História O verdadeiro Izaya por trás de tudo - Yaoi - Insanidade

Orihara, Izaya P.O.V.

Acordei com a luz da manhã sobre meus olhos. Bocejei, esfreguei meu rosto e sentei-me. A casa estava silenciosa. Olhei para onde Shizuo supostamente devia estar. Pra variar, ele me deixou na cama. Típico de homens descompromissados. 

Levantei e me espreguicei. Calcei os chinelos vermelhos de pano que estavam ali. Deviam ser de Kasuka. Cabiam perfeitamente em meus pés brancos. Fui para sala andando lentamente. Shizu-chan não estava lá. Meu coração apertou pela probabilidade daquela anta acéfala ter me abandonado. 

- Shizu-chan?! - Chamei em alto tom. 

Filho da mãe. 

- Alguém em casa?! 

- Meu irmão saiu - Respondeu a voz calma atrás de mim. 

Pulei com a presença inesperada do jovem ator. Eu estava de cueca e ainda por cima com a camisa social de seu irmão. A camisa que ele deu! 

- Ah, você me assustou Kasuka - Dei uma risadinha falsa para amenizar a minha vergonha - E... você sabe para onde ele foi?

- Ele não me disse. Suas roupas estão secas e dobradas na lavanderia se quiser sair - Informou ele.

- Ok, obrigado - Fiz uma leve reverência agradecendo.

Ele entrou em um dos seus quartos e pude escutar uma voz feminina. Devia ser a sua namorada. 

Andei rápido para a lavandeira e vesti minhas roupas. Minhas roupinhas pretas; delícia. Meu casaco, que saudades!

Saí do apartamento do opulento às pressas. Onde estaria aquela loira de farmácia a essa hora da manhã? Trabalhando, talvez. As vezes, pareço não conhecer Shizuo, ou, provavelmente, por estar tão aflito, esqueci o que ele faz nas primeiras horas do dia. 

Tomando café! 

Corri para uma padaria próxima da onde eu estava. Ele sempre está lá. Sei disso porque muitas vezes destruímos aquele local. Shizuo gosta de lá, não só porque é uma boa panificadora, mas também por ser perto da casa do irmão. 

Acertei. E isso é mais do que óbvio. Sempre sei onde todos estão. Sou o informante de Ikebukuro, não é mesmo?

Meu loiro estava sentado em uma das últimas mesas. Levava o líquido aos lábios vagarosamente. Tão bonito. Quem vê pensa que é delicado. Mas quem o conhece... 

- Shizu-chan! - Acenei.

Ele arregalou olhos. Acho que ele não estava esperando essa supresa, ou acaso; não queria que eu estivesse aqui. 

- Izaya? - Ele se levantou - Tá fazendo o que aqui? 

- Ué, você está tomando café, certo? Vim tomar café com você, oras! - Respondi enfiando minhas mãos no bolso. 

- Que caralhos você pensa que está fazendo? - O tom de sua voz aumentou.

- Não entendi - Franzi a testa.

Ele serrou seus punhos - É bom você sair de perto de mim antes que eu quebre sua cara, pulga maldita! - Ameaçou.

Não. Ele não está fazendo isso. Não, não, não e não. Não pode! Pode. Ele fez. Está fazendo. 

- Diz que isso é uma brincadeira, Shizuo - O fitei sério. 

- Brincadeira? - Ele se aproximou bem de mim - É você que está de brincadeira aqui, eu não estou.

Balancei a cabeça de um lado para o outro tentando acordar daquele pesadelo. 

- Eu não acredito que você está fazendo isso - Falei afônico - Vai fingir que nada aconteceu ontem à noite? É isso mesmo?

- Ontem a noite? - Soltou uma gargalhada - Nada aconteceu ontem à noite, Izaya! 

- Nada?! - Gritei indignado - Você cuidou de mim... nos beijamos! 

- Não beba e depois venha falar merda - Aconselhou grosso - Vai pra casa!

Me senti explodindo. 

- VOCÊ NÃO ME DIZ O QUE FAZER! - Berrei e não consegui conter as lágrimas. Merda; tudo o que eu não queria era parecer uma criança birrenta  - NÓS DOIS ESTIVEMOS JUNTOS ONTEM, E É ISSO QUE VAI FAZER?! MENTIR SOBRE O QUE ACONTECEU PORQUE VOCÊ NÃO É CORAJOSO O SUFICIENTE PARA ADMITIR QUE AMA UM HOMEM?! QUE ME AMA?! QUE AMA O SEU INIMIGO?!

As pessoas nos olhavam assustadas. Algumas, julgando pelo costume, deixaram o local desesperadas achando que postes voariam.

- Só vai para casa, Izaya - Disse ele simplesmente com uma expressão desolada - Por favor...

- Tá. - Dei de ombros - Se é assim...

Corri o mais rápido possível. Corri para bem longe dali. Apenas corri. Corri muito. Tive que parar. Pela primeira vez na vida perdi o fôlego em uma corrida ou algo do tipo. 

Desmoronei no meio da calçada. As pessoas me olhavam espantadas. 

Gritei. Gritei o mais alto que consegui. Berrei, para liberar a raiva e a dor que tomavam conta de meu corpo. Me encolhi. 

Porque? PORQUE?! Ele não podia ter feito isso. Shizuo acabou de me foder, e não é no sentido que eu gostaria. Não, não é! NÃO É! Ele acabou de mentir sobre o que aconteceu. Acabou de mentir o começo que tivemos. Dói. Eu digo para vocês; dói. Não consigo descrever a sensação, só quero sumir. Quero morrer. Morrer. Só isso que quero. Morrer e MATAR aquele desgraçado! 

Soquei o chão. Eu sou forte. Está rindo? Você não duvidaria disso se visse o quão forte eu soquei aquele chão frio. Minha mão sangrava litros. Foda-se. 

Fiquei uma meia hora naquela posição ridícula no meio de todos. As pessoas ainda me olhavam estranhas. Seres humanos. Quero matá-los nesse exato momento; aaah se quero.

Levantei. Limpei meu rosto com a mão que não estava cheia de sangue. Andei como se nada tivesse acontecido. E nada aconteceu. Estou bem. Estou? Sim! Eu estou bem. A tristeza? Que tristeza? Passou e o ódio ficou. Se eu vou fazer alguma coisa? Não; não. Não tenho forças para isso. O que eu posso fazer? 

Vou para casa. É isso que vou fazer. Tomar um banho; comer; e dormir. Acabei de acordar. Vou dormir mais. 

Não estou raciocinando direito. Minha mente está a mil por hora, mas vejo tudo em câmera lenta. É divertido; e insano.

...

Apaguei. Desmaiei no meio do caminho.