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História O Vigia - Haunted


Escrita por: lavegass

Notas do Autor


Olá! Como eu disse esse capítulo é uma passagem de tempo, é como se fosse um "bônus", espero que gostem! Boa leitura.

Capítulo 9 - Haunted


“But, the whole time I'm wishing she was you instead”

Terça-feira, 15 de Dezembro de 2015.

- Que tal Billy? – Perguntou Letícia.

- Ele não se parece com o Billy.

- Qual Billy?

- Eu não sei, só não combina com ele.

- Bartolomeu?

- Não, parece nome de cachorro grande.

- Fred?

- Noventa por cento dos cachorros que eu já conheci se chamavam Fred.

- Teddy?

- Também é muito comum. – Falei. Estávamos a quase uma hora nisso e ainda não tínhamos conseguido encontrar um nome que me agradasse e que combinasse com ele.

- Cujo? – Perguntou Letícia em meio a um sorriso debochado. Eu apenas a encarei forçando um olhar raivoso e não respondi. – Acho que não. – Completou. – Agora falando serio, eu não tenho nenhuma ideia. Sou péssima com isso de nomes eu só tive duas cachorras e as duas se chamavam Bolinha.

- Tão criativa. – Brinquei.

- Nos vamos encontrar um nome para ele, mas podemos fazer isso quando chegarmos.

- E aonde nos vamos? – Perguntei.

- Você não se lembra? – Apenas neguei sacudindo a cabeça e Letícia suspirou impaciente. – Seus pais nos convidaram ontem para almoçar lá, para falar a verdade já estamos atrasados. – Eu havia me esquecido completamente disso. Talvez a minha mania de desligar o cérebro toda vez que Márcia falava comigo tinha causado algum dano nele.

- Então é por isso que você esta toda arrumadinha?

- O que quer dizer? Eu normalmente não fico arrumada?

- Não, não é isso. Acho melhor a gente ir, como você disse já estamos atrasados. – Falei querendo sair rapidamente daquela conversa. Letícia me olhou desconfiada, mas não questionou.

Confesso que ainda estava surpreso com o convite dos meus pais e não duvidava que quando chegássemos lá os dois nem se quer lembrariam-se do que havíamos combinado, mas não quis dizer isso a Letícia porque por alguma razão ela estava tão animada e eu não queria que isso mudasse.

Chegamos a casa, ou melhor, na casa de meus pais antes mesmo do meio dia. Dessa vez resolvi estacionar o carro lá dentro, pois não fazia ideia de quanto tempo ficaríamos ali.

- Fernando. – Chamou Letícia segurando o meu braço me impedindo de sair do carro. – Não precisamos dizer nada para os seus pais, certo? Pelo menos não agora...

- O que você quer dizer?

- Sobre nós...

- Oh, sim...

- Eu só... É muito recente o seu divorcio e eu tenho medo que isso possa fazer com que eles pensem mal de mim.

- É impossível alguém pensar mal de você. – Falei. – Mas tem razão, podemos deixar essa conversa para depois.

- Sim, podemos falar com meus pais primeiro. – Sugeriu e nesse momento eu senti o famoso frio na barriga. Nem se quer havia pensado que teria que ter a conversa com os pais de Letícia e isso me assustava. Não sabia como o Senhor Erasmo iria reagir, mas tinha certeza de que não seria bem. Ele me confiou a sua filha, para que eu tomasse conta dela e a afastasse de seu ex pretendente e provavelmente não imaginou que eu me tornaria o próximo.

- Claro. – Respondi com um fio de voz. Letícia me olhou curiosa e fez sinal para que saíssemos no carro. Automaticamente eu segurei em sua mão enquanto andávamos até a porta, mas ela a soltou.

- Você se esqueceu do que acabamos de conversar? – Perguntou.

- Me desculpe. – Pedi. Sempre fui muito desligado e ainda tinha a esperança de que ela se acostumasse com isso.

Tocamos campainha e ao contraio da ultima vez, minha mãe não nos atendeu rapidamente. Comecei a me questionar se eles não haviam saído, mas logo descartei, pois se isso realmente tivesse acontecido o porteiro teria nos alertado. Eu já estava impaciente quando a porta finalmente se abriu, dessa vez quem nos atendeu foi o meu pai.

