Valentina
Apesar de ser louca, a ideia do encontro às cegas foi muito bem aceita pelos membros mais velhos. O único fator que poderia acabar com toda a brincadeira era que Yorin estaria em casa à noite, talvez não aprovando a diversão.
O Fim de tarde já se aproximava e estávamos todos sentados na sala. Parecíamos uma gangue que arquitetava os planos mais maquiavélicos de todos.
— Isso não vai dar certo. — Clover disse. — A Yorin não vai sair hoje de novo.
— Tem que ter algo para ela fazer hoje à noite. — Namjoon tentou arriscar alguma coisa. — Não é possível que não tenha.
— Ela não proibiria a nossa brincadeira. — Yoongi pensou. — O problema é no quê essa brincadeira vai dar e porquê estamos fazendo ela.
Todos concordaram com o avô. Yorin apareceu e se juntou a nós, estranhando o silêncio do local.
— Por que estão tão quietinhos? — Ela indagou.
— Nadinha. — Tae respondeu.
— Estou percebendo. — Yorin riu. — Olhem, eu tenho que ir a um jantar executivo e não tenho hora para voltar, porque haverão muitas atrações por lá. Espero que se comportem, ouviram?
Namjoon e Yoongi sorriram um para o outro disfarçadamente. Quem manja das loucuras é assim.
— Se precisarem de algo, meninas, as outras staffs estão em seus quartos.
— Okay, Yorin. — Falei, tentando transparecer responsabilidade. Não que eu não tivesse responsabilidade, mas vamos continuar.
Quando Yorin saiu de casa, todos comemoramos. Finalmente o show ia ter início.
— Vamos ter encontro às cegas, uhuuuuu! — Taehyung começou a pular.
— E já podemos começar. — Namjoon bateu palmas. — Vamos logo para o porão.
Seguimos o líder durante todo o trajeto. Jungkook segurou minha mão, todo felizinho. Eu acho muito engraçado quando ele faz isso, porque se assemelha muito a uma criança que tem medo de se perder da mãe e se agarra a ela.
— O que exatamente faremos nesse encontro às cegas? — Clover perguntou.
— Eu vou tentar abraçar o Jungkook. — Jimin sorriu. — Quero tê-lo.
— Nada disso. — Kookie ficou rindo.
Namjoon abriu a porta do porão e fomos entrando, um por um. Quando todos já haviam entrado, ele fechou a porta e desceu as escadas. Tudo ficou mega escuro e não se via nada ali dentro.
— É bom que solte a sua namorada, Jungkook. — Yoongi avisou. — Não tem graça segurá-la.
— Devemos nos espalhar por aqui. — J-hope sugeriu.
Um barulho ecoou pelo lugar. Alguém devia ter levado uma topada.
— O que vocês já estão aprontando? — Yoongi questionou, bravo.
— Nada. — Tae respondeu. — É que eu bati com o tornozelo em alguma coisa que está no chão.
Jin começou a rir descontroladamente da situação. Quando dizem que ele é mais maknae do que o próprio maknae, não estão errados nem um pouco.
— Pela risada você já sabe quem é. — Ri, junto com o mais velho.
Jungkook me soltou e senti que ele caminhou para outro lado. Fiquei meio desnorteada com o breu, mas fiquei parada para não sofrer nenhum acidente.
— Não estou vendo nada. — Clover reclamou.
— Diga algo novo. — Yoongi foi irônico.
— Hahaha, Suga! — Clover retrucou.
Começamos a nos espalhar pelo porão. Usei as mãos para tatear o meu trajeto, mas não cheguei a encontrar nada.
— Acho que já estamos bem distantes um do outro. — Namjoon pronunciou. — Não sinto ninguém perto de mim.
— Nem eu. — J-hope falou.
— Cadê o Jungkook? — Jimin indagou.
— Chega disso! — Yoongi brigou. — Parece que só existe o Jungkook no mundo.
— Para mim, sim. — Jimin respondeu, rindo.
Apalpei a parede, tentando encontrar Jungkook por ali. Esse baderneiro deve ter se afastado um bocado para que eu não o achasse logo.
— Noona? — Ouvi sua voz, bem próximo.
Andei na direção do som com um sorrisinho mal. Depois de dar mais uns cinco passos, encontrei um corpo a minha frente e toquei seu peitoral.
