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História Obsessão Fraterna - Sinto seu ciúme como cheiro de salsa


Escrita por: Kalynna-Zoel

Notas do Autor


Olá, gente! Venho com mais um capítulo finalizado e sem demora, estou muito ansiosa para alguns capítulos HAHAHAHA não vejo a hora de escrever todos!
Eu sou do tipo que escreve na hora, não faço esse tal de “plot” então o que me vem vou escrevendo, e que por sinal, não vou me perdendo. Isso me deixa muito feliz de verdade.
Quero agradecer alguns comentários aqui e outros que recebi, também a galera no off que leu e me elogiou muito, a vocês, muito obrigada sem esse incentivo eu não sei se estaria aqui.

Também não quero deixar para trás a minha beta querida, que todas as vezes está disponível pra me socorrer, nem sei mais como dizer obrigada, por tudo que faz por mim. Há uma pessoa também que está fora do FANDON que é minha adorável Alice Calegari. Amiga, eu sei de sua árdua jornada, saiba que eu torço muito por ti. ^^

Deixei uma nota explicando algo que não falei no capítulo anterior.
Bom, chega de delongas, e boa leitura!

Capítulo 7 - Sinto seu ciúme como cheiro de salsa


Fanfic / Fanfiction Obsessão Fraterna - Sinto seu ciúme como cheiro de salsa

GRECIA, 00h35min.

O chef fechava o serviço da cozinha, que para o seu regozijo, saiu conforme o cronograma. No entanto, algo lhe afetava, deixando-o um pouco incomodado: uma chef não se fazia presente. Apesa disso, Marin dera sorte em faltar justo quando Kanon não se encontrava.

Shion reconhecia o trabalho dela e sabia perfeitamente que, para um cozinheiro do calibre de Marin, uma falta na cozinha é um detalhe muito grande. Não é um ingrediente que basta comprar e repor, é um funcionário que se tornou indispensável, mas pelos motivos confidenciados somente a ele, teve que abrir mão dela por hoje. Se fosse o chef Kanon, algo que ele deixara bem claro como um alerta, era só passar no escritório para fazer os acertos de contas.

Observou Aioria, que estava próximo a bancada de inox organizando o tamanho das facas, para guardar no estojo. Foi até ele para argumentar a pequena dúvida.

- Marin e você tem um bom relacionamento, pelo que já vi. – Aioria parou o que fazia, já arrumava as facas no estojo. – Quando os vejo juntos, gosto de comparar vocês como um Pudim de chantilly com calda de chocolate.

- Parece ser realmente gostoso, chef.

- E é uma delícia. – Sorriu.

O jovem ficou meio tímido, já imaginava o porquê da comparação. Algo que o fez pensar na sua última transa com ela. Ninguém desconfiaria do lugar inusitado, pelo menos, era o que tudo indicava, por enquanto.

- É uma comparação muito deliciosa, chef. – Riu acanhado. – Marin e eu somos amigos... Ela te falou o porquê de não ter vindo hoje, não é mesmo?

- Sim, falou. – Shion mudou de posição, agora ficando do outro lado da bancada, de frente para ele. – Eu quero que vocês contem para o Kanon que estão namorando, ou ficando, não sei qual é o termo que vocês jovens usam, mas o importante é contar para ele.

- Contar o quê, chef? – Se fez desentendido. O subchefe semicerrou os olhos lilases.

- Não subestime minha inteligência, Aioria. Sei quando um casal está apaixonado. – Sorriu afetuoso. – Eu acho vocês muito fofos, aliás.

Aioria percebeu que não tinha como fugir do assunto, nem como esconder o seu relacionamento com Marin. Não imaginava como o seu chef tinha descoberto isso, parecia estar tudo tão encoberto e perfeito debaixo dos panos... Como ele percebeu? Não quis indagar, afinal, e até agradeceu como o chef se referiu a eles. Acabou confessando que estavam namorando, e que pretendia contar para o chef assim que o mesmo retornasse da viagem. Shion não o repreendeu, pelo contrário! Dava até força para ao relacionamento deles, porém Kanon dizia que quando casais de namorados trabalhavam juntos, era sinal que sexo ia rolar em qualquer lugar e que as panelas queimariam toda vez. O subchefe nunca acatou essa ideia tosca, mas por ser um funcionário exemplar, nunca opinou nada, somente quando algo realmente lhe dizia a respeito. Kanon se fazia de chato, era sua única opinião.