- Finalmente vocês chegaram! O almoço está quase pronto. – Falou e eu me surpreendi. Eles não haviam se esquecido do convite e aparentemente se empenharam em preparar algo. – È um prazer vê-la de novo Letícia.

- O prazer é todo meu senhor Humberto. – Respondeu cumprimentando.

- Vamos logo, Teresinha esta nos aguardando na sala. – Chamou.

Sentamos-nos na sala e conversamos até que o almoço ficasse pronto. Meus pais haviam preparado um verdadeiro banquete. A conversa estava agradável, pois em nenhum momento foi mencionado Márcia ou a empresa. Conversávamos calmamente sobre assuntos aleatórios e eu nem se quer me lembrava da ultima vez em que tivemos um almoço como esse.

- Agora que terminamos você já pode ir para a cozinha Fernando. – Falou minha mãe.

- Quer que eu lave a louça? – Perguntei.

- Não! Lembra que você disse que cozinharia para a gente? Como vocês se atrasaram eu pedi para que a Érica fizesse o almoço, mas a sobremesa fica por sua conta. – Explicou ela.

Eu me lembrava, mas pensei que eles não me cobrariam isso.

- Ou você não se dá bem com sobremesas? – Perguntou meu pai me olhando de forma desafiadora.

- É claro que eu dou. O que vocês compraram? – Eu falava de forma firme, pois queria parecer o mais confiante possível.

- Ingredientes para uma torta de maçã. – Falou minha mãe.

- Ótimo. – Respondi vitorioso. Eu já havia feito torta de maçã diversas vezes.

...

Os três me acompanharam até a cozinha, mas acredite não recebi ajuda de nenhum deles, nem mesmo para pegar os ingredientes. Eles apenas me assistiam atentamente como se estivessem na espera que eu cometesse algum grande erro. Mamãe soltava alguns comentários sobre a forma “certa” de se fazer algo, mas eu insistia para que ela me deixasse fazer do meu jeito.

Letícia estava tão à vontade conversando com meus pais que eu não pude evitar em olha-los admirado. Apesar de minha mãe sempre ter se dado bem com Márcia eu nunca as vi conversar dessa forma, elas só tinham um tipo de assunto o qual era reclamar de mim.

A torta finalmente ficou pronta, os três seguiram para a sala de jantar e eu os servi me sentei e olhei para eles tentando decifrar suas reações ao experimentarem a torta. Minha mãe sacudia a cabeça enquanto meu pai degustava olhando para o teto de forma pensativa. Letícia era a única que eu tinha certeza que havia gostado, pois mal nos sentamos e ela já estava na sua terceira colherada.

- E então? – Perguntei. Meus pais se entreolharam e por um momento pensei que obteria uma resposta negativa, mas isso foi logo descartado quando eles se viraram e sorriram de forma divertida para mim.

- Esta maravilhoso filho. – Falou minha mãe. – Se eu soubesse que era tão bom na cozinha já teria feito você preparar coisas para mim antes. – Completou.

- Sua mãe tem razão. Está delicioso Fernando. Você vai se dar bem com o seu futuro restaurante. – Disse meu pai e aquilo foi maravilhoso de se ouvir.

...

Passamos a tarde com os meus pais, minha mãe arrastou Letícia para o seu jardim enquanto o meu pai me contou sobre o que estava acontecendo na Conceitos, mencionando que sentia a minha falta lá, mas que entendia e respeitava a minha decisão.

Quando chegamos a minha casa já se passavam das 18h dá tarde. E eu estava exausto, mas antes que entrássemos ouvi Omar me gritar do outro lado da rua.

- FERNANDO! – Gritou novamente enquanto corria em minha direção.

- O que foi? – Perguntei assim que ele se aproximou.

- Olá Letícia! – Falou ele me ignorando. Letícia o abraçou e ele correspondeu, por tempo demais.

- Omar! – Chamei fazendo com o que os dois se separassem. – O que foi?

- Eu que te pergunto! Esta de mau humor?

