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História October 25th - Imagine Junhoe - October 25th


Escrita por: LannaBrooks

Notas do Autor


Em comemoração aos 3 anos do WIN <3 Um dos meus sonhos malucos, peço desculpa previamente por não conseguir retratar tudo o que queria.
Dedicado a minha irmã, Cecí <3

Capítulo 1 - October 25th


Fanfic / Fanfiction October 25th - Imagine Junhoe - October 25th

 

 

25 de Outubro de 2017

– Que besteira é essa que você está dizendo? – Ele me olhou incrédulo enquanto matinha a mão fechada em meu pulso. – YAY! Você perdeu a razão?

– Pelo contrário, Junhoe, finalmente pus minha cabeça no lugar. – Prontamente rebati puxando minha mão. – Acabou, eu não tenho saco pra namorar um idol, nem é justo com você ficar reclamando do seu sonho, vamos terminar de uma vez enquanto não há muitos danos.

– “Não há muitos danos”? Estamos falando do mesmo relacionamento? – Replicou visivelmente irritado. – Como pode estar tranquila enquanto diz isso? Você é a mesma pessoa com quem comecei a namorar?

– E você é? Junhoe, você me escondeu por meses que era trainee em uma grande empresa.

– Porque depois de toda a exposição do WIN e do Mix & Match era legal estar com alguém que pudesse ir me conhecendo gradativamente enquanto eu fazia o mesmo. – Argumentou nervoso.

– Eu entendi isso, June. Resolvi deixar de lado qualquer sentimento ruim e seguir em frente com você. Decidi burlar minha regra número um sobre relacionamentos que consiste em: Nunca me envolver com um cara que seja do meio artístico. “Eu namoro com ele há tanto tempo e foi tudo bem”; “Eu vou dar conta, foi tudo bem até agora, não foi?”; “Quando o iKON debutar não vai ser tão diferente assim”, era o tipo de coisa que eu constantemente dizia a mim mesma para justificar minha vontade de continuar.

– Mas você está dando conta, está tudo bem.

Não está! June, não está nada bem, eu já sou paranoica o suficiente, não preciso de ninguém me perseguindo, tirando fotos minhas ou me xingando nas redes sociais, não que eu ligue muito para o que dizem de mim, só não é divertido acordar com: “Tira as mãos do meu oppa, raposa astuta”, “vadia”, “vagabunda suja”, “oportunista”, meus pais tem acesso aquilo! E olha que nosso relacionamento nem é oficial ainda.

– Nem todas são assim, a grande maioria é bem gentil e gosta da ideia de sermos um casal.

Eu sei, Junhoe, como também sei e entendo que nem tudo são flores pra você e o iKON também, que ambos já sofreram algumas críticas e passaram por controvérsias, os sete se saíram muito bem e admiro todos por isso, mas eu não sou forte como vocês, sou apenas uma garota comum que trabalha de intérprete pra pagar as contas e a faculdade. E nem é só isso. – Rebati pronta pra falar tudo que estava preso em minha garganta há meses. – É egoísta da minha parte? É! Mas que tempo temos juntos? A gente mal se ver agora que estão em tour ou tem algum momento só para nós mesmos. Por dias, tudo o que soube de concreto sobre você foi por fotos, vídeos ou rumores, já que se torna evasivo e nunca me conta tudo o que acontece.

– Sobre sair pra beber com os garotos...

Eu sei. – Rapidamente o interrompi. – Não foi nada demais, só saíram pra se divertir como qualquer pessoa normal. Também não sou esse tipo de pessoa controladora e ciumenta, você me conhece. O que não é legal é saber sobre isso pelas minhas colegas de faculdade, que tentam a todo custo me chatear. Preferia saber por você, não por elas. Aonde quero chegar é: Eu não sirvo pra isso, Junhoe. Me desculpe, de verdade, me desculpe, mas isso não é pra mim. Eu não sou nenhuma pessoa extremamente boa e altruísta, eu quero outro tipo de relacionamento e você merece uma namorada que melhor compreenda todo o seu mundo corrido e essas coisas. – Completei convicta. Meu peito ardia e me esforçava para manter a pose.

– YAY! Noona, você não pode fazer isso. Noona... – Murmurou menos inquisitivo. Resolvi que era hora de ir, eu já falara o que viera dizer, aliás, até me estendera mais que o necessário. Tinha medo de ficar por mais tempo e ser convencida por ele a continuar. – __________!

Seus braços me alcançaram, me dando um abraço apertado demais. O abracei de volta, me sentido mais estranha enquanto envolvia sua cintura. Minha cabeça era um turbilhão de pensamentos difusos, meu lado racional estava sucumbindo ao meu lado emocional e aos poucos me sentia colapsar. Obviamente eu estava em conflito entre o que eu queria¸ e o que eu devia. Koo Junhoe permanecia calado, tão quieto que fez meu coração doer em uma onda de remorso. Eu me sentia um lixo por magoá-lo. Me afastei abruptamente, eu tinha pensado muito naquela decisão para voltar atrás, era o melhor para nós dois a longo prazo.

– Tenho que ir. Antes que a chuva piore. – Pigarrei desconfortável, agarrando a alça da minha bolsa.

