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História Obsessão Fraterna - Nos despedimos da Itália


Escrita por: Kalynna-Zoel

Notas do Autor


Olá, gente! Bom, mais um capítulo concluído, e digo que esse em questão, foi o mais trabalhosa...

Mas, a dedicação dele vai pra minha amiga, Alice Calegari (xEuphie) que tanto me ouve e me aconselha a continuar escrevendo, amiga, esse capitulo é pra tu linda, e espero de coração que goste das emoções desses gêmeos <3

Também quero agradecer a minha beta desta semana, que é Luísa Waski que em poucos minutos foi conquistada pela minha estória, e com minha cara de pau, pedi para que betasse >.< Obrigada minhas queridas, sem vocês essa fic não teria sentido.

Bom, sobre os nomes em geral relacionados aos lugares em questão dos passeios dos gêmeos, tudo pesquisado no tio Google, muitas das coisas foi dentro da pesquisa nada inventado (os nomes) os restantes foi tudo ideia do que ia me inspirando... Então, não quis colocar um (*) asterisco, pois iam ser demais, e para mim, seria um pouco chato tudo isso.

A Itália é um dos lugares mais perfeitos que tem hoje pra se viver, basta ter um bom emprego e uma boa condição (Digo isso por mim).

E o que tiver em asterisco, terá na nota explicando.

Quero agradecer quem favorito, e que se puder leia e comente, isso me ajuda muito e muitas das pessoas que escrevem pra vocês leitores. <3

Boa leitura!

Capítulo 3 - Nos despedimos da Itália


Fanfic / Fanfiction Obsessão Fraterna - Nos despedimos da Itália

APÓS O MEIO DIA.

 

Saga passara a manhã em seu quarto, já organizando a viagem para Londres. Preferiu comprar a passagem para a noite, assim não passaria o dia inteiro acordado, já se sentia fastidioso em permanecer três dias na Itália. Não que não gostasse dos recantos que por ventura conheceu, viu mulheres exuberantes e homens com narizes afilados, um país como a Itália é sim, um lugar próspero de se viver, ledo engano quando se olhava para dentro do arco da burocracia, embora isso não lhe afetasse tanto!

Parado em frente ao seu notebook, recorda-se de sua mãe, mulher sábia, culta, destemida, porém triste. Sua mãe descobrira o sentimento mútuo de Kanon por ele, foi uma desgraça sem tamanho. Saga era sua confiança em porto seguro e a decepcionara no pior momento de suas vidas.

Foi uma tragédia... Urtigando-se nessa tristeza, sorriu em lembrar-se de Kanon quando criança.

Kanon sempre cultivara um sentimento pecaminoso, e aos seus olhos, era sim prazeroso de se viver ocultamente, ninguém imaginaria. Óbvio, Kanon sempre disfarçava em seu melhor desempenho, mascarava sempre seu semblante com um sorriso singelo, no mar de seus orbes azuis, tão familiares como oceano marinho, seu brilho era sempre duradouro e de uma vivacidade térrea.

Um engano à parte para dissimulação perfeita.

Seus assédios começaram logo que completaram seus 14 anos de idade. Saga nunca o vira de forma desejosa, mas sua ligação para com ele, era sim de irmãos unidos como todos os gêmeos são. Já o viu varias vezes nu e brincavam ainda quem teria o pênis maior – que para Saga, nunca foi desrespeitosa, mas nem por um segundo imaginou Kanon a desejar-lhe. – Pra decepção de ambos, que tinham o mesmo grau de tamanho corporal. Eles riam de si mesmos, mas nunca, nunca em sua vida quis tocar em seu irmão como Kanon desejava tocá-lo.

Certa manhã de domingo chuvoso, o gêmeo mais velho acordou excitado, seu pênis ficara em ponto de ebulição. Corando vergonhamente de si, levantou rápido com um desejo de se masturbar no banheiro, no entanto, ao se levantar ruidosamente, Kanon também despertara, e sua curiosidade se abateu ao perceber onde ele tinha as mãos. Mesmo ainda sonolento, despertou-se com essa visão e foi seguir Saga até onde ele ia. Na época, o banheiro da casa ficara no corredor do andar de cima, e seus quartos eram bem próximos. Kanon por brincadeiras tolas – Sendo um parvo talvez. – Acabou por quebrar sua cama, e passou a dormir no quarto de Saga por algumas noites, já que o irmão comprara uma cama de casal com a mesada que os pais os davam e a de solteiro ainda estava armada provisoriamente.

