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História O Vigia - Superman


Escrita por: lavegass

Capítulo 17 - Superman


“Tall, dark and supermanly

He puts papers in his briefcase and drives away

To save the world or go to work

It's the same thing to me

He's got his mother's eyes, his father's ambition

I wonder if he knows how much that I miss him

I hang on every word you say, yay

And you smile and say, "How are you? "

I say, "Just fine"

I always forget to tell you, I love you, I love you

Forever”

 

Segunda-Feira, 15 de Fevereiro de 2016.

Mal podia acreditar que estive inconsciente durante um mês. Pela reação dos médicos e enfermeiros quando eu acordei a minha recuperação não era algo esperado.  Alguns deles sussurraram um para o outro que isso foi a prova de que milagres eram reais. E eu nunca duvidei disso.

Sentia-me cansado e não me lembrava do tiro, apenas senti uma forte dor na cabeça e apaguei. Nenhum dos funcionários do hospital quis entrar em detalhes com relação ao meu caso, disseram que eu deveria primeiramente me concentrar em minha recuperação.

Estava ansioso para rever a todos. Mesmo que para mim fosse como se não nos víssemos há apenas algumas horas. Precisava saber todas as novidades e o que havia mudado durante o mês em que estive “ausente”, mas a enfermeira já tinha me avisado que infelizmente eu não poderia ver todos de uma vez e que hoje apenas seria permitida a entrada de duas pessoas.

A porta do quarto se abriu e eu senti o meu coração disparar, algo que provavelmente não era indicado devido a minha atual situação. Carolina e Letícia passaram por ela e eu fiquei estático, ao me olharem seus olhos marejaram e as duas praticamente correram em minha direção.

- Você esta bem! – Disse Carolina debruçando-se por cima de mim.

Letícia parou ao meu lado e acariciou o meu rosto enquanto sorria e não se importava com as lagrimas que não paravam de cair e banhar o seu rosto.

- Nos sentimos tanto a sua falta. – Falou Letícia.

- Quem são vocês? – Perguntei. Letícia me olhou assustada e Carolina levantou-se revirando os olhos.

- Ok, não precisa vim com essa porque a médica já nos contou que a sua memória esta ótima. – Avisou.

- Se você não estivesse mais ligado nessa porção de aparelhos eu daria um daqueles socos no seu braço agora. – Ameaçou Letícia.

- Que tal um beijo? – Sugeri. Ela ficou pensativa por um tempo, mas depois sorriu em reedição abaixando-se. Sentir meus lábios em contato com o dela me causou aquela sensação maravilhosa e fiquei me questionando de como havia suportado ficar sem isso durante um mês. É claro que eu não me recordava de nada, mas ainda assim parecia algo torturante. Quando fui intensificar o beijo Letícia afastou-se rapidamente. – O que foi? – Perguntei frustrado. Ela aproximou-se com um sorriso meigo.

- Em primeiro lugar Carolina esta aqui e não é obrigada a ver isso. – Carolina cruzou os braços assentindo de forma divertida. – Em segundo a medica disse que você não pode fazer nenhum esforço.

- Nem com a língua?

- Nem com a língua porque ela pode acabar acordando outras áreas.

- Vocês dois podem me poupar dos detalhes, por favor? – Pediu Carolina enquanto tampava os ouvidos. Eu olhei para Letícia e juntos caímos em uma gostosa gargalhada.

...

Fiquei mais duas semanas internado no hospital sobre observação. Meu estado não havia piorado muito pelo contrario eu progredia a cada dia, mas mesmo assim os médicos insistiram em acompanhar a minha recuperação de perto. Um fisioterapeuta também estava me acompanhando e foi por causa dele que quando eu recebi alta já conseguia caminhar e me movimentar normalmente. Eu estava novo em folha, sentia como se tivesse renascido novamente.

Recebi várias visitas durante o meu tempo no hospital, mas a mais complexa foi a de Omar, ele foi quem me contou sobre o ocorrido, pois até então eu não sabia quem havia feito isso comigo. Seu pai já estava pagando e para mim aquilo era o suficiente. Por mais estranho que parecesse eu não sentia ódio dele, mas sim pena, pois apenas uma pessoa frustrada que não era capaz de se aceitar faria algo como isso.

