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História Obsessão Fraterna - Sentimentos negados


Escrita por: Kalynna-Zoel

Notas do Autor


Olá, people!
É com muito prazer que venho compartilhar a minha primeira fic.
E também agradecer à minha mais nova amiga, Alice Calegari (xEuphie), que carinhosamente betou para mim.. - sou um fracasso nisso rs
Enfim, também peço desculpas por qualquer coisa, minha intenção é agradar a todos aqui.
Sobre a foto em questão, não sei de quem é, então os devidos créditos para este ^-^
O que tiver em asterisco, explicarei nas notas finais ^-^
Boa leitura!!

Capítulo 1 - Sentimentos negados


Fanfic / Fanfiction Obsessão Fraterna - Sentimentos negados

Kanon e Saga Dídymoi, moram na Grécia, dois gêmeos exatamente iguais, tal qual era assustador quando se olhava para um deles sem saber quem seria corretamente.

Homens de boa educação e bela aparência, eram admirados por serem extremantes bondosos, contudo havia quem dissesse que os gêmeos mentissem sua índole, somente para manter um status para o povo grego. Adoravam viajar para conhecer lugares, e soberbamente, para seus egos inflarem de satisfação. Adoravam conhecer todas as cozinhas do mundo; onde seus bolsos pudessem levar, eles iam.

E viajaram para Itália, para conhecer os melhores restaurantes e os seus melhores pratos oferecidos na grande Roma. E conheceram em Bologna, umas das belas cidades, pratos exuberantes no restaurante Pappagallo, o mais famoso da cidade com seu cardápio tradicional da culinária Italiana, a famosa Bolonhesa, prato tão típico quanto os anos que acarretavam o restaurante – eram cem anos de mesa em uma bela demonstração de criatividade ao montar os pratos. Isso encheu os gêmeos de admiração, e não somente eles, o restaurante também era conhecido por receber celebridades do mundo inteiro. Porém, não era toda vez que recebia pessoas de tamanha semelhança, e Kanon, ao se perceber sendo observado, leu os lábios do garçom, quando ele comentava com o gerente:

– Vê? Nunca em minha estadia recebi homens tão perfeitos! – O gerente se fez de surpreendido, eles realmente chamavam a atenção de todos! Até mesmo das casadas acompanhadas que, furtivamente, olharam de soslaio quando eles se sentaram nas pequenas mesas redondas, com toalhas de um tecido sedoso de um branco puríssimo, porém simples como um guardanapo.

Os gêmeos olharam o ambiente com diversos quadros de pessoas famosas e amigos, havia um grupo musical local, com canções do Luciano Pavarotti. Kanon olhou para trás de si e viu bancadas, tipo como de um bar, porém, não tinha cadeiras. Havia em cima centenas de mini garrafinhas e abajures antigos, dando-lhe um toque anos 80, devido o formato delas. E em cima deles, construções rústicas, os portais de entradas todos eram arredondados e tinham como chamar a atenção de todos que passassem, eram os cristais de vidro no formato com a junção da engenharia. Era, sim, um lugar requintado, admitiam. Logo foram servidos e degustaram sua bebida, nada muito mais sofisticado que um bom vinho Barolo Superiore*, de Piemonte. Na tipicidade de um bom conhecedor de vinhos como Kanon, ele sorriu para si.

Saga, o mais velho, auspicioso em tudo, ouvia o irmão conversar sobre suas genialidades e ampliações futurísticas do seu restaurante, sobre como estava disposto a levar iguarias refinadas para seu ambiente e mostrar um pouco do mundo para os gregos. Saga sorria levemente e se divertia ao observar a tamanha empolgação do irmão, não demonstrava medo, e isso era o bastante para continuarem juntos. Os dois eram sócios de um restaurante na Grécia, e enquanto um comandava a cozinha, como chefe; o outro gerenciava a entrada dos convivas e amigos e sugeria os mais variáveis pratos. Sempre, os mais chegados os visitavam, dando-lhe conforto e otimismo, então eles sempre se empenhavam a dar o melhor de si. Viajavam mundo afora para levar o melhor dos restaurantes para todos os seus. Isso era como um lenitivo para qualquer problema que pudessem vir a ter. Então, Saga falou:

– O que acha de irmos para Londres? – Colocando os cotovelos sobre a mesa fechou as mãos, propondo-o.