— Te encontrei, amor. — Falei, abraçando o pescoço dele e procurando sua boca no escuro.
Coloquei as mãos no rosto de Jungkook e levei um susto.
— Por que você criou bochechas de uma hora pra outra, amor? — Quase gritei.
Soltei o humano na hora. Já até sabia quem estava ali, por conta de suas características notáveis, apesar da escuridão.
Era Jimin.
— Sou eu, Valentina. — Ele riu, soando inocente. — Achou que eu era o Jungkook?
— Claro! — Dei um tapa nele. — Por que não me disse logo que era você? A voz dele veio dessa direção!
— Eu me assustei assim como você. — Jimin explicou. — Eu já ia falar que era eu, mas você adivinhou.
— Eu ia te beijar, sabia? — Briguei. — Que merda!
Me virei e continuei procurando pelo maknae, toda indignada. Se ele não aparecesse logo, eu ia dar a louca.
— Jungkook! — Chamei, grunhindo que nem um urso feroz. — Diga algo!
— Eu estou aqui, noona. — Kookie respondeu, atrás de mim.
Me virei e agarrei o engraçadinho. Não podia deixar que escapasse e me fizesse demorar a encontrá-lo novamente.
— Ufa! — Suspirei. — Que bom que te encontrei.
— Me quer tanto assim? — Kookie riu.
— Quero. Agora me beija logo!
Prendi o menino em meus braços e começamos um beijo intenso ali, sem se incomodar com os que estavam à nossa volta.
— Estou ouvindo barulhos estalados. — Taehyung disse. — Tem gente se beijando aqui.
— Não me diga, Taehyung? — Jungkook brincou.
— E eu continuo sem ver nada. — Clover falou.
— Eu te ajudo, bebê. — Tae correu até minha amiga.
— Não corra, pirralho! — Yoongi exclamou. — Você pode cair.
Passei as mãos no cabelo de Jungkook e o colei na parede. Pelo visto, ele não havia ouvido meu assunto com o Jimin.
— Por que aquela hora você disse que tinha me encontrado? — Perguntou, ofegante.
— Porque pensei que tivesse. — Respondi, sem ar. — Mas não era você.
Senti sua respiração começar ficar ainda mais alterada. Estaria JK passando mal?
— O que foi? — Fiquei preocupada.
— Eu... — Jungkook tentou dizer.
O maknae não terminou sua fala e me deu mais um beijo. Me assustei com essa ação, tentando afastá-lo para retomar o fôlego.
— O que que isso, Jungkook? — Indaguei, quase ficando asfixiada.
— Me desculpe, jagi. — Kookie respondeu, sem jeito.
— Não está tendo nada de emocionante aqui. — Yoongi se queixou. — Vou sair.
Logo em seguida, um grito masculino meio esganiçado assustou a todo mundo.
— Que merda foi agora? — Yoongi interrogou.
— O Taehyung apertou a minha bunda. — J-hope riu. — Moleque atrevido!
— Vhope só tá vencendo Jikook. — Clover fez piada.
— Clov? — Comecei a rir.
— Que droga, hein? — Suga implicou com minha amiga.
— Sai dessa, avô! — Clover revidou.
Outro barulho de topada se espalhou pelo porão. Pelo som, quem se machucou devia estar sentindo muita dor.
— Nossa! — Yoongi gargalhou. — Essa doeu! Quem foi?
— Fui eu. — Jin riu outra vez. — O Taehyung passou correndo do meu lado. Abram o olho com essa criança rebelde.
Resolvi me afastar de Jungkook para encontrar Clover, quando o mesmo me puxou de volta para o seu corpo. Como eu estava virada de costas para ele, nem deu tempo de me virar de frente, o que ocasionou uma cena de puro constrangimento: Meu quadril foi com tudo no amigo de todas as horas de Jungkook!
Senti o maknae começar a ficar nervoso e dar um gemido de dor. Me afastei e virei-me de frente para ele, encontrando alguma forma de me desculpar.
— Amor, eu... — Quase gaguejei. — O que você fez?
Percebi que Jungkook havia abaixado a mão para proteger sua futura geração. Até rimou, nem foi intenção.
— Vá aonde tem que ir. — Ele disse, ainda gemendo.
— Está doendo tanto assim? — Fiquei com pena.