- Não. Você estava me gritando e eu só quero saber o que aconteceu.

- Ah sim! Sua mulher... Quer dizer, ex-mulher. – Falou em meio a uma risadinha. – Veio aqui hoje para pegar os moveis. Como você não estava ela surtou e eu fiquei com medo de que ela derrubasse a casa e abri para ela. Tem problema?

- Como você abriu? – Perguntou Letícia tirando as palavras da minha boca.

- Dá mesma forma que fiz quando ela trocou as fechaduras. Algum problema? – Coloquei as mãos no meu rosto em busca de paciência. Eu iria gritar com Omar e dizer que era obvio que tinha sim problema, mas então percebi que ele havia apenas evitado um encontro meu com Márcia e que por isso eu deveria estar grato.

- Não, tudo bem. – Respondi. – Ela pegou tudo?

- Não tudo. Ela deixou umas coisinhas tipo a cama e um espelho... Você definitivamente vai precisar de muitos moveis. – Avisou.

Assim como Omar havia dito a casa estava basicamente vazia e como os moveis haviam sido retirados grande parte das minhas coisas estavam no chão, como os meus CDs e filmes.

- MERDA! – Gritei assim que vi meu cachorro destruindo um dos meus DVDs.

- O que foi? – Perguntou Letícia. Apenas apontei para aquele animal que se divertia enquanto comia a capa do meu filme preferido. Letícia olhou para aquela cena e começou a rir.

- Você acha isso engraçado?

- É claro que sim! Fernando ele é um filhote e você o deixou trancado a tarde toda, achou mesmo que ele fosse ficar parado olhando para o teto? E eu acredito que isso tenha sido uma vingança.

- Vingança?

- Sim! Porque você ainda não escolheu um nome para ele.

Novamente eu o encarei enquanto estragava de vez a capa do meu filme preferido e eu, claro torcia para que o DVD ainda funcionasse. Tomei o objeto dele o qual estava todo babado e com furos. Desviava meu olhar entre ele a capa totalmente destruída.

- Eu tenho um nome. – Falei.

- O que? – Perguntou Letícia.

- Eu tenho um nome para ele. – Respondi.

- E qual é? – Questionou ela animada.

- Forrest Gump, mas provavelmente vou chama-lo só de Forrest. – Expliquei apontado para a capa destruída em minhas mãos.

- Ei Forrest! – Falou Letícia dirigindo-se ao cachorro o qual abanou o rabo e pulou em sua perna. – Acho que ele gostou.

- Eu também. – Falei sentando-me no chão e acariciando-o. Ele se animou e começou a pular para todos os lados.

- Parece que ele gosta de correr assim como o Forrest original. – E ver o seu sorriso enquanto assistia as gracinhas de Forrest só me fez ter a certeza de que eu já estava completamente apaixonado por ela.

...

Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2015.

Acordamos cedo naquela manhã a qual passei grande parte conversando com Carolina enquanto Letícia conversava com seus pais. Ambos voltariam na véspera do natal e combinamos em passa-lo juntos. Letícia e Eu prepararíamos tudo.

Após o almoço fomos a varias lojas para mobiliar ao menos parte da minha casa, já que tudo o que eu tinha era uma cama e uma geladeira. Pesquisamos e comparamos o preço de vários lugares, pois eu não estava com muito dinheiro e deveria fazer o possível para economizar. Listamos os principais moveis, como fogão, sofá e mesa. Além desses três compramos um Rack e uma pequena prateleira, para manter Forrest longe dos meus filmes. Letícia o presenteou com uma casinha e vários brinquedos os quais ele conseguiu destruir em menos de uma hora.

Colocamos todos os moveis no lugar e limpamos a casa, quando chegou à noite estávamos cansados demais para sair e pedimos uma pizza, comemos enquanto assistíamos à televisão, depois dormimos no meu mais novo sofá.

...

Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2015.

Diferente do dia anterior, acordamos tarde e com o corpo todo dolorido devido ao mau jeito em que passamos a noite em nosso sofá. Letícia fez uma massagem maravilhosa em mim, a qual eu tentei retribuir, mas não obtive muito sucesso. Ela reclamava que eu tinha a mão pesada e estava a machucando, todas as vezes que Lety soltava um “ai” Forrest vinha em nossa direção e latia comigo. Era oficial, ele gostava mais dela do que de mim e eu é claro não poderia culpa-lo por isso.