– Noona, coma e fique bem. Não permito que adoeça, entendeu? – Mandou sem olhar diretamente para mim, meneando a cabeça e piscando nervosamente, ele sempre fazia isso para disfarçar a vontade de chorar. – Tenha uma boa vida.

– Você também. – Sussurrei de volta caminhando para longe o mais rápido possível, me preocupando apenas com os trovões enquanto seguia em direção as escadas, com aquela chuva torrencial, não me arriscaria de elevador.

– Noona, noona! Posso falar com você um instante? – Hanbin me interceptou antes que eu pudesse alcançar meu objetivo.

– Estou com pressa no momento, B.I. – Respondi evasiva, o que eu menos queria era o líder do iKON falando comigo sobre o meu (ex) relacionamento e era exatamente o que Hanbin faria.

– Noona, você não acha que está sendo precipitada e radical? – Indagou.

Bingo.

– Hanbin, agora não.

– Quando, então? Noona, isso é um erro. Sério, como uma das pessoas que conviveram com June a mais tempo, posso dizer que nunca vi ele gostar de alguém assim, você pode não entender. – Pausou batendo o polegar na minha testa, quase em cima de uma cicatriz que eu ganhara há alguns anos em um acidente, o mais novo regularmente fazia isso quando me advertia de algo, já que a pele ali era mais sensível. – Mas se você soubesse, entenderia o tamanho da besteira que está fazendo.

– Não acha que está exagerando? É só um término, não foi o primeiro e, provavelmente, não será o último. – Repliquei tentando manter o ar de decidida. – Além do mais, eu nem gostava dele tanto assim. – Menti em tom de segredo, esperava que isso convencesse e calasse Hanbin de vez.

– É mesmo? Então por que resolveu perder três anos da sua vida com Junhoe? – Rebateu com um sorriso maldoso, me deixando sem palavras coerentes para contrapor. – Pense a respeito. – Disse por fim rumando de volta para o dormitório.

 

As escadas pareciam intermináveis enquanto eu tentava distrair minha mente, nem a tempestade conseguira me tirar do emaranhado de pensamentos em minha cabeça que resolveram relembrar todos os momentos memoráveis ao lado de June ou sua expressão de tristeza quando nos despedimos. Quando finalmente cheguei no meu carro, eu estava bastante abalada emocionalmente. A ficha estava caindo, dalí em diante andaríamos por caminhos opostos, por mais que aquilo fosse o racionalmente correto, não deixava de ser devastador.

Sentada em meu carro, olhando para o vazio, eu só pensava na expressão de dor no rosto de Junhoe, de como ele meneava a cabeça e piscava repetidamente para impedir as lágrimas, em todas as vezes que ele dissera “eu te amo” e em como “saranghae” fora a última mensagem trocada por nós. Um trovão alto e perto demais me fez gritar de susto e o prédio inteiro se apagou, eu tinha pavor de escuro, gritei de novo enquanto o céu parecia desabar, recostei o rosto no volante tentando achar algum conforto e dessa vez parecia que o raio atingira a estrutura do condomínio e tudo chacoalhou como num filme de suspense, enquanto eu perdia gradativamente a consciência.

~*~*~*~

– ________! Acorda aí que nosso aluguel não vai se pagar sozinho, não. – A voz conhecida e as batidas insistentes me fizeram acordar.

A claridade advinda de uma janela meio-aberta me cegou por um instante. Observei o quarto completamente atordoada. Estava deitada em uma cama de solteiro velha, a frente havia uma escrivaninha improvisada com uma luminária em cima (o único item novo), um guarda-roupa embutido com uma porta por cair, as paredes precisadas de uma reforma (e uma boa pintura) estavam adornada de pôsteres de rappers e grupos de k-pop. Exatamente como era meu quarto no apartamento de Hongdae. O primeiro que eu alugara e dividira com minha melhor amiga, Cecília, quando nos mudamos de mala e cuia para a Coreia.

– ________! – Gritou um tom mais alto, visivelmente irritada.

– Já vou, Cecí. – Gritei de volta, ainda me sentindo zonza. Pulei da cama rumando para a sala-cozinha. Definitivamente aquele era meu apê em Hongdae. O único problema  era que tínhamos nos mudado para Gangnam em 2014.

– Pensei que tivesse que acionar os bombeiros. – Cecília zoou colocando os últimos itens do café na mesa. Franzi o cenho ponderando tudo com cuidado. O que diabos estava acontecendo? Por que estávamos em Hongdae? – Amiga, que olhar perdido é esse?

– Hum?

– Eu sabia que não devia ter deixado você com Swings, Vasco e o cabaré. – Lamentou depressa analisando meu rosto. – Te drogaram?

– Não! Quer dizer, eu acho. – Sussurrei confusa. Tínhamos saído com nossos amigos ontem? E a tempestade? – Que dia é hoje? – Arrisquei.

– Dia 25. Amiga, você tá bem mesmo? – Perguntou de novo.

– Diz a data completa, por favor? Dia, mês e ano.

– Mês? Ano? Outubro de 2013, _______, o que está acontecendo? Se alguém te drogou, se te fizeram alguma coisa, você tem que tentar lembrar e me dizer, assim a gente vai à delegacia ou procura o consulado. – Rebateu preocupada, sentando ao meu lado. Eu estava chocada demais para responder adequadamente. – O filho da mãe do CJAMM vai me ouvir! – Exclamou já discando o número do rapper que tínhamos como irmão.

