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História O Vigia - Enchanted


Escrita por: lavegass

Notas do Autor


Olá! Como prometido disse que assim que eu terminasse "Fernando" começaria a postar a nova fic. Ai esta ela, espero que gostem!

Capítulo 1 - Enchanted


“There I was again tonight forcing laughter, faking smiles
Same old tired, lonely place
Walls of insincerity
Shifting eyes and vacancy vanished when I saw your face
All I can say is it was enchanting to meet you”

 

As pessoas dizem que toda a sua vida se passa diante dos seus olhos quando você esta prestes a morrer. Isso não é verdade. Quando você esta a um passo do abismo você apenas revive todos os momentos significativos e isso é claro não significa que sejam todos bons, mas sim que ambos foram pioneiros para outros acontecimentos importantes. Quer saber como eu sei disso? Eu morri uma vez, ou quase, mas isso você só descobrirá mais para frente. Então para não ficar ansioso, esqueça que eu disse isso, ou pelo menos tente.

Meu nome é Fernando. Nasci em uma família com uma boa condição financeira, sempre tive tudo o que quis e acredito que esse tenha sido o principal motivo para que eu tenha feito tantas besteiras. A maior delas? Definitivamente é ter sido pai aos 16 anos. Não me leve a mal, eu amo a minha filha, mas confesso que gostaria que ela tivesse sido planejada e com a mulher certa. No entanto, como diria Woody Allen “Quer fazer Deus rir, fale sobre os seus planos”. Eu não poderia ter tido Carolina com a mulher certa, pois foi graças a ela que eu conheci a mulher certa, mas isso não vem ao caso, pelo menos não agora.

Eu fui um adolescente comum e totalmente fora do controle. Não me importava com a escola, passava a madrugada em festas e nunca tive ninguém que me dissesse que era hora de parar. E quando eu engravidei Márcia, minha namorada do colégio, meus pais passaram a mão na minha cabeça e me deram uma casa, um carro, um emprego e dois anéis de noivado.

Aos 18 anos eu estava casado e cuidando de uma criança de dois anos. Enquanto meus amigos iam para a faculdade eu estava chegando a minha casa, exausto do trabalho. Quem me ver falar assim deve pensar que eu odeio a minha filha não é? Não vocês estão errados, eu a amo mais que tudo nesse mundo, mas confesso não suportar a mãe dela, ou tê-la suportado durante muitos anos até não dar mais. 

Eu não quero ficar aqui fazendo você ouvir da vida infeliz que eu levei nos meus 19 anos de casado, mas sim lhe contar a história do momento em que eu percebi que deveria correr atrás de mudanças.

Tudo começou no dia 4 de Dezembro de 2015. Eram apenas seis da manhã e sol batia no meu rosto acordando-me. Márcia havia colocado as cortinas para lavar e por isso não havia nada que impedisse a passagem do excesso de luminosidade. O despertador logo começou a tocar o som dele só não eram tão irritantes quanto os gritos de minha querida esposa. Me mexi na cama resmungando algo que nem eu mesmo fui capaz de entender. Quando finalmente abri os olhos dei de cara com Márcia a qual mesmo dormindo tinha o semblante raivoso, provavelmente estava sonhando comigo.

Levantei-me com cuidado e fui em direção ao banheiro. Eu já tinha uma rotina, um ritual o qual seguia há mais de 15 anos. Tomei meu banho escovei os dentes vesti um terno para ir ao trabalho e fui fazer o café. Logo Márcia apareceu na cozinha ajeitando a saia no corpo e colocando os brincos.

- Bom dia. – Falei.