“Pelo menos você não ficou retardado”, falou Omar em uma de suas visitas e após notar que havia se expressado mal ele começou a explicar para todos presentes no quarto naquele momento todas as coisas e casos que havia lido sobre pessoas que levaram tiro na cabeça e sobreviveram. Ele parecia ter virado um especialista naquilo, tendo conhecimento o suficiente para escrever o artigo sobre o assunto.

Antes que Omar e Carolina fossem até mim para falar sobre seu mais novo relacionamento eu já havia sido alertado por Letícia e por isso não pude perder a oportunidade em assusta-los e dizer que eu jamais aprovaria aquilo. O que era uma grande mentira, já que mesmo antes disso acontecer os dois já tinham o meu total apoio.

- Você não deveria estar viajando e fazendo uma peça? – Perguntei a Letícia enquanto ela ajeitava o meu travesseiro. Após Carolina e Letícia insistirem muito eu aceitei em vender a casa. Erasmo e Julieta receberam-me na deles enquanto tudo se ajeitava até que eu me mudasse para o meu novo apartamento.

- Eu não poderia ir sem você. – Respondeu ela deitando-se ao meu lado e entrelaçando seu braço em minha cintura.

- Então eu fiz o que eu mais temia. Atrapalhei os seus planos. – Falei sentindo-me mal por tudo aquilo. Sabia que não era a minha culpa, mas ainda assim aquilo me incomodava.

Letícia levantou a cabeça e me olhou com um sorriso terno.

- Você jamais atrapalharia os meus planos, porque você faz parte do maior deles. Eu amo o meu trabalho Fernando, mas eu amo você muito mais. E espero que esteja ciente que sempre te colocarei em primeiro lugar. E eu sei que você faria o mesmo por mim.

Letícia estava certa, eu abriria mão de tudo por ela, porque o que tínhamos era sem duvida mais importante do que qualquer coisa. Beijei o topo da sua cabeça e acariciei o seu braço.

- Eu te amo. – Sussurrei.

- Eu também te amo.

Devido aos remédios acabei dormindo cedo naquela noite, assim como as anteriores, mas ter Letícia tão perto de mim fez com que eu descansasse de uma forma que já não conseguia a um bom tempo.

...

Sábado, 11 de Junho de 2016.

- E se ela achar que é muito cedo? Afinal, realmente é muito cedo. Estamos junto há apenas cinco meses. – Falei, estava nervoso e confuso.

- Na verdade quatro, porque você ficou um mês dormindo então era como se vocês estivessem dando um tempo. – Falou Omar enquanto arrumava as bebidas de forma despreocupada na estante atrás do caixa do restaurante.

- Você não esta ajudando. – Passei a mão nos meus cabelos, estava a ponto de arranca-los com tamanho nervosismo.

- Se vocês realmente se amam nunca é muito cedo. – Disse Rodrigo enquanto ajudava Omar. Ele debruçou-se sobre o balcão e me olhou. – Antes da minha esposa eu namorei com outra mulher por seis anos, eu nunca senti que ela fosse “a certa”, já a Anna em menos de uma semana eu conseguia pensar que não me importaria de passar o resto da minha vida com ela. – Ele sorriu como se estivesse relembrando-se de algo, mas em seguida prosseguiu. – O que você e a Letícia têm é algo definitivamente especial, acredite, eu a vi ir até aquele hospital todos os dias durante um mês, eu sei o quanto ela o ama e tenho certeza que os dois querem a mesma coisa. Não precisa ter medo. A resposta dela será “Sim”.

- Obrigado! – Respondi sincero. Ao contrario de Omar Rodrigo sabia dar conselhos e a me tranquilizar o que aparentemente deixava o meu novo genro um pouco enciumado devido às caras e bocas feitas por ele durante os conselhos de Rodrigo. – Eu vou fazer isso! – Falei dessa vez bem mais seguro.

- Devo preparar um jantar especial para os dois? – Questionou Rodrigo.

- Na verdade não. Meu apartamento finalmente ficou pronto. Vou preparar um jantar para nos lá.

- É claro que vai. – Falou Omar em meio a sorriso malicioso. Eu o fuzilei com o olhar e ele voltou à atenção para o que estava fazendo.

