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História O Vizinho do Oitavo Andar - Oito.


Escrita por: coldweather

Notas do Autor


Olá, olá, amores. ♥

Capítulo 8 - Oito.


O primeiro pensamento que tive naquela manhã foi de como a luz do Sol pode ser desagradável quando você ainda está no estado de sonolência. Mesmo com as pálpebras fechadas, senti o incômodo da claridade. Contudo, a atmosfera ainda era muito leve. Tomado pela preguiça, me virei para o outro lado tentando encontrar o meu precioso travesseiro porque a falta de apoio embaixo da minha cabeça estava começando a me incomodar.

De olhos fechados, comecei a tatear ao meu lado. Foi nesse momento que um clarão de lembranças me atingiu com a força de um tornado e a leve queimação em minhas coxas e pernas começou a fazer sentido.

Havia um motivo para eu estar sentindo dores musculares, sentindo falta do meu travesseiro e estranhando a textura de onde eu estava deitado; Eu não estava na minha cama, mas sim no sofá de Jeongguk. Eu tinha caído no sono em seu apartamento sem nem ao menos ter me dado conta.

Como se tivesse saído do torpor em que me encontrava, passei a escutar claramente o som da água do chuveiro atingindo o piso do banheiro não tão longe do cômodo onde eu estava. Abri os olhos e avistei a sala bem decorada que Jeongguk desfrutava todos os dias. A janela entreaberta fazia com que os raios solares golpeassem meus olhos com força. Franzi o cenho e murmurei um xingamento quando me levantei meio cambaleante, fechei a janela e depois a cortina.

Não vou ocultar a verdade, era estranho acordar e não estar em meu apartamento como de costume. Sentei no estofado macio depois de coçar os olhos e percebi que meu corpo estava realmente bem dolorido. Isso era resultado de muito esforço físico durante a madrugada, como se tivesse participado de uma maratona. Jeongguk e eu transamos praticamente a madrugada inteira.

Não sabia de onde eu tinha tirado tanto fôlego, provavelmente a culpa era toda de Jeongguk já que seus gemidos me serviam como estímulo. Mordisquei o lábio e olhei para baixo, conferindo que apenas a minha boxer estava em meu corpo, mas não era apenas isso que me chamou a atenção, pois minhas pernas, braços e abdômen estavam com marcas vermelhas e arranhões; pequenas lembranças do que havia acontecido.

Depois de poucos minutos, o som da água havia sido interrompido e fiquei quieto escutando pequenos ruídos. Não demorou muito para que um Jeongguk andando depressa com uma toalha branca na cintura aparecesse na sala. Seus cabelos molhados moldavam seu rosto de um jeito bonito, as múltiplas gotas passeavam pelo seu corpo que também carregava marcas vermelhas. Um arranhão próximo á sua cintura me fez lembrar que eu havia lhe apertado com força quando estava próximo ao ápice, pela terceira vez.

— Eu estou atrasado, hyung. Muito atrasado! Bom dia! – Ele falou rápido enquanto corria para a cozinha. Achei graça naquela ação, já que ele estava molhando tudo o que via pela frente e parecia não se importar. O garoto sumiu pela cozinha, mas logo voltou com alguns biscoitos na mão. Provavelmente era o seu rápido – e nada nutritivo – café da manhã. — O despertador do celular tocou, mas você me deixou tão cansado que não consegui acordar. – falou como se fosse minha culpa. Minha! Até parece. — Eu tenho a última revisão hoje da matéria, amanhã será a minha prova. – falou e depois devorou os biscoitos, enquanto tornava a andar pela casa. Permaneci sentado no mesmo lugar, ainda tomado pela letargia. Jeongguk apareceu dentro de seu uniforme quando retornou para a sala e se aproximou de mim. Com os cabelos ainda despenteados de um jeito bonito (aparentemente, ele conseguia ficar bonito de qualquer jeito), Jeongguk se parecia com uma criança que corria da escova de cabelo, e tal pensamento até me faria rir, se ele não tivesse colado a boca na minha em um selo calmo. Depois levou a mão até meu pescoço, massageando. — Nossa, o chupão ficou roxo.