- Eu ainda não vi nada de bom. – Respondeu ela tomando a xícara da minha mão. Que mulher irritante! – Você está lembrando o que temos que fazer hoje depois do almoço, não é? – Perguntou ela. E não. Eu não me lembrava, não fazia nem se quer ideia do que fosse. Márcia falava tanto, xingava tanto que com os anos meu cérebro passou a simplesmente ignora-la. Não arrisquei em perguntar o que era, mas ela já me conhecia bem e percebeu o que estava acontecendo. – Eu não acredito Fernando! Você é uma anta mesmo! Quantas vezes eu tenho que repetir a mesma merda para que você me escute? Arrgh! – Resmungou ela virando seu café como se fosse um copo de uísque o qual honestamente cairia muito bem agora. – Para a sua informação hoje a nossa filha entra de férias e precisamos buscá-la. Vamos um pouco mais cedo porque ela faz parte de uma peça de teatro e quer que a gente assista. – Explicou Márcia pronunciando a ultima informação com certo desdém. Agora eu me sentia culpado, podia ignorar as reclamações e coisas inúteis que ela me dizia, mas jamais me permitiria esquecer ou fazer pouco caso de algo relacionado à Carolina. – Os novos vizinhos pediram para que a gente dê carona a filha deles, ela estuda na mesma universidade de Carolina e aparentemente elas estão fazendo essa peça juntas.

- Filha? Eles não são muito velhos para ter uma filha na faculdade? – Perguntei e Márcia me encarou como se estivesse prestes a voar no meu pescoço. Eu tremia só de olhar para ela.

- Não eles não. – Respondeu de forma agressiva. – A gente é que é jovem demais para ter uma filha da idade da Carolina. Além disso, a Letícia esta no ultimo ano da faculdade, deve ter uns 22 ou 23 anos. – Continuou. E a partir disso meu cérebro começou a ignora-la novamente, pois sabia que ela me encheria de informações inúteis sobre a filha do vizinho a qual eu não estava nenhum pouco interessado. Pelo menos não até aquele momento.

Mesmo não nos suportando, Márcia e eu fazíamos quase tudo juntos, inclusive ir para o trabalho. Ela trabalhava como corretoras de imóveis em uma firma próxima a empresa do meu pai a qual eu já ocupava o cargo de vice-presidente, mordomias que se tem quando é o filho do dono. Márcia dirigia, mas insistíamos que usássemos apenas um carro para poupar gasolina, estávamos bem financeiramente, mas ela continuava economizando o máximo possível. Eu não questionava mais, havia me cansado de discutir a alguns anos.

Cheguei à empresa e fiz absolutamente tudo o que me foi passado. Assisti a reuniões chatas com clientes chatos. Ouvi funcionários chatos reclamarem de assuntos chatos e fofocarem sobre coisas chatas e acompanhei meu pai em um almoço chato. Eu odiava o meu trabalho assim como odiava o meu casamento. Assim como odiava a minha cidade. Assim como odiava minha vida principalmente. A única coisa que fazia com que eu não me afundasse a uma completa infelicidade era Carol, e só de pensar que eu estava prestes a vê-la depois de mais de um mês o meu coração se aquecia.

Carol havia entrado na faculdade no inicio daquele ano, no primeiro período ela nos visitava todos os finais de semana, mas no segundo as coisas se apertaram e ela passou a vir apenas uma vez ao mês. Assim que deu a hora combinada peguei o carro e fui em direção ao serviço de Márcia buscá-la. Ela já estava na porta me esperando e parecia zangada. Eu provavelmente havia atrasado uns 2 minutos que para ela significavam uma eternidade.

- Pensei que não viria mais. – Reclamou ao entrar no carro. Ela puxou o cinto com brutalidade o que me fez pensar em de onde eu arranquei coragem para me casar com aquele troglodita. – Anda logo! – Falou devido a minha leve demora em arrancar o carro. Suspirei fundo e acelerei. A cidade onde Rebeca estudava ficava apenas duas horas da nossa cidade, mas duas horas sozinho em um carro com a Márcia equivalia há cinco anos no inferno na mesma jaula que Hitler. Ela reclamava quando eu ultrapassava algum carro e também reclamava quando eu não ultrapassava. Xingava quando eu abria o vidro e também xingava quando eu fechava. Toda musica que eu colocava ou começava a cantar ela fazia questão de mudar.