E Saga riu maroto, ao lembrar que rapidamente sentou-se na tampa do vaso e foi se tocar delicadamente e começou a massagear sua carne tão sensível, apertou os olhos pela sensação que corrompia sua alma na devassidão de continuar naquele ritmo calmo. Enquanto mergulhava-se no êxtase do seu prazer, suspirava ofegante e não ouviu a porta se abrir. E Kanon se posicionara bem ao lado vendo ele se tocar com leveza e ouvia os suspiros de sua excitação, parecia-o tenso, mas Kanon não se importou em invadir, queria também experimentar.

E ouviu-o dizer:

- Deixe-me fazer por você, Saga... – Sussurrou.

- Kanon! – Assustou-se. – Que diabo faz aqui? – Escondeu rapidamente o seu membro nas mãos, ou ao menos tentou.

E o mais novo, vendo a cara de espanto e vergonha de Saga, sentou-se em cima dele, abrindo as pernas uma para cada lado, e tirando cuidadosamente as mãos que escondia o pênis turgido. E sem ação o gêmeo flagrado o viu carinhosamente tocar em seu pênis, e começar a masturbá-lo lentamente. Ao sentir aquelas mãos finas e quentes engoliu um suspiro tenso que também era prazeroso em ver Kanon ali em sua frente, tocando nele com caricias devassas, despertando uma embriaguez prazerosa.

Sem reação de deter o irmão, observava-o.

Kanon não fechou os olhos, mirava o pênis com desejo voraz e uma malícia que brilhava nos seus olhos, como que hipnotizado ao sentir em seus dedos, o nervo pulsante do irmão. Que por um momento sentiu certo peso e se mexeu para ajustá-lo, e o mais novo ao perceber a fadiga aprumou as penas sustento um pouco do peso em si, e assim Saga pode se sentir melhor pelo que estava acontecendo. E novamente ouviu outro sussurro suave:

- Feche os olhos Saga, eu continuo por você... – E o mais novo observou a mandíbula de Saga se contrair nervoso, e por fim fitou nos olhos igualmente seus que se desmancharam lentamente, até que os viu totalmente fechados, e ao encostar a cabeça na parede com queixo erguido, só se ouvia alguns gemidos reprimidos dele.

Saga pensou:

- Gostaria de entender porque estou sendo reticente, deveria repreendê-lo! Onde Kanon aprendeu a fazer isso tão gostoso? – Gemeu receoso.

E gargalhou sozinho no quarto, na lembrança de quando gozou nas mãos de Kanon, que sem dizer nada foi para o lavatório lavar as mãos, olhou por cima dos ombros, e riu por ver Saga tão vermelho e arfo pelas emanações do gozo, um tanto retraído ainda.

Acordou-se do devaneio dizendo para si.

- Essa é uma pergunta que nunca farei a ele...

Sua barriga roncou de fome, desde as 9h da manhã que entrou no quarto e se trancafiou devido ao atrevimento de Kanon de logo mais cedo. Lambeu os lábios ainda experimentando a sensação da língua invasora com um toque de Tiramisù e se sentiu culpado por deixar acontecer. E era estranho pensar que ao reencontrá-lo ele estaria agindo de modo como se nada tivesse acontecido. Isso preocupava um pouco aquele ar mascarado dele, como era insensato!

Alguém chamou na porta batendo levemente.

- Entre.

- Eu fiz um almoço para nós, Saga. – Disse o irmão.

- Nós não temos cozinha aqui. – Lembrou, e virou-se para Kanon, que estava em pé na porta do quarto. Já trocado de roupa e com os cabelos soltos jogados nos ombros em desalinho. Numa observação, falou zombeteiro.

- Por um momento, temi que realmente tivesse caído...

- Sua fé é algo que me deixa aliviado em consagrar em tê-lo como irmão. – Respondeu sarcástico e com um riso nos lábios e concluiu. – Venha se não vai esfriar. – E sorriu amigavelmente.

- Se não temos uma cozinha aqui, onde preparou nosso almoço? – Saga se ergueu ao término de sua indagação, e seguiu o irmão pelo corredor pequeno, indo na direção da sala até chegarem para o hall do hotel, que tinha uma vista linda das enormes cordilheiras e suas contemplações antigas, casas em formato medievais e arquitetônicas e prédios com construções inacabadas e outros bem construídos. Ao longe se via um dos três parques nacionais, com elevações culminantes.

O parque à vista deles eram chamado de Abruzzo, um dos melhores pontos da Europa. Ficaram encantados com a belíssima paisagem dos planaltos e do extenso Apeninos. O ar estava propício para uma tarde tranquila, já que estavam na primavera.

