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História Oficial 04 - Capitulo Único - Oficial 04, o amor da minha vida.


Escrita por: Dudiss

Notas do Autor


Oi, gente!

Eu nunca imaginei escrever Xiubaek, muito menos num universo assim! Eu gostei muito do resultado e espero que gostem também.

Ps: o capítulo é narrado pelo Minseok.

Aviso: Homofobia explicita e violência. Se estiver desconfortável, não leia!

Capítulo 1 - Capitulo Único - Oficial 04, o amor da minha vida.


 

 

Existe uma tênue linha que separa o poder e o amor.

Existe uma tênue linha que separa perigosamente um segredo e uma execução.

Isso nunca havia sido tão explícito para mim até a declaração do general da minha tropa, Kim Jongdae.

“Como opção pessoal e particular, ninguém tem nada a ver com isso. Mas no desempenho das atividades, não entendo como seria possível. Há homossexuais nas Forças Armadas, isso não é de hoje. Quando saem do quartel, com discrição, podem exercer a sexualidade que bem entenderem. Mas que isso não fique explícito! Isso é repugnante aqui dentro!”

Um milhão de coisas passaram na minha mente ao ouvir as palavras serem ditas com total naturalidade e palavras estas que foram expressamente encorajadas pelos tantos outros militares, presentes naquela reunião.

Sorrisinhos, chacotas, piadas internas...

Um par de olhos tão assustados quanto os meus.

Baekhyun.

Assim como não sei explicar meus pensamentos, também não consigo explicar o que sinto quando o vejo. Mas sei que é bom, que é maravilhoso, que é forte e que não se suja com toda a maldade que nos rodeia.

Tampouco saberia eu explicar como me apaixonei perdidamente pelo oficial atipicamente brincalhão.

Baekhyun era um daqueles homens dignos de “virar pescoços”. Era bonito, inteligente, e – contrastando com o clima geral do exército – era adoravelmente hilário.

“adoravelmente” era uma palavra que um oficial jamais deveria usar para se referir a outro homem.

Quando Baekhyun chegou ao meu batalhão dentro do ROKA*, ele tinha apenas dezenove anos de idade e olhava um pouco amedrontado para todos os lados. Ele provavelmente era um dos pouco sul coreanos que se recusariam a prestar o serviço militar, caso pudessem.

Entretanto, não havia muitas escolhas.

Para ninguém.

Acredito que a primeira vez que pude estar muito perto de Baekhyun e poder me sentir livre, foi em nossa primeira guarda montada juntos.

Mal sabíamos que a velha barraca armada por nós dois, seria a mais fiel confidente de nossos segredos.

Ele estava apenas com a camisa regata branca e a calça típica. Parecia relaxado, quase feliz. Eu o observei enquanto ele estava deitado no chão de areia, um sorriso de canto adornava seus lábios e ele era lindo daquele jeito.

Completamente livre, completamente lindo.

— Eu desejo com todas as minhas forças que esse serviço acabe de uma vez. – Ele comentou consigo mesmo, ainda olhando o céu que não tinha estrelas.

— Porque diz isso? – Eu me deitei ao seu lado.

Nós dois com a guarda baixa éramos alvos fáceis para qualquer inimigo, e estranhamente, aquilo sequer parecia importante. Parecia muito mais importante ter os olhos de Baekhyun direcionados aos meus, parecia muito mais importante estar ali com ele e me perder no som da voz melodiosa.

— Pensei que fosse óbvio que eu não quero estar aqui. – Baekhyun falou atipicamente rude, avesso ao seu jeito leve de dizer até mesmo as piores coisas.

Eu me calei.

 Ora, o que eu poderia falar?

Logo eu, Kim Minseok, treinado pelo próprio pai para servir ao país através do exército, desde os doze anos de idade. Logo eu, Kim Minseok que reprimia um turbilhão de sentimentos e descobertas comigo mesmo.

— Eu não estou me referindo ao aqui de agora. – Baekhyun falou um tempo depois.

— O quê? – Eu perguntei.

Baekhyun sempre tivera essa característica que por vezes era engraçada; sempre falava consigo mesmo antes de falar com qualquer outra pessoa, e por conta disso muitos não eram capazes de acompanhar seu raciocínio.

Muitos não eram capazes de enxergar o verdadeiro valor de Byun Baekhyun e toda sua coragem enfiada naquele corpo pequeno e magro demais para os padrões do exército.

— Estou dizendo que gosto de estar com você. Gosto de estar aqui agora. – Baekhyun sentou e me encarou enquanto eu me levantava meio devagar e um pouco perdido, tentando assimilar aquelas palavras, tentando não acreditar que havia entendido certo.

— Você... V-você é...

— Gay. Assim como você. – Baekhyun respondeu à pergunta que eu não consegui expressar.

Ele sabia sobre mim. Ele sabia sobre mim. Ele sabia sobre mim.

— Eu não vou contar nada para ninguém, se é o que você está pensando. – Baekhyun assegurou. — Eu jamais faria isso.

— Como descobriu? – Eu indaguei, sentado de frente para ele.

— Eu deduzi. – Deu de ombros. — Acho que por um lado, eu não queria estar certo.

— Por quê?

