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História Obsessão Fraterna - O bom conselheiro


Escrita por: Kalynna-Zoel

Notas do Autor


Olá pessoal, é com muito prazer que venho trazer mais um capitulo de minha fic, na qual estou muito apaixonada em narrar essa estória, devo isso também algumas amigas que me fortalecem em dizer pra continuar, a todas elas obrigada!!!
Nessa fic, não coloquei nada em asterisco, pois não vi necessidade, mas haverá outras que sim, eu colocarei.
Também quero agradecer os que favoritou a fic, meu muito obrigada, espero de coração que quando for lerem, aprecie e goste.
Lembrando que a fic, é incesto e dentre outras, caso não gostar, sugiro que saia da pagina e respeite ^^
Alice, minha querida, obrigada por você ser a primeira a me incentivar, seu carinho é algo maravilhoso de sentir <3
E também quero agradecer a minha querida Luísa Waski, pela idéia e sugestão, foi seguida tá querida! Valeu pelo toque ;)
Sem delongas aqui, boa leitura.

Capítulo 4 - O bom conselheiro


Fanfic / Fanfiction Obsessão Fraterna - O bom conselheiro

GRÉCIA,

5 horas da manhã.

O despertador tocou incansavelmente fazendo-o pegar o travesseiro e jogar sobre sua cabeça para não ter que ouvir. Revirou-se algumas vezes na cama zangado, pois a hora lhe apitava ao pé do ouvido e antes de querer definitivamente levantar, jogou o braço na direção do criado mudo, fazendo assim o relógio cair e se espatifar no chão, mas um motivo para levantar sem ter que perder a hora. Era sábado e prometera ao chef que iria escolher os melhores peixes para o jantar da noite, e mesmo pegando o seu turno às 15h da tarde, seu dever era escolher o peixe fresco na feira que ficava próximo à enseada, não muito longe de sua casa.

Ele morava a umas cinco quadras da feira livre, onde um belíssimo litoral com uma costa de pedras gigantescas enfeitava o recanto, que por diversas vezes cheirava a peixe, contudo havia pontos maravilhosos, sendo assim, alguns pescadores criaram um espaço somente para venda, e todo o lugar após as vendas era devidamente retirado às tendas e caixotes. Infelizmente, no lugar reinava um cheiro pútrido, devido aos pescadores venderem o seu pescado.

Kanon, como chef geral, sempre deixou claro que peixes bons eram peixes pescados na madrugada. Muitos dos veleiros corriam para pegar o melhor ponto de venda, pois sabiam que vários chefs de cozinha preferiam comprar peixes assim que retirado do mar, pois a carne ficaria suculenta e não precisaria ser trabalhada tanto.

Então, a contragosto, levantou-se cambaleante, coçando os cabelos castanhos claros desgrenhados sobre sua face, e deu um bochecho alto se espreguiçando, sentindo que seu corpo parecia ter sido moído pelo moedor de carne devida às dores que sentia ao se esticar tanto. Não deveria ter feito promessa alguma; eles que, se quisessem peixes frescos, voltassem de viagem, pensou amargo enquanto ia ao banheiro fazer sua higiene matinal.

Após alguns minutos, já era um pouco mais das 5h, pegou o seu celular e enviou uma mensagem carinhosa para sua namorada, Marin.

“Bom dia, minha linda. Indo para feira”.

Aioria, chef das carnes, seguia o organograma feito pelo chef antes de sua viagem. Shion poderia alterar se acaso achasse necessidade; embora nunca tivesse feito isso, tinha carta branca para poder mudar qualquer coisa a seu gosto.

Saindo de sua casa, vestindo apenas uma calça de moletom e uma camiseta verde de mangas curtas, calçava um tênis esportivo surrado. Seu corpo, mesmo debaixo desses trajes, ainda era bem feito. Com abdome desenhado e braços bem másculos, seu corpo não era daqueles fortões, mas colocava muita gente debaixo do chinelo. Aioria era adepto à malhação; duas horas por dia e uma boa alimentação deixavam seu corpo como de um atleta olímpico. Marin muitas vezes roeu as unhas por ciúmes, claro; seu bumbum redondo e bem durinho chamava a atenção até dos amigos de trabalho, quantas vezes viu seu amigo Milo enrolar o pano de cozinha e, travessamente, chicoteá-lo no traseiro? Todos riam, menos ele, pois a chicotada era bastante dolorida e Milo ria divertido.