– Não, não! Está tudo bem, sério mesmo. Eu só bebi um pouco além da conta. – Menti, finalmente tomando alguma atitude. – Eu juro, não fizeram nada comigo e CJAMM cuidou bem de mim. Pergunte ao Simon, se quiser. – Completei citando o (futuro) noivo da garota como garantia.

– Simon Dominic? Como se eu fosse perder meu tempo com Jung Ki Suk, ne? – Repreendeu irônica. Droga, esqueci que ainda naquela época os dois não se davam muito bem, só vieram a ser amigos um pouco mais tarde e finalmente saíram como um casal no natal daquele ano.

– Sinceramente? Acho que devia, ele é um cara legal, isso poderia te surpreender. – Aconselhei me sentindo estranha. Eu não estaria ferrando a linha do tempo-espaço, ou estaria?

– Você quer mesmo falar dele essa hora da manhã? – Bufou teimosa. Nunca entendi direito se essa antiga aversão a Simon fora causado por algum desentendimento ou se era por causa da Lady Jane, a ex do homem em questão. – Até porque, preciso da sua atenção em outra coisa hoje. – Anunciou sorrindo.

– Em quê?

– Sabe o reality que estou trabalhando de staff? – Devolveu com outra pergunta.

– Eu deveria?

– Claro! Estou há meses cuidando daqueles meninos gatos da YG, como você não lembra?

– Desculpe, estou um pouco zonza hoje. – Justifiquei franzindo o cenho.

– Da MNET? – Arriscou. – WIN?

– O Who Is Next? – Quase gritei surpresa. Mas que dia era esse? Eu não tinha qualquer lembrança dela trabalhando no WIN, aliás, eu não lembrava de nada disso. Eu estava tendo algum sonho real? Me belisquei discretamente, mas nada aconteceu.

– Esse mesmo. Então, uma das minhas colegas, a Sumin, não está nada bem e vão precisar de uma substituta, é a final, coisa ao vivo, sabe como é, sugeri seu nome.

– Não, eu não posso ir. Impossível.

– Como assim? Ontem mesmo você disse que pediu demissão porque o sr. Wang não te pagava direito e me pediu para te conseguir um bico. Eu sei que você queria algo como interprete, mas, por enquanto, é melhor que nada e ainda me ajuda.

– Eu me recuso a trabalhar com o Team B. – Continuei negando como uma boba. Tinha medo de ver Junhoe de novo e ainda mais nessa situação bizarra.

– E nem vai. Eu trabalho com o Team B, você vai ficar responsável pelo Team A. Por favor, eu já dei seu nome, não me faz ficar mal com meu chefe. – Pediu, mas eu sabia que alguma parte dentro dela queria me bater por eu ser incompreensível.

– Tudo bem, eu gosto do Mino e do Jinwoo. – Suspirei colocando meu café na xícara.

– Eu trabalho com eles há meses e mal lembro os nomes de todo mundo e você que nem ver o reality lembra? – Franziu o cenho.

– A filha do Wang é fã deles, vive falando do Team A o dia inteiro. – Menti pigarreando.

– Ótimo, assim você já sabe mais ou menos quem é quem e as personalidades.

~*~*~*~

O dia ficava cada vez mais bizarro enquanto o tempo ia passando e eu estava pirando, eu não entendia o que estava acontecendo, se aquilo era um sonho, uma realidade alternativa, uma falha na matrix ou se os últimos quatro anos eram um sonho longo e divertido (mas essa opção era ainda menos provável já que eu sabia informações futuras demais). Para não acabar sendo mandada para um sanatório fingi que era só mais um dia comum, mas devo dizer que não foi uma tarefa nada fácil, já que vez ou outra eu acabava por citar algum ato futuro ou fazer comentários sobre como eu sentia falta de Ganganam, sobre Simon ou sobre iKON.

– _________-ssi? _________-ssi? – A voz doce de Jinwoo me despertou do devaneio.

– Desculpe, do que você precisa? – Rapidamente sorri para o rapaz não tão mais velho que eu.

– Ah! Eu só queria pedir que tirasse uma foto minha e do Team A, para os meus pais. – Respondeu.

– Claro, claro, juntem-se, por favor. – Forcei um sorriso, eles não tinham culpa das coisas estarem confusas. Tirei algumas fotos deles.

– Olá, desculpa interromper, mas vocês viram o Junhoe? – Cecí perguntou entrando no camarim.

– Eu vi ele na maquiagem faz uma hora, mais ou menos. – Taehyun informou ajeitando uma mecha de seu cabelo que escapara do boné.

– Ele estava aquecendo a voz perto do palco há uns 40 ou 30 minutos. – Jinwoo respondeu sorrindo meigamente. – Deve procurar por lá.

– Certo, obrigada garotos. – Disse sem muita animação. – Amiga, se tiver desocupada, pode vir comigo?

– Claro. – Assenti devolvendo o celular pra Jinwoo. – Bias, fighting! – Falei só pra ele e segui para fora do recinto.

