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História Oculta, SQ - Henry Mills


Escrita por: ellasanto

Capítulo 2 - Henry Mills


Fanfic / Fanfiction Oculta, SQ - Henry Mills

Dark Bird is Home – The Tallest Man on Earth ♪

Regina abriu os olhos e sentiu um carinho em teu rosto, se afastando imediatamente, antes mesmo das pupilas acostumarem com a luz que lhe invadia. Deixou a visão se formar e a mulher loira, de mais cedo, se tornara nítida; o coração acelerava em estar na companhia de uma completa estranha.

— Quem é você? — Questionou.

A pergunta parecia entristecer a loira de alguma forma, deixando uma confusão ainda maior na cabeça de Regina, ela podia notar o semblante decepcionado, mas não se deixou levar, a ideia de não ter ideia do que estava acontecendo era aterrorizante.

— Tudo bem... — A loira afastou a mão que acarinhava o rosto da morena e respirou fundo. — Eu sou Emma, Emma Swan. — Mordiscou o lábio inferior e levantou o olhar para encarar o olhar de amêndoas que tanto sentira falta. — Sua esposa. — Completou.

— Esposa? — A confusão se pareceu ainda maior quando ouviu tais palavras. Regina queria dormir e acordar em um mundo longe de todo aquele inferno, sim, para ela era um inferno. Onde não há imagens de uma vida, mas sabe das coisas básicas como falar e andar, como se sua última memória fosse um espaço escuro ou branco demais. Não há nada. É como se não existisse, como se tivessem passado a borracha em sua personalidade, em sua vida e escolhas. — Então... Eu... Mas... — Ela fechou os olhos, mas ao sentir o toque de Emma em sua mão, afastou-a por impulso, abrindo os olhos novamente. Sua cabeça latejava e a visão era turva diante de tanta informação.

— Desculpe. — Ela se afastou um pouco. — Desculpe Regina, eu...

— O que aconteceu? Por que eu não me lembro de nada?

— Então... — Swan se ajeitou na cama, ficando de lado para Regina e apoiou os cotovelos nas pernas, remexendo os dedos para tomar coragem em prosseguir. — Você sofreu um acidente de carro e acordou sem memória alguma... E-eu... Eu esperava que agora fosse diferente e...

A forma direta, rápida e sem rodeios que ela proferiu, fez Regina perceber que tal memória pudesse ser dolorosa demais para a loira. Ela podia notar amor nos olhos de Ema, se é que sabia o que era – confusão, saber que ama, mas não saber ao certo se sabe o que é amor, mas ela via e sentia-se mal por não conseguir retribuir. Era claro que elas tiveram alguma coisa, era claro que, pelo olhar marejado da loira, algo forte aconteceu entre elas. Seria o correto correr, não? Emma Swan poderia ser apenas a mulher que lhe sequestrou, drogou... E... Não fazia sentido algum.

— E por que aqui? E não num hospital? — Resolvera tirar todas suas dúvidas de uma vez, precisava se orientar, precisava saber se podia confiar.

— Você ficou no hospital por dois meses Regina, eles queriam desligar você e eu impedi. Chegou num ponto em que respirava sozinha, que seu corpo voltou e só você não. Era como se tivesse saído de seu corpo, como se não morasse mais nele, mesmo com ele funcionando.

— Eles quem? — Regina era séria e firme, sua voz grave fazia remexer com o interior de sua esposa que se contorcia inteira, como se tivesse um efeito extraordinário nela. Um efeito que elas ririam em outra circunstância.

— Os médicos, alguns amigos... — Emma desviou o olhar, o que aparentou transmitir muito desconforto da mesma com o assunto. Já Regina não sentia absolutamente nada, além, claro, de ter sua vida apagada como uma borracha e não se lembrar de quem és e quem fora. — Regina... Eles estavam desistindo e eu implorei para você ficar aqui, que, talvez, o ambiente lhe trouxesse de volta para nossa casa, para mim... Há médicos que cuidam de você todos os dias e um deles quem lhe tirou dos aparelhos.

— Você disse que... Que eu acordei sem lembrar-me de nada, mas eu não me lembro de ter acordado. — Fechou o cenho. — Não me lembro de ter tido esse momento que comprovasse a falta de minha memória.

— Era a primeira coisa que eu queria saber, se você se lembra... Por que...

— Eu estou numa espécie de memória apagada a cada vez que durmo? — Emma se encolheu entre os ombros e a olhou com pesar nos olhos.

— Eu espero que não e... — Ela suspendeu a mão para tocá-la no abdômen e ela repulsou com o corpo. — Calma... Confie em mim... É-uh... Eu sei que é difícil, mas confie, eu não te faria mal. — O olhar de esmeraldas transmitia tanta confiança à Regina que a mesma, mesmo relutando contra o medo, permitiu a aproximação. A loira suspendeu um pouco a blusa da morena e mostrou o curativo de algumas feridas – ainda cicatrizando – do acidente. — Você precisou fazer algumas cirurgias no baço e rim.