Paros, uma das ilhas gregas mais requisitadas pelos turistas, que se situava no Mar Egeu e era umas das maiores ilhas, fora o lugar escolhido pelos gêmeos quando saíram da vila Rodório, onde moraram com seus finados pais. Por ser uma ilha quente, Aioria não fizera nem questão de pôr uma blusa de frio, sentia calor nas exatas 5h35 da manhã.

Logo entrou no carro indo em direção à feira e, após uns minutos, recebeu a resposta de sua mensagem:

“Bom dia meu amor, um pouco tarde, não?”

“Sim, um pouco tarde. Dormiu bem?”

Chegando no sinal vermelho, ele olhou para o telefone e riu da lembrança de sua peripécia: no depósito do restaurante, Marin e ele haviam se beijado, e fora tão ardente que isso os levou a fazer um pouco mais que uns pequenos beijos. 

“Com toda certeza, querido. A propósito, irei agora às 6h, troquei com June”.

Franzindo o cenho, quis saber, e o sinal abriu, então digitou rápido com apenas um dedo.

“Por quê? Já estou chegando à feira, me liga quando estiver desocupada, te adoro.”

Indo pela orla marítima de Paros, já via o povo em suas respectivas funções; tendas erguidas e caixotes espalhados com peixes em cima deles, estacionando o carro no ponto correto. Ele saiu pelos pequenos corredores deixados pelos ambulantes, e eram muitos, homens barbudos e cheio de trapos, outros magros e altos, existia também alguns baixinhos e barbudos, todos gritavam oferecendo o seu peixe. Alguns diziam a hora que tinha sido pescado, e isso era o que mais interessava a Aioria, que foi à procura do seu.

Ao atravessar pelo caminho, um homem de aparência grotesca o parou exibindo um polvo de cerca de 3 kg.

– Tiramos do mar há duas horas senhor, está fresco!

– Não, obrigado, a aparência está ótima, mas não quero. – Deu as costas ao senhor que resmungou algumas coisas. Se Aioria quisesse, daria um bom sermão de bons modos.

Antes que chegasse próximo à uma tenda, outro o parou oferecendo uma lagosta enorme.

– Olhe meu jovem, este eu pesquei na ilha aqui aperto, leve-o, prometo que não se arrependerá! – Aioria, curioso pelo tamanho, deu uma olhada como de costume. Ainda que quisesse levar, não era o que tinha em mente.

– Obrigado senhor, mas deixe para próxima vez.

E continuou andando, ouvindo o barulho dos pescadores.

Mesmo sabendo que Kanon não se fazia presente na cozinha, gostava de respeitar a vontade do gêmeo autoritário. Shion sofrera no começo para tolerar os desmandes e o jeito truculento do gêmeo; eram bons amigos fora do recinto de trabalho, por isso respeitava, embora algumas vezes tenha sido detido por Dohko, seu marido, para não retrucar a ordem daquele. Num pensamento longe, avistou um peixe formoso e bonito.

– Esse Roballo saiu que horas do mar? – Perguntou o jovem moreno a um senhor de meia idade que erguia o peixe pela calda. Este olhou rapidamente para um relógio pequeno que estava na mesa com o vidro da tela trincado, e respondeu solícito:

– Há exatamente 3 horas meu rapaz, pesando 22 kg e meio com quase um metro! Faço-te um ótimo preço! – Aioria minuciosamente examinava, olhava sua escama brilhosa e no meio das laterais via-se uma tira fina, espelhando como um laço azul de vinil.

– Fora este, tem outro mais com o senhor? – Perguntou, olhando os cestos amontoados com peixes de algumas espécies e alguns polvos.

