- VOCÊ VAI VOLTAR? – berrou Lapo, enquanto eu dava a noticia por ligação.
- Sim. Volto semana que vem. Já achei um apartamento para alugar, está tudo certo. – eu disse.
- Eu estou tão feliz! Essa é a melhor notícia! – disse Lapo.
- Obrigada, amigo.
- Eu faço questão de te buscar no aeroporto e te levar em casa.
- Tem certeza? Não tem necessidade!
- É um carinho, Emily. Só isso. Quero que você e sua família se sintam bem vindas aqui.
No dia do desembarque lá estava Lapo esperando. Minha mãe carregava Francesca no colo enquanto eu estava com as malas. Lapo me ajudou com as malas e entramos no carro.
De repente Lapo pegou a estrada e estranhei o caminho.
- Lapo para onde estamos indo? – perguntei.
- Para Milão. Não é lá que você vai morar? – disse Lapo.
- Não Lapo. Eu vou morar em Turim! Senão porque eu iria desembarcar no aeroporto de Turim? – eu disse.
- Meu Deus, não acredito que errei. Desculpa, desculpa!
Lapo sempre sendo desajeitado. Ele é surreal. Francesca dormia tranquilamente, não sei porque bebês amam andar de carro.
Chegamos tarde na minha casa. Lapo entrou e foi me ajudando quando eu desfazia as malas. Mas eu não queria ajuda. Ele já estava ficando inconveniente e não percebia.
- Lapo, Lapo. Não precisa! – eu disse.
Lapo derrubou um monte de coisas minhas que estavam nas mãos dele. Ele se abaixou para pegar e acabou batendo com o pé na mesa.
- Ai! Ai!
Eu não pude segurar a risada.
- Lapo. Você já me ajudou. Você está cansado. Vai pra casa descansar, ok? Muito obrigada por hoje! – eu disse.
- Ok. Qualquer coisa me liga, viu? – disse Lapo.
- Tudo bem. – eu disse.
E então ele foi embora.
- Ufa! Ainda bem que ele foi. Esse Lapo é tão elétrico que me dá agonia. Além de ser meio doido. – disse mamãe.
- Eu te entendo, mãe. Mas ele é uma pessoa de bom coração.
- Sim, ele é. Mas a presença dele é sufocante as vezes. Depois que ele saiu a casa ficou em paz.
Acho que minha mãe não foi muito com a cara do Lapo.
Nos dias que se seguiram mal tive tempo para descansar. Comecei a trabalhar novamente nos meus quadros, me preparava para a cobertura do Esporte Interativo e cuidava de Francesca. Além disso, estava resolvendo os preparativos do lançamento do meu livro na Itália. Aproveitei também para mudar o visual, cortei o cabelo e fiquei loira.
E nesse meio tempo o namoro do Lapo terminou. Mais um relacionamento relâmpago pra conta dele.
Algumas semanas depois havia chegado o dia que eu temia. Eu estava escalada para cobrir uma coletiva de imprensa da Juventus, e Gigi iria falar. Eu não teria como escapar disso.
Me sentei no meu lugar e decidi que não faria nenhuma pergunta. Quem sabe assim eu não seria notada.
Mas no meio da entrevista o olhar do Gigi se cruzou com o meu. As palavras dele foram interrompidas. Encarávamos um ao outro. Sentia minhas pernas tremerem, meu coração disparar. Fui tomada por desconforto, um incomodo, mas não conseguia desviar meu olhar do dele. A expressão de surpresa dele era indescritível. Acho que ficamos uns dez segundos nos encarando. Segundos que mais pareceram uma eternidade.
Gigi percebeu que estava criando uma situação estranha e tentou se focar de novo na entrevista. Mas ele já estava distraído. E tudo que eu queria era ir embora de lá urgente.
Assim que entrevista terminou me levantei rapidamente. Estava andando pelos corredores do Juventus Stadium para ir embora, até que senti meu braço sendo puxado. Eu sabia que era ele. Gigi me virou e nos encaramos.
- O que foi? – eu disse.
- O que foi? Você está de volta a Itália e nem me fala nada. Você aparece do nada na minha coletiva e quer me perguntar o que foi? – disse Gigi.
- Eu não tenho que te dar satisfação de nada! Você nunca mais apareceu...
- Você nem me deixou falar contigo.
- E você lá queria? Até se separar da Bruxa Velha você se separou e mesmo assim não me procurou!
- Você ficou sentida com isso não é? Eu pensei em te procurar, juro. Mas achei que você nem me daria a chance de falar contigo.
- Pensou, mas não fez! Isso mostra que você caga pra mim!
- Não, Emily. Eu te amo! E sei que você ainda me ama também.
Esse desgraçado! Eu desejei tanto que ele me dissesse essas palavras e agora vem me dizer quando eu já não quero mais?
- Você não tem o direito de brincar comigo assim!
- Eu sei que você me ama ainda. Minha presença mexe com você, vejo na forma que você olha pra mim! Você tenta, mas não consegue disfarçar.
- Você não consegue controlar seu ego, não é? Para de achar que você é o centro do mundo! Não aguento mais teu jeito metido a besta e egocêntrico. Eu já te esqueci desde a época que eu peguei o Lapo! Adeus! – eu disse, dando um empurrão no Gigi.
Eu corri e fui até meu carro. Assim que fechei a porta apoiei meu rosto no volante e comecei a chorar. Não sei porque chorava tanto. Eu me sentia lutando contra mim mesma. Não é possível que eu ainda possa ter sentimentos pelo Gigi. Eu me recuso. Eu não poderia ter ficado assim quando o vi. Não poderia ter me envolvido pelo olhar dele, não poderia ter sentido meu coração batendo forte. Se ainda existe algum sentimento pelo Gigi lutarei contra ele com todas as minha forças. Ele é um canalha. Ele não vai me enganar. Nunca mais.
No dia seguinte eu me recompus e nem pensava mais na confusão de ontem. Estava realizada, tinha me arrumado, me sentia bonita e feliz. Era o lançamento do meu livro Pacto de Sangue em italiano.
Eu estava na mesa autografando o livro. Quando de repente uma mulher de cara amarrada e óculos escuros se senta em frente a mim. Ela tira os óculos e eu sabia quem ela.
O que a sonegadora está fazendo aqui?
- Ilaria?
- Olá, menina Emily. Pensa que eu me esqueci de você, sua vagabunda?
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