— Roxo? – perguntei espantado e me levantei com um pulo, colocando a mão no local.

— Qual o problema, hyung? – Ele riu divertido com a minha reação. — Está com vergonha das pessoas perceberem que sua noite foi agitada?

— Não quero ter que dar explicações. – falei enquanto andava pelo corredor, procurando pelo banheiro. Quando encontrei e acendi a lâmpada um tanto amarelada e vi meu reflexo no espelho, um “O” se abriu em meus lábios. Realmente, estava com uma marca roxa bem forte.

— Você não precisa dar explicações... – Jeongguk entrou no banheiro também e deixou um beijo logo acima do roxo que me fez arrepiar. Ele sorriu e pegou a escova de cabelo, olhando-se no espelho enquanto penteava os fios escuros do jeito que achava melhor. — Ninguém tem nada a ver com o que você faz ou deixa de fazer. – Quando terminou, sorriu pra mim. — Agora eu ‘tô com pressa, não posso mesmo me atrasar mais, o professor não vai achar nada legal. – Eu segui seus passos e voltei a me sentar no sofá quando ele pegou os tênis e calçou-os. — Tem um monte de comida no armário e na geladeira, pode pegar o que quiser. E tem uma chave extra aqui, ó. – apontou para a primeira gaveta da grande estante. — Quando sair, não se esqueça de trancar a porta. – O garoto colocou as alças da mochila nos ombros e soltou um suspiro, olhando rapidamente para o relógio analógico gigante na parede. — A propósito, confira os contatos do seu celular. – sorriu cúmplice e antes de abrir a porta para ir embora, me sorriu daquele jeito único.

E eu fiquei sozinho em seu apartamento.

Antes de fazer qualquer coisa, me levantei do sofá e fui atrás das minhas roupas para me vestir porque ficar só de boxer me deixava incomodado, mesmo com o calor que estava fazendo.

Calcei meus tênis e olhei ao redor só para conferir se eu não tinha me esquecido de algo. Depois, apalpei-me para localizar o celular e ao tirar do bolso da calça, me dei conta de que não tinha recebido nenhuma ligação ou mensagem, o que de fato, não era ruim nem de longe, assim ninguém ficaria sabendo do meu paradeiro repentino.

Como Jeongguk tinha pedido, comecei a vasculhar os contatos do meu celular com atenção e o que li de repente me fez prender o riso.

Havia sim um novo contato registrado.

O nome?

Pirralho favorito.

Não quis trazer prejuízo algum ao garoto, só peguei uma maçã antes de trancar o apartamento dele e ir para o meu. Precisava de um belo banho relaxante e de um pouco de café amargo para me despertar por completo.

Cumprimentei a vizinha curiosa que morava no apartamento ao lado do meu quando cheguei ao oitavo andar, ela estava saindo para trabalhar e me jorrou um olhar surpreso. Meu sorrisinho fora retribuído, mas com certeza ela estava estranhando o fato de eu estar abrindo a porta do meu apartamento tão cedo. Aquela senhora não deixava nenhum detalhe escapar.

Eu costumava me irritar com pessoas que não cuidavam da própria vida para cuidar da vida dos outros como se tivessem esse direito. Não me preocupei em esconder o chupão evidente em meu pescoço, mas percebi que ela estava bem desconfiada quando abri a porta do apartamento depois de desejá-la um bom dia.

Aliás, meu humor estava ótimo. Depois de muito tempo, sentia que nada poderia me chatear.  

Talvez fosse o efeito de Jeon Jeongguk sobre mim.

 

-

 

— Então, aconteceu mesmo? – Taehyung perguntou. Fiz que sim com a cabeça e senti o vento balançar meu cabelo de leve. Meu amigo continuava me estudando atentamente e depois jorrou um sorrisinho como se tivesse deixado bem claro que conseguiu me entender. Seu expediente já tinha chegado ao fim, mas ainda estávamos do lado de fora do supermercado. As pessoas passavam por nós apressadas, afinal, a noite já se fazia presente e as compras precisavam ser feitas urgentemente para que os jantares saíssem no horário previsto. Muitas vezes, eu ficava olhando para as pessoas e imaginando como era a vida que elas levavam. Se tinham filhos, se gostavam de trabalhar, se estavam satisfeitas com o mundo, se tinham alguém para contar segredos, assim como eu tinha. — E foi bom?