...

Liguei para Letícia e a convidei para o jantar, por sorte ela logo aceitou e parecia animada quanto a isso. Não ficávamos a só há muito tempo. Primeiro porque eu estava em processo de recuperação e segundo porque não tivemos muita liberdade enquanto estive em sua casa.

Estava quase na hora combinada e Letícia chegaria em breve. Todo o nervosismo que havia desaparecido após a minha conversa com Rodrigo voltou novamente e eu já tinha perdido a conta de quantas vezes chequei o meu telefone em busca de noticias dela. Letícia não estava atrasada, afinal, quem costumava a se atrasar era eu. Mas meu nervosismo fazia com que os minutos passassem extremamente devagar.

Finalmente a campainha tocou e eu corri para me olhar no espelho.

- Droga. – Resmunguei ao notar os fios grisalhos no meu cabelo. Se fosse arranca-los como fazia antes ia ficar careca já que eles aumentaram de forma assustadora em pouquíssimo tempo.

Caminhei em direção à porta e a abri. Fiquei paralisado ao olhar Letícia, ela estava com o cabelo solto e ondulado, usava um vestido vermelho curto e apertado.

- Não vai me convidar para entrar? – Perguntou. Eu provavelmente havia ficado tempo demais analisando seu corpo.

- Claro. – Respondi constrangido dando espaço para que ela passasse. Letícia sorriu divertida e adentrou o apartamento. Ela o analisou calmamente. – O que achou?

- Esta incrível! Você definitivamente tem um bom gosto para decoração.

- Carolina me ajudou.

- Eu deveria ter imaginado.

Aproximei-me a puxei para um beijo apaixonado. Segurei na sua cintura com força colando nossos corpos.

- Desculpa, mas você esta muito linda. Não resisti. – Falei.

- Não precisa se desculpar, pode repetir isso quantas vezes quiser.

- Bom saber. – Respondi de forma divertida conduzindo-a até a cozinha.

Jantamos e entramos em uma conversa agradável sobre basicamente tudo.

- Onde esta Carolina? – Perguntou Letícia enquanto dava um gole em seu vinho.

- Com a mãe. Elas vão ter uma noite de garotas.

- Então você e a Márcia estão se dando bem?

- Acho que sim. Não conversamos outro assunto além de Carolina e ela só me perguntou se eu havia melhorado. Nada com muitos detalhes.

Letícia apenas assentiu e eu achei melhor mudar o assunto antes que as coisas ficassem tensas.

- Heitor ligou para você hoje não foi, e então novidades? – Perguntei e ela sorriu animada.

- Sim, acho que eu finalmente encontrei meu personagem dos sonhos.

- Isso é ótimo!

- Sim, mas... Não é uma peça.

- Não?

- É um curta.

Olhei-a surpreso e não consegui parar de sorrir.

- Meu amor isso é incrível.

- Eu sei! As gravações começam daqui a um mês e o melhor de tudo é que serão aqui mesmo.

- É serio?

- Sim! Eles têm um pequeno estúdio aqui e parece que vai servir.

- Estou tão feliz em ouvir isso. – Falei levantando-me e a puxando para um abraço.

- Sim! – Respondeu correspondendo ao abraço. – Agora que as coisas se ajeitaram no restaurante e eu finalmente encontrei um emprego, nos poderíamos retomar o plano que fizemos antes que... Aquilo acontecesse.

Soltei Letícia e a olhei lembrando-me da nossa conversa sobre morar juntos. Isso não aconteceria mais, pelo menos não da forma que combinamos naquela noite.

- Mudança de planos. – Falei e ela me olhou confusa.

- Você não acha que deveríamos morar juntos? – Perguntou com a voz triste.

- Não. – Respondi secamente e notei que ela se segurava para não chorar. – Pelo menos não antes disso. – Completei ajoelhando-me e pegando a caixinha que estava no meu bolso. Letícia colocou as mãos na boca e deu um pulo de susto para traz. – Lety, minha Lety. Eu sei que estamos juntos há pouco tempo, mas esse pouco tempo foi suficiente para saber que eu quero estar com você pelo resto da minha vida. Eu sei que isso pode parecer cedo demais, no entanto hoje me disseram que nunca é cedo demais quando se ama. Então, Letícia, aceita se casar comigo?

