História O verdadeiro Izaya por trás de tudo - Yaoi - Shizu-chan é uma mentira

Orihara, Izaya P.O.V.

Nada melhor do que tomar um café puro em uma cafeteria de esquina, do lado de fora, observando quem passa. São cinco horas da tarde, e todos parecem apressados para voltar pra casa, pois precisam chegar o mais rápido possível para tomar conta de seus filhos, fazer a janta, organizar as papeladas do trabalho, enfim, cuidar da casa. 

Para uma "cidade" movimentada como Ikebukuro - onde anomalias aparecem e desaparecem no mesmo dia - tudo parece estar meio plácido, a não ser, pelos trabalhadores açodados. Porém, essa calmaria esquisita que pairava, só durou por algum tempo. Claro; é Ikebukuro. 

Uma grande movimentação surgiu nas redondezas. Uma multidão - contendo principalmente meninas malucas e meninos enrustidos - se movia rapidamente para frente de uma loja de bugigangas, formando uma roda em volta de algo, ou talvez - e mais provável  - de alguém. 

Não demorou muito para concluir, que era algum famoso, pois podia-se ouvir gritos apaixonados e pedidos de autógrafos. 

Fazia tempo que o jovem playboy não dava as caras por aqui, devia estar muito ocupado com as filmagens de comercias e novas propostas de filmes. Só não consigo entender, como ele consegue atuar tão bem tendo essa "cara de nada". Me parece ser o jeito dos Heiwajima; pouca expressão, muitos feitos incríveis. 

Dei o último gole, acabando com todo o líquido na pequena xícara. Me levantei, indo vagarosamente em direção a muvuca, precisava falar com Kasuka a respeito do seu irmão sem cérebro, ele era o único que realmente conhecia meu odiado Shizuo. 

Esperei um tempo - uns quarenta minutos para ser exato - para os seguranças chegarem e o amontoado se fans fanáticos irem embora. 

Convenci os seguranças de que conhecia o rapaz, e que precisava ter uma conversa urgente com ele. Pra mim, manipular as pessoas, não é nenhum sacrifício. 

Quando consegui me aproximar do menino, tendo uma boa distância para mostrar indiretamente que queria fala com ele, pude ver uma cara de cisma, mesmo que ele tenha continuado com a "cara de nada" dele, e isso é incrível, os Heiwajima conseguem demonstrar seus sentimentos sem mexer sequer um músculo do rosto; quer dizer, o protozoário só faz questão mesmo é de expressar sua raiva. 

- Quem é você? - Perguntou me fitando.

- Ué, não lembra de mim? Seu irmão e eu estudávamos juntos e vivíamos "brincando" - Digo ironicamente - Mas parece que você só consegue se lembrar de como ganhar mais e mais dinheiro.

- Ah, acho que sei quem você é, e está sendo hipócrita em dizer que eu só penso em dinheiro. Você não é o rei da corrupção? - Rebateu com uma pergunta.

- Sou corrupto por diversão, não por dinheiro... como sabe disso? - Perguntei, colocando as mãos o bolso. 

- Meu irmão fala muito de você.

Esse moleque deve estar brincando com a minha cara, só pode. Shizuo Heiwajima falando de mim para o irmão mais novo? Isso me cheira a controvérsia. 

- E o que o babaca do seu irmão fala de mim? - Perguntei, tentando esconder a curiosidade precipitada. 

- Inúmeras coisas.

- Me diga uma delas, pelo menos.

- Ele sempre diz que você é um louco, que é irritante, sem coração; mas também diz, que há algo em você que o intriga de certa forma. 

Segurei uma risada cínica e escandalosa.

- Ele me odeia Kasuka, a única coisa que o atrai é a minha cabeça, a qual ele quer esmagar.

- Não é bem isso que ele fala pra mim quando estamos sozinhos sendo sinceros um com o outro. 

- Aé, então por que ele demonstra algo totalmente diferente pra mim? - Perguntei, irritado com essa suposta falsidade de Shizuo. 

- Meu irmão tem dificuldades para demonstrar sentimentos, principalmente os de afeto e de gentileza. Seu problema com estresse só complica ainda mais. 

- Então o seu irmão é um postiço que só exprime calúnias? 

- É claro que não.

- Ele me odeia?

- Não sei dizer ao certo. Me baseando no que ele diz, parece que vocês começaram a relação com o pé esquerdo, mostrando um ao outro os seus piores lados, fazendo disso um mal entendido, que se tornou mais tarde, ódio mútuo.

Garoto esperto. Nem parece ser do mesmo sangue que aquele monstro.

- Ele fala algo bom de mim?

- Quase nunca; contudo, quando diz, te elogia falando de sua perspicácia.

Shizu-chan falando bem da minha perspicácia? É até fofo, todavia, não consigo acreditar que isso tenha vindo dele. Se ele não me odeia tanto assim, será que ele tem consciência de que qualquer descuido meu, uma tacada de poste na minha cabeça, pode me matar? 

- Olha, eu não consigo crer em nada do que você disse, por isso eu quero provas. Faça-me um favor, se Shizuo está fingindo me odiar, diga a ele para parar com essa lorota e vir se pronunciar, assim, eu farei a minha parte. Caso contrário, vou tornar a vida dele um inferno mais do que já torno.

- Orihara, meu irmão só tenta matá-lo porque o senhor é um ser de ruindade e diabrura. 

- Então é por isso?

- Não só por isso, você o incomoda muito.

- Tá, disso eu sei. 

- Não tenho costume de perguntar isso, mas... mais alguma coisa, Sr. Orihara? - O menino me perguntou em um tom sério e sereno, o qual ele sempre teve.

- Não, só quero que diga a ele pra vir falar comigo... do contrário, já sabe. 

- Entendi. 

- Até depois, pirralho - Acenei um "tchau", e me retirei de perto dele. 

Parece-me que eu não sou o único que finge ser quem não é. A ideia de que Shizuo mentiu sobre seus sentimentos em relação à mim esse tempo todo, me chateia; porém, não posso dizer que detesto por completo essa conjectura. 

Se ele mentiu, significa que nosso relacionamento não é puro ódio, e sim, apreço e ardor não confessados. Gosto dessa hipótese, e torço pra que seja verdade. Espero que ele tome iniciativa, porque eu não vou mexer um dedo para concertar esse mal entendido, só vou mostrar a minha indulgência e o que realmente sinto, se aquela aberração vier até mim - já que eu disse a Kasuka que faria minha parte.

É por esses motivos que eu amo os seres humanos. Se você for atrás dos fatos de seu passado e cavouca-los, acaba descobrindo que eles são ótimos aldrabões, e que possuem segredos que se fossem revelados, acabariam com suas reputações de merda e mostrariam a todos que não passam de fracalhões. 

Se tudo ocorrer do jeito que aguardo, meu encandeamento de ódio com aquele ser nojento, vai se tornar uma relação de pura lascívia, padecimento, desenvoltura e carícia; e isto é tudo o que eu mais quero. É tudo o que eu sempre quis; alguém que me salve dessa melancolia e aflição. Alguém que jogue uma corda para eu segurar antes que o fundo do poço chegue. 

Anseio que Kasuka transmita o que eu disse de maneira bem clara para seu irmão, de outro modo; sei muito bem tornar a vida de alguém um averno, a ponto de fazer esse indivíduo cometer suicídio. 

Quando digo que consigo tudo o que desejo, eu realmente não estou blefando.