– É uma ótima ideia. – Kanon levantou a taça a pedir mais um pouco de vinho. – Quando seria?

– Bom, você é o chef, diga você. – E pegando a garrafa, serviu-o delicadamente. O outro sorriu agradecendo.

– Que tal amanhã? – Sugeriu. – Acho bom.

– Hum... – Saga deu um generoso gole em seu vinho. – Você precisa conversar com os chefes desta cozinha, quando fará isso? – Perguntou curioso.

– Está tudo certo, depois deste almoço, falei com o gerente e aceitou conversar conosco.

– Quando fez isso? – Saga quis saber, não se recordava do momento.

– Enquanto você se banhava, aproveitei o momento, por isso te trouxe aqui.

– Interessante – Saga disse, e por ter observado o ambiente, emendou: – admito, o lugar é bem reconfortante, um tanto familiar, por assim dizer.

– Mas é disto que precisamos! – Saga moveu a cabeça o questionando um pouco, desatento talves por não entender, ao que seu gêmeo explicou: – eu quero isso para o nosso restaurante, família!

– Ele já é irmão. Eu me admiro em vê-lo assim, empolgado e confiante em levar todas as sabedorias de outros lares para o nosso, mas a pergunta é: isso é para os gregos, ou para manter seu ego acima deles? Eu me faço essa pergunta.

– Não deveria irmão... – Kanon o olhou apreensivo. Odiava esse tipo de assunto em momentos da refeição e ate mesmo no trabalho, continuou a comer.

Saga quis continuar, abandonou os talheres e inspirou fundo ao dizer:

– Então, diga-me. Por que você quer tanto apresentar o melhor, se já o somos para nossos amigos bons? Eu já até ouvi dizer que perdemos aquela virtude de sermos humildes.

Kanon continuou comendo, ignorando as admoestações, fingindo não o ouvir.

– Foi que pensei. – Voltou a pegar os seus talheres, começando a comer.

– O que pensou irmão? – Kanon falou desta vez, interrogativo. – Acho que não devemos nos preocupar com o que eles falam sobre nós. Eu, por exemplo, não me importo com que andam dizendo, e digo a você para fazer o mesmo. - Suspirou tranquilo - Isso pode nos levar a caminhos pelos quais não quero parar de comer essa Bolonhesa que tanto está divina, você não acha mesmo, Saga?

Por um momento pensou em não rebater aquele tom de desdém, mas se viu surpreendido novamente como Kanon, estava mudado em relação a tudo, principalmente às pessoas, então disse:

– É incrível você falar assim, não deveria me surpreender, mas acontece que não penso muito igual a você.

E os dois gêmeos ficaram a se encarar por alguns breves segundos, quem os olhava nem imaginava que, naquela mesa, havia uma pequena discussão. Então Kanon se levantou abruptamente, dizendo que ia falar com o chef de cozinha. Saga apenas o seguiu com os olhos, com aqueles olhos que Kanon odiava ter que encarar sabendo ele estar sendo reprovado pela sua eterna paixão.

Saga pediu mais vinho, e uma garrafa para levar, tinha intenções para isso. E pediu também a conta. Enquanto ao longe via Kanon se expressar, digno como ele, sobre um orgulho jamais ferido, e sobre uma humildade que ele sabia não existir mais. Então, em sua mesa, dois garçons chegaram e trouxeram o seu pedido e o valor das refeições, e Kanon chegou logo atrás trazendo o chef principal da cozinha para o seu irmão gêmeo conhecer. Discretamente, Saga pegou a garrafa de vinho e pôs dentro de uma pequena sacola que o garçom oferecera.

– Saga, esse é Antonino Cannavacciulo. Já esta aqui há mais de seis anos, e disse-me que está muito contente em nos deixar levar a receita e aprimorar o seu tempero.