— Eu te puxei com muita força e você voou apressada pra mim. — Jungkook disse. — Está doendo mais do que tudo!
— O que está doendo mais do que tudo, Jungkook? — Yoongi quis saber.
Bati com a mão na cara. Micão, a gente se vê por aqui.
— Depois eu falo pra vocês. — Kookie respondeu, nervoso.
— Estou achando que isso foi mais grave do que eu pensei. — Yoongi deu outra risadinha.
— Yoongi rindo? — Clover zombou. — Óoooo!
— Dê um jeito nessa garota, Taehyung! — Yoongi pediu, num tom cômico.
— EEEEEEEEEEE! — Todos gritaram.
— Que jeito eu poderia dar, hyung? — Tae perguntou, super fofinho.
— Que pena esse porão estar escuro. — Falei. — Estaria te apertando agora mesmo. Falando nisso, maknae line, não me esqueci do desaforo de vocês. Depois, a Clover e eu nos vingaremos.
— Ela não esqueceu a brincadeira. — Jimin comentou.
— Jamais esquecerei, boneco. — Provoquei.
Continuamos perambulando pelo porão, feito hippies sem rumo. Acabei tropicando numa almofada que estava perto de meus pés e puxando alguém para o chão comigo.
— Caindo em mim de novo, Valentina? — Jimin riu.
Comecei a estapeá-lo. Fui parar em cima do garoto, pois ele amorteceu minha queda ficando por baixo.
— Me ajude a levantar, pirralho. — Ordenei.
Jimin ergueu o corpo e senti nossos rostos se aproximarem na escuridão. Seu nariz até chegou a roçar em minha bochecha. Fiquei meio sem jeito com aquilo tudo e virei o rosto, pegando sua mão para que ele me ajudasse a ficar de pé.
— Obrigada. — Agradeci.
— De nada. — Jimin disse, meio que sussurrando. — Sou seu cão fiel, lembra?
Okay, ele tinha que parar com suas idiotices.
— Quantas quedas, hein? — Yoongi falou. — Sou o único cuidadoso aqui e...
Alguém passou correndo na minha frente e se jogou com Yoongi no chão.
— Surpresa! — Era a voz de Taehyung.
— Moleque rebelde! — Yoongi gritou, rolando com ele.
— Levante-se com o Taehyung, Yoongi. — Jin pediu, rindo que nem um doido.
Até porque, omma é omma e impõe suas regras, mas morre de rir da desgraça de seus companheiros. De repente, ouvimos outro tropicão.
— Quem foi, agora? — Yoongi inquiriu.
— Fui eu. — Namjoon respondeu, dando gargalhadas.
— Rapazes, eu já estou com fome. — J-hope também riu. — Já chega de encontro, não?
— Concordo. — Yoongi falou. — Agora é saber como vamos sair daqui, nesse escuro.
— Vou tentar chegar até as escadas. — Namjoon disse.
Não demorou muito para que ele as alcançasse e chegasse ao topo, abrindo a porta do porão e clareando tudo ali dentro.
— Vamos, crianças. — Yoongi ordenou. — Já aprontaram muito hoje.
Saímos do cômodo em fila indiana e voltamos para o corredor principal. Agradeci mentalmente o fato das staffs não terem saído de seus quartos para reclamar, porque o barulho que os meninos faziam eram ensurdecedores e poderiam trazer problemas para Clov e eu.
— Vou ao quarto pegar uma coisa, Clover. — Falei. — Depois quero falar com você.
Minha amiga assentiu e seguiu os outros membros. Jungkook se pôs atrás de mim enquanto eu abria a porta do aposento e tomou a atitude de me abraçar. Sim, ele estava se soltando aos poucos e aquilo era ótimo.
— Opaaaa! — Exprimi, com um tom de voz doce indo para um tom sexy. — O maknae sabe abraçar?
— Sei abraçar e sei fazer várias outras coisas, jagi. — Jungkook sorriu, dando um beijo na região entre a minha mandíbula e a minha orelha.
Entrei no dormitório e fui até meu porta jóias para pegar o meu cordão favorito. Quem havia me dado ele era o Tyler, no meu aniversário de dezenove. Segundo o próprio, era um objeto que me mostraria que ele sempre estaria comigo onde quer que eu estivesse. No pingente deste, havia uma bonequinha segurando um balãozinho em uma das mãos.