Ela ficou em silêncio por um tempo enquanto desviava seu olhar para mim e para o anel dentro da caixinha. Comecei a me preocupar e a temer a resposta que eu receberia, mas então ela sorriu fazendo com que todo esse medo fosse embora.

- É o que eu mais quero! – Respondeu. – Levantei-me e coloquei o anel no seu dedo puxando-a para um beijo apaixonado. Era oficial, estávamos noivos e começaríamos uma nova vida juntos.

...

- Precisamos fazer uma lista. – Falou Letícia ajeitando o lençol que nos cobria da cintura para baixo.

- Uma lista?

- Sim! Precisamos saber quem vai tirar o lixo, arrumar a cozinha...

- Você vai arrumar a cozinha porque eu vou cozinhar.

- Tudo bem, justo. Mas e o lixo?

- Podemos revezar.

- E os jantares? Quantas vezes vamos jantar na casa dos seus pais e dos meus?

- Uma vez por mês na casa dos meus e uma vez por semana na casa dos seus.

- Por mim tudo bem.

- O que mais esta nessa lista? – Perguntei.

- Tem mais uma coisa, mas é um pouco mais delicada.

- O que é?

Letícia me olhou e deu um sorriso tímido enquanto passava suas pequenas mãos no meu peito desnudo.

- Quando teremos um filho e quantos teremos. – A olhei surpreso, afinal, nunca havíamos falado sobre isso antes. É claro que eu queria ter filhos com Letícia e aquele assunto alegrava-me só de pensar.

- Que tal dois?

- Não acha que é pouco demais? – Falou ela surpreendendo-me. – Eu sei que você já tem a Carolina, mas eu sempre sonhei com uma casa cheia. Então... Que tal três?

- Para mim parece ótimo! – Respondi beijando o topo de sua cabeça. – Já quer encomendar o primeiro? – Perguntei erguendo as sobrancelhas.

- Não, primeiro porque eu estou exausta e segundo se eu casar grávida meu pai me mata, ou melhor, te mata.

- É melhor esperarmos então. – Letícia concordou e se aconchegou em meu peito. – E para quando marcaremos?

- Acha que conseguiremos organizar tudo em menos de dois meses?

- Podemos tentar. – Respondi e ela me olhou sorrindo.

...

Sexta-feira, 26 de Agosto de 2016.

- Você pode ficar calmo? Tenho certeza que o táxi vai chegar logo. – Falou Omar enquanto me observava andar de um lado para o outro. – As noivas sempre se atrasam, então não se preocupe, vamos chegar antes dela.

- Letícia não é de se atrasar. – Falei quase aos gritos. Estava extremamente nervoso.

Omar ficou encarregado de pegar as alianças, mas ele se esqueceu  e eu tive que voltar para busca-las, no caminho para o meu azar e provavelmente devido a minha pressa, consegui bater o carro. Não nos machucamos, apenas alguns arranhõezinhos, mas o carro já não era mais dirigível e tivemos que ligar para um reboque. Em seguida ligamos para um taxi, mas minha bateria acabou impedindo-me de alertar Letícia sobre o nosso atraso.

- Ela vai desistir de se casar comigo. Eu tenho certeza que se demorarmos muito a Lety vai desistir de se casar comigo. – Falei apreensivo e Omar revirou os olhos já impaciente.

- Ela desistiria se visse esse seu chilique de agora. Dá para ficar quieto? Se não vão suar e chegar fedendo no seu próprio casamento.

Bufei contrariado e sentei-me no meio fio. Omar estava certo, não adiantava ficar estressado. Agora tudo o que eu podia fazer era esperar.

Quando o Táxi chegou foi como se eu finalmente conseguisse respirar, entrei nele rapidamente e passei o endereço.

O casamento seria em um sitio dos meus pais, no qual eu já havia levado Letícia diversas vezes e ela por sua vez o adorava. Principalmente por causa das plantações de rosas que havia nele.

Assim que chegamos saltei do carro e deixei que Omar acertasse tudo com o motorista, caminhei, ou melhor, corri desesperadamente para dentro da casa. Meu pai e o senhor Erasmo estavam na sala.