E Saga se pôs de pé a cumprimentá-lo, os dois eram ótimos poliglotas e o italiano era uma de suas línguas mais queridas a falar. Pegando a receita, se retiraram, recebendo todos os cumprimentos dos demais funcionários e do dono que chegou logo em seguida para conhecer os dois gêmeos idênticos, e eles explicaram que muitas vezes pediam aos chefes suas receitas e davam os créditos por isso. Mesmo quando Kanon, com suas ideias geniais, sempre aprimorava os pratos, então logo os renomados pratos eram conhecidos pela modificação e pelo verdadeiro autor culinário. Kanon era bom no que fazia, e Saga se orgulhava disso. Não eram famosos, mas suas afeições eram, sim, melhor formosura que qualquer estrela de cinema.

Indo para o carro, nenhuma palavra foi dita. Saga não era o dono do carro, uma Toyota branca quatro portas. Porém, passou a dirigir com mais frequência. Kanon passou a ficar no banco do carona, não que fosse pelo gostar, mas pela falta de confiança em si. Certa vez, um acidente quase o levou para o outro mundo; perdeu a direção e capotou com o carro várias vezes. Quando Saga descobriu o que tinha ocorrido, temeu pelo pior, pois até os noticiários estavam relatando o incidente na marginal dos mirantes, uma rodovia sinuosa e cheia de perigos. Desde esse acidente, Kanon não dirigia. Sempre alguém estava a dirigir por ele, inclusive seu irmão selecionava quem iria sair com ele. Estavam à uma hora do seu local residencial.

Chegando ao Hotel Palazzo Viceconte, em Abruzzos, centro da Itália, Kanon foi direto para o computador, e Saga para o quarto tentar esquecer o almoço. Este se tornou um pouco fatídico e isso fez seu corpo esquentar, então tirou a roupa um tanto comum que vestia; uma calça caqui preta com uma camisa de mangas longas e um blazer azul a combinar com a cor da camisa bege. Seus longos e dourados cabelos jaziam presos em um elástico pelo meio.

Já de toalha, foi para o hall do quarto. Ninguém o notaria vestido daquele jeito, já que estavam hospedados no último andar, escolha do irmão, com consentimento dele. A brisa a tocar sua face o fez fechar os olhos por alguns minutos, e pequenas reminiscências da infância deles vieram trazendo seus pais de quando eram vivos. O seu pai era dono do restaurante que agora pertencia a eles e, sua mãe, uma grande cozinheira. Eram um casal mais que perfeito, diziam alguns que os deuses os invejavam, por isso eram sempre abençoados, e todos que comiam qualquer comida ficavam satisfeitos, pois o amor empregado àquela comida era o fruto do amor deles para que todos pudessem sentir o que é viver. Sua mãe sempre dizia que quando as pessoas comem mesmo tristes, elas se alimentam para serem fortes; comidas ruins deixam a vida pensativa, enquanto que comidas boas e gostosas deixam as pessoas felizes e fazem pensar que alguém se importa com elas. Saga sempre se recordava dela falando isso para eles. Eram filhos únicos, e Kanon logo quis estudar gastronomia e dar orgulho a eles, Saga quis fazer o mesmo, então decidiram que quando estivessem formados, iam trabalhar juntos. Foi quando sentimentalmente um abraço forte de irmãos ocorreu, e ao se encararem, Kanon se atreveu a beijá-lo, e Saga apenas ficou piscando com seus olhos azuis escuros. Um beijo simples, sem malícias, e logo se apartaram assustados. Kanon se desculpou pela maneira que infligiu e Saga o perdoou, entendendo que isso foi devido ao pacto entre eles. E ao abrir os olhos, seu irmão gêmeo estava ao seu lado.

– Não queria estragar o nosso almoço, muito menos deixa-lo chateado. – Saga desculpou-se.

– Não vim para ouvir isso. – Kanon se aproximou, pegando-o pelas mãos, que estavam um tanto frias. – Eu vim para dizer que entendo você. Talvez você tenha razão, em alguma parte que ainda não sei.

– Você é a minha única família, Kanon. Detestaria perder você, pela maneira que sempre me imponho. – O mais velho abaixou o olhar.

