História Obrigada, Mãe - Capítulo Único

As malas já estão feitas há algumas semanas, possivelmente, desde do dia em que recebi a minha carta de admissão na Universidade de Oxford, comprovando os longos e difíceis anos de trabalho árduo.

Depois de tanto choro, de tanta alegria, das noites mal dormidas, das provas e dos trabalhos que passaram pelas minhas mãos e que me deixaram com os nervos em franja. Finalmente, vou correr atrás do meu verdadeiro sonho, ser médica como a minha mãe, Sakura.

Por falar nela, assim que lhe dei a notícia de que tinha sido admitida, ficou muito feliz, ao mesmo tempo, sabia que o mundo dela tinha acabado de cair a seus pés. Iria morar noutro país, longe dela e sem puder vê-la todos os dias como era o normal. Iria sentir muita falta de todos, mas da minha mãe, nem se falava.

Eu sei que ela está orgulhosa de mim, mesmo assim não me quero ir embora sem lhe dizer tudo o que sinto. Preciso que saiba o quão importante é para mim e o quanto eu gosto dela. Embora não seja tão expressiva como ela, sou mais reservada, nisso saio ao meu pai, Sasuke.

Daí o propósito desta carta que lhe vou escrever. Quero que esta carta seja uma pequena recordação minha para quando a minha mãe sentir a minha falta, a ler e conseguir suportar a distância.

Mesmo estando determinada a escrever-lhe, o meu corpo não me obedece. Olho para a folha de papel em branco e para a caneta que está ao seu lado, mas não consigo sequer mexer um dedo de tão nervosa que estou. Vou deixar-me de rodeios e começar a redigir esta carta.

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Mãe,

Não sei como vou conseguir escrever-te esta carta com tantas emoções à flor da pele, mas escrevo-ta para que saibas o que sinto. Conheces-me bem para saberes que eu não sou muito boa a verbalizar os meus sentimentos e as minhas emoções. Portanto, vou esforçar-me ao máximo na redacção desta carta para que não fique nada por dizer.

Mãe... Uma palavra tão pequena para definir uma pessoa tão importante na minha vida como tu! Tu, o pai e o tio Naruto são as pessoas mais importantes da minha vida, embora não o diga em voz alta e a toda a hora. Nisso, não posso negar que sou filha do icebergue ambulante, Sasuke Uchiha, apesar dele se derreter comigo e com o tio.

Enfim, não estou aqui para falar deles, mas sim da minha relação contigo, mãe.

Desde pequenos que pensamos que os pais são seres perfeitos, os nossos heróis e que são incapazes de cometer erros. São os nossos exemplos de pessoas perfeitas. Ao longo do nosso crescimento, vamos nos apercebendo que afinal, errar é o humano, que vocês são humanos, que têm defeitos e qualidades como todos outros e que aprendem a consertá-los e a viver com o impossível.

Eu não sou como as outras crianças que ficam magoadas ou mesmo chateadas por causa destas descobertas, porque entendo que as coisas são mesmo assim e há que encará-las como tal. Desde muito cedo que tu e o pai não são um casal, que nunca o foram, mas que são grandes e bons amigos.

Lembro-me quando me contaste que o pai gostava de outra pessoa, mas que queria ter um filho de sangue e que te pediu para que fosses tu, pois tanto ele como o tio, tinham muita confiança em ti tal como tu tens neles. A partir daí, percebi que a minha família era um pouco diferente das dos outros meninos, mas não me importava. Sabes porquê? Porque era mais amada que eles todos e que tinha uma mente mais aberta que toda a gente da minha escola.

Ouvia-os a dizer que o meu pai e o meu tio eram aberrações, que tu eras uma pobre coitada que vivia apaixonada pelo meu pai, que ninguém iria querer ter uma relação contigo. Tu provaste o contrário! Educaste-me com base na humildade, na honestidade e no amor ao próximo.

Provaste que eras uma mulher independente, dona de si própria e com um coração de ouro, maior que o mundo inteiro. Ensinaste-me a ser uma menina responsável, determinada e corajosa.

Mostraste a toda a gente como és corajosa e uma excelente médica. Ensinaste-me a não desistir dos meus sonhos e a correr atrás deles, sem olhar para trás.

Agora geres um hospital inteiro, sem medos e sem problemas, mostraste mais uma vez que não desistes de nada, nem mesmo do amor. Hoje tens uma pessoa espectacular ao teu lado, quase um terceiro pai para mim. Simon veio trazer cor e luz às nossas vidas e fazer-te feliz como és agora.

Ensinaste-me que a vida pode ser uma meretriz, mas se mostrarmos a nossa garra, a nossa força e ainda nos esforçarmos o dobro, ou triplo, seremos nós contra ela. Mostraste-me o que é ser feliz, ser amada e, principalmente, aceitar os outros tal como eles são.

Nunca tiveste um pingo de indelicadeza com o meu pai e com o meu tio, aceitaste aquilo que mais ninguém aceitou, o grande amor dos dois. Foste apaixonada pelo meu pai que eu sei, mas libertaste esse amor no momento em que testemunhaste o deles.

Quero que saibas que me sinto uma sortuda por ter uma mãe como tu e que vou ter muitas saudades tuas. Mãe, vou ser feliz e perseguir o meu sonho.

Mãe, está na altura de me deixares voar! Mãe, está na altura de seres eternamente feliz com Simon e fazeres a tal viagem que falámos.

Mãe, eu amo-te mais do que tudo!

Mãe, vou estar sempre aqui para ti.

Mãe, és o meu maior tesouro!

E agora que já sabes o que eu sinto, vou me embora feliz e com a lágrima ao canto do olho para que um dia possa ser uma médica tão boa como tu. Um dia, quando tiver filhos, irei contar a cada pedacinho da nossa história para que saibam a avó maravilhosa que têm.

Ah já me esquecia, cuida bem de ti e dá um olhinho pelo pai por mim. Pedi ao tio a mesma coisa, mas o pai tem-te mais respeito. Espero que me ligues todos os dias a contar-me o que se vai passando aqui.

Aqui me despeço de ti! Vou me embora, mas vou feliz por te ter na minha vida...

Beijos, Mãe guerreira!