1. Spirit Fanfics >
  2. O Vestido, o Baile e a Seleção >
  3. Ataque

História O Vestido, o Baile e a Seleção - Ataque


Escrita por: K_A_Costa

Notas do Autor


Sinto MUITO pela demora. De verdade.
Eu estou planejando parar de usar o SS, porque o Wattpad é BEM mais prático pra mim, no entanto, não vou retirar minhas histórias daqui agora e ainda não coloquei todas as daqui no Wattpad.
Meu user lá é @Karika_Luminus

Capítulo 8 - Ataque


    O príncipe não voltou até o fim da refeição e nós fomos direcionadas para o estúdio onde seria gravada a transmissão. Em fila, sentamo-nos numa pequena arquibancada de cadeiras de estofado vermelho de frente para o palco onde duas cadeiras e uma mesinha de vidro aguardavam os apresentadores.  

       Em um dos cantos ao lado do palco, havia um conjunto de três poltronas diferentes, com uma estampa do brasão real em cada, que supus serem para o rei, a rainha e o príncipe. Logo minhas suspeitas foram confirmadas quando a família real entrou e seguiu para as cadeiras. O príncipe Arthur suspirava de dez em dez segundos e estava com os olhos voltados para o chão. Não que eu o estivesse encarando, mas aquela atitude era quase um pedido para ser notado. 

       Voltei meu olhar para a rainha. Ela usava um vestido creme extremamente elegante, combinando com as pedras de sua coroa, e olhava para o filho com preocupação. Uma das mãos do rei estava em suas costas e a outra segurava alguns papeis que ele lia com atenção. Por um segundo, a rainha olhou na direção da plateia e não notou um pequeno desnível no piso que a levaria para as poltronas. Antes que ela tropeçasse mais severamente e caísse, o rei pôs a mão sobre seu ventre, parando-a, e olhou para ela dizendo alguma coisa com um sorrisinho no rosto.  

       Fiquei um pouco encantada com a cena. Ele estava concentrado olhando para os papeis, mas ainda assim havia percebido que a rainha America estava prestes a se machucar. Era lindo de ver. 

       Suspirei e olhei para o príncipe, que havia acabado de se sentar em sua poltrona e tinha uma mão em punho cobrindo seus lábios e o cotovelo apoiado no outro pulso. Ele parecia estar agitado e olhava de relance para a porta, como se esperasse alguém chegar. Era estranho, já que todos que supostamente deveriam estar ali já estavam a postos e a porta do estúdio já estava fechada. 

       De repente, o hino de Illéa começou a tocar e eu arrumei minha postura. Estávamos ao vivo. Gavril começou a transmissão jovialmente, listando os assuntos que seriam abordados durante a noite e citando as (inexistentes) novidades da Seleção. 

       “Agora, Vossa Majestade, o Rei Maxon!” anunciou, e a plateia — nós, selecionadas — aplaudiu enquanto o rei subia no palco. 

       “Bom dia, Gavril!” o rei saudou.  

       “Bom dia! Devo dizer que estou surpreso, não costumamos transmitir pela manhã! Mas mudanças na rotina sempre são estimulantes, não é, Majestade?” o apresentador sorriu. 

       “Sim! No entanto os motivos para a transmissão não são tão estimulantes assim.” 

       As câmeras mudaram o foco e passaram a filma apenas a expressão grave do rei enquanto ele falava sobre os atentados e injustiças que ocorriam por todo o reino por causa das antigas castas. Casas incendiadas, pessoas mortas, empregos negados e escolas que impediam alunos de matricularem-se. Todo o estúdio assumiu um ar tenso e a transmissão se arrastou por intermináveis minutos. Depois, disso, o príncipe foi chamado ao palco para anunciar, com uma expressão falsamente tranquila, que a senhorita Becker havia sido eliminada da Seleção, Exatamente como Layla havia dito. 

       O resto se passou como um borrão, até que, no momento em que desligaram a câmera e reproduziram o hino novamente, um guarda entrou apressadamente no estúdio, deixando que o som de fora do recinto ressoasse por um breve segundo do lado de dentro, antes que a porta se fechasse, selando o isolamento acústico. 

       Todos congelaram e em seguida começaram a murmurar desesperadamente enquanto o guarda falava com o rei. Não era preciso que nos contassem para que entendêssemos o que estava se passando: o castelo, por algum motivo, estava sendo atacado. O inconfundível som de tiros havia deixado isso claro. 

       O rei empertigou-se e assumiu uma expressão severa e segurou firmemente a mão da rainha. Depois, todos pareceram entrar no modo automático e começaram a se mover para a saída de emergência em fila e organizadamente. A selecionadas, logo após a Família Real, caminharam nervosamente até a porta e pelo corredor que se seguia, que, embora vazio, ressoava o som da batalha dos outros cômodos e do lado de fora do castelo.  

       “Todos entrem neste abrigo!” um guarda anunciou, sinalizando uma porta aberta que se camuflava na parede. 

       Continuamos em silêncio. À minha frente, o príncipe Arthur segurava a mão de Layla calmamente, contrastando com as pessoas ao seu redor. Eles não estavam percebendo o que se passava? Como poderiam estar tão calmos?! Eu mesma estava praticamente entrando em choque, minhas mãos tremiam segurando o vestido pomposo e meu coração socava minhas costelas lutando para sair. Temia por minha vida pela primeira vez no mundo real. 