– Sabe que, para isso acontecer, você deve ser mais chato, e isso ainda não aconteceu – O mais novo levantou o queixo do irmão e sorriu para ele. – Eu o amo, e nada disso mudaria o que sinto, mesmo você sendo chato pra caralho. – Kanon sorriu de leve ao dizer.

– Se sou chato, é para protegê-lo. – E se afastou um pouco, já entendendo aquela aproximação.

– Proteger de quem, Saga?– Indagou, sentindo-o se desvencilhar com cuidado. – Dos outros, ou de mim mesmo?

– De ambos. Sou seu irmão, mesmo que você não veja, eu vejo. Temos feridas antigas e você sabe muito bem disso. – Disse num desabafo o mais velho, novamente, sentiu seu gêmeo se aproximar pegando em suas mãos frias, de tal forma que ele pôde sentir a respiração quente e como seu peito estava próximo ao dele.

– Quando você irá entender que isso não me importa? Repelir-me não muda em nada que sentimos. Sou seu irmão, eu preciso sentir você perto de mim, Saga. – E trouxe para mais perto de si, encostando de vez seus peitos, por completo. E, até o hálito quente Saga pôde sentir – Não entende minha necessidade? – Perguntou mirando os olhos, procurando uma resposta. – Diga-me, como consegue resistir a isso?

– Por favor, Kanon. Afaste-se... – Pediu delicado, então ele soltou suas mãos, quase relutante se afastou dizendo:

– Eu só queria saber porque você carrega essa farsa...

E Kanon sorriu, um gesto que para o mais velho não era normal e era quase cínico, aquilo não parecia ser justo, magoava-o toda vez.

– Vou para o meu banho, e depois compro nossas passagens para Londres. – Disse por fim.

Saga seguiu de volta para o seu quarto ouvindo-o falar:

– Vá! Refresque-se um pouco, quem sabe assim você consiga tirar essa culpa sem causa...

Saga virou-se ao ouvir aquilo, Kanon lhe deu as costas. Sabia o quão infeliz seu irmão estava se sentindo, quisera ele dá de ombros, mas não conseguiu fazer, carregava uma ferida e ele sabia, mas o ignorava por não aceitar isso.

Chegando ao banheiro, Saga desabou em lágrimas, chorava como criança, como se alguém tivesse roubado o seu melhor carrinho de brinquedo. Como, a cada dia, estava difícil recusar todas as investidas de seu irmão, sabia ser aquilo algo pecaminoso, no entanto, o prazer também o invadia, sendo eles irmãos de sangue, logo ele, teria a desejar de forma tão prazerosa, que aos olhos de muitos, a condenação deles estava preparada a ser levada à morte? Aos deuses, o que ele fez para que seu irmão o desejasse tanto! Agora se via a negar-se, mesmo com sua vontade fremindo em meio a suas pernas; e ao olhar, uma pequena ereção se fazia, e mais lágrimas corriam em sua face genuína. Pelos deuses, por que eles tinham que sofrer? Poderiam manter um relacionamento às escondidas, Saga lembrava-se das vezes que se banhava e seu irmão o olhava se despir. Tanto desejo ali, tanto amor negado! E não era somente pela moral que Saga se via obrigado negar, mas pelo passado que tanto deixou marcas e uma ferida tremenda de uma perda querida.

Ele ouvia a porta bater.

– Estou no banho Kanon, por favor, não me interrompa. - Disse num tom contrito.

– Ouço suas lágrimas, e se você sofre, eu também sofro. Saga, por favor, abra, eu prometo não fazer nada, apenas – ele pausou num suspiro – deixe-me abraçá-lo.

E Saga olhava a porta trancada, ouvindo apenas algumas batidas e a maçaneta que estava sendo forçada a abrir. Devagar foi para porta e, pousando a testa nela, falou triste.

– Kanon, por favor, deixe-me...

– Que merda, Saga! Até quando você vai me tratar desta maneira? Até quando você acha que consigo? Você é meu irmão, droga! E não deve me privar assim!

Saga afastou-se pela forte pancada que a porta recebeu, ficando ele estarrecido.