- Bom, nesse caso você já me deve duas respostas! – Falou.

E Saga foi até a mesa levantar a cloche* que cobria dois pratos. Pousou a mão sobre uma delas, e antes que levantasse, com um olhar curioso, levantou o queixo e perguntou gostosamente. Observando o pano fino branco, sobre uma amarela que dava um formato quadrado, havia também duas taças de cada, uma de água, outra com vinho tinto; certamente seco, e pratos bem arrumados com a posição correta dos talhares, e no centro da mesa, uma flor simples.

- O quê preparou para nós?

- Nesse caso então vou respondê-las. – Disse o gêmeo se direcionando.

E Kanon foi até uma cadeira e puxou para Saga sentar, e quando sentou, Kanon fez as honras, levando as cloches e dizendo o preparo de cada um dos pratos. – Fiz Rizzotto com tinta de polvo, com a sutileza do alho poró, mais 250 ml de uma taça de vinho branco seco. – Ele revirou os olhos ao dizer. – De uma safra barata, pois tomei uma pra constar! – E debochou, Saga balançou a cabeça, sabia o quanto o irmão era chato para safras de vinhos, e ouvia dizer. – Também coloquei 750 ml, medido em uma taça, de caldo de peixe, um delicioso Salmão que eu mesmo grelhei! – E mostrou para Saga que cheirou o prato, apreciando. – Ah alguns condimentos necessários, como salsa bem picada e suco de um limão, e três colheres de azeite não refinado... Não mais que isso!

- Oras. – Comentou. – E eu pensando em comer aquela comida do restaurante daqui do hotel.

-Irmão, só você para se deixar torturar! Só você! – Kanon sorriu ladino, um tanto jocoso. E começou a explicar à Saga que também sorria e tomava um gole de agua. – E eu fiz tudo isso na cozinha daqui. Liguei para o gerente reclamando de nossa última ceia, que para mim seria a última de todas! E ao saber quem eu era, permitiu-me usar a cozinha, que sinceramente, fiquei chocado em fazer tais observações.

- Poupe-me deles... – Diz Saga – Aqueles canapés não estavam ruins de um todo, Kanon. – Salientou – E além do mais, é assim mesmo a culinária daqui, ou de outro país, haverá outros que seu paladar também não aprovará.

- Meu paladar é exímio irmão, como um lutador de esgrima. Eu me preocupo com minha boca, deveria fazer o mesmo – Rebateu insensível. – Um finger food* é um expoente de maior sucesso quando servido do modo correto de preparo. – Kanon pegou o prato de Saga e pôs o Rizzotto e continuou a dizer. – Parecia que eu comia um patê com pão comum com recheio de sardinha enlatada, isso é uma ofensa para mim.

- Sabe Kanon, às vezes me esqueço do quanto esnobe você se tornou. – Diz o irmão, apreciando o Rizzotto e pensando momentaneamente. Desgraçado, cozinhou no ponto certo... E continua a dizer naturalmente – Sua humildade me fascina...

- Somos da elite irmão. – Kanon ainda dizia arrogante. – Se você não se posicionar aonde chegou, ninguém fará por você. Ou acha que eu irei sustentar a nossa cozinha para os restos de nossas vidas? – Inquiriu sério olhando o rosto de Saga que continuava implacável. – Espero eu estar enganado em achar isso...

- E está, não se preocupe. – Respondeu suave.

- Eu devo me acostumar com seu jeito condescendente... – Disse sem olhá-lo, enquanto já comia.

- Já deveria. – Desafiou, enquanto sorvia o vinho tinto. – Não sei por que você ainda insiste em achar que eu serei indulgente. Kanon meu irmão, saiba que mesmo morando juntos como estamos hoje, nem nós sabemos exato quem somos, então me poupe de seu egocentrismo. Eu prometo ser mais igual a ti. – E puxou a camisa, em um exemplo um tanto debochado. – Talvez nem eu me conheça...

Kanon cruzou as mãos sobre a mesa.

- Quando o vejo falar assim, sinto-me maravilhado em descobrir que após tantos anos juntos, há coisas que ainda não sei. – Falou, embora tentasse desconsiderar o tom informal, e sentiu o clima ficar estranho, nunca tinha visto Saga dizer daquela maneira ácida. Quando foi que Saga se tornou um cretino sarcástico? O viu ponderar num sorriso disfarçado.

- Vamos terminar de comer, seu Salmão está perfeito!

