História Oi, Jungkook - Ataque inesperado, imprensa inesperada... nem tanto!

Depois da frenética corrida de patins, Clover e eu voltamos e nos sentamos no meio-fio para descansar.

— Ainda bem que você não desenfreou de novo e não encontramos o Myung. — Clover riu, colocando os braços para trás e se apoiando na calçada.

— Por que você não esquece o Myung um pouco? — Falei. — Eu já disse que ele é apenas meu amigo.

— Tina, por favor! — Clover disse. — Acha mesmo que ele só te quer como amiga? Ele fica todo diferente quando está falando com você, hellou!

— Tá, suponhamos que ele fique todo diferente quando fala comigo. E daí? Eu gosto do Jungkook. Apenas do Jungkook, entendeu? E você do Tae.

Clover me fitou, franzindo o cenho. Era como se eu tivesse dito algo super absurdo.

— Eu gosto do Tae? — Ela indagou. — Hahahaha, você é muito engraçada!

— E se você estiver apaixonada por ele? 

— Eu sempre fui apaixonada por ele, loucona.

— Você sabe do que eu estou falando, Clover.

— Não venha com ideias. 

Tiramos os patins e entramos em casa. Yorin havia voltado e estava sentada com os meninos no sofá. O manager também estava lá, vendo algo em seu tablet.

— Yorin! — Falei e fui abraçá-la. — Como está a sua amiga?

— Já está melhor. — Yorin sorriu. — E vocês duas?

— Estamos bem. — Clover respondeu.

Cumprimentamos o manager Hyun Soo também e procuramos um lugar para nos sentarmos. Clover deu um sorrisinho discreto para o Tae, achando que eu não vi. Ela que me aguarde depois.

— É bom que tenham chegado agora, pois eu já ia começar a falar sobre a retomada da agenda dos meninos. — O manager disse. — Os próximos dias serão bem corridos pra vocês. Devo avisar que voltarão a ensaiar por dez horas na Big Hit, como de costume.

Jungkook deu um suspiro de decepção. Não que ele não gostasse de treinar, isso era a vida dele. Mas eu entendi bem o porquê dessa ação.

— Os treinamentos serão de segunda a sexta. — O manager continuou. — Na semana que vem, também daremos início a sequência de shows aqui na Coréia e iremos pro Japão logo depois. Namjoon e Jimin, vocês terão uma sessão de fotos individuais para a Nike. Jin e Taehyung, vocês gravarão um mini drama numa participação em um programa. Yoongi e J-hope, vocês foram chamados para falar sobre rap em um programa também. E Jungkook, você dará uma entrevista para uma revista teen.

Pela primeira vez eu iria sentir na pele a pressão de namorar um idol. Teria de ser forte para passar isso tudo pelo JK. Ele precisaria muito da minha compreensão, que por sinal já tinha antes mesmo de namorarmos.

— Aproveitem o restante dessa semana de folga. — Yorin disse. — A partir do inicio da próxima semana, começaremos tudo.

Os meninos assentiram. Deu para sentir um pouco de desânimo no ar, mas os meninos pareceram começar a se empolgar.

— Qualquer coisa, podem vir falar comigo, okay? — O manager falou. — Eu tenho que ir agora, mas amanhã eu venho de novo.

Clover e eu ficamos nos entreolhando enquanto ele ia embora. Eram olhares pensativos, cúmplices das aventuras da vida. 

— Eu tenho que ir ver a minha amiga também. — Yorin avisou. — Volto mais tarde.

A mais velha se retirou, nos deixando novamente a sós com os rapazes. As carinhas de cada um expressavam uma mistura de sentimentos.

— Agora sim a nossa vida voltou. — Namjoon foi irônico.

— Claro. — Yoongi disse. — Muitos shows, fanmeetings, viagens...

— Apenas duas horas de sono. — J-Hope riu.

— Tudo pelas armys. — Namjoon sorriu.

A vida dos meninos era realmente muito louca. Não é pra qualquer um viver nessa pressão toda, não. Todas as conquistas de nossa vida exigem um preço alto de dedicação. No caso deles, bem, essa rotina poderia ser um pouco menos pesada, digamos assim.

Jungkook veio até mim e se agachou, deitando em meu colo e abraçando o meu corpo. Uma típica criancinha que quer os afagos da omma.

— Não vamos nem poder aproveitar o nosso namoro direito. — Ele disse, tristonho. — Tenho tanto medo de te fazer sofrer com isso tudo...

