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História Odete - Capítulo VI


Escrita por: FlorVazMeier

Capítulo 6 - Capítulo VI


O fim de semana passou rápido, nenhuma mudança súbita a não ser o medo que me consumia do que poderia fazer o pai de Ray. Minha rotina se seguiu e eu organizei a desordem que se transformava minha casa devido à minha caótica mãe, dei atenção a minha velha e independente gata, corrigi os trabalhos escolares e no domingo fui ao serviços da igreja. Quando a segunda-feira chegou o medo me corroía. Mal tinha podido dormir o fim de semana todo, cheguei a escola e percebi que Ray não fora a aula, seu pai devia tê-la tirado definitivamente da escola, o que não era o que eu esperava, quando tinha chegado ao colégio naquela manhã já via uma Sra. Pumps decepcionada comigo, nervosa com os novos problemas, forçada a anunciar minha demissão. Mas ao contrário nem a tinha visto, as aulas transcorreram normalmente, ou quase, não tinha visto Ray e seu semblante impar, e só, nem ninguém me olhara estranho como se soubessem da minha falta de responsabilidade. Quando já tinha terminado as aulas e ia embora, a diretora Pumps passou por mim e cumprimentou-me normalmente. E eu? Apenas fui embora, confusa e aliviada, mas não sabia por quanto tempo.

Sr. Sméagol cumpriu o que dissera, me fez quase dobrar o expediente normal para compensar o dia anterior e limpar a loja toda. Homenzinho horrível, era para me punir eu tinha certeza. Cheguei exausta em casa e para meu total espanto minha mãe estava acordada, algo estava muito errado.

— Mamãe?- Ela se virou do sofá onde estava sentada e eu pude ver como estavam vermelhos os seus olhos, pude ver o quanto ela estava deprimida, enrolada em um cobertor, com o olhar vago, perdido...

— Mamãe? Aconteceu alguma coisa? – Ela apenas se deitou em meu colo, me pegando desprevenida.

E só o silêncio além de nós duas habitava aquela sala, então eu olhei para o calendário que ela tinha nas mãos, e a foto, a única lembrança que restou daquele homem. William. Eu entendi. Faziam 3 anos hoje que ele se fora. E junto levou a melhor parte da minha mãe, aquela parte que cuidava de mim, zelava meu sono, a parte realmente divertida, alegre e cheia de vida. E eu o odiava, mas ela ainda amava aquele homem, contrariando a lógica e o bem estar dela mesma. Acariciei seus cabelos e a mantive pertinho até que as lágrimas se fossem e o sono chegasse, o sono de cansaço ao qual eu queria me entregar. Quando seus olhos se fecharam e ela ficou quietinha, sem choro, a cobri e me deitei em meu quarto. Mas não consegui conciliar o sono. Tantas imagens, lembranças e questionamentos dançavam em minha cabeça. Lembrei-me de quando William vivia conosco, em uma casa simples, mas charmosa, em um bom bairro, um lugar que eu acreditava que fosse a casa dele, mas que mais tarde descobri que era minha mãe quem pagava pelo aluguel, como ela podia ter sido tão tola, tão cega? Não compreendia, mas bem, tudo relacionado aquele homem eram momentos ruins que eu ansiava por esquecer, mas que teimosamente e para meu terror se mantinham vivos em minha mente, espreitando a oportunidade de virem à tona, como agora. Lembrei-me da primeira vez que tinha sentido medo dele. Eu estava tomando banho, trabalhava meio período em uma livraria, era um emprego que eu gostava, mas que tinha precisado abandonar quando nos mudamos de bairro.

—Mamãe? Você está aí? – eu podia jurar que tinha ouvido som de passos vindos do meu quarto, mas minha mãe sabia o quanto eu tinha vergonha que ela me visse sem roupa. Tinha terminado o banho e me enrolado na toalha, saído do chuveiro, assim ficaria menos constrangida ao vê-la.

— WILLIAM?- Ele estava parado no meu quarto, em frente à minha cômoda, as mãos na gaveta que estava aberta. Ao me ver levou um pequeno susto que logo foi substituído por outra expressão que eu não conseguia decifrar.

— Eu só estava procurando sua câmera, eu e sua mãe queremos tirar algumas fotos juntos, vamos almoçar fora.

— Ah sim, mas você poderia ter batido na porta. – Eu apertei com o máximo de força a toalha contra mim, a expressão que ele tinha me incomodava, me deixava com medo.

— Ela estava aberta, por isso entrei sem bater, pensei que estivesse aqui no quarto, pretendia pedir-lhe a câmera quando percebi que estava no banho, eu não poderia incomodá-la não é mesmo? -Não! Era mentira. Eu tinha certeza de ter deixado a porta fechada. E porque ele parecia tão perigoso? Apesar de saber que ele estava mentindo não pude dizer nada.

— Tudo bem, eu levo pra vocês antes de irem. – E ele se mantinha parado, me observando. – Eu preciso me trocar agora William.

— Oh! Claro minha pequena. – Um sorriso de escárnio surgiu em seu rosto e ele saiu do meu quarto me deixando tremendo de pavor.

  Quando tinha ido levar a câmera para eles, mamãe parecia tão confusa com o encontro deles, eu podia ver os legumes cortados, como se ela estivesse preparando o almoço. Então eu também soube que ele não tinha entrado em meu quarto pegar a câmera, mas na ocasião não tinha podido entender o porquê, mas tinha descoberto que ele era um mentiroso. Foi a primeira coisa ruim a seu respeito de que tomei conta, mas não a última, houveram muitos incidentes depois daquele.



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