- Cínico... – Disse baixo, se desfazendo da posição que se encontrava e pegando os talhares novamente. Porém Saga leu seus lábios e meneou a cabeça, e tampouco se importou. Continuaram comendo, Kanon passou a observar Saga por um ângulo que nunca pensara, ficando assim, apreensivo. E pensou: Se Saga tem um lado desconhecido, também eu terei o meu.

Enquanto o via mastigar educadamente, temeu vê-lo partir, algo que jamais suportaria. Então falou menos arrogante.

- Saga, que tal nós saírmos pra passear? Já que hoje é o nosso ultimo dia aqui, então pensei agora, porque não conhecer mais alguns lugares?

- Acho uma ótima ideia! – E levantou a taça pedindo um brinde. – Para a nossa despedida da Itália!

E brindaram. Kanon não se preocupou em perguntar os horários de sua partida, tampouco quis saber os detalhes do vôo. Confiava plenamente no irmão, embora eles fossem hostis e amáveis, Kanon sabia que com ele, sempre contaria.

Findando o almoço, Saga foi se trocar. Kanon parecia estar bem com a roupa que usava, uma calça jeans preta, com uma camisa de manga longa bege, com o slogan do U2, ele puxou os braços da camisa até o cotovelo, e estava com os cabelos ainda soltos, porém ele ajeitou deixando-os arrumados e usava um sapado fechado.

Saga se vestira quase igual, mudando apenas a cor da camisa, para um azul Royal, sem slogan de alguma banda famosa. E ao olhar o irmão vestido, Kanon arqueou as sobrancelhas observando o atrevimento de ele se vestir assim, não era possível que ele tivesse levado ao pé da letra para serem iguais.

- Qual é Saga, vai apelar mesmo?

Gêmeo sorriu, Kanon retraiu.

- Não, engano seu, apenas usei pra descontrair mesmo.

- Isso não combina com você, irmão. – Diz Kanon suave, indo até ele ajeitar a manga da camisa. – Você é igual a mim, não um sarcástico!

- Engraçado, eu achava que você era um sarcástico. – Respondeu neutro, enquanto sentia um dos braços da manga sendo ajeitadas com cuidado.

Kanon foi para o outro braço, dizendo ferino:

- A diferença irmão, é que você é meu espelho, contudo um reflexo quebrado. – Saga enrijeceu, e olhou sério para ele ainda ouvindo. – Embora eu o ame tanto, com um desejo voraz que me enlouquece, você não passa de minha cópia. – E se olharam, Saga buscou fôlego ao mirar o rosto do irmão, que o olhava desafiando como uma flecha sem arco, e ao sentir que ele tinha terminado de ajeitar suas mangas, sentiu uma mão fria tocar seu rosto e virou suavemente recebendo um beijo aveludado sem malicias, porém, ainda sentiu pequenas palmadas na outra face sem nenhuma violência. E sutilmente o gêmeo se afastou ladinamente, dando as costas ao irmão que sabia estar carregando a sua réplica, embora Saga não tivesse interpelado nada, foi em direção à porta abrindo à saída pra eles.

- Itália nos aguarda! – Disse por fim.

- É! – Foi sua única palavra, tentando não se desconcertar pelo que acabara de ouvir.

Entraram no elevador, Kanon parcialmente normal, Saga mostrava estar no mesmo nível, um pouco calado até a descida. Ambos não se tocaram, lado a lado e nenhuma atividade na qual Saga chamaria de assédio. E tentou entender o quê seu gêmeo tentou incutir na sala. Foi então que recordou a sua réplica no almoço “nem nós sabemos exato quem somos”. Aquela frase nunca fizera tanto sentido como ao incidente. Balançou a cabeça na tentativa de se desfazer desses pensamentos. Chegando ao salão do hotel, foram cumprimentados pelo recepcionista que perguntou educado:

- Os senhores querem um táxi?

- Não. – Respondeu Saga. – Queremos alugar um carro, como ontem.

- Ah sim, bom. Vou chamá-lo. Podem aguardar. – Disse o recepcionista apontando uma recepção com estofados e quadros contanto a história do hotel. Havia uma área de lazer logo depois da sala, e um imenso vitral maciço de formato colonial antigo. Kanon sentou já cruzando as pernas e olhando para o relógio, já era 14h15 da tarde. E por fim, Saga lhe fez uma pergunta curiosa.

- Kanon, você ligou pra Shion?

- Sinceramente? Não.