- Desculpe o atraso, o carro estragou no caminho e tive que pegar um táxi. – Expliquei rapidamente já ofegante pela correria.

- Pensei que havia desistido de se casar com a minha filha.

- Jamais senhor Erasmo, jamais. – Garanti.

- Acho bom! – Respondeu desconfiado e pude ver meu pai rindo disfarçadamente.

- Onde ela esta?

- No quarto de cima com a sua mãe e a dona Julieta. – Respondeu meu pai.

- Vou lá explica-la o que aconteceu. – Falei, mas antes que subisse as escadas fui impedido por Carolina.

- Nada disso, você não pode vê-la antes se não dá azar. Omar já me contou o que aconteceu, pode deixar que eu vou explica-la. E você vai para o altar. AGORA! – Disse de forma autoritária e eu me pus a obedecê-la.

Quando estava caminhando em direção ao jardim onde a cerimônia seria realizada senti alguém puxar o meu braço, me virei e me surpreendi ao ver Márcia.

- Oi! – Cumprimentei abraçando-a rapidamente. – Não sabia que viria.

- Fiz mal?

- É claro que não! Se te convidamos é porque você é bem vinda. – Sorri tranquilizando-a.

- Eu só estou aqui para fazer duas coisas. – Olhei-a curioso e ela continuou a falar. – Primeiro para parabeniza-lo pelo casamento, esta incrível e eu tenho certeza que você será muito feliz, pelo menos nesse. – Ela riu e eu tive medo de rir também e me sentir culpado, por isso apenas assenti de forma divertida. – Segundo gostaria de me desculpar, por tudo. – Márcia ficou seria e segurou a minha mão. – Eu fiz coisas das quais eu me arrependo, e acredite só agora eu percebi a megera que eu era quando estávamos casados, mas ainda não consegui entender o porquê de ter agido daquela forma. Eu arruinei as coisas entre nos e eu me arrependo.

- Você não foi a única culpada eu também...

- Sim eu fui. – Disse interrompendo-me. – Eu me lembro de você tentar melhorar as coisas, tentar conversar, mas eu nunca quis. O pior de tudo é que só agora eu percebi que não estraguei apenas as coisas com você, mas com Carolina também.

- Mas agora vocês estão mais próximas do que nunca e isso me alegra muito! – Márcia me olhou e sorriu com ternura.

- Eu tenho sorte que consegui chegar a tempo de concertar as coisas com ela, mas com você já é tarde. Por favor, não me entenda errado Fernando, não estou dizendo isso porque gostaria de retomar a nosso relacionamento, porque sei que ele não fazia bem a nenhum de nos dois. Mas eu quero você em minha vida, temos uma filha juntos e eu sei que ela já esta bem grandinha, porém, daqui alguns anos teremos netos e eu preciso ter certeza de que conseguiremos passar um domingo inteiro sem nos alfinetarmos.

- Eu garanto que sim. – Márcia sorriu satisfeita e segurou em meu braço.

- Você passou por muita coisa e merece ser feliz mais do que ninguém.

- Obrigado. – Ela me deu um beijo no rosto e caminhou em direção ao jardim. Fiquei alguns segundos parado apenas pensando no que havia acabado de acontecer e em seguida fiz o mesmo.

Minha mãe já esperava por mim impaciente e assim que cheguei, ela me arrastou até o altar enquanto reclamava e questionava o meu atraso. Olhei ao meu redor e vi que todos nossos amigos e familiares estavam presentes e todos me olhavam de forma orgulhosa.

Quando a musica mudou senti o meu coração disparar e comecei a suar frio, mas no momento em que vi Letícia eu não podia mais parar de sorrir. Meus olhos marejaram e foi como se naquele lugar estivesse apenas nos dois. Ela estava linda, assim como sempre. Com o cabelo preso em um coque e uma maquiagem delicada. No momento em que Letícia me olhou e sorriu, eu tive a certeza de que era o homem mais sortudo do mundo.

Finalmente Letícia estava parada em minha frente, Erasmo colocou a mão dela por cima da minha e sussurrou em meu ouvido.

- Se você magoa-la eu vou te matar. Entendeu?