Acredite, nem sempre eu fui tão paciente, mas um dia percebi que não valia apena brigar, pois nunca chegávamos a lugar nenhum. Brigas só servem para que a pessoa acredite ainda mais que tem razão, então preferia deixar que Márcia discutisse sozinha.

Finalmente chegamos. Mal desliguei o carro e Márcia me puxou pelo braço resmungando que estávamos atrasados e perderíamos o inicio da peça. Fui arrastado por ela no meio de várias pessoas e depois empurrado em uma cadeira. Estamos na terceira fileira, bem próximos ao palco. Uma senhora de aparência gentil dizia um discurso o qual eu não fazia ideia do que se tratava e por isso bati palmas apenas acompanhando o restante das pessoas que estavam naquele salão. Não era apenas Márcia que o meu cérebro ignorava.

Logo as cortinas do palco se abriram e peça começou. Era “A Megera Domada” de Shakespeare e a minha Carolina interpretava a doce Bianca. Eu prestava atenção na peça, não apenas porque minha filha estava nela, mas sim porque amava aquela história e havia carinhosamente apelidado Márcia de “megera” e ela é claro, ainda não sabia disso.

Finalmente chegou a parte em que Katarina entra em cena e eu me surpreendi com o que vi.  A garota que interpretava Kat era provavelmente uma das mulheres mais atraentes que eu já havia visto ao longo dos meus 35 anos. Ela tinha uma estatura mediana, pernas grossas, seios fartos e um traseiro maravilhoso. Seu corpo me deixava nervoso só de olha-lo. A beleza do rosto dela não ficava para trás, tinha traços extremamente delicados e uma voz angelical e mesmo interpretando a mal-humorada Katarina ela definitivamente não poderia ser tratada como megera, nem mesmo se quisesse.

Meu cérebro novamente se desligou. Não consegui prestar mais atenção na pela, não porque não estava interessante, mas sim porque meus olhos não saiam nem se quer um minuto da garota que interpretava Kat. Me senti culpado por não notar Carolina em cena, mas era maior que eu. Olhar aquela garota havia se tornado uma necessidade.

Quando a peça terminou pensei que finalmente descobriria o nome dela, mas eles apenas se despediram com agradecimentos. Caminhei contrariado até o carro com Márcia para esperar por Carolina, provavelmente nunca mais veria aquela garota e eu definitivamente não teria coragem de perguntar coisas a minha filha sobre suas colegas de faculdade. Escorei-me na porta do carro ouvindo Márcia dizer que esperava que Carolina não cismasse com essa coisa de teatro e se concentrasse nos estudos de odontologia, porque não queria que a filha morresse de fome em tentar seguir a carreira artística. Eu como sempre apenas concordava e não dava a minha opinião, pois sabia que jamais seria aceita por ela.

- Elas já estão vindo. Já era hora! – Falou Márcia apontando para o meu lado direito. Ao olhar nessa direção avistei Carolina empurrando desajeitadamente sua mala preta que conseguia ser maior do que ela, ao lado da garota mais bonita que os meus olhos já haviam visto. Era ela, Katarina.

- Pai! – Gritou Carolina correndo em minha direção e largando a mochila no chão. Ela me deu um abraço apertado e eu correspondi. Sentia falta dela e mesmo telefonando todos os dias não era suficiente. Eu precisava dos seus abraços, dos seus beijos. Conversar com Carolina me fazia bem, éramos muito parecidos e quase nunca brigávamos. – Oi mamãe. – Falou ela indo em direção a Márcia, envolvendo-a em um abraço não tão apertado quanto o meu. Virei-me para Katarina, precisava descobrir o nome dela logo para parar de “chamá-la” assim. – Papai, mamãe. Essa é Letícia a filha dos nossos vizinhos que vai pegar carona com a gente. – Explicou Carolina por fim. Então era ela. A garota com a qual Márcia me irritou falando nessa manhã era a Katarina que me encantou.

- Muito prazer Letícia! – Disse Márcia e só então me lembrei de fechar a boca.