- Só lhe digo uma coisa, Aioria. – Disse Shion. – Não dê razões ao Kanon... Sabe o que ele pensa sobre ter um casal de namorados no restaurante dele. – Suspirou fadigado. – Uma opinião tão tola...

- Chef, com todo o respeito que lhe tenho, – Diz o parties. – Você é gay e é casado com o Dohko! Porque Kanon tem que implicar comigo e ela?

- Quando ele me contratou sabia de minha preferência sexual, e além do mais, eu já mantinha um relacionamento com Dohko. – Ele tirou o avental, alguns funcionários já estavam de partida e ele apenas acenava, se despedindo mas sem perder o foco da conversa. – Agora você e ela iniciaram aqui, é como se vocês quebrassem um “protocolo”. Lembre-se que quando vocês entraram, assinaram o contrato com ele sem questionar isso... Melhor não comparar essa minha questão com a sua. – Seu tom saiu autoritário como um alerta, deixando o jovem em sua frente sem jeito. Era bem verdade.

Porque não questionara isso no dia que tinha sido empregado? Tampouco não imaginou se apaixonar por uma colega de trabalho! Se o destino queria trollar com ele, era melhor aplaudir, pois conseguiu direitinho. Resoluto, findou a conversa se desculpando, e saiu da cozinha pensando na frase dita pelo chef: “Não dê razões ao Kanon... Sabe o que ele pensa sobre ter um casal de namorados”. Essa frase tirou totalmente seu sono, se a despensa falasse, diria coisas que certamente lhe renderia um pé na bunda, e pior, não receberia nem um tostão! Teria uma boa justa causa...

Andando pensativo em direção ao portão de saída, foi despertado pelo som da voz de seu amigo Milo.

- Calma aí, gatinho. Por que da pressa?

- Estou cansando Milo, já é quase uma da manhã. Estou morto!

- Não pense ser o único, ok? – Aioria abriu o portão e eles passaram. – Eu andei o salão inteiro servindo, não é fácil ficar andando com uma bandeja em apenas um braço erguido, pega leve... – Disse com desdém.

Nesse momento, outro funcionário abria o portão, e ao se aproximar deles, Aioria reconheceu algo que estava em suas mãos, a pasta preta de Camus. Franzindo o cenho, quis tirar a dúvida.

- Essa pasta, onde encontrou?

- Encontrei no bar, caído no chão. – O rapaz entregou a pasta a Aioria, que viu o nome do francês na contra capa, Camus.

- Porque não deixou lá? Amanhã o dono pegaria.

- Dohko pediu para entregar ao novo funcionário...

Milo viu Camus sair pela porta da frente e andar apressado, muito apressado. Ao perceber isto, saiu de perto dos dois rapazes e tentou segui-lo, porém Camus olhou de soslaio e, notando a perseguição, apertou ainda mais o passo, entrando no veículo e saindo queimando o pneu. Milo parou, olhando o carro se distanciar até sumir na última quadra. Teve a terrível sensação de ter sido deixado no vácuo.

- Onde pensa que vai? – Perguntou Aioria, tocando em seu ombro, depois de ter se despedido de seu colega de trabalho, Argol.

- Ele nem sequer deu uma buzinada pra dizer uma boa noite... – Disse decepcionado.

- Olhe, pegue. – Entregou a pasta, se compadecendo com a carinha de cachorro abandonado que seu amigo fez – Talvez isso possa ajudar você se aproximar dele.

Milo aceitou de bom agrado, embora lá no fundo seu sentimento ficasse ferido pela atitude do ruivo. Porque será que ele apressou o passo? Esperava ser uma dor de barriga forte e ele não querendo usar o banheiro do restaurante, foi para o de sua casa! Preferiu pensar assim, para sorrir pro seu amigo.

- Valeu tigresa... É, quem sabe isso possa me ajudar, né?! – Exibiu a pasta em suas mãos.

- Tigresa vai ser quando eu levantar minha mão, se não parar de me chamar assim.

