História Ocean - Interativa [HIATUS] - Introdução.

Os vampiros levaram cinco mil anos para desaparecerem dos olhos humanos. Para esconder suas necessidades mais básicas, para se adaptarem à vida humana e sobreviver.
Toda uma raça teve que abandonar seus instintos, seus hábitos... Seu modo de vida para se converter à outro.
Por cinco mil anos nos escondemos dos humanos, nos misturando com eles, fingindo suas fraquezas, seus medos, seus traumas. Nos passando por seres frágeis que nunca fomos.
Isso acaba agora.
Não somos humanos e não vamos nos submeter mais à eles.
Eles são grãos de areia frente ao Oceano.

​​-O que é isso? -questionou Park Min-Young jogando a folha que lia na mesa e se colocando de pé com o cenho franzido em indignação enquanto o melhor amigo e secretário de seu pai a fitava do outro lado da mesa.

Lee Ji Hong tinha a mesma expressão indiferente de minutos antes de entregar o papel, e a mesma

dos últimos dez anos em que trabalhou para a família Park. Vestido com seu usual terno cinza risca de giz impecável ele tinha a mesma postura ereta e rígida com a mão esquerda segurando o pulso direito frente ao corpo de quando Minyoung tinha 13 anos e o conheceu pela primeira vez. Na época ela somente pensou -arrogantemente, que ele não duraria uma semana suportando as neuras de seu pai.

Bem, haviam se passado dez anos.

-Esse foi o e-mail que chegou em todos os endereços eletrônicos pessoais dos membros do conselho vampiro às 11h23min da manhã de quarta-feira. -ele disse com precisão de um secretário competente. O cenho franzido de Minyoung desapareceu enquanto seus olhos se arregalaram. -Ás 8hrs da noite houve o incidente em Taiwan.

Incidente era uma forma fútil de se referir ao massacre que houve na capital Taiwandesa. 173 pessoas morreram ao ar livre vítimas de 24 vampiros que, oficialmente deveriam estar mortos.

O conselho vampiro era responsável por lidar com tais situações de descontrole entre sua espécie. O protocolo inicial seria identificar o ataque e evitá-lo, porém quando ocorria apesar das precauções era trabalho deles abafar, disfarçar e capturar os responsáveis pelo distúrbio. Obviamente, os dois primeiros foram executados com perfeição. No entanto, os 24 vampiros haviam sido declarados como mortos definitivos no século passado, portanto eles já não deveriam existir. Se o faziam, tanto em registros, como em investigações não se passavam de fantasmas.

E não se pode caçar o que teoricamente não existe.

-Ás 7hrs da manhã de quinta-feira, meu pai desapareceu. -murmurou Minyoung com o olhar perdido em algum ponto da sala. O secretário Lee somente a observava enquanto as engrenagens do cérebro brilhante da garota trabalhava. O olhar dela subiu para o do secretário e ele notou que ela finalmente entendia onde ele queria chegar. -Como esses fatores estão relacionados?

-Esperava a senhorita perguntar. -admitiu ele se movendo rapidamente para a mesa entre eles. Pegou uma das pastas de cor marrom que estavam empilhadas numa extremidade da mesa que pertencia à seu pai e abriu pousando-a em cima do papel do e-mail recebido. -Esta são informações confidenciais que estão sendo liberadas somente devido à situação crítica que toda a comunidade vampira começará a lidar. A senhorita está recebendo um acesso de alta importância para todos nós. Peço para que mantenha máxima discrição sobre o que verá agora.

Minyoung avançou para a mesa e pegou a pasta, folheando pacientemente. Pelo que via aquilo eram dossiês muito bem elaborados com informações detalhadas sobre diferentes magnatas* de sua raça.

-O que são essas informações? -questionou ela levantando os olhos para o secretário Lee.

-Isso são as identidade dos membros que compõem o conselho vampiro desta década.

Park Min Young piscou enquanto absorvia o choque. Suas mãos que seguravam a pasta tremeram, obrigando-a apertar o material em suas mãos baixando o olhar para o tesouro que tocava devagar.

Ela caiu na cadeira de seu pai com a respiração pesada, incapaz de se manter equilibrada nas próprias pernas.

Santo Deus!

Nos cinco mil anos de existência do conselho vampiro, ninguém havia descoberto quem o constituiu. Seus membros eram mistério para toda raça de vampiros. Eles se apossavam do cargo com tanta discrição quanto o deixavam. Ninguém sabia como eles eram escolhidos, por quem e nem por quanto tempo permaneciam nele. Não se sabia nem quantas pessoas eram.

O conselho era o segredo mais bem guardado de sua espécie. Nada se sabia sobre eles exceto que eles existiam e possuíam um poder inigualável.

Minyoung passou pelas páginas novamente, tomando um cuidado calculado do manuseio das folhas.