— Como sofreria vendo o seu sucesso, meu amor? — Falei, mexendo em seu cabelo. — O importante é que eu vou acompanhar vocês onde quer que estejam. E no fim, sempre teremos a casa do Bangtan.

— Mas não vamos poder ficar tanto tempo juntos, jagi. — Jungkook me encarou. — Vai que por isso tudo fique estranho entre nós dois?

— Não vai ficar, Kookie. Eu prometo.

Namjoon olhou para nós dois, com certa pena no olhar. Ele sabia bem o que iríamos passar de agora em diante.

— Não fiquem tristes assim, vai? — Yoongi pronunciou. — Vamos dar um jeito em tudo. Vai chegar um tempo em que vocês não vão precisar ter medo e nem esconder, é só esperar. 

      *****

Jungkook

Eu ainda estava um pouco triste com tudo o que ia começar a acontecer. Não que eu não amasse a minha carreira e o que eu faço, jamais. O único fator problema é que a Valentina e eu acabaríamos não tendo tanto tempo juntos assim.

— Ainda está pensando na nossa agenda, JK? — Namjoon sentou-se ao meu lado na cama. — Vai ficar tudo bem.

— Eu quero muito acreditar nisso, hyung. — Falei, um pouco desanimado.

— Pois então acredite. Vocês se gostam o bastante e vão passar por isso numa boa. Eu sei que é complicado, mas vocês vão ficar bem.

— Obrigado, Namjoon hyung. — Sorri, em forma de agradecimento as belas palavras de meu amigo.

Deixei os pensamentos sobre a agenda de lado e outra coisa veio me importunar: O agarramento que tive com Valentina na noite passada. 

— Preciso conversar com você sobre outra coisa. 

— E sobre o que é, JK?

— Sobre aquela coisa. — Comecei a me envergonhar.

— Aquela coisa? — Namjoon riu. — Mas aquela coisa, aquela coisa, mesmo?

— Sim. — Senti minhas bochechas ficarem vermelhas. — Nós já conversamos sobre isso, mas agora é diferente, até porque eu tenho uma namorada.

— E o perigo baterá na sua porta por todos os dias de sua vida. — Namjoon me lançou um olhar malicioso.

— Ele já começou a fazer isso.

— Não vai me dizer que você e a Valentina...

Namjoon não aguentou e voltou a rir, me fazendo cócegas.

— Não, hyung. — Comecei a rir com ele, todo sem jeito. — Não fizemos nada disso. Até porque, nem acho que saberia fazer.

— Você tá brincando, né? — Namjoon zombou. — Nessa horas você sabe tudo, Jungkook. Mas enfim, o que exatamente aconteceu?

— Bem, como você sabe nós dois dormimos juntos. — Expliquei. — Eu a pedi em namoro, ela aceitou, aí eu dei um beijo nela e começamos a nos entregar ao momento. Você não imagina o quanto eu me descontrolei, hyung. Eu senti algo diferente, como se quisesse tê-la pra mim ali e agora, entende? Ele começou a me arranhar, mas depois grunhiu meu nome e me bateu, fazendo com que o clima acabasse. E foi melhor assim.

Namjoon deu algumas risadinhas e pôs a mão em meu ombro. Me pergunto o que faria se não tivesse ele para me auxiliar.

— Você sentiu o que todo mundo sente quando está a fim de algo a mais, Jungkook. — Rap Mon disse. — O maknae está mesmo crescidinho. E ficou tudo bem entre vocês, né? Imagino que você deve ter se borrado.

— Borrado é pouco. Me desculpei e fiquei todo envergonhado, querendo me enterrar num buraco e nunca mais sair de lá.

— Essas coisas são normais, Jungkook. Não é a primeira vez que aconteceu e nem será a última. A única coisa que você sempre tem que ter em mente é o respeito com a menina e sempre estar ciente de fazer apenas o que ela quiser que você faça. 

— Pode deixar. 

Fiquei de cabeça baixa, me sentindo um patinho sem pelos fora do ovo. Esse assunto era e é muito constrangedor.

— Não fique com vergonha disso, garoto. — Namjoon riu. — Depois da sua primeira vez, muita coisa vai mudar. Mas... você por acaso pretende ter a sua primeira vez com a Valentina em breve?

Engoli em seco. Droga, por que esse assunto me deixava tão sem jeito assim?

— Be-bem... — Comecei a gaguejar.

— Você sente medo? — Namjoon perguntou, pondo a mão em meu ombro novamente.

