História O vizinho - Shameron - Brigas

Depois da tarde mais cheia de carinho que já tive, voltei pra casa. Quando entrei pela porta da frente vi Lucy jogada no sofá assistindo TV. 

— Papai quer falar com você. — Falou com um expressão entendiada. 

— Sobre...? 

— Você ter chego tarde. — Respondeu. 

— Lucy! Pedi pra você dar uma desculpa sua... — Suspirei. — Obrigado! — Falei irônico. 

— Desculpa! Mas não exagera. Pode ser uma chance de você falar que tá pegando o vizinho, sair do armário Sabe. Até a Rosa um dia desses perguntou se você e o visinho eram amigos, ela deve ter percebido algo. 

— Mereço. — Murmurei. — Tá. Cadê ele? — Perguntei. 

— No quarto com a mamãe eu acho. — Disse. 

Enquanto caminhava até o quarto dos meus pais, pensei seriamente em falar pra eles que estava namorando com Shawn, mas pensei como seria minha frase "Pai descobri que sou gay com o vizinho que não conheço nem a um mês." Meu pai já é sério e extremamente preconceituoso com certas coisas, penso nas piores coisas que ele poderia fazer só de imaginar falar que não sou mais hetero. 

— Posso entrar? — Perguntei em frente a porta do quarto deles após bater três veses.

— Podre filho. — Disse minha mãe. 

Quando entrei, meu pai pediu que minha mãe saísse e foi naquele momento que gelei de medo. 

— O que está acontecendo Cameron? — Perguntou. — Está chegando tarde, te vi entrar na casa do vizinho mais cedo, recebi uma ligação da escola dizendo que você sumiu desde o segundo horário. — Disse coçando o rosto nervoso e impaciente. 

— E-u não sei. 

Entendam, sou o tipo de pessoa que na hora que está com medo apenas e diz: "Não sei". E naquele momento a única coisa que sabia é que aquela conversa iria estragar minha vida, ou pelo menos ia causar algo ruim.

— Como você não sabe? O que houve?! Quem é o vizinho e o que faz na casa dele? Responde! — Aumentou o tom de voz.  

Suspirei fundo fiz a voz mais seria possível.

— Eu sai da escola hoje com Nash, um amigo meu e fui pra praça. Depois vim e parei na casa do vizinho por... — parei. Simplesmente travou minha mente, minha boca, tudo. 

— Está mentindo Cameron? — Perguntou. — Não vou tolerar mais isso, não foi isso que te ensinei. Não quero mais saber nada. Sem celular, sem falar, ver ou olhar pro vizinho, não vai mais sair pra canto nenhum, até eu descidi que pode. — Gritou. 

Depois de falar besteira atrás de besteira ele começou o discursinho pós sermão, criticar tudo de errado que já fiz na vida, depois falar da Lucy, reclamar do trabalho da Rosa por último Brigar com a mamãe. Aquilo era meio comum, o ruim era que ele não falava apenas pra nós da casa ouvirmos, a vizinhança inteira ouvia.

— Quando vai calar a boca? — Perguntei pra Lucy, sem ver que o papai estava logo atrás de nós, apenas senti meu rosto formigar de leve e cair do sofá. 

— Me respeita, não sou moleque... — Depois desfechou com um belo de um palavrão se referindo a minha mãe. Enquanto isso Rosa e minha mãe vieram correndo até a sala e Lucy foi até mim. 

— Idiota. Por que fez isso? — Perguntou Lucy. 

— Você também fique quieta. — Ordenou.

— Fica quieto você. — Falei. — Não Cala essa maldita boca um instante, não se cansa disso? Falar e falar sem parar? Se ao menos fosse algo útil. — Depois do que estava acontecendo não tive mais paciência, medo, tampouco respeito. 

Ele veio em minha direção me segurou pela camisa enquando minha mãe tentou empedi-lo de me levantar ele disse:

— Não se meta. Isso é entre dois homens. Ele mente, fala besteira e sabe Deus o que vai fazer na casa de um completo desconhecido.

Sorri.

— Quer tanto saber o que fui fazer lá? — Perguntei. — Ele, esse completo desconhecido é meu namorado. Fui vê - lo — Falei. 

Meu coração batia mais rápido a cada segundo enquanto todos lá me olhavam espantados.

— O-o qu-e? — Perguntou meu pai me largando e se apoiando do sofá depois sorrindo como se aquilo não passa - se de uma brincadeira.

Lucy e Rosa me levaram pra cozinha pra ficar um pouco longe dele, mas ao se passarem dez minutos ouvimos minha mãe protestar algo e logo meu pai abrir a porta da frente.

Corremos até a porta e vimos meu pai entrar na casa de Shawn. Então corri até lá, deixando Rosa, Lucy e minha mãe parados me vendo ir lá.

Quando cheguei me deparei com Shawn sendo atingido por um soco, que logo foi revidado. Rosa chegou junto com minha mãe e tentaram aparta-los e fiz o mesmo. Enquanto isso meu pai voltou aos chigamentos, dessa vez direcionados a Shawn. Até se levantar e ser levado pra casa com minha mãe. 

— Cameron? Vem logo. — Disse meu pai.

— Não, Vou ficar aqui. — Respondi. 

— Então fique. Mas não entre mais naquela casa. — Deu as costas e saiu andando.

— Vai Cam. — Falou Shawn se levantando. 

— Não, não volto mais pra lá.

Depois de alguns minutos ajeitei a sala que tinha ficado uma bagunça, e peguei um pouco de gelo pro machucados. 

— Shawn. Posso morar aqui?

— Não Cam desculpa. 

                           . . .