Reiner não viu mais Bertholdt durante todo o dia. Acabou se conformando em encontrar o garoto apenas na hora da janta.
Assim que entrou no refeitório, à noite, deu de cara com Bertholdt, já recolhendo seu prato vazio e saindo em direção a cozinha.
Sua boca abriu e fechou pelo menos umas três vezes, antes de formular alguma palavra decente.
– Bertholdt! - foi a única coisa normal que conseguiu falar em público.
Bertholdt parou e ficou olhando para Reiner esperando ele continuar. Assim que o loiro ameaçou se manifestar mais uma vez, Ymir e Christa passaram abraçadas, sorrindo, bem ao lado dos dois. Reiner não conseguiu disfarçar e ficou encarando as duas. Ymir retribuiu o olhar de Reiner com uma expressão furiosa. Demorou meio século para notar que a moça indicava algo com a cabeça; era Bertholdt indo embora.
Chegou a dar um passo para ir atrás do amigo, mas, desistiu. O lugar já começava a encher de soldados, não ficaria nada bem se largasse a comida ali e saísse correndo atrás de Bertholdt; todo mundo ia reparar.
– Oe, Reiner! - Connie e Sasha se aproximaram. – O que aconteceu com o Bertholdt? - os dois pareciam tão preocupados quanto Reiner; pelo menos por fora.
– Não há nada de errado. Ele só está muito cansado, foi dormir mais cedo. - o próprio Reiner tentou se convencer disso.
Reiner se sentou em um lugar bem afastado. Não queria ouvir ninguém mais perguntar sobre Bertholdt, e por que o garoto não estava ali, colado nele. Eles eram apenas amigos, não precisavam ficar juntos o tempo todo. Mas tinha que admitir, sentia falta disso.
– É horrível não é… - a sopa chegou a amargar com a presença da menina outra vez. – … se sentir assim… sozinho. - Reiner ignorou. Tinha certeza que não duraria muito, mas, resolveu adiar outra discussão com a garota. – Sabia que é exatamente assim que ele se sente; sozinho? Devia se preocupar menos comigo e com a Christa, e prestar mais atenção no Bertholdt.
– Quem disse que eu ligo para o que você ou a Christa fazem juntas?
– Opa, desculpe, achei que você estivesse se corroendo de… - de repente, Ymir cobriu a boca com as mãos, simulando – ou não – surpresa. – Você não tem ciúmes de mim e da Christa juntas; você tem… inveja!
– O quê? - Reiner pareceu bastante perturbado com aquilo que Ymir disse.
– É isso mesmo. Você queria não é Reiner, poder abraçar o Bertholdt, como eu abraço a Christa, olhar nos olhos dele e dizer o quanto você o queria; falar todas as coisas pervertidas e erradas que você gostaria de fazer com ele.
– Cala a boca, sua doente!
– Sabe Reiner, vai chegar o dia, em que você vai acordar, trabalhar, sair com os amigos, voltar para casa, dormir e adivinha… o Bertholdt não estará mais lá; em momento algum.
– CALA A BOCA! - Reiner finalmente se descontrolou. – PORQUE CONTINUA DIZENDO ISSO?
– PORQUE É EXATAMENTE O QUE VAI ACONTECER!
Reiner saiu furioso do refeitório. Mais uma vez não conseguiu terminar de comer em paz. Nem sabia se era por culpa da Ymir ou de Bertholdt; talvez a culpa fosse sua mesmo. Parou a meio caminho dos dormitórios, sabia que Bertholdt não estaria lá.
***
Bertholdt, limpou rapidamente as lágrimas que desciam pelo rosto, assim que ouviu o barulho alto dos passos se aproximando. Sabia muito bem de quem se tratava, só estranhou o fato do outro não tentar ocultar sua presença, como da outra vez.
– O que está fazendo aqui de novo Reiner?
– Por que não me esperou para jantar com você?
– Ah, desculpe, não queria fazer você perder a fome. - havia muita amargura nas palavras de Bertholdt. – Mas tudo bem né, você podia se sentar com a Christa, como você tem feito ultimamente.
– Ela está com a Ymir agora.
– Ah é? Eu sinto muito! - não sentia tanto assim.
– Não tudo bem. Acho que agora finalmente entendi aqueles seus livros bobos de romance. - Reiner suspirou derrotado. – Talvez, não seja tão errado assim.
– O quê? Duas mulheres juntas?
– Duas pessoas do mesmo sexo.
Ouve um silêncio carregado de coisas que eles queriam dizer.
– Berth… - Bertholdt sentiu uma pontada de esperança. Reiner só o chamava assim quando queria pedir alguma coisa ao moreno; geralmente, algo embaraçoso, como um abraço em uma noite fria, ou uma massagem nos ombros. – Você está com vontade agora?
De tudo o que poderia esperar de Reiner, aquela pergunta foi, de longe, a mais constrangedora. Sentiu um calor insuportável entre as pernas. Levou a mão ao membro sentindo a carne ganhar volume.
– Me parece que sim. - Reiner foi categórico.
– Nã… não acredito que você continua me espiando dai.
– Não respondeu a minha pergunta.
– U… um pouco. - a voz de Bertholdt quase morreu.
– Você sabia não é; que eu te vi naquele dia.
– Você praticamente me confessou isso, Reiner.
– Tem muito mais coisas que eu não te confessei Bertholdt. Aliás, você tinha razão Berth, eu sempre quis saber como é.
– Tocar outro garoto?
– Tocar você.
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