– Me ajuda a procurar essa criança, estou há um tempo rodando atrás dele, está quase em cima da hora, não queria fazer um alarde pra não prejudicar os meninos, mas estou começando a me preocupar. – Pediu visivelmente apreensiva. Assenti achando estranho uma atitude assim vinda de Junhoe e iniciei minha própria busca pelo garoto. Apesar de ter passado horas fugindo de encontrá-lo, eu estava preocupada com ele para recusar.

 

Já tinha gastado uns 30min procurando por ele e nada, meu coração se apertava gradativamente, cada vez mais agoniada. Quando finalmente o encontrei foi um alívio. Ele estava longe, numa parte não utilizada e escondida do estúdio, caminhava nervosamente de um lado para o outro. Corri até ele momentaneamente alegre demais.

– JunJun-ah! Finalmente, omo, eu estava tão preocupada que algo tivesse acontecido. – Murmurei em um jato abraçando-o.

– O que você está fazendo, sua maluca?! Quem você pensa que é? – Quase gritou me empurrando. – Quem é você?

Travei.

Pisquei várias vezes tentando sair do choque. June ainda não me conhecia, ele não fazia ideia de quem eu era e admito que sentir sua indiferença era sufocante. Mesmo quando nos conhecemos pouco tempo depois do fim do Mix & Match, Junhoe nunca me tratara com indiferença, nem no primeiro dia. O que era motivo de surpresa até para os colegas de grupo do garoto.

– Me perdoe, Junhoe-ssi. – Pigarrei desconcertada. – Sou ________, uma das staffs, estávamos te procurando. O programa está prestes a entrar no ar.

– Não. – Sussurrou encolhendo os ombros.

– Hum?

– Eu não consigo, okay? Na frente daquelas pessoas...

– Junhoe.

– Eu não vou conseguir, está bem? Prefiro parar agora do que sofrer alguma humilhação pública. – Respondeu ainda com o tom irritado variando para uma insegurança atípica. Eu nunca o tinha visto nervoso daquela forma. Era tão anti-Junhoe.

– Não posso deixar você fazer isso.

– Claro que não, você trabalha aqui. – Rebateu irônico.

– Não por isso, Junhoe, por você. Nem quero pensar em como você vai se sentir se desistir agora. Como pode dizer uma coisa dessas? Esse é o seu sonho, Jun, seu e dos seus amigos. Olha o caminho que você percorreu para estar aqui, olha tudo o que você passou, o que você se privou, não posso deixar você fazer isso consigo mesmo, se deixando levar por um momento de nervosismo atípico. Você não iria se perdoar e eu não iria me perdoar. – Aclarei o mais terna possível, meu coração martelava rápido contra a caixa torácica, minha cabeça estava um emaranhado, eu me sentia nervosa e confusa, era bizarro estar ao lado dessa versão do June, era estranho não poder me aproximar e ainda mais ainda ter que fingir que eu não o conhecia, que eu não sabia nada sobre ele ou fingir que não sentia nada ao olhar dentro de seus olhos tão escuros e profundos quanto a Zona Abissal. Mas eu tinha que fazer alguma coisa, não podia simplesmente fechar os olhos e ignorar o garoto ou ignorar o fato de que tínhamos uma bagagem, mesmo que ele não “soubesse” disso.

– Se depois de tudo, isso ser só uma esperança vã e a gente perder? Isso tudo é realmente uma merda e injusto, ter que competir com nossos hyung... Eu não quero perder pra eles, mas não quero que eles fiquem mal. – Rebateu a contragosto. Não sei se era um efeito colateral do pequeno surto de ansiedade, porém June parecia mais vulnerável e aberto.

– O importante aqui nunca foi ganhar ou perder, mas fazer o seu melhor. Não importa o resultado de hoje. – Anunciei convicta e ele me olhou como se eu fosse completamente maluca. – Sabe por quê? Porque quando as luzes se apagarem e a audiência for embora, ganhando ou perdendo, ainda há um longo e árduo caminho pela frente, um caminho de mais sacrifícios, privações e esforço antes do ápice. O WIN é só mais um passo. Ali na plateia, por todo o país e, acredite, até fora dele, há milhares de pessoas que amam e apoiam vocês, que os querem bem e continuarão ao lado de vocês independente do resultado de hoje, isso eu posso te garantir. Assim como há quem odeie e despreze o Team B, que cruel e covardemente deseja que vocês percam e se separem. Ao longo de toda a sua carreira é inevitável se deparar com esse tipo de pessoa de má fé. Haters fazem parte da vida de um artista tanto quanto os fãs, isso é um fato. – Tentei explicar e consolar ao mesmo tempo, afinal, se as coisas corressem como “no mundo real”, o Team A ganharia do Team B e o que eu menos queria era que Junhoe se sentisse inferior por um resultado negativo.