– Não vou te importunar mais! – Exclamou impulsivamente. Saga percebeu que ele tinha se afastado, e outra batida foi ouvida. Com isso, rapidamente correu até sua porta e a destrancou, indo para o meio da sala. Ninguém havia lá.

– Kanon... – Murmurou.

Não era a primeira vez que isso acontecia, porém, estava cada vez se tornando agressivo o desejo do seu gêmeo, que sempre o atacava de forma reprimida, e ele admitia ser apenas sua culpa, por não ceder aos seus desejos. Saga, antigamente deixava Kanon à vontade a beija-lo, hoje, ignorava-o. E, talvez por isso, pagava pelo irmão ser tão insistente.

Já à noite, Saga o esperava, já passava das 18h30min. Kanon era do tipo dengoso demais, manhoso demais, e sempre querendo atenção demais, e Saga já o conhecia bem para entender que ele devia estar bebendo um pouco. Não era costume dele, mas fazia para aplacar suas angustias.

A porta do quarto se abriu, e Saga estava sentando ao sofá, apenas lendo um jornal local. Mirou a face do irmão; como já imaginava, um cheiro de álcool se alastrou pela sala, e Saga ignorou, levantando o jornal para o alto.

– Melhor tomar um banho, você cheira muito mal. – Saga falou sério.

– Quem se importa? Não vai dormir comigo. – Retorquiu no mesmo gesto, e muito amargo.

Saga abaixou o jornal.

– Ainda bem, odeio cheiro de bebida barata.

– Diz como se conhecesse todas as bebidas, e só conhece vinho por minha causa. – Zombou ele dando de ombros, Saga ignorou. Vendo isso, foi até o irmão e caiu de joelhos pousando a cabeça nele. E o mais velho se surpreendeu com atitude.

– Me desculpe, Saga. Eu só preciso que me entenda pouco.

– Acho que perdi as contas de quantas vezes já fez isso. – Respondeu mais calmo, afagando os cabelos do seu gêmeo.

– Eu só bebi um pouco, queria esquecer o que fiz, eu me atrevi, não foi mesmo? – Indagou num choramingo e, gentilmente, Saga colocou o jornal ao seu lado e levantou a cabeça do irmão, dizendo:

– Vamos tomar um banho, eu ajudo você.

E Saga o ajudou se levantar, estava ébrio. Pegando seu braço, ele o colocou por cima do seu ombro, e foram até o banheiro. Lá, ele ajudou o irmão a se despir. Mesmo passando à tarde em um bar de hotel, seu cheiro não mudara nada, Saga pôde sentir aquele cheiro suave carmesim e o perfume de seus cabelos, igualmente aos seus, o cheiro do corpo de Kanon invadia suas narinas e como era saboroso, como aquela pele era macia, tão perfeita. Saga se reprimiu ao olhá-lo com desejo, mas a ternura em sentir aquele corpo tão próximo ao seu, fê-lo ter o mesmo sentimento dele. O desejo. Quando levantou os braços e puxou a camisa mostrando o peito semi-cabeludo, enrubesceu por mediato. Saga costumava se depilar, odiava pêlos em seu corpo, já Kanon sempre deixava ralinhos os pêlos, e isso martirizou Saga de desejo. E Kanon ao olhar sua imagem de tão perto, afundou o rosto no pescoço de Saga beijando e mordiscando, este até tentou conter os braços que se enlaçavam em seu corpo, mas estavam quentes, e sua guarda caiu, seus corpos se chocaram. Kanon o empurrou contra a parede, prendendo-o, enquanto Saga foi até os pulsos e o segurou firme.

– Diga-me irmão, negará a mim que me deseja? – Kanon falou veemente, e uma lágrima rolava em sua face.

Saga virou o rosto, não podia dizer, não podia ceder. E mais uma vez Kanon o indagou tempestivo, Saga sabia o quão alterado estava seu timbre.

– Diga-me! Eu o amo, você não pode me negar isso, Saga!

– Pensei que tivesse dito que não me importunaria com isso mais...

E por mais que não encarasse aqueles olhos chorosos, Saga sentia na pele as gotas quentes caindo sobre si. Kanon sofria, e disso se culpava por não alimentar aquele amor. Por fim, virou o rosto a encará-lo, e ao fazê-lo, a expressão compulsiva denotava todo o amargor do desprezo imposto por ele; todos sofriam, mas apenas ele tentava driblar o sentimento que também sentia.