Doze, ela contou mentalmente. O conselho possuía doze pessoas com absolutamente nada em comum, exceto seus filhos.

Pouco tempo se passou enquanto ela lia toda a pasta e digeria a importância daquilo. Quando suas mãos pararam de tremer e suas batidas cardíacas diminuíram ela voltou sua atenção ao Secretário Lee que esperava imóvel e pacientemente.

-Porquê estou tendo acesso a esses documentos?

-Como pode observar, o presidente Park fazia parte do conselho. Ele não só era um membro, como era o sênior. O mais experiente e líder do conselho. -Minyoung já havia deduzido isso por si mesma. Seu pai tinha tudo para ser um membro, ela não tinha ideia do como pudera ser tão cega quanto à isso. -Ele foi o primeiro a desaparecer. Em menos de 12hrs todos os outros seguiram-no.

Os olhos dela desceram novamente para a pasta fitando a foto de uma bonita e conhecida vampira.

-Todos os doze desapareceram. -murmurei afirmando o que acabara de ouvir. Finalmente o objetivo se fez claro em sua mente e ela fechou os olhos desejando não perguntar o que deveria perguntar. -E como eu entro nessa história?

-A senhorita Park foi designada para o conselho pelo desaparecimento de seu antecessor. -os olhos de Minyoung se abriram de repente para encarar o secretário Lee que permanecia inabalável.

-Espere um pouco. O desaparecimento do meu pai decidiu isso? -seu tom indignado não afetou em nada o imponente secretário Lee.

-Não, senhorita. -negou ele. -Isso foi decidido no momento de seu nascimento.

Novamente todos os pensamentos de Minyoung se clarearam. Com os olhos bem abertos ela desviou o foco para a placa de vidro com o nome e cargo de seu pai na empresa da família.

-O conselho é uma herança, não uma democracia. -sussurrou finalmente vendo sentido da discrição do conselho. Entendendo o método cujo escondeu tão bem essas doze pessoas. Família, para os vampiros era sagrada. Uma coisa que passava de pai para filho seria eternamente um segredo. A obviedade desse sistema era genial. Ninguém pensaria em algo tão simples para uma organização tão conceituada. O conselho de vampiros estava debaixo do nariz de todos o tempo todo, e mesmo assim ninguém o enxergou.

-É uma democracia em forma de herança, senhorita Park. -o secretário Lee sorriu levemente, recuperando a atenção dela que bufou e meneou a cabeça completamente impressionada, mas a seriedade retornou logo. -Como novo sênior do conselho senhorita Park, qual será sua primeira atitude?

Minyoung respirou fundo reconhecendo o enorme fardo que seu pai deixara para si. Eles estavam à beira de um colapso global. Sejam quem forem esses 24 vampiros, eles tinham iniciado algo grande e ela tinha um problema de proporções absurdas nas mãos.

Mas ela não faria isso sozinha.

Abaixando a atenção novamente para a pasta, ela folheou as informações uma vez mais para confirmar o que todos eles tinham em comum; filhos celebridades. Todos eles, sem exceção eram figuras conhecidas do mundo do entretenimento. Uns faziam parte de bandas, outros eram atrizes ou atores. Todos os onze remanescentes eram foco da mídia, como ela.

Sorrindo, ela finalmente se deu conta do porque sempre era incentivada na carreira artística por seu pai. Era outro modo de proteção; colocar o que eles queriam bem na frente deles, sem dizer o que realmente era.

Minyoung riu, causando confusão na expressão indiferente do secretário Lee.

-Senhora Park?

-Bem secretário Lee, vamos começar pelas prioridades. -ela disse levantando a pasta para ele e apontando para o rosto conhecido de um dos herdeiros. -Vamos reconstruir o conselho. Vamos reunir os outros, nos organizar e começar a caçar esses 24 arruaceiros.

-E quanto aos antigos conselheiros? -ele questionou fazendo Minyoung baixar o olhar para sua gravata de bolinhas.

-Eu tenho a impressão de que se encontrarmos eles, encontramos os conselheiros. -ela suspirou novamente, fitando os olhos do homem mais velho. -Se apresse secretário Lee. Eles podem não ter muito tempo sobrando.

O homem se curvou levemente e se retirou.

Minyoung fechou a pasta, lançando-a na mesa organizada e girando a cadeira para a enorme parede de vidro que dava visão à cidade movimentada de Seoul. Devia ser início de tarde. Minyoung levou o relógio de pulso em frente aos olhos e se pôs de pé num átimo.

Deus, tinha um ensaio fotográfico em quinze minutos. Se chegasse atrasada de novo seu agente a mataria. Deixou a sala praguejando alto.

Como se ela não tivesse os próprios problemas antes do pai desaparecer…

-Aish!