- Sim senhor. – Respondi assentindo e Letícia revirou os olhos ao ouvir a conversa. Erasmo foi para o lugar dele e a cerimônia se iniciou.

Se me perguntarem o que o padre disse confesso que não saberei responder. É feio admitir isso, mas eu não estava prestando atenção. Não conseguia parar de olhar para Letícia e imaginar tudo o que faríamos junto daquele dia em diante. Quando de por mim já havíamos dito “Aceito” e eu estava colocando em seu dedo a aliança a qual era mais do que anel de compromisso ela era responsável em confirmar o nosso elo de ligação e principalmente o amor que sentíamos um pelo outro. Eu estava casado. Dessa vez com a mulher que eu amava e tinha a certeza de que seria imensamente e eternamente feliz ao seu lado.

- Mal posso esperar por nossa lua de mel. – Sussurrou Letícia enquanto dançávamos junto aos convidados.

- Não esta gostando da festa?

- É claro que sim! Mas quero logo poder comemorar esse dia incrível apenas com você.

- Acha que eles vão notar se sairmos mais cedo? – Perguntei depositando um beijo na sua orelha.

- A maioria deles está mais do que bêbedo e o mais importante dessa festa claramente não é nos dois, mas sim a comida.

- Tem razão. – Sorri concordando com sua observação. – Pronta para a nossa lua de mel e a nossa primeira noite como marido e mulher?

- Definitivamente. Vamos logo?

- Claro! Onde esta sua mala?

- Já coloquei no seu carro. – Olhei-a surpreso.

- Apressadinha em? – Brinquei. Já a puxando e saindo daquele lugar.

...

Para a nossa sorte ninguém nos interrompeu no nosso caminho de “fuga” e em menos de cinco minutos eu já estava dirigindo em direção ao hotel que havíamos feito reserva. Passaríamos a noite lá e depois viajaríamos para a Itália onde o Senhor Erasmo e Dona Julieta, tinham uma nada humilde propriedade.

- Eu não acredito que vou entrar nesse hotel vestida desse jeito. – Disse Letícia apontando para o seu vestido de noiva.

- Qual o problema? Você esta linda.

- Continua muito chamativo. As pessoas vão ficar nos encarando.

- Você vai ter que se acostumar com isso. Afinal, esta casada comigo e onde eu passo acabo atraindo muitos olhares. – Brinquei.

Letícia bufou revirando os olhos, mas em seguida sorriu. Já estávamos em frente ao hotel e assim que estacionamos um dos funcionários apareceu nos ajudando com as malas.

Paramos em frente a porta do quarto onde passaríamos a nossa primeira noite como marido e mulher. Letícia me olhou e estendeu os braços.

- O que foi? – Perguntei fazendo-me de desentendido.

- Me carrega!

- É serio?

- É claro que sim, ou acha que sou pesada demais? Esta me chamando de gorda, Fernando? - Não respondi e rapidamente abri a porta e a puxei segurando-a em meus braços. – O primeiro pé a pisar no quarto tem que ser o direito. – Avisou.

- Isso não é para quando entrarmos na nossa nova casa?

Ela me olhou confusa e sacudiu a cabeça.

- Eu não sei, mas por via das duvidas vamos fazer isso aqui também.

Entramos no quarto e assim como Letícia eu fiquei boquiaberto com aquele lugar. Era muito maior e mais bonito do que aparentava nas fotos. Nossa cama estava coberta por pétalas o que me fez relembrar da nossa primeira e ultima viagem juntos. Coloquei Letícia no chão e ela foi apressada em direção a sua mala.

- Já volto. – Falou dando-me um selinho e empurrando a mala até o banheiro. – Não sai daí!

- Não vou. – Afirmei e ela sorriu fechando a porta. Deitei pesadamente na cama e sorri. A felicidade que eu estava sentindo era inexplicável. Comecei a pensar em todos os momentos que passamos juntos e só depois de reviver a maioria deles percebi que Letícia estava demorando demais. Levantei-me e caminhei em direção ao banheiro batendo na porta. – Tudo bem ai? – Perguntei preocupado.

- Sim! – Respondeu rapidamente e eu suspirei aliviado. – Saio em um minuto

- Ok! – Sentei-me na cama novamente e logo ouvi a porta do banheiro se abrir.  Letícia saiu de lá usando apenas uma lingerie branca. Ao notar que eu a olhava com cara de bobo o seu rosto corou.

