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História O Vestido, o Baile e a Seleção - A Dança


Escrita por: K_A_Costa

Notas do Autor


MEUSDEUSES!!!!!
Eu não percebi que tinha atrasado, ME DESCULPEM!!!
Gente essas semanas têm sido uma loucura para mim, principalmente porque meu cachorrinho está doente e não come ABSOLUTAMENTE nada.
Mas aqui está o capítulo lindo e maravilhoso (ou não) da dança deles dois. ;)

Capítulo 4 - A Dança


       Ergui meu rosto lentamente, aguardando sua reação. Encarei os olhos verdes do príncipe enquanto aguardava sua surpresa ou admiração. Não que eu gostasse de ser tratada como um espécime raro, mas era o esperado dessa vez.

       “Imagino de que cor seriam os olhos de nossos filhos se nós viéssemos a nos casar...” ele disse simplesmente.

       Fiquei sem reação por dois segundos, depois ri de surpresa. Depositei minha taça na mesa e olhei divertida para ele.

       “Bem, talvez fosse interessante imaginar isso, mas nós não vamos nos casar.” falei por fim, enquanto segurava sua mão e o deixava me guiar até o meio do salão.

       “Ninguém pode prever o futuro, senhorita.” Ele parou no centro de um círculo desenhado no chão de mármore e fez uma reverência. Imediatamente, uma suave melodia começou a tocar. Imitei sua reverência e nós começamos a dançar.

       “Mas analisar as possibilidades é sempre viável.”

       “Posso saber seu nome, senhorita?” ele perguntou com um sorriso aprovador enquanto depositava a mão esquerda em minha cintura.

       “Lílian. Meu nome é Lílian.” E pus minha mão direita em seu ombro.

       “Só isso? Sem sobrenome nem nada assim?”

       Revirei os olhos. “Lílian Vidya Donnelly. Satisfeito?”

       “Muito, senhorita Vidya.” e me girou.

       “Perguntou o nome completo de todas as garotas com quem dançou esta noite?” indaguei irônica, mas algo na forma como ele disse meu nome do meio me fez querer suspirar.

       Não que eu estivesse encantada por ele – de jeito nenhum –, mas a voz suave dele me trouxera uma sensação de déjà-vu.

       “Bem, você é a primeira com quem danço esta noite. Creio que a resposta seja sim, então.”

       A primeira dança?!

       “Hum... Então sua primeira dança é com uma garota de vestido curto?” perguntei enquanto observava mais casais começarem a bailar pelo salão. Todas as outras mulheres estavam de vestido longo. Fiquei um pouco constrangida ao notar isso.

       “Uma garota de vestido curto, cabelo branco e olhos heterocromáticos. Lindos olhos, devo dizer.”

       “Descreveu bem. Mas meu cabelo está platinado, não “branco”.”

       “Está? Então de que cor é seu cabelo naturalmente?”

       “É sempre tão curioso assim?”

       “Não tão frequentemente.”

       “Está num dia ruim?”

       “Eu diria que é um dia excepcionalmente bom.”

       Sorri de lado e ergui uma sobrancelha. Ele podia ser uma pessoa interessante, afinal. Mas aquele era ele de verdade?

       “Bem, Alteza, sinto muito que seja ingênuo o suficiente para perder minutos preciosos de seu dia excepcionalmente bom comigo. Eu não vim aqui para ser selecionada.”

       “Não?” ele ergueu as sobrancelhas surpreso.

       “Não.”

       “Então o que faz aqui?”

       “Estou aproveitando um dia de liberdade antes de voltar para meu inferno particular.”

       “Sua vida é um inferno?”

       “Não...” murmurei. “Ela se tornou um.”

       “Eu gostaria de ouvir essa história...” o príncipe me encarou profundamente.

       Abri a boca para falar, mas fechei-a logo em seguida. Por que eu contaria minha vida para um estranho mesmo que ele fosse Sua Alteza, o príncipe Arthur?