- Cara... Porque tanto ódio? Não me recordo de meu amigo Aioria ser assim. – Milo disse brincando, levando o braço até o ombro de Aioria. Caminharam para o carro dele, enquanto seguiam Shion e Dohko, que trancavam o portão. Shion falou com os dois, e Dohko visualizou a pasta agora nas mãos do loiro.

- Querem carona?

- Obrigado, chef. – Aioria quem disse. – Fica pra próxima. – Se aproximaram do carro e quando entraram, Milo mal tinha se sentado e já foi imitando a voz e fazendo um arremedo dele, e uma péssima careta.

- Porque está me repetindo? Seu babaca... – Rosnou baixo.

- Quantas vezes eu falei pra você parar de chamar o chef Shion de chef na rua? Cara... – Levantou o dedo indicador girando para cabeça, insinuado que Aioria era doido.

- E quantas vezes eu tenho que dizer que respeito ele? Cara... – E fez o mesmo gesto para o loiro, porém com deboche.

- Hhêêêm... – Zombou o loiro. – Engraçadinho... Vamos logo! Quero dormir...

Aioria não quis retrucar, sua cabeça ainda estava na maldita frase de Shion, enquanto dirigia pensava em como tudo estava perfeitamente discreto. Marin o tinha provocado, e como não era de negar fogo, ele a chamou para a despensa, e foram parar no canto das prateleiras de madeira. Quando ela se aproximou, a beijou como se nunca tivesse beijado, ela estava tão carente, suas mãos corriam por todo o corpo dela, que correspondia com gemidos baixos e beijos fervorosos. Logo foi levantando a regata cinza e exibindo os fartos seios, onde ele caiu de boca e língua e apertava com fervor. Era uma tarde deliciosa, Shion não estava na cozinha e apenas alguns faziam o pré-preparo, o Maitre estava no salão com os garçons. Tudo parecia favorecer aquela tarde libidinosa.

Em poucos minutos já se encontravam nus no canto estreito das prateleiras e ele erguia uma das coxas roliças dela, arremetendo com luxúria e desejo. Não demoraram muito, e gozaram juntos. Vestiram-se rapidamente entre risos e beijos, Marin expressou medo ao sair do cômodo, mas seus conselhos foram todos seguidos, e quando eles saíram um após o outro, ninguém comentou nada do sumiço deles. Então por que se incomodava com aquela frase do chef?

- Aqueles gêmeos são uns filhos de uma mãe... Que homens mais desconfiados! – Milo disse com certo enfado, num bocejo longo.

- Porque diz isso, Milo? – Quis saber, já que o loiro tinha quebrado o seu raciocínio e faltava pouco para chegar à casa dele.

- Soube hoje que tem câmeras de segurança até lá na despensa... É mole? Quem vai querer roubar feijão preto e arroz? O que se passa na cabeça daqueles gême... – E antes que terminasse de falar, moveu-se brusco no acento pela freada do carro. Por sorte estava de cinto.

- O QUÊ VOCÊ FALOU, MILO???

- Tá a fim de nos matar, é? – Reclamou o loiro furioso, ajeitando-se no acento. A brecada brusca fez até seus cabelos serem jogados para frente.

- REPETE o que você disse! – Pediu aflito, seus olhos estavam vidrados, não pela freada, mas pelo que ouvira mesmo.

- Repetir o quê? Que os gêmeos são uns avarentos desconfiados filhos de uma...

- Não! – Bradou quase entre os dentes. – Como assim, CÂMERAS?

Milo não entendia o porquê da reação aflita do amigo. Respirando devagar, olhou para o retrovisor, alguém fazia sinal com o farol e começou a buzinar pedindo que se movessem.

- Melhor seguirmos, tem gente querendo transitar também!

Um pouco trêmulo, Aioria girou a chave, ligando o carro e passando a marcha, logo seguindo o seu caminho. Milo o olhava espantado, e notou gotículas de suor na testa de seu amigo, uma chegou até a escorrer pelo canto do rosto.

- Falei algo demais? – Perguntou Milo. – Você ficou com uma aparência péssima! O que tem as câmeras de vídeo?

- Nada demais... Apenas nada...

- É mesmo? – Duvidou e parou de olhá-lo. – Quero lembrá-lo que sou gay, não uma loira burra, o fato de eu ser loiro não quer dizer isso, pelo menos não se aplica a mim...