A curiosidade de Taehyung me fez rir.

— Por quê? Também está a fim de experimentar? – brinquei e recebi um soco fraco no braço de um Taehyung indignado. — Foi muito melhor do que eu imaginava que seria. Queria te contar logo, mas guardei segredo porque não sabia bem como deveria dizer.

— Ué, não tem problema algum nisso...

— Não tem?

— Claro que não! – Ele olhou para alguém atrás de mim e acenou, jorrando o seu típico sorriso quadrado que conseguia cativar muita gente. — Se você gostou, qual é o problema?

— As pessoas julgam.

— Que se foda todo mundo. A vida é sua, você está livre para fazer o que quiser. – Ele deu de ombros e enfiou a mão no bolso, tirando balas de caramelo, daquelas que grudavam nos dentes; Sua bala favorita. Depois de me oferecer, abriu uma e colocou-a na boca com rapidez. Pessoas que gostam de açúcar aparentemente não conseguem ficar durante muito tempo sem mastigar algo doce. — Sei lá, eu só acho que você deve se importar menos com o que acham.

— Por isso que eu te considero muito. – O olhei bem no fundo dos seus olhos escuros. — Você é o meu melhor amigo, Taehyung.

— Sua vida seria uma tragédia sem mim, eu sei bem. – Ele riu. — E então, o que você vai fazer agora?

— Como assim?

Taehyung umedeceu os lábios e franziu o cenho, como se estivesse tentando ler alguma coisa camuflada em mim. Mastigou a bala de caramelo algumas vezes antes de balançar a cabeça de um lado para o outro.

— Você é um cara sentimental, Jimin. – concluiu. — Eu sei que esse garoto mexe muito com você, a tensão é forte... Mas a minha pergunta é: não há sentimento envolvido? É só sexo?

Eu ainda não tinha pensado no assunto. Ok, na verdade tinha sim, mas optei por evitar até então. Certas situações são mais fáceis de encarar quando são evitadas.

— Eu não sei, acho que terei a resposta com o tempo.

— Você não sente nada por ele além de atração física? Pode ser sincero comigo, você sabe.

— Eu sei que ele é solitário. – comecei a falar depois que uma mulher passou por nós cheia de sacola de compras. Eu até ofereceria ajuda, caso o suposto namorado dela não aparecesse antes. — Jeongguk ainda é um mistério muito grande pra mim, mas... Eu não posso me envolver tanto assim.

— E por quê não pode?

— Porque ele não quer relacionamento algum. Isso sempre foi óbvio pra mim, então já é melhor descartar antes de começar a alimentar essa ideia maluca.

— Ele te disse que não quer nada claramente, tipo, com todas as letras? – perguntou curioso. Nós começamos a andar devagar e o vento continuava batendo em meu rosto de um jeito agradável. Já Taehyung, incomodado, tentava tirar os fios de cabelo que às vezes golpeavam seus olhos, ele estava precisando cortar a franja.

— Não. Quer dizer... Mais ou menos. Disse que relacionamentos não eram para ele. – falei. — Mas, tudo é muito novo pra mim. Jeongguk é um garoto que está terminando o ensino médio, cheio de amargura porque os pais viajam muito e eu sinto que ele gosta de receber atenção. De qualquer forma, é uma boa pessoa também, dá pra notar. Eu só... Não sei se conseguiria lidar com tudo isso, ou se ele conseguiria lidar com um relacionamento. Ainda acho que para ele é só sexo...

— E pra você?

Pensei um pouco e franzi o cenho instintivamente. Era uma questão complicada de verdade. Por mais que eu pensasse, provavelmente não teria uma resposta definitiva.

— Não sei, não sei mesmo.

— Só... Se deixe levar. Tente não se vigiar o tempo todo. Se você está curtindo o que está acontecendo, aproveite e vá fundo.

Talvez ele tivesse razão.

Meu celular vibrou no bolso da calça, me fazendo tomar um leve susto.

 

“Pirralho favorito: Vamos estudar hoje?”