       “Não vai me responder, Vidya? E eu ainda quero saber a cor natural dos seus cabelos.” ele falou ao final a melodia, girando-me e prendendo-me com as costas junto a si, logo depois.

       “Pergunte isso à garota da sua próxima dança, príncipe Arthur.” sorri, fiz uma reverência e afastei-me dele.

       Quando olhei para trás, ele ainda me fitava com um sorriso em seus brilhantes olhos verdes, mas em seguida virou-se para receber uma outra garota. A loira com quem eu o vira mais cedo.

       “Olá, senhorita Layla, me daria a honra desta dança?”

       Suspirei resignada e caminhei para fora do salão. Ele era o príncipe, podia agir como quisesse. O fato de ele ter usado meu nome do meio para se referir a mim não queria dizer necessariamente que nós seríamos amigos, pois ele podia simplesmente fazer isso com todas. Deixei minha mente expulsar a leve afeição por ele gradativamente. Eu ainda queria o aconchego da biblioteca, a segurança da companhia de um bom livro. Então caminhei pelo corredor, passei por um salão e encontrei uma criada.

       “Com licença, onde fica a biblioteca?” fui direto ao ponto.

       Ela, talvez por surpresa, apenas apontou para uma porta à direita.

       Segui rapidamente para lá e não parei, nem quando ouvi um suave “senhorita!” me repreendendo.

_-*-_

       A biblioteca era um lugar realmente aconchegante. Todos os móveis eram de madeira e era toda iluminada por pequenas lâmpadas amarelas que simulavam velas. Cada seção tinha vários pufes, almofadas gigantes  e poltronas espalhados ao lado de cada estante. Assim que encontrei um romance, eu tirei os sapatos, me joguei em uma dessas almofadas – muito macias, por sinal – e passei o resto da noite assim. Estava tão entretida que não sabia quanto tempo havia se passado quando a mesma criada que havia me indicado a biblioteca apareceu em minha frente retorcendo seu avental nervosamente.

       “Senhorita, eles vão anunciar as escolhidas agora. Todas as moças devem estar no salão.”

       “Já? Que horas são?” indaguei enquanto calçava os sapatos.

       “Onze e meia. O baile acaba à meia noite para todos, exceto para as selecionadas, que já ficam no palácio.”

       Acenei para ela e saí do local pensativa. Onde estariam as selecionadas das outras noites? Será que também estavam no baile?

       Entrei no grande salão onde estava acontecendo o baile. Em um palco, o príncipe estava sentado em um trono, com seus pais – o rei Maxon e a rainha América – ao seu lado, todos com um sorriso resplandecente no rosto.

       No passado, a rainha havia perdido os filhos gêmeos de sua primeira gravidez quando soubera da morte de sua mãe e de seu irmão mais novo em um acidente de carro quando eles estavam voltando para casa depois de uma viagem ao castelo. Depois disso, a rainha não engravidou durante dois anos, talvez por estar traumatizada, e, quando isso voltou a acontecer, o Príncipe Arthur nasceu.

       Infelizmente, as coisas não melhoraram para a Família Real. Mesmo depois da retirada das castas, muitas pessoas ainda revoltavam-se umas contra as outras, pois os preconceitos derivados da antiga organização prevaleciam. Quando Arthur tinha dois anos, o rei e a rainha saíram para um evento beneficente em um sítio em Belcourt e o deixaram sob os cuidados da dama de companhia dela, Marlee Woodwork, durante a festa.

       No meio do evento, o jovem príncipe escapou dos braços de Madame Marlee enquanto ela levava seu filho Kile, de seis anos, ao banheiro e foi ao encontro de sua mãe. Logo em seguida, uma bomba explodiu em um dos salões do casarão e incendiou a propriedade.

       A maioria das pessoas estava do lado de fora e saiu sem ferimentos, inclusive a família real. Alguns empregados inalaram fumaça e tiveram de ser hospitalizados, outros sofreram pequenas queimaduras e, no todo, houve apenas três mortes: um homem desconhecido que julgaram ser aquele que ativou a bomba, Madame Marlee e seu filho, que não conseguiram sair do banheiro e morreram sufocados.