— Porque eu sei o quanto dói. Eu sei o quanto você ouve dos outros oficiais, mesmo que eles não saibam que você é gay... Aquelas piadas sujas e ridículas. Eu sei que dói, porque eu também sinto a dor. – Baekhyun completou. Seus olhos se perdendo no céu escuro, a fogueira feita por nós iluminando seu rosto parcialmente.

Um silêncio permaneceu ali. Ele não era desagradável, era necessário. Era o tipo de silêncio que precedia algo importante.

O momento mais lindo da minha vida estava prestes a acontecer.

— E pelo outro lado?

— Eu gosto de estar certo, pois eu poderei fazer isso. – Baekhyun se aproximou de mim rapidamente, mas parecia que tudo acontecia em câmera lenta.

Ele continuava se aproximando de mim, e era tão dolorosamente lento, que eu o puxei para mim de uma vez. Olhei mais uma vez os olhos que agora misturavam alegria e espanto e fechei os meus, antes de finalmente colar nossos lábios no que viria a ser o melhor beijo de toda minha vida.

Quando nossas línguas se encontraram, existia gentileza e carinho ali, com um toque de brutalidade e urgência não dita em voz alta. Eu gostaria de tocá-lo em todos os lugares, entretanto eu tinha apenas duas mãos.

Uma vida inteira ao lado de Baekhyun ainda não seria suficiente para matar minha urgência e carência de tê-lo ao meu lado.

Era um beijo confidente, ora calmo, ora agitado, ora rápido, ora lento. Era o tipo de beijo que te deixa completamente sem defesas. Vulnerável e protegido ao mesmo tempo.

Quando finalmente nos separamos, trocamos olhares e um riso contido. A fogueira continuava conferindo a Baekhyun um olhar misterioso e a lua continuava iluminando a nossa volta. O mundo parecia disposto a guardar o nosso segredo.

Tudo parecia certo ali.

Dois anos depois, o tempo obrigatório como oficial militar de Baekhyun havia terminado.

E ele decidira ficar.

Eu nunca entenderei o coração bom dele. Nunca entenderei quanta coragem e preciosidade estava abrigada naquele coração e naquela mente um pouco travessa demais para um homem com seus vinte e um anos.

Ele decidiu ficar mesmo sabendo que enquanto estivéssemos ali, seria o céu entre nós e o inferno no alojamento junto aos outros.

— Enquanto tivermos o céu como nossa testemunha, aguentaremos. – Baekhyun me garantira durante uma de nossas muitas noites na guarda noturna.

— Enquanto tivermos um ao outro, aguentaremos. – Eu assegurei-o.

Baekhyun estava me beijando mais uma vez. Eu o tinha deitado por cima de mim. Eu o tinha bem ali em meus braços e nada no mundo seria capaz de apagar essa sensação.

Os lábios dele marcavam meu pescoço com suavidade. Suas mãos desciam pelo meu abdômen e tudo o que eu conseguia pensar era o quanto eu o amava, o quanto ele era precioso demais para estar naquele mundo recheado de gente que não sabe respeitar ninguém.

Eu o virei, deitei por cima dele. Minhas mãos percorriam todo o seu corpo, mal sabendo onde o tocar. O tocava com tanta devoção, com tanto amor, com tanto desejo.

O mundo parava enquanto estávamos juntos. O nosso mundo parava.

Naquela noite, nós fomos pegos.

Kim Jongdae e mais uns dez ou quinze soldados cercaram nossa barraca.

Baekhyun me abraçou assustado e eu o acolhi nos poucos segundos que sabíamos ter.

5

Eu e Baekhyun saímos da barraca.

4

Jongdae cuspiu em mim.

3

Todos os soldados riram.

2

Jongdae atirou na cabeça de Baekhyun que caiu no chão, completamente sem vida.

1

Eu apaguei completamente ao ver a cena.

O Oficial 04 foi enterrado como desertor. Um oficial que envergonhou o exército e o país.

Eu não pude ir. Eu sequer sei quando exatamente o enterro ocorreu. Eu sequer saberia dizer a quanto tempo eu estava preso ali.

Mas não é como se eu me importasse.

Não é como se um mundo sem o amor da minha vida fosse importar, não é como se eu quisesse viver.

Eu queria encontrá-lo e pedir perdão por não conseguir protege-lo, eu imploraria para qualquer Deus para que o trouxesse de volta, para que o colocasse em meus braços novamente. Eu daria minha própria vida se isso me garantisse que Baekhyun estaria bem e que seu precioso coração estaria a salvo daquela gente cruel.

O dia havia chegado.

Eu finalmente o veria novamente, eu finalmente iria ficar definitivamente ao lado do meu amor. Eu desejava aquilo. Eu ansiava aquilo.

Eu finalmente deixaria de ser metade, estaria ao lado do homem que durante todo aquele tempo me tornara inteiro e vivo. Vivo, pois agora eu era apenas um corpo que ansiava morrer.

— Soldado Kim Minseok, acusado de ser desertor. Pena máxima: execução por fuzilamento. Atiradores, em posição! – Ouvi a voz de Jongdae pronunciar e eu sorri.

Eu estava indo até Baekhyun.

Finalmente.

 


Notas Finais


*ROKA - Republic of Korea Army. Exercito Sul Coreano.

Espero muito que tenham gostado! Fiquem a vontade para deixarem suas opiniões.

Até outras estórias!


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