- Milo, não torre minha paciência, minha cabeça está doendo.

Assim que o carro estacionou, Milo insistiu que ele ficasse no seu apartamento, já que morava sozinho. Um tanto relutante, Aioria aceitou entrar para tomar um copo de água, e ser otimista que nenhuma câmera tivesse realmente gravado ele e Marin transando no canto da despensa. Suspirando um tanto nervoso sentou numa poltrona, e ficou com a cabeça baixa, imaginando a reação dos gêmeos se assistissem esse vídeo. Na certa os expulsariam sem nenhuma reserva, ou talvez até rissem pelo episódio e aplaudiriam o desempenho deles, mas esse era apenas um pensamento bobo.

Milo, o vendo sentando daquela forma, trouxe o copo de água, puxou uma cadeira e sentou de frente para ele, tocando no ombro e entregando o copo, dizendo:

- Fala comigo, o que houve Aioria? Estou realmente preocupado que você tenha comido algo da despensa...

O outro nada dizia, ainda com a cabeça baixa, suspirava alto. Milo continuava a falar:

- Aioria... Diz alguma coisa...

- Quando instalaram as câmeras? – Perguntou, levantando um pouco a cabeça.

- Pouco mais de uma semana, se não me engano, logo quando os gêmeos viajaram. – Explicou naturalmente sem alarde, cruzando uma perna em cima da outra, sem tirar os olhos do amigo, que ainda suava um pouco.

- Não vi nenhuma movimentação de eletricistas, dessas coisas... – Dizia mais para si, lembrava-se disso, e tinha certeza também! No entanto, como não viu nada? Tinha que entender, talvez estivesse em pânico à toa pelo que o chef disse, tinha que ser! Era a reputação de Marin que estava em jogo, não se importava com ele, porém ela? Não poderia se queimar tanto assim. Não desta forma vergonhosa.

- Foram pela manhã, ouvi Argol dizendo a Dohko que as câmeras estavam posicionadas nos pontos estratégicos. – Explicou para o amigo, que pedia com os olhos aflitos. – Foi então que comecei a olhar a fiação; estavam bem escondidas, algumas canaletas de PVC foram bem arrumadas nos contornos das luminárias, foi então que achei na despensa também...

- Em qual parte da despensa você encontrou Milo, lembra onde?

- O quê você roubou lá, Aioria? – Perguntou sem se importar com o outro. – Se você confessar amanhã antes dos gêmeos voltarem, talvez a sua carteira não fique tão pichada... – Frisou a última fala.

- Eu não roubei nada!

- Então conta logo, porra! Tá me deixando curioso... – E se levantou da cadeira rapidamente com um olhar sério, Aioria apenas seguia seus movimentos. – Como acha que fiquei? Eu sonhei com aquele canto das prateleiras, é sério! Desde quando vi o ruivo delícia.... – E mordiscou o lábio imaginando. – Trepan... – Mas antes que terminasse de falar, Aioria o cortou, era mais como um sussurro sua revelação, deixando Milo estático para o que estava ouvindo.

- Eu transei com Marin nesse canto...

- O QUÊ?

- É sério! Eu fiz mesmo.

- Seu traíra de uma figa! Eu ia transar nesse lugar, como pôde fazer isso? – Aioria se levantou ao ver seu amigo exaltado. Mas quem estava em perigo era ele, não o loiro! Tinha que explicar, de algum jeito, e o fazer entender a situação.

- Você nunca me disse isso!

- Estou dizendo agora! – Milo andou no meio da sala, gesticulando com os braços teatralmente. – Era o meu fetiche! Você roubou de mim!

- Deixe de drama, eu não roubei nada você!

- Você sujou alguma prateleira? – Aioria revirou os olhos, não acreditando naquilo que ouvia da boca de Milo, e rapidamente olhou para o relógio de pulso. Era 01h25min da madrugada. – Porque se tiver suja...

- Não está nada suja, pra seu governo! E o problema aqui sou eu! – Ele apontou pra si mesmo, com o timbre alterado. – Tente focar em mim só um pouquinho e pare de pensar só em você mesmo! – Aioria ofegava cansado, explicando. – Milo, eu transei com a Marin, se eles virem o vídeo da gente, a reputação dela pode cair como chef de cozinha! Se alguma imagem daquelas for parar na mão de algum idiota e postar na internet, já imagina como tudo isso pode ser? Eu sou homem, já ela...