Seus lábios se tornaram menos crispados e seu semblante relaxou, seus olhos escuros me encaravam atentamente, lancei-lhe um sorriso pequeno de condescendência e gentilmente pousei a mão em seu braço, num gesto despretensioso de carinho. Me animei quando não fui repelida e só então me permiti continuar:

– Sabe por que você vai sair desse canto e vai para o palco junto dos seus amigos? Acima de tudo pelas pessoas que te amam e apoiam, que querem seu bem, que estão te esperando, pela sua família, tanto a de sangue, como a adquirida nesse tempo de trainee, mas também pelas pessoas que querem seu mal, que querem te ver derrotado e sem esperanças, dê a essas pessoas justamente o que elas tem medo: seu talento. Independente dos resultados, o que importa, é ao fim disso, vocês seis olharem uns para os outros e dizerem: “nós fizemos o nosso melhor e hoje vamos para casa com o coração livre de arrependimentos”, porque se fizerem isso, o brilho intenso de vocês vai cegar essas pessoas cruéis por muito tempo. – Garanti com um sorriso confiante e vi um vislumbre de um pequeno sorriso torto adornar os lábios carnudos de Junhoe. – Eu realmente não sei o que aconteceu que te inquietou dessa forma, mas antes de tudo, eu sei que você é uma pessoa muito autoconfiante, que tem noção do talento que tem, é uma das características mais marcantes da sua personalidade, então se apoie nisso agora, aliás, busque esse seu lado sempre, porque nem o seu lado mais narcisista e egocêntrico sabe ainda o tamanho do potencial que você tem, mas eu sei. Va lá, Junhoe, vá e marque cada uma daquelas pessoas como você foi capaz de me marcar. – Ao fim minha voz falhou miseravelmente, por conta do misto de nervosismo, emoção e vergonha. Não lembrava de ter sido tão sincera assim com June sobre seu poder sobre mim.

– Obrigado, noonim. – Sorriu para mim, visivelmente aliviado. – De verdade, obrigado. Eu vou fazer bem, noonnim, ou não me chamo Koo Jun Hoe.

– Eu sei que vai, Juneya. – Respondi, no entanto o garoto já estava longe demais para ouvir.

Eu me sentia numa onda de sentimentos ditocômicos, uma parte de mim estava sufocando pela culpa, a confusão, por tudo que acontecera antes de eu entrar naquela realidade alternativa, ou seja lá o que  aquilo fosse, minha outra parte se sentia leve, aliviada, até um pouco abobalhada por ter estado ao lado e ajudado Junhoe, de certa forma. Agarrei-me a essa última parte, afinal, estar naquela situação bizarra me pareceu menos incomoda depois de ver o sorriso animado e o brilho nos olhos do garoto. Naquele momento resolvi ignorar completamente o que acontecera – ou aconteceria –, as brigas, o sentimento de angústia e o término, enterrei tudo em um canto escuro da minha mente e me permiti apreciar as apresentações dos dois times. Me permiti apreciar a versão jovem de Junhoe que eu não tivera a oportunidade de conhecer.

~*~*~*~

Sim, eu me considerava uma iKONIC, não por namorar um dos membros do iKON, mas por admirar o trabalho deles. Sim, eu já tinha visto a live original de Climax e me emocionara. Mas nada se comparara a ver a performance ao vivo e em cores a alguns metros do palco. Eu não tinha a menor estrutura emocional para aquilo e eu só conseguia chorar e me orgulhar mais ainda deles.

Eu sabia que o Team A ia vencer e debutar como WINNER, eu sabia que os meninos enfrentariam dias de incerteza e sofreriam no Mix & Match. Eu sabia. Entretanto torcia para estar enganada. Até o último segundo, antes do anúncio dos resultados, eu rezara para que eu estivesse errada (preferia a ideia de que fantasiara uma história de amor com June a vê-lo sofrer) e os meninos do Team B saíssem vitoriosos naquele dia, naquela versão bizarra da realidade, porém, ironicamente, a história parecia gravada em uma pedra e o fim fora exatamente como eu sabia que seria. Não queria desmerecer o trabalho dos outros garotos, afinal Minho, Jinwoo, Seunghoon, Seungyoon e Taehyun lutaram muito para ganhar. Entretanto, naquele momento, eu só queria a alegria de Junhoe, Hanbin, Bobby, Jinhwan, Yunhyeong, Donghyuk, e se eu estava sendo um pouco egoísta por isso? Paciência.

 

Quando todo o trabalho terminou saí o mais rápido em direção ao banheiro, precisava lavar o rosto e procurar me acalmar, já que desde Climax até o fim do programa eu estava presa em um ciclo de choro e momentos de melancolia. Olhei meu reflexo no espelho tentando, novamente, entender por que eu estava passando por aquilo, por que o universo me forçava a viver aquele dia, como eu chegara ali. Eram lacunas demais. Forçava a minha mente ao máximo. Qualquer indício que fosse, que me ajudasse a resolver aquele problema paradoxal. Minha cabeça latejava, mas nada vinha. Até porque minhas lembranças com Junhoe e/ou com o Team B/iKON só começavam a partir de 2014. Saí do banheiro secando qualquer resquício de choro e acabei batendo em June que parecia fazer o mesmo.

– Oh! Noonim. Estava realmente indo te procurar. – Informou surpreso, franzindo as sobrancelhas de leve. – Está ocupada?

– Hum, não. Por que estava me procurando? Precisa de alguma coisa? – Sorri o mais terna possível. Queria abraça-lo e dizer-lhe alguma palavra de conforto, não só para ele, como para todos os integrantes do Team B, no entanto, eu sabia que o que eu poderia fazer ou dizer por Junhoe eu já dissera mais cedo.