 

— Falando nele... – comentei com Taehyung, mostrando o visor do meu celular.

— Jimin...

— Oi?

— Você não percebeu? – Ele perguntou como se tivesse acabado de concluir a coisa mais óbvia do mundo inteiro.

— Percebi o quê?

— Que você está sorrindo.

— E daí?

— Sorrir por conta de uma mensagem pra mim quer dizer muita coisa... Acho que...

— Taehyung, você não acha que está se precipitando? – perguntei risonho. — Não há problema algum em sorrir por conta de uma mensagem qualquer. – Ele riu de novo com a minha fala afoita. — Aliás, tem mais balas de caramelo aí com você?

Ele assentiu e me entregou algumas.

— É, Jimin...

— É nada. – falei.

E nós voltamos a rir.

 

-

 

— Faça só mais essa questão, se não houver erros, você está mais do que preparado para fazer a prova. – mostrei o exercício e esperei que ele fizesse a leitura do enunciado. Dava para perceber que ele estava se sentindo mais confiante em relação à matéria. — Faça com calma e atenção.

— Você parece mesmo um professor falando desse jeito. – Jeongguk riu, apoiando o cotovelo na mesa enquanto batia a lapiseira contra a bochecha devagar. Dessa vez, estávamos estudando na mesa de jantar, todos os livros e cadernos continuavam espalhados para que ele pudesse consultar a matéria sempre que precisasse.

— Talvez eu comece a dar aulas particulares. – falei. — Descobri que posso ganhar dinheiro desse jeito.

Jeongguk olhou para mim com o cenho franzido, os lábios moveram-se como se eu tivesse dito algo absurdo e ele estivesse me acusando de algo.

— Não aceito. – Ele disse, por fim.

— Não aceita o quê?

— Que você vire professor particular, oras. Esse privilégio é só meu.

— Ciumento... — Minha voz saiu meio cantarolada ao cutucar sua barriga duas vezes seguidas. Ele se moveu por conta das cócegas e fez que não com a cabeça. Entretanto, dava para ver bem em seus olhos e no jeito como mudou a postura.

— Não estou com ciúme. – defendeu-se, fingindo estar prestando atenção no exercício.

— Ah, não? – inclinei meu corpo para o lado de forma que meus lábios se posicionaram bem próximos de sua orelha. — Agora, imagine um monte de pirralhinho da sua idade no meu apartamento, querendo a minha atenção... Imagina o quanto eles vão querer ter aulas comigo, Jeongguk... Você sabe que eu sou um ótimo professor!

O garoto se esquivou e um bico pequeno surgiu em seus lábios. Ele largou a lapiseira e me olhou, os olhos diminuíram um pouco. Já eu me mantive o mais sério possível.

— Melhor não.

— Por quê? – indaguei. — Será que não tem nada pra me confessar mesmo?

— Ô, inferno. – Ele falou aborrecido. — Não sei se a palavra certa é ciúme, Jimin. Mas eu sou o seu primeiro e “único” aluno particular. – Ele realmente deixou em evidência a palavra “único”.

Deixei um sorriso escapar com aquela confissão tão inesperada. Tudo em Jeongguk naquele momento indicava que ele realmente sentia ciúme, e eu achava graça nisso.

Antes que ele ficasse ainda mais constrangido, fiz o devido silêncio necessário para ele responder a questão, mas o garoto de repente subiu o olhar pra mim e eu fui vítima de uma análise durante alguns instantes. Escutei o relógio analógico fazer barulho, seguido de um som proveniente de algum vizinho.

O rosto de Jeongguk continuou sério e eu senti vontade de beijá-lo, mas permaneci no mesmo lugar.

— Então, vai mesmo ficar me olhando desse jeito? – perguntei.

— Qual o problema? – questionou.

— Vai acabar fazendo um buraco na minha cara.

Sua risada espontânea correu pela sala inteira.

— Jimin, você é besta, sabia disso?

— Anda, responda logo essa questão, não está tão difícil. Você quer ajuda?

Jeongguk fez que não com a cabeça.

— Por que vocês terminaram, hyung? – perguntou de repente, me fazendo pensar um pouco antes de finalmente começar a responder aquela pergunta tão séria.

