História Obsessão - Cave of The Demons

“A maior arma que alguém pode usar contra nós, é nossa própria mente. Aproveitando-se de dúvidas e incertezas que ali se escondem. Somos verdadeiros com nós mesmos? Ou vivemos pela expectativa de terceiros ? E se formos acessíveis e sinceros, poderemos algum dia ser realmente amados? Poderemos encontrar coragem para liberar nossos segredos mais ocultos? Ou no final, somos todos incompreensíveis até para nós mesmos?”

Nenhum assassino engrandece sozinho, você precisa usar as pessoas, fingir sentimentos, um típico psicopata para conseguir o que quer, mas o pior, é quando você deixa de ser um, e ter sentimentos reais. No meu caso, odiei quem deveria amar e amei quem eu deveria odiar. E é claro, isso não acabou bem.

Alguns anos antes...

-Hey menina, está perdida? -Perguntou a garota que eu tinha acabado de se esbarrar.

Olhei para ela, insegura, mas ela não parecia uma ameaça.

-Como percebeu? -Perguntei.

-Você está em frente a um condomínio de luxo, num bairro nobre e está descabelada e com uma blusa manchada. -Disse me observando. -Eu sou Soila, você precisa de ajuda?

Soila ao contrário de mim, parecia se encaixar bem no lugar. Ela tinha cabelos longos, lisos e escuros, com aquelas franjas na testa que eu nunca usaria, mas nela até que ficava legal. Também tinha olhos escuros e pele clara como a minha, isso sem falar na roupa impecável dela. Eu deveria parecer uma mendiga... Mas não era culpa minha. É impossível sair da cadeia usando channel e salto Louboutin.

-Precisaria, se soubesse aonde estou indo. -Respondi. -Sou Katherine Jones.

A garota me olhou divertida e eu percebi meu primeiro erro. Falar meu sobrenome, merda! Parece que seis anos fora da civilização me fizeram idiota.

-Que tal a gente tomar um café? -Sorriu a mesma. -E ai, eu posso te ajudar a se encontrar.

O que eu iria fazer? Estava perdida mesmo. Melhor sentar e comer com uma estranha do que morrer de fome.
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Soila foi bem amigável comigo. Era de fato bizarro que uma desconhecida fosse o mais próximo que estava tendo de uma amiga. Estava tudo bem, com Soila falando sobre a cidade, mesmo que mexendo no celular ocasionalmente, até que ela suspirou e disse:

-Sua vez. -Falou. -Como saiu do reformatório? -Olhei espantada para a mesma que sorriu. -Olhei o seu nome no google. Primeira regra de fugitivos, nunca fale seu nome completo. Ou então, mude de nome. Não se preocupe não vou te entregar...Na verdade, acho que sei quem pode te ajudar.
Continuei olhando desconfiada, então ela sorriu e tirou o bracelete do pulso que estava escondendo uma tatuagem de adaga e as iniciais C.D. Olhei novamente para ela e sorri.

-Acho que seremos grandes amigas, Soila. -A olhei maliciosamente.

-Tenho certeza disso Kate.
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Qualquer pessoa com conhecimentos de crimes ou que tinha passado um bom tempo na prisão...Okey, reformatório. Mas da no mesmo! Bem, como ia dizendo, seja de qual grupo você for, com certeza já ouviu falar da Cave of The Demons, a maior organização de assassinos de Gothan, costumeiramente representada por uma adaga. E eu estava indo conhecer o chefe da organização.

-Você vai gostar do Andrew, Kate. -Assegurou Soila antes de entrar numa sala e ficar mais de meia hora. Quando ela saiu parecia bem... alegre. Opa! Alguém tinha um caso com o chefe.

-Ele quer te ver. -Avisou.

-Não vai comigo? -Perguntei, me levantando.

-Não, ele quer te conhecer sozinha. -Ela sorriu pra mim. -Não se preocupe.

Dei um sorriso para ela e entrei no escritório. Quando olhei para o homem sentado na cadeira, franzi a testa.

-Você não é muito novo para ser um Corleone? -Soltei.

O homem riu e me indicou a cadeira a frente dele. Não tinha mais de vinte e dois anos, com certeza. E, espero que Soila não leia pensamentos, que gato! Tinha pele clarinha, que destacava seus cabelos e olhos escuros, era alto, magro mas bem definido e um sorriso que... Meu Deus.

-Meu pai era o chefe. -Respondeu ele. -Ele morreu -Disse sem parecer se importar.

-Devo sentir muito, Corleone? -Perguntei.

Ele deu ombros e sorriu.

-Matei ele para assumir a liderança.  -Falou.

-Amador? -Resmunguei sorrindo.

-Ah, a senhorita entende muito de patricídio, não? -Perguntou. -Quando tinha dez anos, se não me engano.

-Entendo. -Disse me encarando. -Como fugiu do reformatório Kate? -Perguntou curioso.

-Foi fácil. Primeiro seduzi o guarda, depois convenci ele a me levar num lugar mais reservado para brincarmos um pouco, matei ele o resto você pode seduzir, Corleone.