– Não exatamente, na verdade, eu queria dizer obrigado, de novo. O que você disse e como você disse, noonim, eu nunca vou esquecer. Eu nunca tinha experimentado aquele sentimento de angustia e claustrofobia antes, mas você gentilmente me ajudou e isso eu nunca vou conseguir esquecer. Acho que nenhum agradecimento será suficiente. – Sorriu. – Não vou mentir e dizer que não estou chateado e frustrado com o resultado, é óbvio que eu queria ganhar e deixar todos orgulhosos, mas a verdade é que, mesmo assim, como a noonim disse, eu não tenho arrependimentos, eu fiz o meu melhor e sei que dei o melhor de mim, isso já é bom o bastante por agora. E daqui pra frente é com isso que vou me preocupar. – Garantiu confiante. Um vislumbre do Koo Jun Hoe que eu conhecia. Minha única duvida naquele momento era se seria possível eu me apaixonar duas vezes pela mesma pessoa, porque era aquilo o que eu pensava enquanto via o sorriso largo e animado de June.

– Não precisa me agradecer, Junhoe. Eu sei que você será ainda mais incrível de agora em diante. – Ri abobalhada enquanto observava seus olhos se apertarem, eu amava o eyesmile dele.

– Além disso, queria saber se você não aceita tomar um café comigo, ou chocolate, o que preferir, é como forma de agradecimento. Não agora, óbvio, amanhã ou outro dia que seja melhor para você. – Chamou nervosamente fazendo uma careta engraçada. Assenti rapidamente rendida ao charme natural e pueril dele.

– Aqui está meu cartão de visitas. – Informei depois de uma pequena revirada em minha bolsa. – Amanhã me parece bom.

– Noonim, você é uma garota legal. Até amanhã então. – Sorriu de novo, de uma forma mais discreta dessa vez, se curvou brevemente e logo tratou de se afastar.

Enquanto eu o via caminhar para longe a culpa ia me consumindo novamente, minha mente fez questão de relembrar o que dissera a Junhoe horas mais cedo, antes de me ver presa naquela versão duvidosa do passado, fora cruel e desumano a forma como eu terminei com ele, mandando-o esquecer de todo nosso relacionamento, como se fosse fácil, eu finalmente percebera o quão estupida eu fora. Como eu exigia aquilo de Junhoe quando eu mesma não podia fazê-lo? Porque eu sequer consegui recusar um convite dele ou ignorar o poder que ele ainda tinha sobre mim. Então, eu estava decidida a fazer o certo daquela vez.

Cecília ainda tinha que resolver uma ou duas coisas referentes ao trabalho e eu resolvi ir logo pra casa. Em um dia normal eu a esperaria para irmos juntas, entretanto, nem de longe aquele era um dia normal e minha cabeça estava a mil e completamente confusa. O pior de tudo era não poder desabafar com a minha melhor amiga sem parecer uma doida varrida, pelo menos por agora o melhor era guardar tudo para mim e tentar reverter as coisas.

Meu celular soou alto, me tirando de qualquer devaneio. Era minha prima.

– Alô? – Atendi um pouco aturdida, minha prima raramente me ligava, principalmente depois que me mudei pra Coreia.

– ________. – Soluçou . Imediatamente me alarmei.

– O que aconteceu?

– ­­­Eu nem sei como dizer isso, __________, mas você precisa voltar pra casa agora. – Disse com a voz entrecortada pelo choro. – O padrinho e a tia. – Recomeçou e eu gelei mais ainda. Ela se referia aos meus pais. – Eles sofreram um acidente grave, estão da UTI, não quero te deixar ainda pior, mas se você não vier, pode ser que não volte a vê-los. – Informou voltando a soluçar e chorar indiscriminadamente.

– O quê? – Foi o máximo que consegui murmurar, sentindo o tremor e o frio na espinha e aos poucos sucumbindo as lágrimas enquanto ela me dava mais detalhes do ocorrido.

Quando minha prima desligou, eu já estava na saída do prédio da CJ E&M, tentado conter o choro e procurando desesperadamente por um táxi. Eu só conseguia sentir o torpor e o vazio, regados por um remorso comedido. Meu celular voltou a tocar e eu atendi sem muita vontade ainda balançando a mão pra todos os táxis que eu via.

– Ainda bem que não me deu um número errado ou antigo. Não que eu estivesse desconfiando de você, mas nunca se sabe né? – A voz divertida de Junhoe foi como um pequeno sopro de vida.

– Jun-ah?

– Já estamos nesse nível de intimidade, noona? – Riu, eu queria rir de volta, mas o som ficou preso em minha garganta. Ainda sim, sua voz me acalmara um pouco, mesmo com toda a atipicidade do momento, a risada de June era um som conhecido, reconfortante e nostálgico. – Você parece nervosa e triste, aconteceu alguma coisa?

– Pareço? Você está me vendo? Junhoe, onde você está? – Respondi agitada com uma série de perguntas que me faziam parecer um pouco maluca enquanto procurava por ele.

– A sua direita, do outro lado da rua. – Replicou rindo, rapidamente o avistei e ele acenou pra mim.