– Tenho um Bagre, olhe para este! – O velho exibia-o como um troféu, com pintas negras e de tamanhos diferentes por debaixo de suas escamas, a barriga totalmente branca. Aioria aprendeu bem com Kanon a diferenciar peixes frescos de outros que encalhavam na venda, e este, sua cor estava acinzentada e sem brilho algum, o cheiro dele estava forte e ácido o que o fez colocar a mão no nariz para deter o mau cheiro. Repreendeu em seguida o velho charlatão.

– Seu peixe cheira a podre, acha que eu comprarei? Preste atenção meu senhor, não é porque sou novo que serei ingênuo a ponto de não conhecer um peixe fresco!

O velho ficou atordoado, o timbre de voz do rapaz era forte e exigente, um rosto lívido como dele, não se esperava resposta alguma. O velho ficou desconcertado a ponto de abaixar o peixe e escondê-lo atrás dos cestos de palha. Vendo a expressão rígida do rapaz, tentou se desculpar, mas só ouviu repreensões.

– Se viu que não conseguiria vender, por que então não doou o peixe a uma creche? – O velho nada disse, a não ser olhar para os lados, envergonhado. – Se fosse esperto não teria deixado o peixe passar de seu melhor ponto, garanto ao senhor que ganharia pelo menos metade dele se vendesse no preço justo. Ou então doaria, pelo menos gratidão era algo muito mais recompensador! Mas vejo que a ganância falou primeiro... era um peixe formoso, agora ganhará o latão de lixo.

– Eu preciso vender. – Ralhou o velho, quase grosseiro. – Se me livrar de todo peixe que perder a cor ou cheirar mal, então é melhor eu largar a mão de ser um pescador, já que a merda do peixe não tem validade fora do mar! Poupe-me, se tivesse deste lado, me entenderia, pois tenho razão de vender o peixe neste estado!

– Sou de família pobre, cresci vendo como meus pais trabalhavam, e certa vez meu pai precisou ser pescador, e antes que um peixe seu perdesse o valor de venda rendável, ele sempre doava, e sabe o que ele ganhava? – Perguntou de modo suave, embora para o velho soasse intimidador, mas o moreno quis deixar uma boa lição. – Ele recebia agradecimentos dos menos favorecidos, e digo mais, ele nunca precisou vender um peixe ruim. Poupe-me de suas demagogas e aprenda a ser um ser amável.

Enquanto era repreendido, o velho engolia sua saliva como se estivesse com sede. Tremeu por um minuto, desolado, até seus olhos ficaram marejados – ninguém nunca em sua vida dera uma lição de vida.

Aquele rapaz jovem, de feição dura, contudo adorável, dissera a ele uma realidade que poucos conheciam. Deixando o peixe de lado, tirou o chapéu de pano e segurou forte entre suas mãos calejadas, segurando uma lágrima. Reconheceu seu lado trambiqueiro, até mesmo desejou a morte pela sensação que aquelas duras e reais palavras lhe causavam. Em meio ao turbilhão de sentimentos frustrados, pediu desculpas, já não aguentando conter suas lágrimas.

– Perdoe-me meu jovem, eu só pensei em ganhar, nunca parei para pensar se alguém mais precisava, tenho esposa e três filhas, como sabe. – Ele pausou num suspiro lamentador. – Meninas não são desse ramo, porém eu as amo, acordo primeiro que você meu jovem rapaz, e saio pela madrugada adentro indo velejar no mar, pescando para dar conforto a elas. – Dizia o velho de cabeça baixa, e Aioria percebeu que ele chorava, pois as gotas caiam ao chão imundo, porém apenas ouvia. – Fui egoísta demais para entender que nem todos têm a mesma sorte...

Aioria se compadeceu do velho baixinho e barbudo, seu rosto era rústico, porém, ao dizer tais palavras, o moreno entendeu um pouco dele, embora ainda não aceitasse suas justificações, afinal, o velho só precisava ser humilde, não um charlatão para tirar vantagens dos outros.

