Era fato, Hogwarts tinha virado a segunda casa para todos; para Harry era uma fuga dos Dursley e suas intimidações; para Rony era um alívio não ser comparado com todos seus irmãos diariamente; Malfoy ansiava por mais tempo longe de seu pai, e quanto Hermione? Ela estava feliz por estar atolada de livros e tarefas, era a mais ansiosa pelo início das aulas. Uma ansiedade diferente dos outros, Potter tinha a escola como válvula de escape, já a garota, como diários desafios.
O dormitório das meninas era um caos pela manhã. Parvati tinha perdido o seu batom da sorte e tirava todas as roupas dos gaveteiros e das malas ainda para fazer; Gina tentava deixar os cabelos cor de fogo presos em um grampo se irritava por seu feitiço não cooperar, algumas alunas no primeiro ano estavam eufóricas, pois não sabiam exatamente o lado correto da roupa protetora para lidar com as Criaturas Mágicas em seu primeiro dia. Hermione se trocou rapidamente, desistiu de arrumar o cabelo e jogou o peso dos livros nas costas, sentia falta disso.
Ela encontrou os seus melhores amigos na entrada do salão comunal da Grifinória prontos para partir.
— Então – ela disse animada – Primeira aula do primeiro dia.
Rony bocejava e Harry revirou os olhos quando respondeu:
— Snape. Começamos bem.
Ela deu os ombros e eles saíram.
Era mais um ano dividindo a aula de Snape com a casa da qual ele era coordenador. Os alunos da Grifinória já estavam acostumados com a imparcialidade do professor, muitas vezes até respirar alto demais fazia com que ele tirasse pontos.
Embora, as coisas estivessem mudado, embora os alunos estivessem amadurecendo, vendo e lidando com seus problemas de outras formas, a rixa entre essas casas era tão pessoal, e tão alimentada nas aulas com Snape que era difícil manter a pose durante muito tempo.
Snape entrou em silêncio, e só perceberam quando ele bateu a porta, sua capa preta voava enquanto ele parecia deslizar para frente da sala como um vampiro. Ele começou a explicar sobre a ementa, como funcionaria o sistema novo de notas e exames, dentre outros “blá blá blás”, somente Hermione escutava tudo como se fosse a primeira vez.
— Acho que esse ano teremos uma dinâmica de sala diferente. – Alguns alunos foram tirados de seus devaneios e começaram a prestar atenção - Está na hora de separarmos essas “panelinhas”. – Snape sorriu maliciosamente, encarando Potter e Weasley – Podemos aprender uns com os outros – Não havia sinceridade nas suas palavras. E continuou aproveitando – Vocês irão trabalhar em dupla, um aluno de cada casa – Ele contou mentalmente os presentes e sorriu por não ter que voltar atrás de sua palavra.
A sala explodiu de gritos e desavenças. Era uma absurdo! Já não bastava aturar Snape e suas injustiças, agora a Grifinória teria que encarar de frente os alunos sonserianos semanalmente.
O professor parecia se deliciar:
— Não sejam preconceituosos e intolerantes com vocês mesmo.
Os alunos começaram a falar alto e juntos de novo, se tinha uma coisa que eles concordavam, é que essa idéia não iria funcionar, e menos ainda, não tinha fundamento.
— Seboso, enlouqueceu. Como se fossemos obrigados... - Mas Harry não conseguiu ouvir Rony concluir, o barulho da sala era imenso.
— Ok – Snape suspirou e tomou fôlego – CHEGA! CALADOS! Antes de qualquer coisa, isso não foge do padrão de aula, nada mudará. E para sermos justos, faremos um sorteio.
A sala ficou muda, não saberiam dizer se isso era bom ou ruim. Ele levantou a varinha e um caldeirão transparente surgiu a sua frente com vários papéis coloridos dobrados.
— Muito bem, aqui têm os nomes dos alunos da Grifinória, um a um da Sonserina venha pegar seu par.
Os sonserianos sorriam vitoriosos, alguns já estavam levantando.
— Por que não ao contrário? – Indagou Simas, furioso – Por que a sua casa deve escolher?
— É isso aí! – Uma menina gritou atrás de Neville.
— Exatamente! E chama isso de justo?! – Outro aluno falou alto.
Snape revirou os olhos:
— Que seja!
Ele levantou sua varinha novamente e surgiu um outro caldeirão com mais papéis. Snape nem pensou duas vezes, tinha aturado aquelas crianças demais, pegou um papel de cada e sorriu quando abriu.
— Longbottom – Sua voz ecoou na sala silenciosa. O garoto parecia que ia se enfiar dentro da cadeira. – E Johanna – Os amigos de Johanna explodiram em risadas, e os de Neville deram coragem para ir se sentar ao lado de uma menina que o encarava com nojo e era o dobro de seu tamanho. Ele estava tão tenso que tropeçou na cadeira e acabou derrubando o tinteiro de Draco.
— Olha o que você fez! – O loiro gritou mostrando sua calça e pulôver manchados de tinta preta.
— Me desculpe, me desculpe – Neville murmurava e foi correndo se sentar ao lado da Johanna.
Alguns alunos sentiram-se vingados e tentaram esconder os sorrisos.
— Boa, Neville! – Harry cochichou para Rony.
E assim Snape continuou. Rony tinha caído com Pansy, o que não agradou Lilá Brown, Harry com Goyle, Simas com Crabbe, Parvati com Leonard.
— Hermione Granger.
Os alunos da Sonserina ficaram em silêncio, por bem ou mal Granger era a mais cobiçada por sua inteligência e esforço, ela levaria qualquer pessoa nas costas, escreveria quilômetros de pergaminho sozinha, só para garantir uma boa nota.
— Malfoy. – Snape concluiu e indicou com a cabeça para ela sentar-se.
A garota sentiu as pernas travarem. - Você deu sorte – Ele jogou as palavras no ar. Não indicando se o que tinha falado servia para Draco ou Mione.
— Muito bem, agora que estão apresentados, quero que abram o livro no segundo capítulo, resolvam os exercícios primeiro, depois vocês terão essa semana para buscar o material. Faremos a poção nas próximas aulas, além disso desejo que vocês...
A voz de Snape tinha sumido, Hermione conseguia ouvir sua pulsação, estava muito desconfortável, as costas doendo. Ela jogou os cabelos em frente ao rosto, escondendo-o.
— Você está me ouvindo, Granger? – Draco disse impaciente.
— Sim. - Mentiu.
— Então? – Ele quebrou o silêncio - O tinteiro? Poderia me emprestar? – Mione finalmente se virou e o encarou, ela viu suas roupas sujas de nanquim que já estavam quase secas, apenas acenou com a cabeça concordando – Obrigado – Malfoy molhou a pena, com medo da garota mudar de idéia.
Foi uma aula tediosa, o único barulho eram as penas raspando nos pergaminhos, os alunos estavam rígidos, não ousavam olhar para o lado.
Quando o primeiro horário havia terminado todos pularam de suas cadeiras, querendo sair logo daquele recinto e ir de encontro aos amigos, poder ter a liberdade de falar e discutir o quão insano Snape era de um alívio tremendo.
Draco tampou delicadamente o tinteiro, agradeceu a garota novamente e saiu.
Estava tudo muito estranho.
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