- Muito prazer, eu sou Fernando o pai da Carolina. – Falei. E minha voz saiu de um tom bem diferente do normal, Márcia ao notar isso fez uma careta o que acabou me deixando sem graça.

- O prazer é todo meu. – Respondeu ela me abraçando. Que perfume! – Muito obrigada pela carona. – Completou.

- Não tem de que! – Falou Márcia. – Mas vamos logo porque eu ainda tenho uma casa para vender ainda hoje. – Ela era definitivamente uma estraga prazeres. Pelo menos isso fez as meninas rirem e eu pude apreciar o sorriso de Letícia. E que sorriso!

Caminhei abraçado com Carol até o carro e guardei a mala das duas no porta-malas, logo em seguida abri a porta do carro para elas. Márcia ficou esperando que eu fizesse o mesmo, mas assim que entrei no carro ela bufou ao perceber que se não abrisse a porta ela mesma não teria ninguém que o fizesse.

A viagem seguiu tranquila, Márcia não brigou tanto comigo quanto fez na ida. Provavelmente queria passar a imagem de “Família Perfeita” para Letícia.

- O que te levou a fazer teatro? – Perguntou Márcia. – Quero dizer, não é realmente uma profissão. – Definitivamente merda era a coisa que mais saia da boca dela.

- É claro que é. – Respondeu Letícia. – O artista é o responsável de levar entretenimento à vida mesquinha a qual grande parte da nossa população esta presa. – Completou Letícia e a partir daquele momento passei a gostar ainda mais dela.

- Sim, mas é difícil conseguir dinheiro nesse ramo. – Insistiu Márcia.

- Acredito que o dinheiro vem através do esforço e não importa qual profissão você siga conseguira se sair bem nela a partir do momento em que se dedicar. Eu prefiro ganhar pouco e ser feliz com o que faço do quer ser cheia de dinheiro e odiar o meu emprego. – Falou Letícia e aquilo serviu como uma luva para mim. Eu nunca tive um emprego dos sonhos, pelo simples fato de que nunca tive tempo de pensar sobre ele. Aos 16 anos fui arrastado para a empresa de meu pai e achava que deveria ser grato a eles por isso.

- É o que eu sempre digo para ela. – Falou Carolina. E Márcia simplesmente as ignorou o resto da viagem, Letícia havia conseguido algo o qual eu vinha tentando fazer a 19 anos, deixa-la sem palavras.

...

Deixei Márcia na casa que ela havia ficado de mostrar para o cliente, ela ia saindo do carro emburrada até que Letícia a chamou.

- Espero não tê-la chateado com a minha resposta. Essa não foi a minha intenção.

- Não se preocupe. – Respondeu Márcia segurando na mão de Letícia, ela claramente estava chateada. – Nos vemos por ai. – Falou despedindo-se.

Segui em direção a minha casa, não via a hora de chegar e poder passar um tempo com Carolina.

- Quantos anos você tem Letícia? – Atrevi-me a perguntar. Ela me olhou surpresa, provavelmente porque essa foi à primeira vez durante todo o caminho que eu diria uma palavra a ela.

- Eu tenho 23. – Ela respondeu e eu quase suspirei aliviado. Pelo menos ela não tinha idade de ser a minha filha afinal aos 12 anos de idade eu ainda era virgem.

- Pensei que tivesse a mesma idade que Carolina. – Falei tentando arrumar uma justificativa para a minha pergunta totalmente aleatória.

- Quem me dera! – Respondeu Letícia de forma divertida.

Finalmente chegamos em casa, estacionei o carro e rapidamente me pus a ajudar as meninas com as malas.

- Novamente, muito obrigada pela carona.

- Não tem nada o que agradecer se precisar de qualquer coisa estamos ai. – Estava fazendo o possível para que eu não agisse de forma estranha perto dela, mas até mesmo a minha voz mudava. Por sorte aparentemente Letícia não percebia isso, mas eu sempre ouvia risinhos debochados de Carolina que era a pessoa que melhor me conhecia.