Regina observava o semblante pesado de Emma, a voz fraca e forçando para não ficar trêmula; o olhar cabisbaixo sem mais encará-la e um brilho nos olhos tomados por lágrimas que davam sinal da dor que o mesmo sentia. Ela apertou uma mão na outra e a olhou com os olhos um pouco avermelhados.

— Eu... Eu achei que perderia você. Eu... — Uma lágrima escorreu pelo rosto de Emma que a limpou rapidamente, virando o rosto para sair do campo de visão de Regina.

— Emma eu... — Ela apertou os olhos, sentia uma vontade de chorar lhe dominar; mas seus motivos eram pavorosos. Quem era ela? Quem era Emma Swan – A mulher que lhe mostrara tamanha sentimentalidade no primeiro segundo de vida? — Eu sei que você quer sua esposa de volta, sei que... — Ela apertou os olhos por alguns segundos, até encarar Emma novamente. — Mas eu não posso, eu não posso viver um mundo onde não me sinto parte dele.

— Eu não cobrarei isso. — Parecia que a conexão entre elas era formidável, já que conversavam por olhar, se entendiam por eles e se confortavam por eles. — Por mais saudades que eu sinta; vontade de lhe abraçar e te sentir viva... — Ela suspirou. — Eu respeito você e não, eu não quero que você aja por uma “obrigação”, não quero que se torne minha esposa por eu estar te contando isso... Até porque, em sua cabeça, nós não somos. — Regina suspirou em alívio, era como se em meio a tanta confusão, existisse uma base em que ela poderia confiar, uma base que a respeitava e, mesmo que complicado, aceitava que essa era a realidade dela agora. — Mas eu quero te pedir uma coisa...

— Diga. — Regina se ajeitou mais a cama, ficando um pouco mais relaxada do que quando acordou.

— Eu quero que me pergunte tudo que tiver dúvidas, quero que confie em mim e eu farei de tudo para te explicar e te conceituar do universo em que vive. — Regina encarou os olhos verdes por mais um tempo e, soltando uma longa respiração, afirmou com a cabeça. Seu corpo ainda estava rígido, sua respiração falha, mas era o mais perto que ela tinha de se tornar alguém.

— Posso começar agora? — Um sorriso tímido brotou dos lábios de ambas.

— Pode. Mas antes... — Emma endireitou sua postura e abriu um dos mais majestosos sorrisos que poderia distribuir, fazendo com que as bochechas de Regina se esquentassem numa vergonha que ela desconhecia. — Está com fome?

— Parece ser minha primeira refeição da vida... — Ela disse tentando descontrair a vergonha que sentira ao ver o sorriso de Swan. — Eu estou sim. — Afirmou timidamente.

— Por isso... — Ela tocou a mão em carinho e se levantou. — Eu preparo todos os dias um café da manhã caprichado, para caso você acordar... — As bochechas da morena se esquentaram ainda mais e deu um curto sorriso de canto para a loira, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eu já volto para lhe contar tudo que precisa saber, enquanto come um delicioso e caprichado café da manhã. — Deu um pequeno saltinho em animação, arrancando um sorriso confortável da morena.

 

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Enigma – Alexandre Desplat ♪

— Sr. Dale. — Lily abriu a porta de seu chefe depois de dar dois toques com os dedos na mesma.

— Entre Page. — Disse sem desviar o olhar dos papéis em sua mesa. A morena parou frente à mesa e, pelo silêncio, ganhou um olhar impaciente de James Dale. — Fale logo.

— Recebemos um telefonema e é de seu interesse.

— Não estaria aqui se não fosse. — Voltou a atenção para um dossiê que estava sobre a mesa, folheando-o, claramente irritado.

— Ela acordou.

Um olhar surpreso e vibrante voltou a atentar para a morena à sua frente.

— Já era hora. — Lily sentiu um frio lhe correr a espinha ao receber um sorriso perverso do loiro. — Um pouco de adrenalina era o que nos faltava!

 

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I’m Forrest – Alan Silvestri ♪

— Você tem certeza?

— Eu acho que consigo, eu quase fugi dessa casa... — Ela foi se sentando com ajuda de Emma.

— Sua casa. — Corrigiu sem nem perceber e Regina deu um leve sorriso.

— Estranhamente me sinto como se fosse... — Emma deu um sorriso satisfeito e passou a mão pela cintura da mesma, ajudando-a a ficar de pé. — Obrigada.

Swan fechou os olhos por segundos, tentando não se abater pelo contato com Regina. Queria apenas se entregar, abraçá-la e ser abraçada em retorno. As mãos macias lhe apertando o braço, a respiração quente tocando seu rosto... Tudo era intensamente torturante.

— Eu posso trazer os álbuns para cá, se preferir...

