História Obsessão - Prólogo

PRÓLOGO

Era o começo do inverno, não seria uma boa hora para mudança, mas eu já havia adiado a viagem o bastante para retardar novamente.

A cidade estava cheia, o clima bem frio, mas isso não impedia as pessoas de saírem de casa durante a baixa temperatura, pelo contrário, crianças brincavam no Central Park, adultos passeavam admirando a neve que se acumulava cada vez mais no chão frio, pessoas corriam para todo lado, como quem recebesse uma critica em tom de reprovação caso não andassem às pressas.

O táxi estacionou e o motorista resmungou alguma coisa.

-Pode me ajudar com as malas? –perguntei sorrindo, ele me olhou rindo bem irônico e destravou o porta-malas se aconchegando no banco do carro- Não vai me ajudar? – perguntei em um tom no qual o repreendi, demonstrando incredulidade-

-Bem vinda a Manhattan garota! –ele riu e religou o carro- Estou ligando o taxímetro!

Desci do automóvel entregando alguns dólares para ele.

-Pode ficar com o troco! –fiz uma pausa- Garoto.. –retruquei em deboche e peguei as malas no carro-

Me hospedei em um pequeno hotel 4 estrelas enquanto acabavam de preparar meu apartamento, tomei um banho para relaxar e decidi sair um pouco, ouvi dizer que sexta-feira à noite em Manhattan as portas de boates se abriam, e não havia quem ficasse em casa parado, me arrumei e fui até a recepção, onde me informaram sobre as casas noturnas da cidade.

***

As luzes piscavam na medida que a banda tocava suas músicas, as pessoas pareciam apreciar tudo com voracidade aqui, o copo vermelho mal era enchido e logo já esvaziado. A energia positiva que transmitiam e transpassavam entre si, me excitava, mexia com cada músculo e estimulo do meu corpo, me levando diretamente ao bar, me obrigando a fazer o que faziam de melhor: esvaziar copos vermelhos com avidez.

Após tomar o terceiro drink e me punir quebrando meu melhor salto, decidi voltar para o hotel tendo em mente que, não me lembraria da noite de hoje e me julgando por isso. Enquanto pensava na besteira que teria feito, eu apreciava o movimento que provavelmente, jamais acabaria na cidade. Manhattan com certeza é a cidade que nunca dorme!

Estava atravessando a última rua para chegar em meu destino quando ouvi alguns soluços atrás de mim, certamente me virei, era uma garota, ela teria mais ou menos minha idade, estava sentada abraçando suas pernas nuas, as protegendo do frio, me aproximei.

-Está tudo bem? –me agachei a seu lado, ela me olhou franzindo o cenho- você precisa de ajuda?

-Não há nada que possa fazer. Só não tenha pena de mim, estou assim por opção minha.

-E me diz quem fica jogada na rua assim, passando frio por opção. –Ela me olhou, e se levantou começando a andar- você não quer realmente me convencer de que está aqui por opção né!? –seu silêncio estava ficando constrangedor– Tudo bem... – comecei a acompanhar seus passos- precisa de um lugar pra ficar? Posso te ajudar com isso. –Ela parou de andar e me olhou-

-E você vai me ajudar como? Não me conhece, está mais bêbada que eu, parece ser filhinha de papai que tem tudo em mãos, e não está certa se sou ou não, alguém de confiança.

-É.. pode até ser uma psicopata que vai me matar a qualquer momento, mas algo em você me fez querer ajudar. Ah.. só mais uma coisa, não tem como ser filhinha de papai quando se é órfã. Tenha uma boa noite.

***

O vento soprava na janela durante a madrugada, o que me fez ter insônia, isso refletia em pensamentos obscuros, lembranças de meus pais, e tudo de ruim que a vida me proporcionou até hoje. Ouvi chegar uma notificação no meu celular, algo que serviu para interromper meus pensamentos. Era uma mensagem de número desconhecido.

“Deveria fechar a janela para dormir melhor, a viagem foi longa e você precisa de descanso...

Alias, fica ótima com esse conjunto vermelho.

Tenha uma boa noite minha pequena.

XOXO

D.”