-Bem, Kate contratar você não seria um ato muito espero... Você só tem dezesseis anos e seis passou no reformatório. Não diria que você é experimente. Exatamente algo que meu pai recusaria. -Começou ele, e eu já me preparei mentalmente para sair da estaca zero. -Acontece que não sou meu pai. Você parece ter potencial e não me custaria nada te dar uma chance. Você terá seu primeiro trabalho, mas se me decepcionar... Você morre. Sabe, é o jeito de protegermos as informações... Nada pessoal.

Sorri aliviada e então me apressei a dizer:

-Não vai se decepcionar, Corleone.

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Estava na casa de Soila, que se voluntariou para ser minha parceira no primeiro trabalho. A residência dela, assim como eu imaginava, era muito chique. No momento, ela estava me fazendo experimentar várias de suas roupas.

-Não entendo o objetivo disso. -Resmunguei, vestindo a sétima blusa que ela havia me jogado.

-Kate, vou lhe ensinar algo que você já deve ter percebido, considerando a sua fuga. -Falou Soila me examinando. -Gostei dessa, você vai usar. Como ia dizendo, nossa vítima é um homem. E homens fazem coisas idiotas quando veem um par de peitos... Ou dois, no caso. Por isso, quanto melhor vestidas estivermos, mais fácil vai ser de matar o cretino.

Revirei os olhos, mas entendo seu ponto de vista. Era o mesmo que usei para fugir do reformatório e funcionou. Olhei para o espelho a blusa preta, justa e com um decote enorme. Soila me jogou um short curto e eu ri.

-Espero que não tenhamos que fazer um ménage. -Resmunguei.

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A  música tocava alta, Soila sorriu para mim. Ela já estava ''trabalhando'' na boate a algum tempo, como essa missão já era dela, então conseguiu um emprego para mim de barwoman num piscar de olhos. O trabalho dela? Stripper.

-Tenho que ir, está na minha hora. -Avisou. -Boa sorte Kate.

Ela saiu e entrou numa sala, enquanto eu voltava a servir os clientes. Depois de meia hora, Soila e outras mulheres subiram no palco e a musica mudou, enquanto elas dançavam de forma sexy e começavam o show. Um homem sentou-se no bar e outro barman olhou pra mim.

-É o dono. -Avisou e piscou para mim. -Deixa, eu o atendo.

Sorri, mas descartei a ajuda.

-Pode deixar, eu me viro.

Fui em direção ao homem e sorri.

-O que vai ser? -Perguntei e o homem tirou os olhos do show e focou em mim sem nem disfarçar. Acho que ele decidiu que eu era melhor que o show, porque sorriu e se virou completamente para mim.

Fez seu pedido sem tirar os olhos do meu decote, voltei com a sua bebida e já ia atender outro cliente, foi quando ele me puxou pelo braço.

-Você é a nova barwoman?

-Sim senhor, fui contratada hoje. -Respondi. -Ele não soltou meu braço mas começou a fazer movimentos circulares nele com o dedo. Sorri e me inclinei para ele no balcão, fazendo o olhar dele voltar para meu decote. Sou Charlotte Benson. Espero que esteja o agradando.

-Com toda certeza. -Respondeu sorrindo malicioso.

Meu sorriso aumentou, enquanto eu lançava um olhar discreto para Soila que acompanhava a cena enquanto se apresentava. Essa missão iria ser fácil. Noah Parker já estava morto, e nem sabia disso.

                 Dias atuais...

'' Nem sempre o que você procura é aquilo que você encontra, muitas vezes você pode se decepcionar ao chegar no fim da linha, mas pode ser até mesmo muito melhor, mais sangrento, e mais excitante. ''

Como eu queria voltar no passado apenas para dizer a Katherine tudo o que aconteceria, o quanto ela falharia. Ela teria vergonha do que me tornei agora. Soila ficaria animada ao ver o quão forte me tornei, e Andrews...Bem, este ficaria altamente decepcionado. Você deve se perguntar porque a minha obsessão pelo Coringa é tão forte, pois bem... Ele foi minha última missão na Cave Of The Demons, a primeira no qual eu falhei. Por isso a fascinação. Como alguém pode ser tão forte a ponto de me fazer perder tudo? Eu era doente por achar isso impressionante e excitante.

-Eu soube que você anda me procurando. -Diz ele me analisando, enquanto eu estava deitada naquela maca.

-Como me encontrou? -Pergunto sorrindo maliciosamente.

-Você queria ser encontrada amor. -Fala enquanto pega um de seus brinquedinhos na prateleira.

-O que você vai fazer comigo? -Pergunto. -Vai me matar?

-Eu não vou te matar. Só vou te machucar muito, muito mesmo.

-Vai em frente Mr J. -Digo. -Dê o seu melhor, faça de mim seu novo brinquedinho.

Qualquer dor que ele fosse me dar, não seria maior do que a psicológica que ele me causou. Tive que fugir da C.D, deixar as únicas pessoas que eu amava. Mas Coringa... Tem uma coisinha que você não sabe sobre mim. Eu nunca desisto e os três passos que eu iria seguir agora seriam infalíveis, conquistar sua confiança, seduzir e matar.

Ele pegou uma arma de choque e colocou uma em cada lado da minha cabeça e deu uma gargalhada alta.

-Aproveite querida. -Disse e colocou aquilo na minha cabeça.

A dor estava sendo insuportável, terrível, mas de alguma forma estava sendo muito excitante, o cheiro de carne queimada, estava mais significando o cheiro de vitória.