- Digo o mesmo. Eu adoraria ficar para conversar mais, mas eu preciso entrar. Estou morrendo de saudade dos meus pais. – Explicou.

- É claro, nos entendemos. – Falei olhando para Carolina a qual me dedicou um sorriso torto. – Venha nos visitar depois. – Convidei.

- Vocês também! – Falou ela já caminhando em direção a sua casa. Ela acenou e fiquei acompanhando-a com o olhar até que ela entrasse.

- Pai. – Chamou Carolina e eu finalmente acordei olhando-a. – Se eu fosse o senhor fechava a boca para a baba não cair. – Implicou.

Eu a encarei de forma brava e a peguei no colo, ela esperneou e assim eu a levei até a porta de nossa casa. Havia pedido folga para o meu pai no restante do dia. Não conseguiria trabalhar sabendo que Carolina estava em casa. Precisava passar todo o tempo possível com ela e assim o fiz. Fomos ao supermercado e compramos várias besteiras para comer, as quais Márcia jamais aprovaria por considerar gastos desnecessários. Comemos tudo enquanto assistíamos há alguns filmes ridículos de comédia. Eles eram tão ruins que rimos mais do quanto eram mal feitos do que das piadas contidas no roteiro. Perguntei para Carol como havia sido a faculdade e ela me narrou de forma detalhista as coisas importantes que aconteceram nesse período. Meu cérebro não desligava com Carolina. Ela sempre prendia a minha atenção por ser a coisa mais preciosa que eu tinha, e também a única até aquele momento.

- Qual é a sua com a Letícia? – Perguntou ela fazendo com que eu quase engasgasse com a água que estava bebendo. Por sorte consegui disfarçar.

- O que você quer dizer?

- Por favor! Você quase a comeu com os olhos.

- Eu não fiz isso! – Disse em minha fraca defesa. Carolina apenas me olhou revirando os olhos.

- Você sabe que eu sempre quis que você se separasse da mamãe e arrumasse uma mulher legal. Mas uma que fosse da sua idade, ou pelo menos não estivesse na faculdade.

- O jeito que você fala faz com que eu me sinto um velho. – Resmunguei.

- Não, não é isso. É só que têm mais novos. – Tentou concertar ela piorando ainda mais as coisas. Definitivamente Carolina havia puxado muita coisa de mim. – De qualquer forma você não tem chance com a Letícia. Os pais dela jamais aprovariam e ela tem namorado.

Aproximei-me de Carolina e comecei a fazer cócegas nela.

- Acho que tudo isso é ciúmes. – Falei em meio ao som da risada dela. – Eu só achei sua amiga bonita, mas não pretendo me casar com ela. – Expliquei.

- Ok, ok. – Falou Carolina recuperando o fôlego. – Mas você definitivamente deveria pensar em se separar da minha mãe.

- Por que eu faria isso?

- A pergunta é: Por que vocês ainda estão casados? Me diz uma coisa, há quanto tempo vocês passam um dia sem brigar? Ou melhor, há quanto tempo vocês não transam?

Abri a boca tentando fazer cara de espanto para a pergunta de Carolina, mesmo eu já estando acostumado em que ela tocasse nesses assuntos.

- Isso não é da sua conta mocinha. – Falei em um tom brincalhão.

- É claro que é! O senhor precisa descarregar essa tensão sexual para não ficar dando em cima das visinhas NOVAS em todo o sentido da palavra.

- Até quando você vai ficar me implicando com isso?

- Até você der um jeito na sua vida. Eu te amo pai. E odeio vê-lo desse jeito. Precisa dar um jeito na sua vida e quando digo isso não me refiro apenas ao seu casamento com a mamãe. Você ainda é jovem. Dá tempo de escrever uma nova história.

- Mas você não tinha acabado de dizer que eu era velho? – Impliquei. Sabia que Carolina estava tentando ter uma conversa seria comigo, mas não queria que aquilo fosse para frente.

- Pai! Você sabe exatamente o que eu quis dizer... – Falou e antes que ela continuasse a porta se abriu. Era Márcia.