- Deveria ligar. Bom, a cozinha é sua, nossa óbvio. – Ele se corrigiu. – Mas o chef de lá é você, não acha bom dar uma atenção pra eles? – Inquiriu sentando na outra ponta da poltrona olhando apenas algumas revistas locais.

- É você tem razão, por isso vou passar o meu telefone, e você conversa com eles. – Ele tirou o telefone do bolso.

- Tá de brincadeira comigo, né? – Questionou incrédulo. – Shion me ligou, e revelou-me que você não deu um parecer.

- Como foi a noite deles? – Quis saber Kanon.

- Disse que: “como todas as quintas” – Falou, mas sem deboche.

- Melhor eu ligar para ele. – Saga confirmou apenas meneando a cabeça, mas nenhum momento eles se olharam.

- Senhores, o seu carro já esta disponível. – Informou o recepcionista, mostrando a chaves em suas mãos.

- Vamos Kanon. – Chamou, e foi seguido por ele falando.

- Aonde iremos Saga? Vi que folheava as revistas. – Então ele percebera isso, sinal que estava sendo observado. E continuou a dizer. – Quero andar um pouco.

- Confie em mim. – E abriu a porta do carro, e Kanon por sua vez abriu do carona. E foram pela via.

- Vamos para o parque Nacional do Grand Sasso, fica em L’Aquila, não é muito distante daqui, acredito que em menos de 40 minutos chegaremos. – Informou seu gêmeo. E ligou GPS.

O caminho era gostoso, o ar estava favorável. Baixando o vidro do carro, Kanon pôde aproveitar da paisagem que era tão atípica pra ele, havia muitas montanhas, a estrada era de chão, porém, aparentava ser segura em dias de sol.

Logo, encontraram a estrada de asfalto e Saga pisou fundo. Kanon demonstrou ficar tenso.

- Não tenha medo. – Saga tocou na perna de Kanon, ao que ele mostrou a mão, e o irmão apertou encorajando-o em um conforto seguro. – São só uns minutos, prometo não correr. – Assegurou. Coisa que Kanon se sentiu aliviado, ainda mais sentindo a textura fina das mãos de seu tão amado, e sorriu em agradecimento.

Passando alguns minutos, Kanon preferiu ligar para Shion, assim se distraia na estrada.

- Alô.

- Shion, aqui é Kanon. Como vai?

- Olá chef, estamos todos bem, e com vocês? – Perguntou ele, estava num preparo para Pain perdu de coco e abacaxi.

- Muito bem. – Ele olhou de canto para Saga. – O que terá pra o jantar de hoje noite?

- Teremos Lula frita, farei também Fava e Massa com frutos do Mar*.

- Muito bom, parece bom. E para sobremesa?

- Pain perdu de coco e abacaxi. – Disse num sotaque inglês. – Já comecei pré-preparo.

- Sobremesa inglesa? – Questionou Kanon. – As comidas serão gregas, e para a sobremesa algo inglês, isso é coerente, senhor Shion?

- Não se turbe chef. – Calmou ele, num suspiro, prosseguiu. – É um pedido, um casal inglês sugeriu que eu fizesse esses pratos para eles.

- Espero que não vire um desperdício. – Comentou, e Saga o olhou interrogativo. – Pois irá fazer algo que nem ao menos sabe se virão. Está arriscando, como um cego numa corda!

- Kanon. – Falou sério Shion, e se interrompeu. – Não se preocupe com desperdício, pois se houver eu mesmo pagarei. Não acredito que ouvi você dizer isso.

- Acredite sim, Shion. – Retorquiu insensível. – É meu trabalho como dono também. – Saga o olhou novamente. – Bom... Boa sorte nesta corda.

- Obrigado. – Disse num fio de voz. E desligaram o telefone.

- O que houve? – Saga perguntou.

- Pratos gregos e uma sobremesa inglesa, isso não cheira bem, nem a combinação faz bem ao estômago!

- Você está sendo inflexível. – Argumentou o irmão. – Dê uma chance.

Kanon deu de ombros.

- Olha, chegamos. – Anunciou. – Vamos direto para o parque.

E assim, pegaram o rumo para o parque Nacional do Grand Sasso, e Saga encontrou uma choupana, e como viu carros lá, aproveitou o embalo deixando o seu. Havia muitas pessoas perambulando o ambiente, o lugar era majestoso e belíssimo.

À tarde estava fresca, e caminharam lado a lado distraidamente, contemplando a paisagem com o cheiro das plantas, a fauna era exuberante, flores coloridas para todos os lados, as nuvens estavam acinzentas e escondiam o sol por vezes, deixando a tarde ainda melhor.