- Qual você quer? – Perguntou Letícia enquanto sacudia alguns saquinhos de sementes próximos ao meu rosto. Como eu disse anteriormente eu sentia falta das rosas de Márcia, não necessariamente delas, mas sim de algo dando vida ao meu jardim o qual agora só tinha um mato que gritava por uma tosa.

- Nenhuma dessas. – Respondi. – Quero algo diferente.

- Por exemplo? Já sei uma orquídea.

- Não, elas florescem só uma vez por ano.

- Mas é mágico quando acontece.

- Eu não diria mágico, mas... Tudo bem. Podemos plantar delas e alguma outra.

- Girassol?

- Muito grande quero algo mais delicado.

- Você é muito difícil. – Resmungou.

- Não é isso, eu só estou procurando algo que combine com meu jardim. E comigo.

- Que tal um cacto? – Brincou.

- Engraçadinha. Eu quero uma flor, simples, comum e bonita. Qual é a sua flor preferida? – Perguntei.

- Você vai rir de mim.

- Por que eu riria?

- Porque não é o tipo de flor que chama atenção das pessoas, como as orquídeas por exemplo.

- Mas chamou a sua. – Falei deixando sem argumentos. – Qual é?

- Margarida.

Não pude evitar o sorriso que se formou no meu rosto, aquele era exatamente o tipo de flor que eu estava procurando e eu tinha certeza que combinaria perfeitamente com o meu jardim.

- Acho que hoje plantaremos algumas margaridas então.

Passamos a tarde mexendo no meu jardim e acredite a bagunça foi enorme, não tínhamos jeito para aquilo e os “tutoriais” na internet não ajudavam em muita coisa. As coisas começaram a dar certo quando Letícia insistiu para que eu telefonasse para minha mãe, pois ela era experiente nesse assunto, mesmo assim eu não entendi muito bem suas explicações e ela impaciente comigo fez com que eu passasse o telefone para Letícia.

Quando finalmente terminamos, eu corri para tomar um banho e Letícia fez o mesmo, combinamos de sair com o Omar e nos encontramos com ele ás 20h em um bar próximo ao nosso bairro.  Ele se queixou de que o pai dele estava agindo de forma estranha com relação a um de seus amigos e toda vez que eu tentava explicar a ele o porquê Letícia me interrompia com um beliscão ou uma pisada no meu pé. Após notar que se eu continuasse insistindo com aquilo sairia machucado, resolvi desistir. A conversa seguiu agradável e como sempre Omar fez com que eu e Letícia divertíssemos bastante com suas absurdas historias e teorias.

...

Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2015.

Dona Isabela nos telefona todos os dias cobrando uma visita e dessa vez não tínhamos mais desculpa e não restou outra solução a não ser irmos. Não que não gostássemos de passar um tempo com ela, mas como estávamos no inicio de nosso relacionamento queríamos passar o maior tempo possível juntos e sozinhos. Apesar de conseguirmos isso na maior parte do tempo ainda não havíamos falado nem dá metade das coisas que deveríamos falar e eu ainda me sentia inseguro de questionar certas coisas, como por exemplo, o realmente havia acontecido com o ex-namorado de Letícia o qual o pai dela tanto repudiava, também não conversamos sobre como e quando seria a minha assustadora conversa com o senhor Erasmo e só de pensar em tudo aquilo me dava dor de cabeça, mas eu sabia que valia a pena. Era por Letícia.

- Vocês dois estão juntos, certo? – Perguntou Dona Isabela assim que ficamos a sós após Letícia ter ido ao banheiro e o senhor Antônio preparar o café. 

- Está tão obvio assim?

- Sim. E eu vi vocês dois de mãos dadas pelo olho mágico, mas assim que eu abri a porta vocês a soltaram assustados. Por que não se assumem logo?

- Letícia quer que seus pais sejam os primeiros, a saber.

- E você esta com medo de ter que conversar com meu filho?