— Chega numa fase do relacionamento, Jeongguk, onde é necessário ter muita paciência. Muita mesmo. A gente não se identificava mais, só brigávamos o tempo todo e isso não é nada saudável. Estar com alguém precisa ser bom, precisa ser gostoso. Não há mais razão continuar junto quando só há brigas. – esclareci enquanto ele prestava o máximo de atenção em mim. — Então, conversamos e chegamos à conclusão de que era melhor cada um seguir o seu caminho e está tudo bem assim.

— Você ainda sente algo por ela? – Havia uma curiosidade evidente no tom de sua voz.

— Já fazia um tempo que eu não sentia nada, para ser sincero. Eu gostava dela, de verdade, é uma pessoa maravilhosa, só que as coisas foram mudando sem que eu me desse conta. Eu meio que tentava me apaixonar por ela todos os dias como era apaixonado no começo do relacionamento, mas acabei fracassando. De qualquer forma, não é o certo. O sentimento não pode diminuir, entende? Se isso está acontecendo, existe um problema que é melhor não ser ignorado.

Ele assentiu e voltou a encarar o exercício com seriedade. Segurou a lapiseira com firmeza antes de começar a escrever os números necessários e eu fiquei observando o seu perfil marcante, o cabelo escuro, a forma como os dentes às vezes apareciam quando ele entreabria os lábios, como precisou usar a borracha duas vezes ao perceber que estava sendo precipitado demais ao fazer uma conta que não era necessária.

Quando terminou de resolver, ele me olhou com um sorriso e olhos incertos.

Era um sorriso distinto, desta vez. Não havia malícia e sim uma franqueza bonita. Afinal, o exercício era complexo e ele conseguiu terminá-lo sem pedir ajuda.

— Acho que consegui.

— Me deixe ver. – peguei o caderno que ele tinha comprado na papelaria que eu trabalhava e encarei os números organizados nas linhas. Conferi cada detalhe e enquanto isso deixei minha mão deslizar-se em sua nuca involuntariamente. — Agora é oficial, você realmente conseguiu entender a matéria. Estou orgulhoso de você.

— Claro que sim, eu tenho um ótimo professor.

— Melhor do que esse, você jamais encontrará. – ri.

— Não encontrarei mesmo, hyung. – Então, suas mãos se descansaram em seu próprio colo após largar a lapiseira e tornou a sorrir sem mostrar os dentes. — Obrigado. – falou e eu me surpreendi com aquele tom recheado de franqueza. Era um lado dele que quase nunca estava à mostra para mim, mas quando me deparava com ele, não tinha como eu não me sentir meio tocado. — Você sabe que não me dou nada bem com matemática, então se não fosse por você, provavelmente eu iria reprovar mais uma vez, seria tão frustrante...

— Você é inteligente. Só... Tem um pequeno bloqueio com essa matéria. – falei, fechando os livros que não usaríamos mais. — Você tirará a nota máxima na prova.

— Espero que sim. – Ele começou a fechar os cadernos e livros também, empilhando-os de forma organizada, levantou-se da cadeira e levou-os para o quarto. — O que faremos caso eu passe de ano?

— Vamos comemorar, oras. – respondi.

— Posso escolher como vamos comemorar? – Ele perguntou quando voltou do quarto e arqueou uma das sobrancelhas, olhando-me veladamente quando me levantei da cadeira, os músculos se esticando de um jeito gostoso. Senti os dedos quentes de Jeongguk invadirem o interior da minha camisa, trilhando um caminho perigoso. Ele parecia distraído demais ao me tocar daquele jeito, experimentando a sensação de seus dedos em minha pele que se contraia automaticamente.

— Pode escolher o que quiser. – falei. Foi nesse momento em que ele ficou de joelhos à minha frente, subiu a barra da minha camisa e deixou que os lábios se encostassem em minha pele, logo abaixo do meu umbigo.

Jeongguk realmente sabia me deixar completamente louco.

Acredite em mim, quando se tem um vizinho que sabe como te moldar muito bem em suas mãos, a sanidade foge para o mais longe possível.

E eu gostava daquilo, daquela situação.

Gostava de sentir cada mínimo toque do meu vizinho que residia no oitavo andar.