       A rainha America declarou luto oficial de três dias e eles enterraram os corpos no cemitério dedicado à realeza. Naqueles dias, todo o país sofreu junto aos seus governantes e, a partir de então, todos os anos eles guardavam o dia para a lembrança das perdas.

       De repente, ouvi uma voz ressoante sair dos alto-falantes:

       “E, finalmente, a sétima e última selecionada da noite – e desta Seleção –: Lílian Donnelly, de Angeles!”

       Eu ouvi claramente o que o apresentador oficial de Illéa, Gavril, havia dito, mas o hábito foi mais forte e eu não pude conter uma exclamação de incredulidade.

       “O quê?!”

       Minha ida ao palácio havia sido simplesmente para acompanhar Anabelle. Nem em mil anos eu iria ali para tentar entrar na Seleção. Eu achava essa competição ridícula e... E... Argh! Arthur estava brincando com a minha cara! Ele não tinha esse direito!

       Observei minhas irmãs – que até agora eu não havia notado, mesmo com os vestidos espalhafatosos – procurarem por mim por todo o salão com uma expressão assassina no rosto, sem sucesso. Elas nunca me reconheceriam da forma como eu estava. Agradeci mentalmente a Viktor pela ideia de mudar o cabelo, pois mudar apenas os olhos realmente não ia fazer muita diferença.

       Enquanto todos aplaudiam ou cumprimentavam as selecionadas de suas províncias, comecei a procurar pelo príncipe Arthur na multidão. Queria saber como seria aquela história de ficar no palácio, porque, se era para ser assim, eu queria logo me enfiar em um quarto e só sair de lá quando ele me expulsasse. O que eu torcia para que não acontecesse antes de dois dias, tempo suficiente para eu descobrir como descolorir meu cabelo para que voltasse à sua cor natural.

       Você deve estar achando que eu era louca. Eu não era, mas havia tempos que eu desistira de questionar ou ficar frustrada com coisas que estavam longe do meu alcance para serem mudadas. Passei por duas perdas irreparáveis durante os primeiros dezesseis anos da minha vida e havia aprendido com isso. Mas eu também não era uma conformada. Se alguma coisa não estivesse do meu gosto e eu pudesse mudá-la, eu ia fazer isso.

       Enquanto eu procurava pelo príncipe, outro homem entrou no meu campo de visão.

       “E então, selecionada, como está se sentindo com a notícia?” Viktor debochou com um sorriso.

       “Ah, cale a boca! Estou tentando encontrar o responsável por me prender aqui!” respondi revirando os olhos.

       “E fazer o quê? Pedir pra sair já agora?”

       “Não. Pedir pra ir pro quarto onde vou ficar. Cansei disso aqui.”

       “E nem ia se despedir?” ele fez biquinho.

       Revirei os olhos outra vez e o abracei. Bobo.

       “Adeus, meu caro amigo. Espero que não me troque por outra em uma semana!” falei enquanto dava tapinhas teatrais nas costas dele.

       “Chata. Estava planejando criar um harém em uma semana!” Viktor riu.

       “Você me aguenta! E cuidado com esse seu harém! Já iludiu garotas demais!” sorri de volta.

_-*-_

       Fiquei passeando pelo salão enquanto via as pessoas conversando e cumprimentando ocasionalmente uma selecionada. Algumas vezes tive que desviar minha rota para não acabar encontrando-me com uma de minhas irmãs, ou com Drica, mas não tive o menor vislumbre de Vossa Alteza. Depois de passas alguns minutos ainda procurando por ele, desisti e fui perguntar a uma criada onde ficavam os quartos.

       “Infelizmente, senhorita, apenas o príncipe pode dar a permissão para sair do baile. E ele nos disse que as selecionadas só iriam para seus quartos após meia-noite.” ouvi como resposta.