Meu coração falhou uma batida, levantei a mão vacilante, queria tanto abraça-lo, mesmo que ele não lembrasse de mim, mesmo que parecesse estranho e June achasse que eu era maluca ou, no mínimo, muito atirada. Eu precisava daquilo, do sentimento de paz e conforto que eu sentia quando estava nos braços dele. Naquele momento Koo Junhoe a alguns metros de mim era tudo o que eu conseguia focar, então caminhei cegamente em sua direção. Como uma borboleta voa para a luz. Ansiava pelo calor de seu abraço e o som descompassado de seu coração batendo.

– NOONA! – Junhoe gritou dando um passo pra frente. Me sobressaltei com sua voz e o barulho ensurdecedor e olhei para o lado. Uma luz forte vinha em minha direção e tudo se tornou um emaranhado de lembranças e sons altos em minha mente, me deixando enjoada. Eu entendera o propósito desse dia bizarro. Finalmente as coisas faziam sentindo.

O farol brilhante. A buzina alta e aguda. O grito masculino. O baque surdo. O trincar de ossos e a dor dilacerante.

Eu não estava vivendo um dia bizarro ou qualquer, eu estava revivendo meu acidente. O exato dia que meu cérebro fizera questão de esquecer. Antes, a odiosa cicatriz na testa era a única prova do ocorrido que me rendera quatro costelas trincadas, um braço quebrado e uma concussão grave que excluíra três dias inteiros das minhas memórias. Que deletara June e WIN.

Estava perdida em um pequeno limbo entre o passado e o presente. No entanto, em ambos eu podia ouvir o chamado afoito de Junhoe.

Puxei uma grande quantidade de ar para os meus pulmões e minhas cordas vocais fizeram um barulho sufocado enquanto eu voltava a consciência. Já não estava mais sozinha no carro, Junhoe jazia desesperado no banco de trás me chamando insistente. O breu causado pelo apagão me parecia menos denso. June me abraçou desajeitadamente e beijou meu rosto e cabelos com urgência. Abracei-o de volta como pude, fazendo carinho em movimentos circulares em seu braço, na tentativa de acalmá-lo e me acalmar no processo. Minha cabeça doía de uma forma surreal, culpa das informações recém (ré)adquiridas.

– Você não sabe o puta susto que me deu, noona. – Ele quebrou o silêncio soltando um suspiro.

– Por que você...? – Comecei quase sem voz. Queria interrogá-lo sobre a final do WIN, sobre o acidente, sobre o porquê de ele não ter dito nada, sobre a veracidade das lembranças, mas num primeiro momento minha voz ainda parecia presa pelo choque.

– Por que eu estou aqui? – Arriscou, logo respondendo. – Quando o prédio apagou fiquei preocupado que ainda estivesse aqui, no escuro e sozinha, eu sei o quanto é nictofóbica¹. – Suspirou ainda sem me soltar. – Entrei em pânico quando te encontrei desmaiada, o que aconteceu?

– “Eu nunca tinha experimentado aquele sentimento de angustia e claustrofobia antes, mas você gentilmente me ajudou e isso eu nunca vou conseguir esquecer.” – Parafraseei-o ainda com a voz falha e baixa, mas foi tudo que consegui falar com coerência. O corpo de Junhoe se tornou tenso, um indicativo de que ele reconhecera a própria frase. – Por que você... Não me disse?

As luzes começaram a piscar por todo o estacionamento aos poucos o iluminando por completo novamente. June se afastou um pouco, visivelmente desconcertado com o assunto.

– Você lembrou? – A resposta foi como uma facada, soltei uma golfada de ar, parecia que eu ia sufocar novamente.

– Junhoe, por que você nunca me disse? Por que fingiu que não nos conhecíamos?

– No começo, quando descobri que você ficaria bem, eu resolvi deixar pra lá, naquela época o Team B estava em um momento difícil, como você sabe. Mas eu simplesmente não conseguia esquecer, por mais que eu quisesse, eu não conseguia. Nunca conheci alguém que pudesse me decifrar tão fácil ou que pudesse dizer as palavras certas e no momento certo, como você. Era como se já nos conhecêssemos. – Disse desconfortável. – Arrisquei ligar um tempo depois, mas o número já não existia mais.

– Eu voltei pro Brasil quando me recuperei. – Informei ainda estarrecida.

– Descobri isso depois. O lance é que eu pensei que nunca mais ia te encontrar, olha pro tamanho de Seul, e tentei me convencer de que seria melhor assim, então eu te vi no meio da rua mais ou menos um ano depois, quase não pude acreditar na coincidência. Quando te vi entrar no café, eu entrei em seguida, pensando em como te abordar. Eu não sabia como você reagiria a mim, se tinha me associado a um trauma ou uma memória ruim. – Começou pulando para o banco da frente. – Foi nesse momento que percebi que eu sentia algo por você e eu não poderia desperdiçar a chance que o universo estava me dando. Eu tropecei na sua mesa de propósito, esperava que você me reconhecesse e eu pudesse iniciar alguma conversa concreta.

– Mas eu não reconheci, então resolveu mudar a abordagem?

– Mais ou menos isso, eu me senti aliviado, de verdade. Eu tinha medo de que você me culpasse ou sei lá, algo parecido. Pensei sobre isso por muito tempo, se eu não te ligasse naquele momento... – Hesitou se interrompendo. – Você estava a seis passos de mim, tem ideia de o quão desesperador foi? Então, como você não lembrava eu covardemente me calei, tem razão quando me chama de bebêzão.

