História O Voo da Fênix - Parte 2 - p.1

    Chocada com a cena que estava presenciando, ficou paralisada, sem reação. No quarto, viu sua mãe de cama e seu pai ao lado dela, cuidando da mesma. Quando a mulher acordou e notou a presença de sua filha na porta,foi possível sentir o medo, o desprezo e a pena que sentia da filha, apenas com o olhar que a mulher estava no momento. O homem, assim que percebeu a presença da filha, fez um gesto com as mãos para que ela se aproximasse e sentasse na cadeira ao lado dele. Auroro obedeceu, andou na direção do casal, ambos de pele clara, o homem com os olhos castanho-dourado e cabelos ruivos como pôr do Sol, a mulher de olhos violetas e cabelos negros. Eles eram um modelo de casal perfeito, respeitados por todos da vizinhança, bens de vida e tinham uma vida financeira estável. Assim que se sentou na cadeira diante dos pais, abaixou a cabeça, sentindo-se culpada pelo estado em que sua mãe se encontrava. Reinou o silêncio, os três presentes no cômodo se entreolhavam, como quem pergunta "Será que eu começo, ou você começa ?". Após um longo tempo de silêncio constrangedor, a mãe de Auroro começa a falar:

    - Auroro... - ela hesitou por um instante - Como...como você fez isso ?

    Auroro deu de ombros, balançando a cabeça negativamente e por fim respondeu que não fazia a menor ideia de como isso acontecera com ela. Os pais se entreolharam, como se duvidassem daquilo, embora fosse, de fato impossível que a filha tivesse feito aquilo com si própria. O pai se curvou para frente, na direção da filha e começou a falar:

    - Auroro...você tem noção do que essa sua mutação pode fazer com a nossa reputação ? E quando digo "nossa" me refiro a sua mãe e eu.

    Surpresa com o comentário feito pelo pai, Auroro nem se preocupou em disfarçar sua indignação. Levantou-se da cadeira batendo as garras no chão, os pais apenas a lançaram um olhar de como quem diz: "Cuidado com o piso ou ficará de castigo.", ou seja, como se estivesse tudo absolutamente normal. Auroro estava dando um chilique, como uma criança mimada, porém, este não era o caso. Houve uma discussão entre os pais e a filha, onde terminou com o pai arremessando uma maçã de cera, que tinha em uma mesa de centro, dentro de uma cesta de frutas de mentira. Assim que foi atingida pela maçã de cera, os olhos de Auroro tornaram-se vermelhos e brilhantes, como se estivessem em chamas e devido seu novo lado animal, por instinto, avançou com as garras a mostra de encontro ao homem, acabando por arranhar o braço do mesmo, na tentativa de se defender. Depois do ocorrido, quando voltou a si e Auroro percebeu o que havia feito, saiu voando, pela primeira vez, em direção ao único lugar onde sabia que ninguém a procuraria, onde teria a paz da qual começava a sentir falta.
    Assim que chegou até o porão, fechou a porta com uma certa dificuldade, já que não tinha mais mãos, então a fechou usando seu próprio peso, se jogando na direção da porta. Quando finalmente ficou sozinha pela primeira vez naquele dia, voou sobre os entulhos que guardavam no porão, até chegar em um canto onde tinha um velho sofá empoeirado e marcado pelo tempo. Aterrissou no braço esquerdo do móvel e pulou até o assento, ao lado do braço onte aterrissou, logo depois, acomodou-se num canto confortável do velho sofá e pôs-se a dormir, cobrindo-se com suas próprias penas.