– Olhe, eu vou levar esse Robalo do senhor, pagarei o dobro por ele para compensar sua perda. – Ao ouvir isto, o velho senhor lhe sorriu, enxugando as lágrimas insistentes. A voz do jovem rapaz era polida e aveludada de paz e, ainda que envergonhado pela tentativa de enganá-lo, aceitou de bom grado. Percebera que o jovem estava o ajudando, pegando rapidamente alguns jornais velhos e embalando o peixe com todo cuidado que poderia ter, lembrando-se de que nunca em sua vida alguém tinha sido tão gentil e amoroso como o nobre rapaz estava sendo com ele. Sorria afetuosamente, até que sentiu a mão dele sobre seu ombro e então ergueu os olhos cansados para os dele, ouvindo mais uma palavra.

– Seja forte, e, além disso, seja humilde.

Sendo assim suas últimas palavras, o rapaz lhe meneou a cabeça em um cumprimento e o senhor acenou dando-lhe um adeus, dizendo feliz na retirada deste:

– Prometo ao nobre rapaz que encontrará peixes frescos e um atendimento sem igual desse pobre senhor! Adeus, jovem! Adeus!

Aioria sorria em vê-lo contente e eufórico pelos acenos que recebia, esperava que deste encontro aquele velho senhor aprendesse uma grande lição, bastava saber se ele aplicaria, mas quem sem importa? Ele fez seu trabalho como um bom rapaz, seu irmão certamente se orgulharia.

Com uma sacola em mãos, se afastava da feira dos pescadores, ainda que muitos o barrassem oferecendo mariscos e moluscos. Teve vontade de comprar camarões, porém sabia não ter tempo para um bom preparo; deixaria para próxima vez, quando Marin fosse visitar seu apartamento.

Enquanto caminhava, foi até o calçadão respirar um ar puro e fresco, o sol já se erguia imponente e pessoas transitavam pelo local, uns a caminho do trabalho, já outros para esporte. Olhava o mar tranquilamente e, por uns instantes, permitiu-se sentir a maresia, até que algo o acertou forte no traseiro, bem na hora que já se espreguiçava. Ao virar para trás, um sorriso levado e divertido se fazia no rosto do outro, seus cabelos ligeiramente loiros estavam presos num rabo de cavalo, embora madeixas caíssem-lhe sobre o rosto deixando-o ainda mais sexy, com seu ar sedutor ainda mais atraente, seus olhos brilhavam intensamente. Como se não tivesse feito nada, este deu uma piscadinha sacana com um sorriso nos lábios finos e, ainda descontraído, estava com as mãos na cintura.

– Poderia quando me vir tentar não acertar o meu traseiro? – Pediu entre os dentes, com as duas mãos no lugar dolorido.

– Eu até posso tentar, mas sua bunda me chama para um amasso. – Respondeu enquanto se desvencilhava de um soco no braço.

– Milo, meu traseiro já está calejado de todas as vezes em que você me acerta com um pano, e quando não é um pano, é sua mão grande!

– Oh, calma leãozinho, não fica bravinho comigo. – E foi até ele o apertando nos seus braços, que eram um tanto fortes e delineados. Deu um beijo estalado na bochecha do amigo, dizendo bem próximo ao rosto.

– Bom dia, pixano!

– Bom dia para você também, seu venenoso! – Se desfez do abraço dele. – Não sabia que corria nos sábados.

– Hoje eu acordei bem disposto, uma alegria sem tamanho, sabe?

– Deixe-me me adivinhar. – Falou Aioria, colocando o peixe num assento de pedra, parando de frente ao amigo. – Ficou sabendo do novo funcionário que tomará conta dos vinhos, acertei?

– Claro que não! – Fez uma careta, revirando os olhos.

– Mente tão mal, como também nem sabe disfarçar. – Sentou na pedra colocando as mãos na cabeça enquanto o via se exercitar, começando a fazer flexões.

– Sabe amigo – Confessava. – Quando vi aquela foto no currículo, com aquele cabelo e com aquela aparência séria, algo ficou diferente comigo... sei lá, me senti atraído instantaneamente.

