contar ao Shizuo sobre a viagem de um ano para Rússia, mas ele nem tentou compreender. Porém, não o culpo de nada. Pela primeira vez, entendo o seu lado. Ninguém quer ouvir do namorado, de uma hora pra outra, que vai viajar por meses e meses para um lugar tão distante.
É incrível como tudo muda drasticamente. A pouco tempo, estávamos brigando por causa daquela vadia loi... por causa de Vorona, e agora estamos de mal por causa de uma viagem a negócios. Eu devia ter dado mais valor a tudo que já passou.
Quando percebi, eu já estava no aeroporto. Sai do carro e senti a brisa gelada. O senhor colocou as malas na calçada. O paguei e fui atrás de um carrinho para colocar as bagagens.
Entrei, e vi que o local estava bem vazio. Fui para a fila. Mostrei documentos, troquei informações, peguei papéis e coloquei as malas na esteira. Faltava uma hora e meia para o meu voou.
Fui a procura de um banheiro para ver o estado do meu rosto e depois compraria algo para comer. Rodei o aeroporto inteiro e finalmente achei os sanitários. Ao abrir a porta, dei de frente com um homem alto.
- Desculpa, eu não...
Meu coração simplesmente parou.
- Shizu... eu achei que você não...
Ele me beijou de uma maneira intensa, me envolvendo num abraço aconchegante.
- Eu vou com você.
- O que?! - Arregalei os olhos - Mas como?
- Eu falei com a Namie ontem à noite. Dei um jeito de conseguir passagens para São Petersburgo com o mesmo horário.
- Então é por isso que ela estava estranha comigo... - Tive que rir.
- Eu ainda estou chateado com você, mas eu não te deixaria ir sozinho para lugar nenhum.
- Eu sei me cuidar - Sorri.
- Aham. Você pretendia ir ao banheiro, certo?
- Sim - Olho para o lado - Mas você mesmo pode me dizer. Como estou?
- Você está linda, minha pulga.
Lhe beijei novamente e dei minha mão a ele, que a segurou com firmeza. A dele era tão quente e macia.
- Eu estou com fome - Avisei e o puxei para andarmos.
- No andar de cima tem varias lanchonetes, quer ir lá?
- Pode ser - Balancei a cabeça - É ótimo!
Fomos para a praça de alimentação no andar superior. Nós comemos alguns lanches. E mal percebemos que já estávamos atrasados, até eu checar o relógio do meu celular.
- SHIZU-CHAN! - Saltei da cadeira - Estamos atrasados.
Shizuo me colocou em seu ombro rapidamente.
- Ei! O que pensa que está...
- Eu corro mais rápido - Interrompeu.
Ele saiu em disparada para a aérea da embarcação. As pessoas nos olhavam curiosas, enquanto eu tinha um ataque de riso.
Já na aérea de embarcação, vimos o resto das pessoas entrarem. Era possível ver o avião que íamos viajar, através da parede do vidro. Como a do meu escritório.
- Eu devia ter te escutado ontem... - Comentou Shizuo.
- Na verdade, devíamos ter tido a ideia de você vir junto ontem. Somos tão idiotas... - Revirei os olhos.
- Sim, mas eu terei de voltar antes. Não posso deixar tudo o que tenho. Pra você é fácil achar um lugar pra ficar. Aliás, Kasuka está aqui.
- Eu sei, Shizu-chan. Mas eu também vou voltar para Ikebukuro um dia. É só um ano.
Nós demos as mãos novamente e entramos no tubo que liga o prédio ao avião.
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