Milo calou-se, se sentiu envergonhado.

- Consegue entender a situação em que eu a coloquei? – Inquiriu, e por fim sentou-se na cadeira que antes Milo estava sentado. – Isso foi minha culpa...

- Tá aí um problema, se você tivesse me dito que estava a fim de transar com ela, te sugeriria outro lugar.

Aioria lançou um olhar mortalmente indignado.

Milo sentiu seu corpo gelar, falara realmente sem pensar. Tentou se retratar como podia entre o seu embaraço – Quero dizer... Eu te ajudaria... Eu...

- Tudo bem, Milo. Deixe-me ir para minha casa, por favor. – E se levantou ainda mais cansado e muito triste. – Amanhã dou um jeito nesse problema, enquanto isso, me desculpe por estragar seu fetiche! – Foi mais como um rosnado de raiva pela falta de compreensão, e Milo se sentiu ainda pior.

- Aioria, me desculpa, juro que não tive a intenção de deixar você assim! Eu não sei o que deu em mim, eu juro, foi sem querer essa minha reação! – Aioria se dirigia para saída ouvindo Milo tagarelar em suas costas. – Por favor, durma aqui hoje, mais tarde acharemos uma solução juntos, eu prometo...

- Preciso ficar só, até lá, basta! Fique bem, Milo... – E fechou a porta sem bater.

Milo ficou parado vendo a porta fechada, suspirou triste pensando “Desta vez você passou dos limites, Milo” e foi para seu banho rápido. Já trocado em sua cama, não parava de pensar em como conheceu o ruivo no banheiro e na forma como foi tratado por ele. Por qual motivo o ruivo andava depressa? Esposa? Filhos? O quê? Tinha que descobrir sobre a vida dele, mas antes de tudo isso, tinha que limpar a sua barra com seu melhor amigo, Aioria. Pensando nele, adormeceu chateado consigo mesmo.

 

LONDRES. – Antes das 18h.

O mais novo dos gêmeos, Kanon, passou o final de tarde no bar com Radamanthys. Estavam entretidos em suas conversas, falando animadamente um pouco de si, e o gêmeo estava curioso a respeito da profissão do inglês. Porém apenas conversavam amenidades do dia a dia, e isso não permitia a nenhum deles perguntar sobre questões profissionais. Talvez o papo fosse mais pra se conhecerem melhor. A conversa fluía naturalmente, então Kanon soube que em breve saberia qual era o trabalho de Radhamanthys. Certamente o inglês também pensava assim.

Minos, o primo mais velho do inglês, tinha avistado quando foram em direção do bar do hotel e como o Radamanthys não o viu, aproveitou a oportunidade e correu para o quarto onde estavam hospedados, afim de fazer uma pesquisa a respeito do sobrenome Dídymoi. Chegando lá, foi direto ao computador, digitou o sobrenome na busca, e pronto! Na Wikipédia, alguns dados de informações lhe chamaram a atenção: filhos únicos de pais mortos, sobre a mãe nada que fosse importante para ele, mas não quis ignorar a questão. De cara soube que os gêmeos eram donos de um belíssimo restaurante na ilha de Paros, Grécia. E herdeiros também de uma bela fortuna! Isso o fez sorrir perfidamente, seus lábios muito finos lhe deram a expressão de um sádico, pois tivera uma nova ideia. Mentalmente dizia: “isso facilita muito o meu trabalho, a internet é como marionete nas mãos dos sábios!” assim, procurava algo mais sobre eles, e para sua decepção, nenhuma conta de redes sociais, o que lhe rendeu uma pequena ponta de frustração. Porém isso não o limitou, estava diante de uma bela fortuna e de um restaurante que valia milhões, nada o impediria.

Pegando o celular ligou imediatamente para o seu irmão caçula, Lune. Estudante de gastronomia e estando próximo do término do curso, Minos sabia que seu irmão precisava colocar no currículo horas de estágio, mesmo não remunerado. Precisava daquela experiência para se tornar um bom cozinheiro.

- Alô.

- Irmão, sou eu, Minos. Como tem passado?

- Ah, você... O que quer desta vez? – Retorquiu amargo, Minos sabia o quanto ele estava enfezado consigo e não se incomodava com isso.