Pessoas andavam de bicicletas alugadas, outros praticavam esportes; E todos aqueles transeuntes estavam dentro do limite exigido do parque, já que o local continha animais perigosos e até mesmo ursos pardos.

Esse atrativo encheu os gêmeos de vontades, já que há dias eles não corriam e nem malhavam. Kanon estava viciado nas viagens para melhorar seus pratos, não que algum grego dissesse mal deles, mas o orgulho sempre liderava sua vontade de ser sempre o melhor cozinheiro da região.

Curiosamente, algumas pessoas os olhavam estupefados, não era sempre que viam dois homens gêmeos e ainda quase vestidos iguais passeando pelo vale, eles chamavam atenção; embora Saga tivesse com os cabelos presos e Kanon com eles soltos; suas tonalidades eram exatamente iguais, um loiro brilhante com pontas perfeitas e mechas onduladas que caíam sobre seus ombros largos. Desceram um pequeno morro gramado, e se sentaram sentindo o frescor primaveril, que invadia seus pulmões.

E olharam ladeira a baixo que dava para um penhasco gigantesco e uma vista deslumbrante da cidade de L’aquila. Toda a cidade estava ali, bem diante de seus olhos azuis. Sem dizer nada, Kanon pousou a cabeça no ombro do seu gêmeo, e ajeitou-se melhor encostando-se ao corpo dele, que no mesmo instante foi acariciado pela mão do seu gêmeo. E ficaram assim, enquanto Kanon recebia um cafuné, Saga meditava com um olhar distante.

Por fim, o mais novo falou quebrando o silêncio.

- É tão bom estar assim com você.

- Também me sinto bem. – Concordou ele, ainda com cafuné e comunicou lacônico – Nosso vôo sai à meia noite e meia.

- Ótimo horário. – Respondeu – Mas veja, essa cidade é perfeita, olha que clima bom, na Grécia não chega a isso...

- Verdade, Kanon. Mas não se preocupe, voltaremos pra cá logo. – Saga pegou a mão do gêmeo e acariciou, fazendo pequenos círculos em toda extensão. Enquanto sentiu isso, o mais novo moveu os lábios num sorriso fino, e mirou nos olhos do mais velho dizendo:

- O que há com nós? – E ao ouvir o timbre, Saga percebera os olhos lacrimejados, e uma lugubridade repentina na face dele.

- Gostaria também de saber. – Respondeu, dando-lhe um beijo suave na testa, e disse-lhe: – Saiba Kanon, eu sempre te amarei, não importa como será eu sempre te amarei.

- Diz como se isso pudesse acabar. – Replicou. – Poderá acabar? – Indagou, ainda que segurasse as lágrimas, uma escorreu pelo canto do olho, a qual Saga amparou com polegar.

- Aproveite apenas esse momento comigo. – E sem esperar, Kanon desta vez recebera um beijo cálido e longo, tão sereno como apaixonado, infelizmente também triste, e ao se apartarem colaram suas testas juntas, cada um com seus olhos fechados, suas respirações estavam ritmadas e Kanon chorava e Saga por sua vez, se mantinha forte.

- Eu só queria entender isso dentro de mim. – Dizia Kanon aos prantos, levando as mãos no rosto de Saga. – Eu o quero tanto!

Saga calou-se. Não sabia o que dizer, não queria vê-lo sofrer.

- Me perdoa Saga! – E puxou o rosto dele a encará-lo com firmeza, seus olhos copiosamente derramavam lágrimas, lágrimas que há dias estavam guardadas. Saga tencionou dizer algo, mas ao ver o desespero dele, novamente o beijou, nem se importando com o lugar onde estavam, mas quis ser afável e o puxou para um abraço forte, no qual Kanon afundou o rosto em seu ombro se sentindo enternecido ao contato.

E ficaram assim, abraçados por alguns minutos, Saga sabia que precisava fazer aquilo, ainda que a culpa lhe ferisse como brasa escaldante no peito, não podia negar aquele carinho e consolo para ele. Quando notou as lágrimas cessadas, disse:

- Vamos para o centro de L’aquila, conhecer um pouco. – E ajeitou os longos cabelos do irmão, o qual retribuiu com um pequeno sorriso maroto. Com os olhos avermelhados, fungou um pouco, Saga riu e puxou a ponta do nariz dele fazendo uma careta infantil, e tão rápido como uma águia Kanon se levantou batendo os fiapos de galhos secos, estendendo a mão pra ajuda-lo a levantar. Ao se encararem, era só disso que Kanon precisava, de um abraço e conforto que nunca o abandonaria.