- Definitivamente. Quando eu penso muito nisso eu nem se quer consigo dormir. Ele vai me matar não vai?

- Matar não, mas ele provavelmente vai gritar muito com você. Confiou em você para cuidar da única filha dele e agora esta dormindo.

- Eu não estou dormindo com ela.

- Ainda. Eu sei que a minha neta é um pouco lenta. Não me puxou. E você também parece ser lento.

- Não é nada disso, só estamos indo devagar.

- Até demais. – Resmungou ela. Por sorte Letícia chegou antes que Dona Isabela começasse a me cobrar alguns bisnetos.

...

Sábado, 19 de Dezembro de 2015 e Domingo, 20 de Dezembro de 2015.

Passei a servir os refrigerantes e coloquei Letícia apenas para cobrar, pois eu não era tão desastrado quanto ela e ela era definitivamente melhor com números do que eu. As coisas estavam indo bem naquele dia até que um dos funcionários a mandato do Leo se vestiu de Ronald McDonald. Ele andava por todos os lados do estabelecimento entretendo os clientes e mesmo Letícia sabendo exatamente quem estava por baixo daquela fantasia pude notar o meu nervosismo. Suas mãos estavam geladas e tremulas e eu odiava o fato de que não houvesse nada que eu pudesse fazer. Eu tinha superado parte do meu medo por cachorros e daria tudo para que ela superasse o dela.

Leo teve que sair mais cedo e Letícia e eu ficamos encarregados em de fechar o lugar. Estávamos prestes a sair quando eu tive uma ideia. Corria o risco de que Letícia me matasse após isso, mas eu precisava fazer. Na verdade não precisava, mas queria muito.

- Pode ajeitando as coisas por aqui enquanto eu vou ao banheiro? – Perguntei.

- Tudo bem. – Respondeu ela.

Por sorte eu me lembrava exatamente de onde Leo havia guardado a fantasia de Ronald McDonald, eu não tinha a tinta para pintar o meu rosto, mas esperava que a roupa e o nariz fosse suficiente. Assim que terminei de me vestir fiquei parado atrás da porta.

- Você tem medo de mim Letícia?

- Não. – Respondeu ela. – Por que esta me perguntando isso?

- Nem mesmo me vendo vestido assim? – Questionei abrindo a porta. Ela arregalou os olhos e eu começava a me arrepender do que havia feito, mas para a minha surpresa ao invés de gritar ela começou a rir. – O que foi? – Perguntei estava começando a ficar constrangido.

- Você ficou ridículo com essa roupa. A calça esta parecendo uma bermuda de tão curta.

- O Victor é um pouco menor do que eu...

- Talvez você tenha me ajudado um pouco. – Disse ela.

- Por que?

- Agora toda vez que eu ver um palhaço eu vou tentar me lembrar de você vestido assim e ao invés de ficar com medo eu provavelmente irei começar a rir.

- Fico feliz em ajudar. - Respondi. Embora as não tenham saído como o planejado no final eu alcancei o meu principal objetivo, mesmo no fundo a minha vontade fosse de que ela tivesse se assustado ao menos um pouco.

...

Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2015.

Forrest estava cada dia mais agitado e após ter passado o final de semana inteiro trancado dentro de um quarto eu e Letícia tivemos que leva-lo para passear logo pela manhã ou ele destruiria a casa. Para a minha sorte Forrest tinha o nariz, ou melhor, o focinho em pé e ignorava todos os cachorros que passavam por ele, o que eu me deixou feliz já que briga de cachorros enquanto eu estava por perto era definitivamente uma das coisas que eu mais temia.

- Olá Fernando! – Cumprimentaram nossas vizinhas do clube da “caminhada”. Apenas acenei sorrindo e pude ouvir Letícia bufando impaciente.

- O que aconteceu? Vocês dois nunca mais caminharam com a gente. – Perguntou uma delas.

- Estamos sem tempo. – Respondeu Letícia rapidamente antes mesmo que eu conseguisse abrir a minha boca.

- Bom, quando der apareçam porque adoraríamos aprender abdominais com você.

- Tudo bem, eu apareço sim. – Respondi. E Letícia soltou uma risada debochada.