— Sim, hyung. Eu tenho. Não nego pra você que tenho a maior curiosidade do mundo e já suportei muito os meus hormônios. Na verdade ainda suporto. E também, eu nunca encontrei uma garota que me fizesse sentir essas coisas de um modo tão desesperado assim. Essa é uma frase muito baixa, mas... a Valentina me fez ficar ''estranho'', Namjoon. Você me entende, estranho lá.

Namjoon riu de novo. Eu parecia uma criança tentando explicar algo de um modo fofo e educado, argh!

— É normal ficar ''estranho'' lá, Jungkook. — Namjoon fez aspas ao falar. — Mas você não deixou ela perceber que você estava ''estranho'' lá não, né?

— Eu não sei se ela percebeu ou não. Mas acho que não deve ter notado nada.

— Respire fundo, JK. Não se desespere por isso, okay? Eu sempre vou estar aqui se precisar conversar e você sabe disso. Não fique com medo e nem preocupado com o que pode acontecer também. É bom que as coisas sejam planejadas, pesquisadas e feitas com carinho. Mas, se por acaso acontecer sem preparo, tente agir calmamente e fazer com que seja a melhor coisa de sua vida. Uma relação íntima não é algo monstruoso se tudo é feito principalmente com amor. O prazer é só uma consequência disso.

Rap Mon tinha razão. Eu não devia ficar me exasperando à toa, senão acabaria cometendo um desastre de verdade. Fora o mico que eu pagaria.

Ficamos conversando por mais um tempo e meu hyung me trouxe a paz novamente. Nada melhor do que ter um ótimo líder e amigo nessas horas.

      *****

Valentina

Fui dar uma volta na rua mais uma vez. Resolvi entrar na sorveteria onde tinha tomado sorvete com Myung da última vez e encontrei o mesmo lá, comendo uma casquinha no balcão.

— Valentina! — Ele disse, sorrindo. — Nos encontramos de novo em apenas um dia. Seria o destino?

Sorri de volta, meio sem jeito com o que o menino havia me dito. 

— Vai ver ele gosta da nossa amizade, haha. — Brinquei.

— Ou ele acha que temos alguma conexão bem boa de se juntar.

Okay, eu estava ficando com medo do Myung. 

— Bem, veio passear? — Ele perguntou.

— Sim. Precisava de um ar fresco. — Me sentei ao balcão.

— Aconteceu alguma coisa? — Myung indagou, preocupado. — Sabe que pode me contar, seja o que for.

— Eu quero muito te contar, sério. Mas ainda não posso tocar no assunto com você. Prometo que, nos próximos dias, você saberá.

— Como quiser, Valentina. 

Myung começou a sorrir, fazendo seu lindo eye smile aparecer. 

— Acho que eu já vou. — Falei, me levantando. — Foi bom ver você, Myung. Até mais.

— Não quer que eu te acompanhe? — Myung disse, levantando-se também.

Quase nos batemos um com o outro. Olhei para o lado, na intenção de afastar os nossos rostos.

— Desculpe. — Myung falou, meio desconcertado.

— Tudo bem. — Eu ri. — É gentil de sua parte se oferecer, mas não precisa ir comigo, obrigada.

Me despedi do entregador e caminhei de volta para casa, antes que ele me fizesse mudar de ideia. Eu já estava quase chegando ao quarteirão de lá, quando ouvi movimentos de corrida atrás de mim.

— Então você é a vadia desta foto, não é?

Me virei e dei de cara com uma menina vestida de ninja — bizarro, mas ameaçador — segurando uma folha impressa com duas fotos minhas e de Jungkook no baile, juntos. Fiquei com um medão do cacete. COMO ELA HAVIA CONSEGUIDO AQUILO? QUEM MAIS TERIA ACESSO AQUELAS IMAGENS?

— Que-quem é você? — Perguntei, ainda cheia de medo.

— POR QUE ESTÁ ME PERGUNTANDO QUEM EU SOU, SUA QUALQUER? — A menina gritou, retirando uma navalha bem afiada de sua cintura.

Dei um pulo de susto pra trás. Saquei na hora que era uma fã sasaeng.

— Você não devia ter se metido com o Jungkook, sua cadela. — A garota levantou a navalha e se posicionou como se fosse golpear um adversário. — AGORA EU VOU MATAR VOCÊ!

Sem mais espera, a garota pulou em cima de mim e apertou meu pescoço com uma mão. Com a outra, ela começou a preparar a navalha para me atacar.

— Se prepare para o seu último suspiro, baby.