Não obstante, os gêmeos tampouco deram importância de querer conhecer o lugar, bastou sentarem juntos e Kanon já se encontrava em outros ares, e foram conversando sobre as boas novas do restaurante, Kanon tivera uma ideia em especial onde seu irmão ficara curioso.

já se passava das 16h30 quando chegaram ao centro da cidade. Logo conheceram a basílica católica de Santa Maria de Collemaggio, e descobriram que ali um sepultamento já fora realizado, na curiosidade de Kanon, porém, Saga já entendia um pouco da historia, e explicou a ele quem estava sepultado: era o Papa Celestino V. Também explicou que a igreja era medieval e considerada uma obra prima da arquitetura gótica e romântica de Abruzzos. Kanon aproveitava as oportunidades e tirava fotos dos lugares, ria e brincava com os monumentos encontrados e para deixar como recordação daquela tarde amistosa, flagrava Saga toda hora com flashes surpresa. Ao lado de Saga se sentia criança, que parecia mais um professor de história do que um chef de cozinha por dizer tantas coisas que Kanon não conhecia por falta de interesse.

Também eles perambularam por algumas fontes medievais, a fonte 99 canais que muitos estudiosos gostariam de entender mais sobre os simbolismos ocultos entalhados pelas paredes. Caminharam admirados.

Já findando o dia, Kanon estava morto de cansaço, andaram e se fotografaram. Então Kanon soube que L’aquila é carregada de histórias de superação, que contam a sobrevivência de um povo que sofreu muito devido aos terríveis terremotos que destruíram vários monumentos históricos.

- Me admiro vê-lo assim, se preparou muito hein. – Comenta Kanon, piscando um olho sacana e tomando uma bebida local.

- Nada... Isso se aprende na escola. – Devolveu a piscadela, e tomou a garrafinha de bebida dando um generoso gole.

Saga, por mais que negasse a paixão, amava o sorriso dele, uma ingenuidade e certo carisma eram lhe transmitidas por todos os sorrisos compartilhados.

E seguiram novamente para o hotel, um pouco exaustos, se banharam e pediram a refeição e comeram tranquilos. Em momento algum comentaram a tarde no parque. E Saga viu que Kanon se dirigia para o hall e de lá, olhar a paisagem à noite, sobre o céu estrelado e as luzes que muito faziam as ruas brilharem.

- Antes de partimos, tome isto.

Saga lhe entregou uma garrafa de vinho seco, do grau que Kanon adorava, sempre seu gêmeo o agradava, e lhe explicou que quando estava no restaurante Pappagallo, comprara escondido um Barolo Superiore, de Piemonte. E Kanon agradeceu afetuosamente num abraço, e disse divertido:

- Depois vem brigar comigo, por eu ser mimado.

- Você é um mimado de nascença! – Eles riram, Saga emendou. – Vamos, o táxi nos espera.

- Já fechou a conta aqui? – Kanon perguntou, enquanto já guardava seu presente.

- Tudo certo, hoje de manhã quando efetuei a compra as nossas passagens, também liguei para o gerente pedindo a conta e informando o horário de nossa saída.

- Você sempre tão responsável... – Brincou debochado, Saga deu de ombros.

Desceram com suas malas, cada qual com suas coisas arrumadas e adentaram o táxi. Até o aeroporto de Roma demoraria 1 hora e meia, e conversavam pouco. Saga aproveitou e encostou a cabeça na poltrona do carro para descansar, Kanon ia vislumbrando suas últimas passagens de Abruzzo, e conversando baixo com o motorista que ficara um tanto deslumbrado ao levar os gêmeos gregos.

Chegando ao aeroporto de Roma Fiumicino – Leonardo da Vinci – Fizeram o check in, e despacharam suas malas. Saga possuía uma, e seu gêmeo duas, porém uma média. Aguardaram na sala de embarque até o horário do vôo, que ia sair 00h32, uma duração angustiante para Kanon, que detestava voar, embora adorasse tanto viajar. Ia lhe custar a paciência de 2 horas e 40 minutos de vôo, nem era tanto assim.

Sentando em seus respectivos assentos, trocaram apenas poucas palavras, Kanon comentava os trajes dele, enquanto o seu era mais arrojado, com uma jaqueta de couro marrom, uma combinação perfeita com a calça jeans e uma camisa branca. Assim que o avião taxiou, levantou vôo, e adormeceram em seguida.