- E então? – Perguntou timidamente.

- Você esta incrível! Ainda estou tentando entender o que eu fiz para merecer uma mulher assim. – Falei. Ela se aproximou rindo e eu pude admira-la mais de perto. Letícia entrelaçou seus braços em meu pescoço ficando na ponta dos pés. Colei nossas testas e fechando os olhos apenas senti nossas respirações se misturarem. Ela conseguia me deixar louco só em se aproximar de mim. A beijei, um beijo quente e intenso o qual eu estava guardando desde o momento em que a vi caminhar até o altar. Através daquele beijo busquei demonstrar todo o meu desejo e principalmente o quanto a amava. Letícia se inclinou e entrelaçou suas pernas em meu quadril, a conduzi até a cama e a deitei delicadamente. Livrei-me apressadamente do meu blazer e sapatos concentrando-me de novo em beija-la. Apertava a sua cintura e passava as mãos em suas, amava tocar o seu corpo e senti-la tão entregue a mim.

Letícia desabotoou a minha camisa e eu a ajudei para adiantar as coisas. Ela riu com a minha pressa, mas em seguida deslizou as mãos para os botões da minha calça. Levantei seu corpo um pouco e desabotoei seu sutiã.

- É lindo, mas mais lindo ainda é o que lês estavam tampando. – Falei enquanto jogava o sutiã em qualquer canto do quarto. Letícia não respondeu, mas me puxou para um beijo. Nossos corpos agora só cobertos pelas peças de baixo se encostaram ainda mais e ouvi Letícia gemer ao sentir a minha excitação. – Eu te amo. – Sussurrei descendo minhas mãos até o cós da sua ultima peça.

- Eu também te amo. – Respondeu. Sorri e fiquei um bom tempo olhando em seus olhos apenas admirando-a. Era oficial, Letícia era a minha esposa. E eu não poderia estar mais agradecido.

Entrelacei nossas mãos e suspendi os seus braços para cima. Ela me beijou e fez sinal para que eu iniciasse os movimentos. Todos os meus momentos de intimidade com Letícia proporcionavam-me sensações novas e maravilhosas. Era sempre uma nova descoberta e agora eu sabia que teria isso pelo resto da minha vida. Era a nossa primeira vez de muitas como marido e mulher e estava disposto em tentar surpreendê-la de formas diferentes em todas elas.

...

- Quer comer alguma coisa?

- Não. Estou cansada demais para comer.

- Então terminamos por hoje? – Perguntei desapontado.

- Sim, não sei onde você encontra toda essa energia, mas eu não tenho.

- Desculpe.

- Não precisa se desculpar. – Falou debruçando-se para me beijar. – Foi incrível.

- Sim, mas se você realmente quer dormir não deveria se deitar assim e nem me beijar desse jeito.

Ela riu e se ajeitou no seu lado da cama.

- Estamos realmente casados. – Falou entrelaçando nossas mãos.

- Sim. E nos seremos felizes, eu prometo. – Falei dando-a um beijo na testa.

- Depois de tudo o que aconteceu parece bom demais para ser verdade.

A puxei para o meu colo e a abracei. Acariciando os seus cabelos.

- Nossa história começa agora e você vai ver que em breve nem se quer nos lembraremos de todos aqueles momentos difíceis.

- Mas eu quero me lembrar, porque nos provavelmente não estaríamos aqui se não fosse por eles. Eles são partes da nossa história então não podemos esquecê-los.

- Você esta certa. Ansiosa para amanhã? – Perguntei mudando de assunto.

- Na verdade eu estou ansiosa para todos os próximos dias porque sei que serão os melhores da minha vida, e saber de uma coisa? – Questionou virando-se para me olhar. Apenas neguei com um meneio de cabeça. – Eu não estou mais cansada, podemos aproveitar mais a noite. – Sorri puxando o lençol e nos levando para debaixo dele.

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Como eu disse antes, esse foi o ultimo capítulo de "O Vigia", mas não se preocupem. Teremos um epílogo que postarei em breve. Obrigada a todos que acompanharam até aqui!


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