— Que fofo. — Jungkook abriu seu sorriso de coelho. — Quem te deu?
— Meu irmão, o Tyler. — Sorri, lembrando do mesmo. — Tenho outros que a Clover me deu e alguns que eu comprei também. Pode colocar em mim?
— Com todo o prazer.
Afastei o cabelo e Jungkook passou o cordão ao redor do meu pescoço. Ao terminar de colocar, ele segurou meu cabelo e depositou outro beijo em meu corpo, agora abaixo da nuca. Droga, aquilo era totalmente o meu ponto fraco! Fiquei toda arrepiada e me retorci.
— Jungkook... — Meio que briguei, mas soei brincalhona.
— Você anda enlouquecendo muito a minha cabeça, noona. — Kookie sorriu, passando os braços em volta de mim.
— Acho que estou me acostumando a ter você me chamando de noona. — Levantei umas das mãos para trás e a coloquei em seus cabelos. — Me dá um sentimento de poder, entende? Você é o maknae e eu, a sua noona. Você me deve obediência e respeito, fazendo com que eu goste de ser chamada assim. Porém, eu ainda preferiria que você fosse o meu oppa.
— Eu posso ser o seu oppa um pouquinho. — Kookie se rendeu. — Mas só um pouco.
— Eu sempre venço. — Provoquei.
— Não mesmo.
Jungkook me virou para que nossos olhos se encontrassem e selou-me os lábios. Não tenho como descrever o quanto isso é maravilhoso.
— Gosto de ver você se soltando. — Apertei sua boca com a mão.
— Isso é porque eu te amo. — Kookie virou o rosto, todo envergonhado.
— Se está envergonhado assim, nem vou pedir o que eu ia pedir.
— E o que você ia pedir?
— Pra ver o seu abs.
Jungkook prendeu o sorriso tímido, passando a mão no cabelo. Será que ele não sabe que isso me faz ficar ainda mais insana?
— Quer ver meu abs? — Ele indagou.
— Sim. Mas você está com vergonha, então vamos sair.
Quando passei por Jungkook, o mesmo levantou a blusa e segurou meu braço. Dei alguns passos para trás e olhei para o seu abdome, mais definido do que eu pensava. Como sabemos, ele não podia ficar musculoso porque a Big Hit não deixava, mas ainda assim seu abs era... aaah, era delicioso!
— Por Myung! — Exclamei, olhando fixamente para o corpo do maknae.
— Você disse por Myung?! — Jungkook abaixou a camisa, indignado.
— É que eu não sabia o que dizer. — Ri, tentando me explicar. — Levanta isso e para!
— Não. — Jungkook ficou sério. — Por que falou o nome dele?
— Nossa, me desculpe! — Falei, ficando séria também. — Não sabia que ele te irritava tanto. Ele me salvou, não se lembra?
— Isso não justifica você ficar de coisinha com ele. — Kookie rebateu. — Eu reconheço que ele é seu amigo e muito importante, mas poxa vida, né, Valentina?
— Não exagere. Só fiz um trocadilho, mas não faço mais! — Me exaltei um pouco, mas logo me acalmei. — Vamos descendo, tá? Não quero brigar.
Ia passando por JK novamente e ele segurou minha mão, fazendo aquela carinha inocente que lembra o ''quando eu tinha quinze anos e o mundo era muito grande''. Peguem a referência de ''Begin''.
— Me desculpe, jagiya. — Jungkook se redimiu. — Não vamos ficar assim, vai? Eu amo você e não quero que fiquemos brigados.
Encarei o maknae, sentindo meu coração ficar em pedacinhos com o rostinho dele.
— Eu entendo que o Myung te tire do sério, mas seja legal com ele. O menino não faz nada de mau e é apenas meu amigo. Sempre será desse jeito e é assim que tem que ser.
— Okay, noona. — Kookie concordou.
Apertei suas bochechas e colei nossas testas. Se eu pudesse fazer com que esse momento durasse para sempre, faria sem pensar duas vezes.
— Ainda quer ver o abs? — Jungkook perguntou.
Sorri em resposta. Kookie tirou sua camisa e a jogou em minha cama, dando um ar sensual para ele.
— Oh, My! — Suspirei. — Você está me atiçando e me fazendo te desejar, menino!
Sem mais espera, abracei seu pescoço e quase devorei sua boca.
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