- Vejo que alguém não voltou para o trabalho.

- Eu ganhei folga. – Expliquei e a vi revirar os olhos.

- Que bagunça dessa sala! – Reclamou. – Eu vou tomar um banho e quando eu descer espero que tenham arrumado tudo isso. – Avisou e naquele momento percebi que talvez Márcia não fosse mais a minha esposa e sim a minha mãe.

...

Jantamos e após o jantar fiquei um tempo na sala assistindo televisão com Carol. Márcia nos acompanhou durante um tempo, mas logo subiu para o quarto alegando estar exausta.

Eram quase duas da manhã quando percebi que minha filha finalmente havia pegado no sono. Carreguei-a até seu quarto como nos velhos tempos e fui em direção ao meu.

A conversa que havia tido com Carolina se passou por minha cabeça enquanto eu tentava dormir. Realmente eu ainda tinha tempo de começar uma nova vida, mas não saberia se conseguiria ou se valia a pena tentar.

Desde a adolescência Carol me incentivava a divorciar de sua mãe e o motivo pelo qual eu não fiz isso não foi porque eu não queria destruir a nossa família, mas sim porque sabia que Márcia não tinha ninguém além de nos dois. Os pais dela morreram quando Márcia completou 18 anos, ela tinha apenas um irmão o qual era odiado não apenas por ela, mas também por todas as pessoas que tiveram o desprazer de conhecê-lo. Carolina achava que eu não deveria me sacrificar tanto se ambos estavam em um relacionamento infeliz, mas ela jamais entenderia, porque honestamente nem eu sabia ao certo o motivo pelo qual eu insistia naquilo.

Nunca fui religioso a ponto de achar que um casamento deveria ser para sempre, continuar com Márcia ia muito, além disso. Eu não fui infeliz o tempo todo e por isso me agarrava aos bons momentos na esperança de que eles acontecessem novamente, mesmo sabendo que na altura da carruagem isso era praticamente impossível.

Suspirei fundo e olhei para o lado em cima do meu criado mudo havia um envelope com um bilhete a mão por cima. Logo reconheci a letra de Márcia.

“Como notei que você não me escuta escrevi esse bilhete por ter certeza que pelo menos ler você sabe. Amanhã a corretora para qual eu trabalho fará uma festa para os funcionários e seus respectivos conjugues. Caso você se interesse em ir vista o seu terno preto que sua mãe te deu ano passado de aniversário e apare a barba e corte o cabelo, não se esqueça também de engraxar os sapatos...”

Não continuei lendo o bilhete, porque meu cérebro não desligava apenas quando ela falava, mas sim sempre que algo era relacionado a ela.

Estava sem sono e aquela cama parecia pequena demais para nos dois. Só não ia para o quarto de hospedes, pois sabia a briga que aquilo poderia ocasionar.

Dois anos. Essa era a resposta para a pergunta de Rebeca sobre quanto tempo eu e a mãe dela não tínhamos qualquer contato sexual. E na ultima vez estávamos tão bêbados que mal lembrávamos. Eu nunca a trai, mesmo com o nosso relacionamento extremamente conturbado, meus princípios não me permitiriam fazer uma coisa dessas. Oportunidades eu tive, mas a coragem sempre me faltou.

Ao pensar nisso Letícia veio em minha mente. Com ela eu teria coragem? Por favor, Fernando, não pense em coisas como essa. Uma mulher como ela jamais aceitaria isso, além do mais era como Carolina havia me dito. Eu não tinha chance. Letícia já tinha um namorado e com certeza ele era um jovem artista assim como ela. E não um pai de família mal humorado que odiava o emprego e basicamente tudo ao seu redor assim como eu. Letícia era uma garota doce, sonhadora, uma alma livre a qual eu já não era há muito tempo, ou talvez nem mesmo houvesse chegado a ser.

Tudo o que eu podia afirmar é que estava encantado em conhecê-la. 


Notas Finais


Primeiro capítulo é sempre um pouco parado, mas juro que essa história vai seguir rumos bem diferentes.


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