– Agora você falou a verdade. – Aioria riu.

– Sempre conto a verdade. – Ele parou para responder, e continuou a flexionar.

– Milo, se o chef...

Antes que terminasse de dizer o que queria, Milo o interrompeu. Grilava o amigo toda vez que o ouvia chamar na rua de chefs os nomes dos seus companheiros; no trabalho até entendia, mas na rua? Ele não aceitava.

– Estamos na rua, pode o chamar pelo nome, falou?

– Você e essa sua besteira. – Respondeu, agora cruzando os braços. – Já falei que é o costume, trabalho com eles desde que abriram o restaurante aqui em Paros e, além do mais, Shion é um cara legal, e por respeito a ele também, eu o chamo de chef.

– Tá bem! – Falou como se estivesse fadigado, e parando de fazer as flexões, se pôs de pé, colocando uma das pernas na pedra onde Aioria se sentava e começando a alongar, disse: – Deveria mudar esse seu costume e começar a chamá-los pelos nomes, nunca sei de quem você está falando primeiro, se é o chef Kanon, aquele insuportável. – Aioria balançou a cabeça em negação. – Ou de Saga, outro insuportável.

– Milo...

– Ah, também tem o sub chef, Shion, que para mim dá tudo no mesmo.

– Você está generalizando, desde quando Shion é insuportável? Pelo que me lembro, ele que passou a mão na sua cabeça quando VOCÊ quebrou uma pilha de pratos de porcelanatos, e quando Kanon quis esganar alguém, foi o pescoço de Shion que ele agarrou. – Milo semicerrou os olhos, num bico zangado. – Eu no seu lugar mudaria essa posição...

– Foi um acidente...

– Há quem diga isso mesmo. – E saltou da pedra, tirando o celular do bolso, já passava das 07h30min.

– Bom. – Comentou. – Preciso levar esse peixe para o restaurante e preparar o filé dele. – Milo mudou a perna pra alongar a outra.

– Eu vou para casa. – Falou o loiro gostosamente. – Tomar um banho delicioso e pensar naquele meu fetiche.

– Nem sabe se ele é do mesmo time que o seu. – Disse. Embora não quisesse jogar água fria na frigideira quente de seu amigo, precisava alertá-lo, odiaria vê-lo choramingar por isso. Já estava com a sacola em mãos pra sair.

Milo ficou pensativo ao ouvir; era bem verdade que o cara da foto só continha seus dados profissionais, e o que ele era, de fato, só os deuses sabiam. Contrariou-se.

E antes que moreno seguisse rumo ao seu carro, viu que Milo mirava alguém de longe e ouviu-o dar um berro bem alto, enquanto levantava os braços num aceno exagerado, onde todos que passavam na hora olharam para o loiro, que trajava uma regata azul, a contrastar igualmente com seus olhos. Também usava uma calça moletom de cor cinza com tênis bem mais surrado do que o de Aioria. Seu corpo estava levemente suado e, ao contato do sol, sua pele brilhava saudavelmente, exibindo seus contornos na regata colada ao seu peito, onde seu abdome ficou visivelmente delineado.

– PANGARÉ! – Acenava euforicamente. – OI!

O moreno franzino apenas acenou ao longe, um pouco encabulado. Milo vivia chamando ele assim no trabalho também, e acenou de volta e correu até um pouco mais rápido. Lembrava-se da noite passada e das palavras zombeteiras proferidas por ele: “ela é demais pra você pangaré, sua carroça não compete com o cabriole dela.”

Isso magoara o rapaz, porém não o deixou desanimado. Mesmo ouvindo isso, seu coração se encheu de esperança com apenas uma olhada da jovem moça.

– Não o chame assim, Milo. – Tentou repreender, Milo nunca levava a sério seus amigos.

– Ah! Eu só estou brincando com o Seiya. Ele não liga.

Aioria via que com Milo era difícil falar, ainda mais ter que aconselha; quando ele aprenderia? Achou melhor ir embora, se não o peixe perderia a consistência exigida pelo chef Shion.