– June... – Chamei condescendente acariciando sua mão.

– À medida que nosso rolo foi ficando sério eu fiquei tentado a conversar sobre isso, mas eu ainda tinha medo. Fora que tinha aquele lance de que você não namorava ninguém do meio artístico, ainda tento entender como você não me reconheceu, provavelmente era a única da sua idade que não me reconheceria. – Deu uma risada breve, se referindo à superexposição que os programas trouxeram pra vida dele.

– Eu não tenho culpa de não colocar os programas de sobrevivência de empresas em dias. Mas quando eu descobri, eu entendi porque você nunca marcava os encontros em locais públicos ou muito abertos. – Rebati fazendo bico.

– Quando encontramos com a Cecí noona e ela soltou sem querer que eu era trainee e a gente acabou discutindo por eu ter mentido, fiquei tentado novamente a contar tudo, acho que foi o mais próximo que fiquei de revelar toda a verdade, porque se eu explicasse que meus motivos e o que eu sentia era mais denso do que parecia, talvez me ajudasse a te fazer ficar. Felizmente não foi necessário e a Cecí noona depois me pediu para não falar sobre o WIN, nem deixar que qualquer um dos meninos falassem, ela tinha receio que uma lembrança ruim como a de um acidente te afetasse demais.

– Então, ela sabia que nos conhecíamos? – Perguntei franzindo o cenho e ele rapidamente negou.

– Não. Na verdade, a única pessoa que sabe de tudo isso é o Hanbin hyung. Eu liguei do celular dele pra você naquela noite, foi ele também que eu chamei pra ajudar e avisar pras pessoas certas. – Explicou. Agora a frase de Hanbin fazia todo o sentindo. “Você pode não entender, mas se você soubesse, entenderia o tamanho da besteira que está fazendo.” – Na verdade, a Cecí tinha medo que o Hanbin ou alguém do WINNER falasse alguma coisa, já que o hyung quem ajudou com todo esse lance de hospital e ele quem conversou com ela sobre a internação e tudo mais. De verdade, desculpe por omitir tudo isso, sério, eu ainda me sinto mal por isso. Se eu não tivesse ligado, você não teria se machucado.

– Junhoe, nada disso é culpa sua. Eu lamento que você tenha se martirizado por tanto tempo.  – Afirmei acariciando seu rosto ternamente. – Eu não sei explicar porque ainda é bizarro pra mim, mas o que eu sinto por você hoje e o que eu sentia antes é bastante similar. Todo o sentimento de carinho e cuidado, ou a forma como você me acalma e conforta, a forma como me sinto segura contigo. Tudo isso eu já sentia. Faz sentido se eu disser que a minha consciência de agora é a mesma daquela época?

– Não mesmo. – Ele riu balançando a cabeça.

– Naquele dia, eu tinha acabado de saber que meus pais haviam sofrido um acidente, eu estava desesperada e sem chão. Quando eu ouvi sua voz, foi o mais perto de tranquilidade que eu cheguei. – Recomecei. – O que aconteceu nunca foi culpa sua, pelo contrário. Nunca mais pense nisso dessa forma, pense que de certa forma você me salvou. Eu quem devo pedir desculpas, eu fui uma idiota, Junhoe, eu te amo tanto, desculpe por querer terminar dessa forma, eu só pensei em mim e no que eu temia, eu fui egoísta. Mas juntos nós podemos encontrar nosso próprio equilíbrio e é o que eu mais desejo no momento.

– Hm... Se eu ganhar massagens pelo resto do mês, posso pensar em te perdoar. – Respondeu se fazendo de difícil. Rimos e ele capturou meus lábios em um beijo profundo e apaixonado. – Eu também te amo.

 

Eu tinha tido uma epifania, tudo estava realmente claro depois do relato do mais novo, então eu não sentia raiva ou qualquer sentimento ruim para com ele. A única coisa que sentia era amor e predestinação. Nunca tinha acreditado muito nessas coisas de destino, mas eu tinha certeza que eu estava destinada a ficar com Junhoe. Afinal, só o destino podia explicar um ciclo causal no tempo². Se eu lembrasse dele, nós nunca teríamos namorado, se não namorássemos, eu nunca saberia o que dizer pra animá-lo na noite do WIN, o que o fez ter sentimentos por mim e se eu não lembrasse daquilo naquele momento, nós teríamos terminado. Era um ciclo vicioso que ligava o passado e o presente e que mantinha nossos caminhos se cruzando. Era quase como um pequeno looping temporal. E se nosso relacionamento desafiava o tempo-espaço, quem seria eu pra por um fim nele?


Notas Finais


¹Nictofóbico é aquele(a) que tem fobia de escuro e é uma fobia relacionada também a acidentes ou eventos traumáticos.
²Ciclo Causal no Tempo, também chamado de Paradoxo da Predestinação e de Ciclo da Causalidade é um fenômeno teórico, que ocorre quando uma corrente de eventos causa-efeito é circular. Por exemplo: se um evento A causa um evento B, e o evento B causa um evento C, e o evento C causa o evento A, então esses eventos estão em um ciclo de causalidades.
Bem é isso, espero que gostem.


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