— Eu queria exercitar um pouco, além do mais, eu estou abastecida de um delicioso café da manhã. — Ela a olhou com um sorriso um pouco tímido, o que Regina achou divertido. Os olhos amêndoas se prenderam na curva que os lábios rosados de Swan faziam para baixo e correu por cada traço de seu rosto, tentando buscar familiaridade. Sentiu a respiração pesada de Emma em seu rosto, o hálito de chocolate impregnar em seus sentidos e, quando percebeu a besteira que estava pensando, retomou a consciência de sua nula vida. — Eu acho que eu amo comer...

— Ah! — Emma soltou uma risada, enquanto a ajudava andar. — E como gosta... Acho que você trocaria tudo por comida. — As duas começaram a rir.

— Não exagere, duvido que fosse dessa forma... — Olhou para baixo. — Olha pro meu corpo, não acho que seja de quem come demais... — Olhou para Swan ainda divertida e percebeu que a loira prendeu o olhar para frente, sem ousar olhá-la e um rubor intenso lhe tomou as bochechas. — Ah Emma...

— Duvida? Verá nos álbuns que sempre estava com comida por perto.

Swan a levou até o escritório e assim que abriu, Regina aspirou do melhor ar que sentira desde que nascera de novo. Um cheiro que não podia ser familiar já que não se lembrava de nada, mas que lhe causou um incrível conforto no peito. Soltou-se de Emma e, em passos lentos e mancos, fora olhando todo o cômodo. Seu olhar se prendia em muitos livros pelas instantes, até que chegou a uma prateleira onde os livros estavam devidamente arrumados, sem nenhum vestígio de poeira, assinados por: Regina Mills.

— Então, eu sou escritora? — Um sorriso em curiosidade saiu dos lábios da mulher.

— A melhor que já conheci. — Disse ela em tom tímido.

Regina apenas sorriu, sem olhá-la, estava gostando de como Emma a tratava, da forma como ela se preocupava em deixá-la confortável. Além do mais, passaram mais de duas horas conversando e ela se sentiu, terrivelmente, confortável na presença de Swan. Terrível, pelo motivo de odiar não detestá-la quando tudo apontaria para uma fuga.

— Posso? — Ela estendeu uma mão para pegar um dos livros e Emma deu uma risada, afirmando com a cabeça.

— Majestade, são seus.

Regina buscou um livro de capa dura branca, escrito apenas: O anjo perdido. A curiosidade por tal história lhe pegou de primeira, o olhar que folheava o livro parou na dedicatória: “Henry Mills”. O olhar se fechou, querendo forçar lembranças que, talvez, a página lhe daria. Emma assistia com enorme expectativa, cruzando os braços em tentativa de conter o corpo em ir até ela e lhe perguntar: lembrou-se de algo? Lembrou-se de mim? De Henry?

— Hm... — Ela soltou com um leve bico na lateral dos lábios, abrindo os olhos e se voltando à loira. — Nada. — Um riso decepcionado saiu de Regina. — Então, é com você.

— O que quer saber? — Ela se escorou na mesa que ficava mais aos fundos do escritório e a olhava ainda folheando o livro.

— Quem é Henry Mills? — O olhar em amêndoas, tão perdido e opaco, se prendeu aos verdes que demonstravam receio, pela primeira vez.

— Seu filho.

— Então temos um filho? — Uma manifestação, como um sorriso, talvez, apareceu na feição de Regina.

— Não. — Emma sorriu desajeitada. — Não é meu.

— E cadê ele? Escola? — Tentou não mostrar tamanha surpresa com a notícia. À ponto, suas mãos suavam, seu corpo recebia uma forte dose de adrenalina e um sentimento estranho que lhe apertava o peito. Filho. Não era mais um ou ninguém menos importante. Era um filho... Tal qual que não sabia nem da existência.

— Regina... — Emma abaixou um pouco o olhar e respirou fundo, voltando a encarar, agora, olhos escuros famintos por informação.

— Um acidente há cinco anos tirou-lhe a vida.

A morena fechou o livro de uma só vez e o barulho da capa dura fez com que Emma desse um leve salto em susto.

— Então... — A escritora abraçou o livro como se abraçasse uma das informações mais importantes que tivera. — Eu descubro que tenho um filho... — Ela suspendeu as sobrancelhas e respirou fundo, ficando com o olhar fixo a um ponto longe. Piscou apertadamente os olhos, saindo de seu transe e se voltando ao livro em seus braços, deixando-o, cuidadosamente, de volta a prateleira. — E ele está morto. — Apoiou as duas mãos na outra mesa em madeira que ficava abaixo das prateleiras e respirou fundo, fechando os olhos e sentindo uma dor, esquisita e forte, lhe dominar por inteiro.

— Regina... — Emma foi em direção à morena e, cautelosamente, levou uma mão ao ombro. Observando que a mesma não o dispersou, permitiu apertar os dedos um pouco em demonstração de respeito e apoio.

— Se eu não me lembro de nada, como posso sentir essa dor? — Disse com a voz trêmula e levantou o olhar achocolatado banhado em lágrimas.

— Porque é seu filho. — Disse ela com a voz terna. — Seu único filho.

 



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