História Obsessão - Emilly

Eu voltei para o hotel, Dean mandou mensagem dizendo que me ligaria ou mandaria noticias, já faz um mês, já faz um mês que ele se foi e eu não consigo pensar em mais nada, as minhas matéria da faculdade estão acumuladas, esse quarto de hotel está uma bagunça, eu não voltei mais pra casa, só peguei minhas roupas e vi que Dean havia ido embora e levado suas coisas também.. o filme que passava na televisão não me importava, nada me importava mais, eu queria ele aqui, e queria agora, a vontade que sentia dele, o desejo... é impossível suportar, mas a vida segue, e Dean com toda certeza seguiu com a dele, e isso dói muito, mas vou ter que seguir com a minha também, então fazendo do meu jeito, me vesti e fui para uma boate...

As luzes piscavam na medida que a banda tocava suas músicas, as pessoas pareciam apreciar tudo com voracidade aqui, o copo vermelho mal era enchido e logo já esvaziado. A energia positiva que transmitiam e transpassavam entre si, me excitava, mexia com cada músculo e estimulo do meu corpo, me levando diretamente ao bar, me obrigando a fazer o que faziam de melhor: esvaziar copos vermelhos com avidez.

Após tomar o terceiro drink e me punir quebrando meu melhor salto, decidi voltar para o hotel tendo em mente que, não me lembraria da noite de hoje e me julgando por isso. Enquanto pensava na besteira que teria feito, eu apreciava o movimento que provavelmente, jamais acabaria na cidade. Manhattan com certeza é a cidade que nunca dorme!

Estava atravessando a última rua para chegar em meu destino quando ouvi alguns soluços atrás de mim, certamente me virei, era uma garota, ela teria mais ou menos minha idade, estava sentada abraçando suas pernas nuas, as protegendo do frio, me aproximei.

-Está tudo bem? –me agachei a seu lado, ela me olhou franzindo o cenho- você precisa de ajuda?

-Não há nada que possa fazer. Só não tenha pena de mim, estou assim por opção minha.

-E me diz quem fica jogada na rua assim, passando frio por opção. –Ela me olhou, e se levantou começando a andar- você não quer realmente me convencer de que está aqui por opção né!? –seu silêncio estava ficando constrangedor– Tudo bem... – comecei a acompanhar seus passos- precisa de um lugar pra ficar? Posso te ajudar com isso. –Ela parou de andar e me olhou-

-E você vai me ajudar como? Não me conhece, está mais bêbada que eu, parece ser filhinha de papai que tem tudo em mãos, e não está certa se sou ou não, alguém de confiança.

-É.. pode até ser uma psicopata que vai me matar a qualquer momento, mas algo em você me fez querer ajudar. Ah.. só mais uma coisa, não tem como ser filhinha de papai quando se é órfã. Tenha uma boa noite. –eu segui em frente ultrapassando seus passos-

-Espere! Eu fui uma grossa, me desculpe, me chamo Emilly... –ela sorriu de lado e eu assenti...

-É um prazer Emilly... meu nome é Leslie...

-Se o teto pra dormir essa noite ainda estiver valendo, eu aceito...

É óbvio que eu não iria negar, fomos andando até chegar no hotel, ela estranhou por eu estar ficando lá, mas expliquei a situação, é claro que não disse a verdade, mas disse o que ela podia saber...

-É só por esta noite, eu vou arrumar um emprego amanhã e alugar um apartamento se possível... –eu comecei a rir discretamente enquanto me despia ficando de peças íntimas e pegava minha toalha-

-Se a vida fosse fácil assim... –ela sorriu enquanto me olhava, Emilly estava olhando meu corpo- pode pegar uma toalha no armário, eu não vou demorar no banho... –eu disse sendo seca, tentando quebrar o clima que ela achava que estava rolando ali...

-Obrigada... eu devo ter algum dinheiro no bolso, tem uma pizzaria vinte e quatro horas ali na esquina, vou pedir uma pra gente...

-Eu assenti fraco, tudo bem, mas deixe que eu pago.... faz o seguinte, vai banhar, eu ligo e peço a pizza, depois eu tomo um banho...

Ela sorriu em agradecimento e foi até o banheiro. Após pedir a pizza fiquei olhando à vista de Manhattan pela janela do quarto, as luzes da cidade, o movimento do carro... a chuva que começava a cair.... isso me lembrava o Dean, estava um clima perfeito para ficarmos juntos, eu estava sorrindo boba no momento, pensando nele e sorrindo, lembrando de todas as coisas boas que nós já passamos e...

-Pequena Leslie!! – eu me virei com avidez, era apenas Emilly, a olhei com estranheza, ela dispersou meus pensamentos... parecia estar me chamando à um tempo-

-Me desculpe, o que disse? –eu fui totalmente grossa e altruísta, ela se afastou um pouco-

-Nada... eu só te chamei... algum problema? –ela permanecia com a expressão assustada-

-Olha... desculpa tá bom... é só o estresse... vou tomar meu banho...

A medida que a água quente escorria sobre meu corpo, uma lágrima vinha junto... a dor no peito aumentava, e a saudade corroía cada órgão do meu corpo, eu já não tinha mais forças para continuar, todo dia eu me levanto pensando em como teria sido se eu tivesse desobedecido e tivesse o ajudado, feito qualquer coisa, menos o deixado ali, juro que eu me arrependo a cada dia e que...

-Leslie... está tudo bem? –Emilly invadiu o banheiro e começou a me olhar, eu me irritei-

-Emilly! Esta é a minha privacidade, e eu estou tomando banho, agora saia daqui, a pizza deve estar pra chegar, vai escolher um filme, eu já estou saindo e...

-Esse é o problema Leslie, você não sai daí... –eu franzi o cenho-

-Do que está falando? Me deixe terminar meu banho em paz Emilly...

-Mas Les.... você já está aqui a uma hora...

-Você já está aqui a uma hora...

-Você já está aqui a uma hora...

-Você já está aqui a uma hora...

-Você já está aqui a uma hora...

-Você já está aqui a uma hora...

Varias vozes repetiam isso para mim, mas apenas Emilly estava aqui...

-Leslie... está tudo bem? –Ela se aproximava de mim-

-Leslie... está tudo bem?

-Leslie... está tudo bem?

-Leslie... está tudo bem?

-Leslie... está tudo bem?

-Leslie... está tudo bem?

Eu me senti zonza e tudo começou a rodar, minhas pernas perderam as forças e varias pessoas ensanguentadas apareceram em minha frente, inclusive o padre Bill...

-Nos ajude, ele nos matou...

-Nos ajude, ele nos matou...

-Nos ajude, ele nos matou...

-Nos ajude, ele nos matou...

-Nos ajude, ele nos matou...

SAIAM DA MINHA CABEÇA, AGORAAAAA!