- Dar a você uma bela oportunidade de estágio na Grécia, o que acha da ideia?

- Oportunidade? A última vez que você falou isso, me rendeu sérias dores de cabeça, e não me refiro a uma dor literal.

- Calma... Você anda muito estressado... Melhor lembrar-se de quem paga sua a bolsa e sua moradia todo mês. – Dizia debochadamente, ouvindo os suspiros fastidiosos. – Tem um restaurante na Grécia e quero que o visite logo! – Ordenou muito sério.

- Você não tem jeito... Acha mesmo que vou para lá, só porque você quer? Está enganado maninho... Não irei.

Minos riu com desdém, quem seu irmão pensava que era? Ele iria, querendo ou não, disso tinha plena certeza.

- Olha só seu moleque...

- Não me chame assim!

- Vou comprar a sua passagem em breve pra lá, e trate de me enviar o seu currículo por e-mail, com foto! – Lune se calou de imediato. – Ou você pode dizer a deus a essa escola e ir morar na rua. Lembre-se também que eu sou seu único pai e que mãe você não tem, a única que te gerou está trancafiada no hospício! – Não era apenas uma ameaça, também o humilhava sem consideração e isso seu irmão sentia. Minos não precisou perguntar se ele chorava, pois sabia que as lágrimas corriam pela face dele. – Espero que estejamos entendidos irmão, e a propósito... Estou com saudades de você, já não me lembro mais de como é seu corpo... – Ao dizer isso, se alisava enfiando a mão por dentro da calça, apertando o próprio membro. Gemeu como se penetrasse alguém, apenas a respiração de seu irmão tensa que se ouvia.

- Não sente minha falta? – Inquiriu debochado.

- Qual é a jogada? – Perguntou o mais novo, mantendo o mesmo timbre, indiferente. Tentava não se lembrar de sua adolescência triste.

- Em breve, vou para Noruega, e te conto com carinho...

Sem mais o que pensar, Lune desligou o telefone. Se encontrava sentado na mesa de uma lanchonete, estava bastante frio o ambiente. Enxugando as lágrimas para não serem notadas, se levantou, lembrando de como seu irmão tinha um gênio estranho e difícil de lidar. Já imaginava como seria com ele.

 ***

Saga, impaciente, olhava o relógio em meia e meia hora. Kanon ainda não tinha voltado de seu passeio da tarde, já passava das 20 horas e isso só o atormentava. Já havia ligado para o irmão e só então percebeu que ele não tinha levado o telefone. Trajado com roupas limpas, a noite estava fria, usava uma camisa de mangas longas e calça comprida, nem sequer tinha pedido a janta ainda e pior! Não conseguiu comprar as passagens, de tanto que pensava nele.

Quando resolveu sair, a porta se abriu e Kanon entrou distraído, mas havia algo no olhar dele, algo que só o mais íntimos do íntimos notaria, uma sutil mudança. Cuidadosamente, Saga disfarçou o quanto estava ansioso pela presença do seu gêmeo.

- Oi, me desculpa mano, acho que demorei um pouquinho. – Disse o gêmeo mais novo. – Você já jantou? – Perguntou, não por preocupação, mas por praxe mesmo.

- Eu ia pedir agora. – Foi para o telefone discar, e olhava de soslaio todas as ações dele. – Algo em especial para hoje? – Perguntou apenas para ver a reação, e para seu desagrado, ele disse não.

- Vou tomar um banho, eu realmente preciso de um. – Ele caminhou alguns passos, mas voltou dizendo. – Peça qualquer coisa, por mim tudo bem. – E foi para seu quarto.

Saga sentiu um enorme frio correr pelo seu corpo, uma onda de sensações desagradáveis invadiam toda sua mente. O Kanon que ele conhecia iria exigir o que comer, e mesmo se dissesse isso, seu comportamento seria outro. Ainda incrédulo, discou rapidamente fazendo o pedido; rosbife de filé mignon com ervas, arroz com champagne e batatas douradas, e um vinho seco. Foi seu pedido mais simples de toda sua vida, pelo menos foi o que achou.