       “Obrigada.” respondi frustrada.

       Decidi mudar meu plano de ação, que até aquele momento consistia em rodar pelo salão, e sentei-me em uma mesa vazia nos fundos da sala, próxima a uma sacada. Fiquei observando enquanto as pessoas pouco a pouco iam saindo do salão e outras permaneciam ainda aproveitando os últimos minutos da festa. Normalmente, a essa altura, eu já teria ido embora há muito tempo. Viktor havia saído logo após falar comigo e em meus planos eu iria com ele, dormiria em sua casa e...

       Sinceramente, eu não tinha planejado como seria minha volta para casa. Drica iria me maltratar ainda mais durante um tempo por eu ter ido ao baile, mesmo com sua permissão dada de mau gosto, Marjorie e Maysa continuariam a me tratar com descaso e minha vida seria resumida a breves momentos de alegria quando Viktor fosse me visitar. Então um dia ele se casaria por obrigação com alguma nobre e me convidaria para ser sua madrinha, mas eu não aceitaria por motivos variados e egoístas – ou nem tanto, eu apenas não queria ser obrigada a ver a tristeza do meu amigo –, então ele pararia de me visitar e...

       Sem perceber, comecei a chorar silenciosamente. Em alguns dias eu voltaria para essa vida. Não havia escapatória. Minha realidade me chamaria de volta, não importava o quanto eu me divertisse. Uma noite não podia mudar uma vida. Eu não era como as princesas das histórias de dormir que minha mãe e Ava me contavam para dormir. Meu futuro não seria decidido com um beijo nem com um sapatinho de cristal.

       Sequei uma lágrima que teimava em escorrer por meu rosto e achei melhor ir para a sacada para que ninguém me visse assim. Deslizei a porta de vidro para a direita e caminhei para o ar frio da noite. Uma brisa com um leve perfume floral me acolheu e me fez suspirar. Em breve, o único perfume que eu sentiria seria o cheiro da fumaça do fogão à lenha, das comidas que eu cozinharia, do gás que vez ou outra vazaria do outro fogão e dos perfumes enjoativos que minhas irmãs postiças costumavam utilizar. Novamente, a velha realidade me mandava lembranças.

       Funguei enquanto secava outra lágrima teimosa.

       “O que está fazendo aqui?” uma voz familiar me fez ter um sobressalto.

       “Ah? Nada! O quê... O que foi?” gaguejei enquanto fungava novamente e tentava me recompor antes que quem quer que fosse me visse daquele jeito.

       “Vidya, você está chorando?”

       Assustei-me ainda mais ao ouvir meu nome do meio. Era o príncipe! Droga!

       “Q-quem? Eu? Não!” menti descaradamente, ainda de costas para ele.

       “Você não queria ficar? É isso? Perdoe-me, eu...”

       “Está tudo bem, eu só estou cansada.” Eu sabia que estava sendo rude, mas não podia contar os verdadeiros motivos para ele, embora quisesse. “Você pode me liberar do baile, por favor?”

       “Ah... Sim, claro! Eu... Bem... Isabel, venha aqui!” ele se enrolou nas palavras, nervoso.

       “Vossa Alteza.” Uma criada apareceu subitamente e fez uma reverência.

       “Acompanhe esta senhorita até seu quarto. Chama-se Lílian Donnelly. Suas criadas devem estar à sua espera.” o príncipe disse a última frase como uma ordem, que foi prontamente compreendida pela criada, que se virou para mim e fez sinal para que a seguisse.

       Segui-a sem coragem de olhar para o príncipe nem de falar algo, estava certa de que minhas bochechas estavam coradas de vergonha por ter sido rude e borradas de preto por causa das lágrimas. Não queria que ninguém me visse daquela forma. Como uma garotinha frágil e chorona que se desmanchava por nada.

        Eu não podia ser assim!


Notas Finais


E entããããããão???
Não sei quando vou poder postar o próximo, mas até breve!
Beijocas! *3* *3* *3*


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