– Kanon. – Diz Saga novamente. – Eu sei o que você sente, por mais que quiséssemos, saberíamos estar errados. Só evito, pois sei que todos nós sofreríamos com isso, lembre-se de nossa mãe... – Saga o encarou, fazendo-o lembrar do passado.

E os olhos azuis escuros vidrados só derramavam lágrimas ainda mais grossas, como uma acusação dirigida a ele. Calou-se. Apenas ficaram sobre o som de suas respirações afobadas. Kanon afastou-se dele; e Saga, por fim, soltou seus pulsos de imediato.

– Saia do banheiro, Saga.

– Kanon... – Embargou a voz, mas tentou deixar firme. – Deixe-me explicar... – E antes que dissesse qualquer outra coisa, sentiu seu braço sendo puxado para fora do banheiro, e seu corpo sendo jogado para frente enquanto a porta por trás de si se batia com violência. Virando-se para a porta, Saga engoliu em seco ao olhar a mancha que se formara em seu braço. Devido à força do seu irmão, não imaginava que ele teria coragem em machucá-lo, no entanto, ficou dolorido. Sem saber o que deveria fazer, foi a primeira vez que seu gêmeo o tocou com tanta força e primeira vez que tremia confuso. Precisava se controlar.

Alguns minutos se passaram, e a porta do banheiro se abriu. Kanon tinha tomado banho, porém, algo em seu semblante estava diferente, com um olhar que jamais tinha visto. Foi o que sentiu Saga ao observá-lo profundamente. Levantou-se do sofá para ouvir o que seu gêmeo tinha a dizer:

– Iremos para Londres amanhã, de lá partiremos para Grécia.

E um menear de cabeça confirmava a decisão autoritária do mais novo. Viu ele se dirigir para o quarto e, um frio, um redemoinho e um misto de sensações, tomaram seu estômago. Quando foi que Kanon passou a ter aquele olhar frio? Saga caiu no sofá pesadamente colocando as mãos sobre sua cabeça a refletir; quando foi que ele perdeu o controle, se a situação parecia estar normal?

Já se passava das 20h.

E Kanon, ao entrar no seu quarto, desabou em lágrimas por notar que tinha deixado Saga com um pequeno hematoma vermelho no seu braço. Andou até chegar à cama e, sentando-se, observou no espelho que ficava na parede seu estado derrotado, como ele pôde se deixar levar pelo desejo. Mas, Saga pagaria, pois ele era seu irmão, e mesmo que ele tivesse alguma razão, não aceitaria, pois ele deveria ajudá-lo. De alguma forma, deveria saciá-lo, pois ele era seu irmão.

Enxugando suas lágrimas, caminhou até o espelho, e se expôs nu a admirar-se. Em pequenos gestos, tocava minuciosamente em seu rosto, olhava seus próprios contornos, alisava por inteiro cada centímetro. Sua pureza angelical, que se estendia em sua face benigna, a que todos julgavam ser uma máscara; Saga o julgava assim. Observou sua masculinidade, da qual era um tanto honrado, e nisso se orgulhava. Tudo que seu corpo possuía de malícia, observava com afinco, e num sussurro brando, disse para si murmurando:

– Menospreza-me hoje irmão, não mais. A partir de hoje, eu menosprezarei, e não haverá dia que não farei isso, por mais que amo gostaria de vê-lo sofrer por mim.

 

 


Notas Finais


Sobre o vinho superiore* na Itália foi feita uma denominação para distinguir. Superiore é o teor de álcool acima de um normal. Como o meu Kanon é um exímio em vinhos, ele prefere um com teor mais alto, devido à paixão que ele sente pelo irmão, é como uma ignição para seu ato ^-^

E o que acharam?
Saga irá sofrer um pouco com todas as formas inescrupulosas do Kanon de assediar o irmão :( malvado, não?
Digam o que acharam, pois isso para mim será de grande ajuda, já que eu estou escrevendo um livro.
Um forte abraço!!


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