- Bom, nos vamos indo ainda falta muita coisa para corre, até mais. – Despediram-se. Eu e Letícia continuamos andando no ritmo de Forrest, mas dessa vez ela estava extremamente calada, eu pensei em puxar assunto, mas nada veio em minha mente. Para minha sorte, ou não, ela resolveu se pronunciar.

- Eu acho que você deveria levar o Forrest para passear no outro bairro.

- Por que? – Perguntei surpreso.

- Porque lá pelo menos não tem essas vizinhas assanhadas para ficarem se jogando para cima de você. – Resmungou e aquela era a primeira vez que eu via Letícia irritada.

- Espera ai... Você esta...

- Sim Fernando! Eu estou com ciúmes. – Falou me interrompendo. – Nos estamos juntos e eu não gosto de vê-las olhando para você como se fossem te devorar.

- Bom, elas não sabe que estamos juntos...

- VAI DEFENDÊ-LAS? – Perguntou quase gritando.

- Não. Claro que não. Você tem razão. – Falei. Não queria discutir. – E eu também tenho ciúmes de você. – Ela me olhou abismada.

- Como? Eu nunca dei motivos.

- Com o Omar.

- Ficou maluco Fernando? O Omar é seu amigo.

- Eu sei, eu sei, mas acho o abraço que vocês dão demorados demais. – Resmunguei.

- Meu Deus!

- O que foi?

- Você com ciúmes é a coisa mais fofa do mundo. – Falou segurando o meu rosto e me dando diversos selinhos.

- Eu não posso dizer o mesmo de você, confesso que fiquei assuntado. – Falei e os selinhos foram substituídos por beliscões.

...

Terça-feira, 22 de Dezembro de 2015.

Depois do almoço que tivemos na casa dos meus pais eu me aproximei bastante deles a ponto de receber ligações de ambos quase todos os dias e eu é claro não podia negar que estava adorando tudo aquilo. Conversávamos sobre vários assuntos inclusive Carolina a qual passou a receber diversas ligações deles também.

- O que você a Letícia vão fazer hoje? – Perguntou minha mãe.

- Até agora não temos nada planejado. – Respondi.

- Por que vocês não vêm ao clube com a gente? Alguns amigos do seu pai estão organizando um almoço para comemorar a vitoria dele no campeonato de Ping Pong.

- Meu pai ganhou um campeonato de Ping Pong? – Perguntei surpreso.

- Sim Fernando. Foi isso que eu acabei de falar. – Respondeu minha mãe impaciente. – Vocês vêm ou não? – Insistiu.

- Eu não sei mamãe... Preciso ver com Letícia. Ela provavelmente não vai querer ir.

- Mentiroso.

- O que?

- Eu já liguei para Letícia e ela aceitou. – Falou minha mãe. Nesse momento pude ver Letícia do outro lado da sala dedicando um sorriso debochado para mim. – Você não tem mais desculpas Fernando.

- Tudo bem mamãe. Eu vou, eu vou.

Ao contrario de mim Letícia estava super animada para passar à tarde no clube e havia colocado três biquínis diferentes em sua sacola. Eu nem se quer me dei ao trabalho de levar uma sunga, detestava água e por isso só matinha contato com ela para matar a minha cede e tomar banho, então se caso algum dia a água do mundo acabasse eu não tinha culpa em ter colaborado com essa catástrofe, mas sim essas pessoas que enchiam as piscinas.

Letícia se sentou junto a minha mãe e as esposas dos amigos do meu pai que por conveniência também eram amigas dela. Eu me sentei com o meu pai e tentava fingir interesse em suas narrações sobre o campeonato de Ping Pongo do qual cá entre nos ele estava se gabando bastante.

- Você pode me dar minha bolsa? – Pediu Letícia aproximando-se. – Eu vou nadar. – Explicou.

- Sim, claro. – Falei entregando-a.

- Não vai vir comigo? – Perguntou.

- Eu não trouxe rouba de banho.

- Por favor, Fernando, acompanhe a moça ao menos para fazer companhia. – Mandou meu pai e todos os seus amigos concordaram.