– Vou indo, melhor levar esse peixe. Tenho muito que fazer agora cedo.

– Eu também vou, a propósito. Está de carro? – Perguntou o loiro, já no término de seus exercícios.

– Sim, estou. – Confirmou, puxando ele pelo braço como uma criança. Ia tentar novamente conversar, então saiu dizendo: – Vamos conversar de novo sobre como tratar o nosso amigo, Seiya. E, também, sobre como você vai se comportar na frente do nosso futuro Sommelier!

– Comportamento é o meu nome do meio...

– Eu discordaria disso.

Milo o olhou erguendo uma sobrancelha. Quem era ele para falar assim? Tudo bem que comportamento não era o seu forte, mas quem sabe se seu futuro amigo fosse do seu time? Ele tinha que descobrir se a fruta do ruivo era a mesma que ele gostava de experimentar.

 

 

Shion despertou com a chamada do seu telefone e, com o olhar turvo, viu quem era. Saga estava na linha às 10h da manhã. Shion tinha ido dormir lá pelas tantas da madrugada, depois de uma noite de amor intensa com seu marido, Dohko, que todas às vezes o via cansado, porém o respeitava. Sabia o quanto Shion dava duro na cozinha para orientar e organizar os pratos e pedidos da noite, e ainda tinha que dar atenção aos convidados, quando solicitada sua presença nas mesas. E Shion, como não podia deixar seu marido apenas fremindo, cedeu uma majestosa noite luxuriosa, deixando Dohko gozar por duas vezes. Ultimamente sempre transavam uma única vez; ele via Dohko querer mais, porém seu ar cansado já denotava que seria apenas um e mais nada.

Franziu o cenho, pois Saga sabia que a essa hora ainda ele estaria dormindo, mas pensou que algo de ruim pudesse ter acontecido para que o gêmeo ligasse numa hora de sono dele.

Virou-se na cama, acariciando a face que tanto lhe dava prazer e a beijou tênue. Atendeu a chamada ali mesmo.

– Bom dia, Saga.

– Bom dia. Shion, eu espero não ter acordado você, eu o fiz?

– Sinceramente, sim, você me fez despertar. – Falou cortês, tentando tirar a voz fanhosa pelo sono, e questionou: – Mas aconteceu algum problema?

 – Me perdoe, não tive intenção, eu me esqueci do fuso horário daqui de Londres.

Então Shion percebeu que era apenas uma ligação rotineira dos gêmeos, e disse:

– É verdade, e eu aqui já pensando bobagens. – Eles riram um pouco, e Shion quis descontrair a conversa e prosseguiu. – Vocês estão bem? Como está indo ai nesse passeio?

– Estamos bem... – Sua voz ecoou baixa, ao que Shion percebera, porém não questionou, era a segunda vez que notava a voz de Saga assim, terrivelmente ressentida.

– Fico feliz em saber que vocês estão bem. – Deu um bocejo repentino. – Desculpe-me, Saga, dormi tarde essa noite.

– Eu imagino que sim. – Shion o ouviu sorrir e, mesmo longe de Saga, ficou vermelho como um tomate maduro. Saga disse por fim: – Ligo para você mais tarde, eu me perdi nos horários, descanse bem meu amigo.

– Saga... tudo bem, eu ia já levantar. – Olhou para o relógio, era 10h15mim, apertou os olhos num muxoxo triste.

– Vá descansar. – Pediu gentil. – Sem a gente aí, eu sei que você está trabalhando o triplo. Volto a ligar mais tarde para saber do novo rapaz, passar bem. – Disse corriqueiramente polido, ao que Shion apenas finalizou num tchau e até mais tarde.

Ao desligar o seu telefone, foi enlaçado pelo braço forte que o puxou para mais perto do moreno. O corpo deste, nos poucos lençóis, mostrava marcas e chupões em lugares estratégicos, e ao sentir a pele macia do Muviano, que delicadamente estava perfumada, entregou beijos calorosos, e ouvia sussurros no pé do ouvido em agradecimento da noite perfeita com ele, que já se entregava aos toques libidinosos, sobre a mão que corria cada centímetro do seu corpo, e outro espalmava com vontade, como para ter certeza de que ele estava, de fato, ali presente.

