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História Odete - Capítulo VIII


Escrita por: FlorVazMeier

Notas do Autor


Ouçam essa música no início do capítulo fará toda a diferença:

Scatman John- The Scatman

Capítulo 8 - Capítulo VIII


— Todos prontos então? Um, dois, três e ... I'm the Scatman! O rádio colocou início as ideias corporais e a música não poderia ser mais propícia. Não pude conter uma gargalhada ao ver as caretas que eles faziam, suas danças desconexas e agitadas, todos pulavam, riam, rebolavam de uma forma hilariante, apenas Ray continuava paradinha, sua ideia corporal era ser uma estátua, mas aquilo não parecia certo, todos tão felizes, então Kate olhou para mim com seus olhinhos brilhando agitando os braços me chamando e eu balancei minha cabeça na direção de Ray, ela entendeu imediatamente, como eu sabia que faria. E após alguma resistência por parte da Esmeraldinha, ela não pode conter o riso diante da cena de Kate fazendo uma espécie de ritual indígena em torno dela, ritual ao qual todos na algazarra aderiram até Ray, e até mesmo eu. E eu me senti absurdamente feliz naquele momento, se tudo parasse ali, se minha vida tivesse um botãozinho de pause eu escolheria aquele momento, aqueles com meus anjinhos, e os com meu pai.

Uma batida na porta quebrou, no entanto, a magia, e a minha despedida, porque Ray mal olhara para mim durante o pouco tempo em que estava com eles, mas eu sabia quais seriam as novas notícias. Nunca a culparia, nem me arrependeria da tarde com ela, do seu sorriso cúmplice através do salão da confeitaria, sorriso direcionado a mim, suas mãozinhas agarradas as minhas no ônibus, cada detalhe daquela pequena pessoa.

Fui até a porta já esperando encontrar a Sra. Pumps, e a encontrei como imaginava, mas quase tive um AVE quando vi quem a acompanhava.

O meu algoz. Não! Que coisa feia. Corrigindo. O pai de Ray. Com o semblante forte, aristocrático e que parecia nunca sorrir, nunca haver conhecido o significado de espontaneidade.

Acho que em minha inspeção fui muito evidente, não sabia o que podiam ler em minha expressão, talvez temor, admiração, tristeza por saber o motivo de sua vinda, e pena dele. Pena pela obscuridade em seu rosto. Mas Sra. Pumps me disse com voz estridente, como quem tem de se fazer ouvida.

— Srta.  Évora, este é Charles Windsor o pai de Lorayne, ele veio até nossa escola conhecer o ambiente escolar que sua filha frequenta, ele gostaria de assistir as aulas, bem, a sua já está terminando, acho que não haverá nenhum problema se ele ficar não? Não irá atrapalhar em absolutamente nada. – Ela acertou meu sobrenome! E porque ela parecia petulante e debochada ao dizer absolutamente nada? Ora será que ela estava insinuando que minha aula... O que? Assistir? Como? Quando? Eu seria torturada antes de receber o golpe final, era a vingança dele contra minhas palavras? Eu já havia me arrependido amargamente de tê-las dito, eu nunca fui tão cruamente sincera antes, nem depois, sabia que não seria capaz de ser novamente, foi um lapso,  seria eu tão má a ponto de merecer um castigo desses?

— Não encare como a forca, eu quero apenas ver se minha filha está se adaptando bem, veja, ela já teve alguns problemas antes em outros colégios. Não quero incomodá-la apenas estou fazendo meu papel de pai. – Minha nossa! No silêncio do corredor sua voz parecia ainda mais rouca e grossa, perturbadora com certeza. Caramba... Droga! Só conseguia pensar isso? Cadê meu cérebro? Está difícil achá-lo aqui dentro dessa confusão. Ah sim!

 Devia estar evidente que eu encarava aquilo como um castigo e eu tinha certeza que o que ele dizia com seu papel de pai era uma alusão ao que eu tinha dito sobre sua péssima atuação como tal.

— Creio que... que não haverá nenhum problema. – Disse com a voz trêmula, e desejando fugir. – Eu só, bem, não sei se eles se sentiriam muito a vontade entende? O senhor é um adulto, e crianças principalmente nessa faixa etária ficam inibidas na presença de adultos estranhos. – Oh! Que alívio tinha encontrado meu cérebro, e tagarelado também por sinal.

— Eu entendo, acho que minha aparência tão formal não ajuda muito não é? – Ele disse e deu um sorriso sem graça, que mesmo assim tinha alguma amargura. E notei também que pela expressão da Sra. Pumps ela não concordava em depreciar sua aparência. -Bom é realmente uma pena, eu gostaria de ver minha filha com seus coleguinhas, ela parecia feliz, mas não quero incomodar.

Eu senti sinceridade em suas palavras, mas não queria tê-lo tão próximo, ele era, era...eu não sabia definir. Talvez amedrontador, por isso de bom grado o deixaria ir embora mesmo sabendo que não era a coisa certa a se fazer, mas meus planos foram interrompidos pela Sra. Pumps.

— Querida tenho certeza de que podemos dar um jeito, o Dr. Windsor parece querer tanto. Você é sempre tão criativa Odete e as crianças confiam em você.

— Eu acho que podemos dedicar o restante da aula a profissões...elas gostariam- Disse de cabeça baixa para assim poder esconder o sorriso de vitória que estava difícil de conter. Eu tinha certeza que ele não esperava ser o centro das atenções, ele queria observar não é? Eu não lhe daria esse gostinho. Ouvi um riso ao meu lado e surpresa olhei para o Sr. C.W. rindo de mim? Espera, ele ria? Será que eu estava com uma expressão tão vingativa quanto tinha imaginado? Mas ele não parecia divertido. Que droga! Ele parecia...sério. Eca! Será que ele tinha apenas uma expressão facial?

Aha! Jogo das caretas! A vingança vem a cavalo Sir.

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Entrei na sala onde alguns sobreviventes ainda dançavam enquanto outros estavam exaustos no chão. Era uma forma incrível de cansar crianças. Um jogo. O último a ficar dançando vencia.

— Crianças eu sinto muito, mas hoje não teremos vencedores...

— Tia Oddy nós nunca temos, todos somos vencedores lembra? Você que disse. – Kate disse esparramada no chão.

— Eu ia vencer de qualquer jeito.

— Peter! Não seja mentiroso seu convencido, a Ray estava ganhando, ela é muito mais criativa que você. – Kate disse com o dedinho apontado pra ele.

— É, eu ia vencer. Professora Odete eu posso dividir meu prêmio com todos? – Ela disse timidamente se dirigindo a mim pela primeira vez no dia.

— Se é o que você quer, pode querida. – Que orgulho, eu sabia que ela era essa pessoinha, eu sabia.

— Nós sempre dividimos boba. Não há vencedores é um jogo de cria.. criativi..

— É criatividade Peter, e eu vou dividir com você também, se quiser.

— Claro que eu quero, ainda pergunta? Ele disse a interrompendo, Peter era muito hiperativo, isso dificultava bastante sua atenção, mas eu contornava, graças a minhas técnicas ele era o recordista em jogos de resistência. Era também um menino curioso e amigável. -Gostei dessa palavra criatividade. Ela me lembra...

— Prêmioooo! Pirulitoooos! – Todos gritaram fazendo uma enorme balburdia que deixaria a diretora que me esperava na porta furiosa, por sorte eu tinha encostado a porta dizendo que precisava de um minutinho, e isso amenizaria o som da gritaria e ela estava tão ocupada babando, isso mesmo babando no mal encarado do pai da Ray que nem ligou. Ora! Ele nem era bonito.



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