- Tudo bem. – Respondi, afinal preferia assistir Letícia nadar do que continuar com aquela conversa sobre Ping Pong.

Letícia foi até ao banheiro e eu a esperei em uma das cadeiras próximas a piscina.

- Tem certeza que não vai entrar? – Perguntou Letícia parando em minha frente. Ao vê-la rapidamente me ajeitei na cabeça e a olhei boquiaberto. Eu sabia que Letícia tinha um corpo bonito, pois as roupas não conseguiam esconder suas curvas, mas vê-la daquela maneira me deixou hipnotizado e definitivamente boquiaberto.

- Te...nho. – Gaguejei e Letícia sorriu divertida.

- Ok, bom eu vou entrar. Qualquer coisa é só me chamar.

Apenas assenti e a encarei enquanto pulava na piscina, vê-la daquela maneira havia me deixado animadinho, por isso além de jogar água gelada no meu rosto, tive que cruzar as pernas para tentar esconder.

Letícia mergulhava de um lado para o outro e algumas vezes fazia o possível para jogar um pouco de água em mim. Ela claramente estava se divertindo e pela primeira vez tive vontade de entrar em uma piscina. Nunca mais esqueceria uma roupa de banho propositalmente. Não se estivesse com Letícia.

Alguns rapazes entraram e começaram a conversar com ela o que definitivamente não havia me agradado, ela também não parecia se sentir a vontade e por isso tomei a liberdade de arrumar uma desculpa para tirá-la de lá.

- Já esta escurecendo Letícia, eu acho melhor a gente ir. – Falei. Os dois homens próximos a ela me encararam assustados.

- Claro! – Respondeu ela se levantando. Eles nadaram para o outro lado da piscina sem se despedirem o que me deixou aliviado. Rapidamente entreguei o roupão a Letícia, eles já haviam visto demais.

...

Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2015.

A única coisa que eu precisava fazer era vender o meu carro e por sorte Omar já havia arrumado um comprador o qual ofereceu mais do que eu esperava. Resolvi tudo na manhã daquele dia e para a minha sorte não havia mais nada que eu pudesse fazer. Tudo o que eu queria era passar um tempo a sós com Letícia. Conversar com ela, abraça-la, beija-la e ouvir tudo o que ela tinha a dizer. Fizemos um típico programa de casal, fomos ao cinema e não prestamos atenção ao filme por estarmos ocupados demais com algo bem mais interessante. Passeamos de mãos dadas por todos os lugares e era impossível não deixar evidente a minha felicidade por estar com ela.

Aquele era o ultimo dia que teríamos sozinhos, antes que seu pai e Carolina voltassem e pensar em tudo que teria que ser dito e resolvido quando isso acontecesse me deixava assombrado, mas quando eu olhava para Letícia sabia que não deveria temer a nada. Não tê-la ao meu lado provavelmente seria a pior coisa que eu poderia enfrentar então conversar com seu pai e dizer a verdade para Carolina seria difícil, mas não impossível.

- Temos muito que conversar. – Disse ela enquanto distribuía alguns beijos no meu pescoço. Meus pelos se arrepiavam em protesto, prometi a mim mesmo que levaria as coisas devagar com Letícia, mas aquele dia parecia que ela estava disposta a me provocar.

- Sobre o que? – Perguntei. Eu sabia sim o que tínhamos que conversar e na verdade tinha até uma lista sobre todas as coisas que deveriam ser ditas, mas precisava ter certeza que ela pensava no mesmo que eu.

- Sobre algumas coisas que você não sabe sobre mim. – Respondeu acariciando meus cabelos. – Espero que quando você as souber não façam com que você desista de nós.

- Você é uma assassina ou fã do Tim Burton?

- Não. – Respondeu em meio a uma risadinha.

- Então não acho que tenha nada que seja capaz de me fazer desistir de você. – Falei.

Letícia sorriu e voltou a me beijar. Com o tempo percebi que eu estava certo, nada nem ninguém me faria desistir de Letícia. 


Notas Finais


No próximo capítulo teremos a volta dos pais de Letícia e de Carolina, como vocês acham que eles vão reagir quando souberem desse relacionamento?


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