Chegando ao aeroporto de Londres, que estava muito movimentado, custaram um pouco a chegar até o saguão. Chegando até a esteira giratória, pegaram seus pertences. Porém Saga quis usar o banheiro, e deixou Kanon à sua espera.

- Já volto.

Kanon saiu até uma lojinha de enfeites pra procurar um presente para Dohko e Shion, eles eram seus melhores amigos, e não ia se perdoar se não comprasse nem uma bala para eles. Neste instante, alguma coisa lhe chamou atenção, pois sentira algo lhe observando e com um sentido apurado, sua intuição foi de imediato. Foi quando se virou para trás e notou um homem alto, cabelos loiros e curtos, e o que mais lhe impressionava, era a cor de suas íris, um âmbar jamais visto. Seu porte era atlético e definido, seus braços eram bem másculos, e aquelas íris o sobrepujavam de tal modo hipnotizador, que vidrado nesta performance, o via cumprimentar mais dois homens, nos quais nem se quer se deu o trabalho de prestar atenção, somente este, o qual furtivamente corria seus olhos até ele. Nem um homem teve esse poder de atraí-lo, muitos e muitas o desejavam, mas ninguém nunca lhe chamara tanto atenção como aquele homem, que estava a uns 3 metros de distância. Nesse transe observando a figura em sua frente, nem notara que Saga já estava em seu lado.

- Sente-se bem, Kanon? – Pergunta com ar preocupado, já que o viu parado sem movimento algum, e ao ser tocado no braço se desperta, e responde gago.

- S-sim, sim. Estou... Não foi nada. – Falou, olhando para os lados, como se procurasse alguém, e meditou rápido. “quanto tempo fiquei parado, cinco, dez, ou vinte minutos? Não sei, que merda!”

- Você está pálido, quer tomar algo? – O mais velho o olhava, e tocou-lhe a testa pra sentir se estava febril.

- Já disse que estou bem! – Disse irritado, se desvencilhando. E novamente olhou para trás disfarçando, e lá estava o homem conversando animadamente com outros dois, eles riam alto, Kanon jurava que riam dele, pela cara de pasmo que ficou. E ao frisar o homem, se sentiu confrontado com a mesma sensação de estar sendo observado por aqueles olhos misteriosos.

- Tá bem! – Levantou os braços, como se rendido. – Não está aqui quem perguntou.

Kanon parecia desconcertado, e se recompôs.

- Melhor irmos, temos que procurar um taxi até Park Plaza.

E assim seguiram, pegaram suas malas e foram para saída, embora Saga percebesse algo, quis se manter discreto, porém ainda curioso em notar a estranheza do irmão.

Enquanto isso, Kanon o seguia logo atrás, ainda pensativo, e vez ou outra olhava para direção dos três homens, e para sua surpresa, percebeu quando o jovem loiro moveu a cabeça seguindo-o. E ficou um pouco tenso pela sensação de estar sendo seguido por um homem que despertara em si tamanha curiosidade em querer conhecê-lo.

Lembrou-se de algo que dissera uns dias atrás sobre seu irmão, Saga. “Menospreza-me hoje irmão, mas não mais. A partir de hoje, eu o menosprezarei, e não haverá dia que não farei isso, só para vê-lo sofrer...”.

- Será que os deuses me ouviram, e fizeram ter sensações desconhecidas que jamais tive por outro homem? – Falou pra si e ainda pensou. – “Espero não ter que feri-lo Saga, mas algo mudou em mim hoje”.

 

 

 

 


Notas Finais


NOTAS FINAIS:

Finger food – Alimentos que são levados até a boca nas pontas dos dedos. Exemplos dos canapés, que são feito:

Cloche – Em francês quer dizer sino, mas também é o nome desta tampa que cobre os alimentos, normalmente são de alumínios. Ela é mais comum da Ásia e Oriente médio. No Brasil em um restaurante em São Paulo, também usam as tampas nesse nome como cloche. Cloches é um nome engraçado pra mim que poderia confundir com crochê XD legal né?

Os pratos que Shion menciona ao telefone, são pratos verdadeiramente gregos, como ia delongar muito, também não quis descreve-lo.

Não pude pegar os links pra deixar aqui, quem quisesse aprender alguns deles, fica pra próxima ^^

Bom o que acharam desse novo personagem?

Ele vai dar dor de cabeça em Saga, isso é sem duvida!

Espero que tenham gostado, deixem seus comentários, suas opiniões e criticas! Isso ajuda nos revigorar a cada mensagem.

Grande abraço!


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