       Chegamos ao abrigo e nos espalhamos pelo cômodo repleto de macas, armários e cheirando levemente a mofo. Talvez eles não tivessem o costume de limpar os abrigos, já que o último ataque ao castelo — pelo menos o que era de conhecimento popular — havia acontecido quase trinta anos atrás. 

       Sentei-me no chão e abracei meus joelhos. Estava com frio devido à climatização do estúdio e ao medo que me dominara desde que ouvi o som de tiros. Esfreguei meus braços em busca de algum conforto, mas as paredes de azulejos azuis eram ainda mais frias e impediam que eu me aquecesse. Ao meu lado, uma selecionada — cujos cabelos castanhos e lisos estavam se soltando do coque de maneira bagunçada — parecia estar na mesma situação. 

       Olhei ao redor e percebi que algumas pessoas pegavam cobertores e almofadas para se acomodar no chão, ao exemplo — percebi — de Layla, que estava sentada no chão embrulhada como uma criança. O príncipe caminhava pelo salão distribuindo os cobertores para as selecionadas mais chocadas. E estava se aproximando de mim. 

       Num impulso, ergui-me e fui até um dos armários. Peguei dois cobertores e dois travesseiros e voltei para meu lugar, tentando não deixar transparecer quão nervosa eu estava com toda a situação. Eu já não podia mais ouvir tiros nem gritos, mas conseguia imaginar soldados sendo baleados e sangue por todo lado, e era essa imagem mental que me desestabilizava. Enquanto pessoas se feriam, eu estava lá, sentada com a realeza, esperando que vidas fossem dadas para salvar a minha. 

       Culpa. Era isso que me desestabilizava. 

       E as meninas? O que Julia, Lucia e Joyce estariam fazendo? Será que estavam em perigo? 

       Estendi um travesseiro e um cobertor para a garota que estava ao meu lado, recebendo um sorriso agradecido como resposta, depois me enrolei e abracei o travesseiro, tentando disfarçar meus tremores. 

       Em meio ao medo pelos que lutavam e o temor pela minha própria vida, adormeci. 

_-*-_ 

       Eu estava novamente deitada em minha cama no quarto do sótão, e já sabia o que vinha a seguir. A imagem de Drica segurando uma adaga ensanguentada estava se aproximando de mim e eu abri a boca para gritar. De repente, ela parou e sua expressão se tornou preocupada. Quando falou, sua voz não era feminina. 

       "Vidya... Vidya! Ei!" 

       Pisquei confusamente, despertando. Levei uma mão aos olhos e esfreguei as pálpebras para enxergar melhor. Acima de mim, com as mãos nos meus ombros, estava o príncipe. Sua expressão estava levemente alarmada e seus olhos dançavam mirando meu rosto repetidamente. 

       "Eu gritei? Acordei mais alguém?" sussurrei enquanto me sentava. Minhas mãos tremiam novamente e eu sentia que meu coração sairia do peito a qualquer momento. 

       "Não, mas estava falando." sussurrou de volta, sentando-se em frente à mim. "Eu acordei algum tempo atrás, ninguém mais te ouviu." 

       Acenei positivamente em resposta e puxei meus joelhos até o queixo. Queria que os tremores parassem antes que ele percebesse, então tentei desviar seu foco. 

       "O ataque..." 

       "Já acabou. Um guarda veio avisar quando eu estava acordado, eles estão limpando o palácio dos vestígios e só vão nos retirar daqui quando amanhecer." respondeu. 

       Acenei novamente e continuei. 

       "Alguém se feriu?" 

       "Não. Eles não tinham armas, apenas jogaram pedras contra os guardas e tentaram fazer uma das empregadas de refém, mas não conseguiram. Não conseguiram nada." 

       Fiquei sem assunto e aquiesci em silêncio.  

       “Sobre... sobre o que era o seu pesadelo?” o príncipe me pergunta de repente. 

       “Eu... eu...” gaguejei surpresa.  

       “Tudo bem, não precisa... perguntei por impulso.” 

       Mergulhamos em um silêncio desconfortável. Então algumas selecionadas começaram a murmurar, acordando, entre elas Layla, que girou a cabeça pelo cômodo apressadamente, certamente procurando o príncipe. 

       “Ah... Eu vou falar com as outras.” disse ele, erguendo-se em um salto e caminhando para o outro lado do cômodo. 

       Observei em silêncio enquanto o príncipe falava ao ouvido Layla, que assumiu uma expressão zangada, mas logo depois suspirou e pegou a mão dele, levando-a até seu rosto e o erguendo com um olhar meloso estampado para Arthur. 

       Se a cena fosse com qualquer outra selecionada, eu teria achado bonitinho, mas eu estava aprendendo a detestar Layla, então a única coisa que consegui pensar foi: eca.


Notas Finais


Obrigada a todo mundo que comenta, favorita e lê minhas loucurinhas. É a participação de vocês que me motiva!
Sigam-me no Wattpad! Lá eu sou mais presente, juro!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...