— Hyung... É tão bom te deixar duro. – fez questão de murmurar, os dentes raspando em minha pele com naturalidade e confiança de quem sabe que está conseguindo o que quer.

Fechei os olhos, tentando digerir aquelas palavras tão insinuantes.

— Dá pra ver. – falei. — E você sabe fazer isso. Na verdade, sabe melhor do que ninguém.

Da mesma maneira que Jeongguk se aproximou para me excitar, se afastou; ligeiramente, ficando de pé outra vez. Embora seu olhar continuasse insinuante, olhando bem para o volume localizado no meio das minhas pernas, apenas sorriu.

— Ah, eu não acredito que você vai fazer isso comigo... – murmurei num tom de reclamação, ainda parado no mesmo lugar.

Eu já estava imaginando a forma como ele me chuparia, aquela boquinha que me viciava cada vez mais. Jeongguk carregava consigo muitos encantos, mas também poderia ser bem traiçoeiro quando ambicionava e visivelmente não sentia remorso.

Ele me deixaria duro como pedra e não faria absolutamente nada para me aliviar. Inacreditável!

— Sim, hyung, já estou fazendo. – esboçou um sorriso realmente satisfeito porque viu o meu semblante necessitado. Eu estava praticamente implorando com o olhar para que ele me chupasse de uma vez por todas. — Então, quer dizer que você anda dependente de mim, é? – perguntou curioso. — Porque no começo, você queria se livrar de mim. Ainda não me esqueci daquele empurrão que você me deu quando eu estava tentando me aproximar de você. – fingiu que guardava mágoa.

— Mas as coisas mudaram, Jeon... Veja por outro lado, se você não tivesse me provocado tanto, eu não estaria aqui com você agora.

— Eu sei... – Então, algo em meus olhos, provavelmente, que o fez ter vontade de se aproximar novamente. Quando estávamos perto o suficiente, segurei sua cintura, resvalando devagar a minha ereção indecente contra a sua coxa. — Hyung...

— Olha só como você me deixa... – falei baixinho, fazendo questão que ele sentisse a minha situação. — Ninguém manda me provocar tanto assim.

— É sério, hyung... – Ele falou, com um sorrisinho que com certeza queria dizer que ele teria a palavra final. — Você já prestou atenção na hora? – Só assim que direcionei o olhar para o relógio, percebendo que já passava das duas da manhã. — Eu preciso dormir agora... Está tarde e eu ainda tenho que estar bem disposto para fazer a prova. Transar com você me deixa sem forças para mais nada...

Então eu me desencostei do garoto de leve, mas permaneci com as mãos em sua cintura, firmando-o. Ele sorriu. Outra vez, era um sorriso que dispensava qualquer tipo de malícia, o tipo de sorriso que mexia comigo de um jeito que eu ainda não sabia explicar. Sem pensar muito bem, tomei seus lábios, beijando-o sem muita pressa.

Jeongguk correspondeu o beijo no mesmo momento, a língua encontrando-se com a minha enquanto eu sentia algo se esquentar no meio do meu peito.

Outra vez, começava a experimentar aquela mesma sensação tão familiar quando beijei sua nuca assim que chegamos ao ápice juntos. Suas mãos foram parar em meu pescoço, as pontas dos dedos fazendo um carinho gostoso em minha pele, onde os poros iam se arrepiando pausadamente.

Eu sabia que nada iria acontecer entre nós naquela madrugada, e para ser bem franco, não havia necessidade de acontecer porque eu percebi que algo em mim havia mudado, por mais que eu quisesse disfarçar. Para mim estava tudo bem não transar naquela madrugada, desde que o beijasse e sentisse seus toques em mim.  

Eu realmente estava me apegando ao meu vizinho do oitavo andar. E sentindo... Algo a mais do que deveria sentir.

— Hyung? – Ele perguntou quando o beijo cessou. — Me responda uma coisa. Eu sou mesmo o seu pirralho favorito, não sou?

Havia um tom inconfundível de posse em sua voz. Prendi um sorriso.

— Sim, você é definitivamente o meu pirralho favorito.

 


Notas Finais


Opa... Aparentemente algo está mudando ou será que é só impressão?


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