Findando o pedido, andou para um lado e outro pensando no que o fez agir assim, como uma pessoa desinteressada, pois foi essa sensação que lhe invadiu em primeiro plano. Mas não se comparava com aquele olhar, um olhar alegre, um olhar apaixonado.

Ao pensar nisso, esmurrou a pequeno móvel próximo ao sofá, derrubando as coisas que estavam nele. Então uma ideia lhe veio de imediato, porque não olhar ele tomar banho? Algumas vezes fez isso para aplacar seu sentimento por ele, mesmo quando a vontade era de tomar banho junto ao irmão e cometer o pecado de suas vidas.

Assim, devagar, foi para o quarto do irmão. A porta não estava trancada, para o seu alívio, e uma peça de roupa estava sobre a cama. Também a porta do banheiro estava entreaberta, e assim, se aproximando para não ser visto, olhou pela fresta, vendo-o se ensaboar normalmente. Por um momento, achou que ele estava se masturbando, devido ao acontecimento de logo cedo. Tomando coragem empurrou a porta e Kanon olhou surpreso.

- Que milagre, você não aparece no meu banho normalmente.

- Diga-me, qual é o nome do seu amigo? Você não me falou quando estávamos conversando. – Perguntou seguro, porém, não tanto quanto mais cedo, prepotente.

- Por que você quer saber? – Perguntou, e um risinho cínico se formou. – Está com ciúmes de mim, maninho? – Se virou totalmente para ele, sem tirar o olhar faminto de desejo, desligando o chuveiro.

- Digamos que estou preocupado com seus novos amigos. – Por pouco não falou relacionamentos, o box estava aberto e Kanon saiu sem se importar com a toalha. – É apenas precaução.

- Há quem diga que é isso. – Deu de ombros, puxando a toalha de mãos para secar apenas o rosto. – A palavra ciúmes eu acredito ter vários adjetivos, vou considerar a sua palavra “precaução” – E respirou o perfume do irmão que lhe agradava profundamente. – como ciúmes de irmão, afinal, eu não sou de se jogar fora, não é mesmo? – E riu abertamente, passando por ele e parando no meio de seu quarto. Saga pegou a toalha que estava perdurava próximo ao Box e entregou-a.

- Vai! Diz aí o nome, e pare de se achar... – Pediu amigavelmente, ignorando arduamente a visão dele totalmente nu em sua frente.

- O nome dele é Radamanthys de Wyvern. – E começou a se secar, passando a toalha pelo torso, já descendo pelas coxas. Saga se segurou para não jogá-lo na cama e chupá-lo igual Kanon tinha feito. – Satisfeito?

Saga queria dizer outra coisa, mas preferiu se calar. Saiu do quarto do gêmeo segurando os suspiros desejosos. Leves batidas se faziam ouvir, e foi abrir a porta para receber a janta deles. Mais tarde, quando fosse comprar as passagens para Grécia, pesquisaria sobre esse Radamanthys, cujo semblante lhe era estranhamente familiar.

No quarto, Kanon não parava de sorrir enquanto se vestia. Primeiro pela certeza do ciúme de seu gêmeo, e segundo, porque a conversa com Radamanthys fluiu muito bem. Iria se encontrar com ele antes de partir para casa, afinal, estava morrendo de saudades de suas panelas, do cheiro de seus temperos e de toda a brigada da cozinha. Já vestido foi para a sala comer, encontrou Saga sentado se servindo e fez o mesmo, com toda alegria que não esperava sentir com esse passeio. Dentre todas as viagens que já fizeram, esta foi a mais divertida, por assim dizer, e a reação mais obsessiva que ele já teve pelo irmão. Ao que tudo indicava, a chegada desse seu novo amigo inglês faria as coisas mudarem, para desgraça de seu irmão gêmeo, Saga.

 

 


Notas Finais


No último capítulo eu me esqueci de dizer o que é um parties. Parties é o chef de sua praça, é aquele que é a cabeça de seu grupo depois do sub chef. Desculpem-me todos! Mas como eu tinha demorado a postar não me lembrava dos asteriscos. ^^
Bom... O que acharam? Até eu estou receosa com esse primo de Radamanthys.
Fiquem todos à vontade, críticas e sugestões serão bem vindas!
Eu confesso que estou feliz como estou levando essa estória, a cada capítulo uma evolução!!!
Obrigada a todos que leram <3
Até!


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