– Será que você não se cansa disso? – Falou um pouco manhoso, enquanto jogava a perna rígida sobre o outro e sentia um apertão, no qual gemeu se deliciando.

– Com você, eu nunca me canso. – Respondeu ousado, já mordiscando os mamilos rosados de Shion, que mordia os lábios por sentir a língua quente do seu amado.

– Como se sente hoje? – Quis saber do moreno, embora ele já roçasse sua ereção nele, que aos poucos tinha a sua também despontando, e se enlaçavam nos beijos e abraços voluptuosos.

– Quer mesmo saber? Olhe para mim, e tire sua resposta. – O moreno exibiu uma fileira de dentes perfeitos num sorriso sexy, mordia o lábio inferior numa excitação desenvergonhada, e foi ávido na boca de seu amante que correspondeu no mesmo assanho. Beijaram-se novamente, Shion sentia a mão dele indo em seus cabelos, enquanto a outra já ia de encontro com seu membro numa carícia majestosa.

Shion era bem dotado, até mais que o próprio Dohko, tanto pela circunferência quanto pelo tamanho a mais de seus dois centímetros. Não que Dohko não se orgulhasse do seu; era um tamanho normal, geralmente o mais comum, por assim dizer, com dezoito centímetros. Porém ele que era o ativo na historia, e Shion sempre adorava ser preenchido por ele. Entre algumas noites de farras, Dohko quisera experimentar, mas Shion se recusara com medo de feri-lo.

E ao se apartarem do beijo, Shion tinha os lábios molhados, ao que o outro ainda lambia indo até seu pescoço chupar com cuidado, odiaria deixar chupões ali. Shion já se sentia com vontade, suas estimulações por debaixo dos lençóis eram tentadoras, seu marido sabia jogar com ele. Cuidadosamente seu marido o virou de costas, exibindo as costas brancas que tinha alguns arranhões superficiais, e foi descendo com a língua por toda a extensão da coluna, onde encontrou o bumbum empinado, e apertou com as duas mãos, ouvindo um gemido abafado. Shion apertou os olhos com desejo, e antes que seus braços se movessem, Dohko segurou nas costas deste, e fê-lo empinar apenas o quadril, ficando assim, de quatro, porém seu tronco e rosto iam de encontro com os travesseiros.

Com as mãos presas, sentia-se vulnerável para que em breve sentiria prazer. E Dohko cuidadosamente segurou as mãos dele com apenas uma, e com a outra foi no orifício deste que gemeu por sentir aquele intruso ali, mas Dohko não aguentou somente ver, tinha que experimentar, colocando em seguida sua língua quente, ao que o outro vibrava pela sensação prazerosa que invadia por inteiro seu ventre, corpo e alma. Shion até quis se libertar das mãos que seguram em cima de suas costas, mas Dohko prendeu firme, deixando ele agoniado enquanto gemia seu nome, pedindo para ser fodido.

Dohko sorria. Era do tipo insaciável, mas que, graças aos deuses, era respeitador quando Shion em muitas noites apenas lhe concedia uma única transa, e então dormia conformado.

Quando percebeu que o outro não aguentava mais, temia vê-lo gozar, e não era essa sua intenção. Retirando a língua dali, se posicionou em apenas uma estocada, e não aguentando mais segurar as mãos sobre as costas dele, soltou rapidamente ao que o viu agarrar os travesseiros com sofreguidão. Mais uma estocada firme, e sentiu ele se ajustar na cama, ficando assim plenamente de quatro. Dohko adorava ver os gestos sofridos e prazerosos que Shion sentia, e começou se mover devagar, alcançando o ritmo perfeito, e atingindo o ponto certeiro, na sua próstata. Ao atingir, ele se ergueu segurando o braço moreno sobre si, com firmeza, pedindo euforicamente para ser masturbado ali. Suas respirações encadeadas no ritmo afoito, ele posicionou Shion novamente na mesma posição, e meteu com mais vigor, e pôs-se a masturbá-lo sobre os gemidos ecoados no quarto núbio, e não mais aguentando segurar seu gozo, despejou tudo lá dentro, lugar onde seu pênis era pressionado toda vez em sua invasão. Antes que Shion despejasse sua seiva, o virou abruptamente, agora para sua frente, colocando o volume enorme em sua boca, chupando vagarosamente, sentindo em sua cabeça puxões de cabelos e gemidos que não paravam de sair. Ouviu-o gritar quando apertou o saco escrotal e, assim, sentiu o líquido quente em sua boca. Quando ele terminou, subiu seu corpo para um beijo gostoso, sentindo os gostos de seus lábios. Shion quase não se aguentava em tamanho cansaço, seu coração parecia que ia parar de tanto que seu peito arfava, e Dohko parecia ainda querer segundo round pela manhã – ou seria o quarto se contasse desde a primeira?

 – Eu te amo! Só você pra me deixar morto de verdade. – Dizia Shion ao colocar ele em seu peito, sentindo também a respiração acelerada do seu amante.

– Eu sempre amarei você. – Beijou o peito dele. – Vou preparar seu banho. – Dohko se levantou e seu membro ainda estava duro. – Na banheira juntos?

– Acho que não aguento ficar debaixo de um chuveiro, não desta vez. – Jogou um travesseiro no marido, ao que ele ria adoravelmente.

– Já o chamo.

E, assim, com a banheira preparada, gritou do banheiro, e Shion se levantou sentindo pequenos espasmos em seu corpo, pois doía também pela maneira que Dohko sempre infligia. Às vezes era amável e gentil; outras vezes, selvagem e faminto por sexo. Deitou na água morna ao lado de seu marido, que carinhosamente prendia os cabelos dele para não deixar molhar, e ficaram assim na banheira até chegar o horário de irem para o restaurante logo mais.

 

 

Em Londres, em seu quarto, já era um pouco mais que meio dia, e não se ouviu batida antes que a porta fosse escancarada de modo vulgar, revelando Kanon com apenas uma samba canção vermelha. Notava-se que apenas usava isso, mas Saga ignorou, ou melhor, se ele tinha alguma intenção o fez ter outra; mostrou o currículo que estava em seu e-mail, ao que o gêmeo mais novo indagou surpreso:

– Uau, que cabelo perfeito. – Antes que ouvisse alguma objeção negativa para seu atrevimento, foi logo sentando no colo do irmão. Na hora Saga quis tirá-lo ou até mesmo repreendê-lo, mas como não sentiu nenhuma maldade dele, o deixou ali, como uma criancinha no colo da mãe.

– Eu também achei, ele é francês. O que me diz?

– Parece ser bom. – Observou. – O currículo deste francês é perfeito, eu diria que ele seria um bom concorrente se acaso inventasse de abrir um restaurante. – Ironizou divertido. Saga começou a massageá-lo nas costas, e perguntou com cautela:

– Quando chegamos hoje pela madrugada, você parecia distante, como se tivesse acont...

Kanon rapidamente se levantou do colo dele e, indo pelas costas do irmão, começou ele a massageá-lo.

– Não foi nada, eu apenas cansei da viagem, foi isso.

Seu gêmeo mais velho entendia bem que algo estava errado, e que Kanon não era um bom dissimulado; em partes ele sabia atuar bem, já em outras, como essa, ele não sabia enganar. Ao dizer que não foi nada, que de fato tinha sido. Saga queria entendê-lo.

Não questionando mais nada, recebia o carinho dele, e sabia bem como disfarçar quando estava encucado com alguma coisa. Mudando de assunto, voltaram animados olhando o currículo profissional do mais novo funcionário do Restaurante Paros Dídymoi.


Notas Finais


Agora o Saga quer descobrir o que Kanon tem, e agora? Como ele fará isso?
E mais um novo funcionário entra na estória ehehehhehe e será como Milo irar se comportar?
Até eu, nem sei como isso vai ser <3
Comentem se assim desejar!
Abraços!


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