Já estávamos de volta a capital de Seul, retirando as malas do carro em frente a casa do Bangtan. Nada como estar de volta a programação normal. Jungkook permanecia me olhando, apreensivo. Ele mexeu a cabeça para mim, fazendo um sinal de que deveríamos conversar depois. Não sei porquê, mas eu sentia que uma merda bem grande estava pra acontecer.
Puxei as malas para o quarto com a ajuda de Clover e Namjoon. Depois de nós ajudar, ele saiu de nossos aposentos e JK entrou.
— A Yorin está aqui, sabia? — Falei, colocando as mãos na cintura. — Não tem medo de que ela apareça?
— Sim, mas... — Kookie fez uma carinha de nervoso muito fofa. — Precisamos conversar.
Novamente, não gostei nada daquilo. Eu tenho até medo quando os outros me vêm com um comportamento e tom de voz estranho
— Se me dão licença... — Clover anunciou, atravessando o quarto e abrindo a porta. — Vou comer alguma coisa na copa.
Meneei a cabeça positivamente. Após isso, minha amiga se foi.
— O que quer conversar, Jungkook?
— Pode me dar um beijo antes? — JK passou a mão no cabelo, tímido.
Dei um leve empurrão em seu ombro e ri. Esse mocinho andava bem desaforado.
— Vem cá... — O puxei pela camisa.
Eu ia dar apenas um beijinho rápido e mais nada. Entretanto, o maknae me puxou para bem perto de seu corpo e me tirou todo o ar com seu beijo selvagem.
— Faz quanto tempo que você não beija na boca, moleque? — Afastei nossos rostos para respirar.
— Tem somente algumas horas. — Kookie abriu seu sorrisão. — Mas eu não me canso de beijar você, noona.
— Para de me chamar de noona. — O empurrei de novo.
— Mas você é minha noona, jagi. — Kookie levantou as sobrancelhas de forma sedutora.
— Me chame novamente de noona e eu arrebento a sua cara. — Ameacei, pondo as mãos na cintura mais uma vez.
— Nossa! — Jungkook riu. — Que má.
— Sim. Sou muito má. Mas me diga logo o que queria conversar.
JK sentou em minha cama e me fez um sinal para sentar-se ao seu lado. Andei até ele e fiz o que havia pedido.
— O Sejin notou as marcas no meu pescoço. — Começou a falar. — Vou ter que aderir as maquiagens se quisermos continuar nossa diversão.
— Já era pra ter feito isso. — Briguei. — Mas enfim, o que ele disse?
— Ele perguntou se eu estava ficando com alguém da equipe ou de fora dela.
Engoli em seco. Se descobrissem nosso namoro agora, seria um problemão e tanto.
— E o que você respondeu? — Indaguei, receosa pela resposta.
— Eu falei que as marcas eram por causa das brincadeiras com os hyungs. — Kookie encolheu os ombros.
Dei uma risada soprada e balancei a cabeça, quase não acreditando no que havia escutado.
— E o Sejin acreditou nisso? — Olhei fixamente para frente. — Olha, eu não queria sentir isso, mas estou começando a ter medo. Tem umas armys e principalmente umas sasaengs que descobrem coisas absurdas de vocês. Não vai demorar muito pra vazar alguma foto nossa ou alguma coisa com relação a nós dois. E aquela sasaeng que me atacou deixou bem claro que outras meninas também têm nossas fotos juntos no baile.
Jungkook começou a dar aquelas olhadas brisadas dele pro nada — As visões de Jungkook, nós armys sabemos — e deu uma de suas respiradinhas.
— Não podemos deixar que essas coisas vazem. — Ele disse, me encarando.—- Eu estou louco pra acabar com tudo isso logo, mas no momento de auge em que estamos e vamos continuar, é melhor te proteger. Não quero que sofra outros desses ataques e que fiquem te perseguindo.
— Eu compreendo, Jungkook. Mas vamos ter que começar a agir com mais precaução. Por mais que nos doa, vai ser melhor não ficar arranjando modos de nos vermos toda hora, entende? E despistar também é bem interessante.
— E como despistaríamos?
— Ah, você pode sair mais com os meninos para lugares públicos e tirar fotos com várias pessoas, não sei. E eu vou ver outros modos para que eu despiste também.
— Entendi.
— E eu me sinto mais tranquila por um lado, porque a Yorin disse que vocês vão voltar pro apartamento de vocês. As sasaengs devem ir pra lá, mas vou poder me recompor enquanto elas não chegam.
— E quando vamos pro apartamento?
— Acho que amanhã de manhã.
Apoiei os braços na cama e me inclinei para trás. Estava super cansada de toda essa correria que era a vida do Bangtan. Podia até sentir os ''crocs'' dos ossos.
— Ainda não se acostumou, né? — Jungkook deitou-se ao meu lado.
— Sim. — Respondi, espreguiçando o pescoço. — É apenas a correria que é muita. Vocês não param nem pra respirar.
— Bem-vinda ao BTS. — Kookie deu um sorriso fraco.
Me levantei da cama e o chamei para fora do quarto. Nada de deixar que alguém veja nossas interações e mate a charada.
— Vá até os seus hyungs. — Mandei. — Vou dar uma volta com a Clover.
JK obedeceu sem hesitar e saiu. Depois de vê-lo indo para o dormitório, fiquei passeando pelo corredor e desci as escadas.
— Ah, você está aí. — Eu disse, olhando para Clover e Taehyung na sala.
Os dois pareciam estar rindo um para o outro. Seria meu shipp Taeclover acontecendo?
— Criança fofa. — Sorri. — Preciso da minha amiga agora.
— Tudo bem. — Tae fez um biquinho e encarou Clover, abrindo um de seus sorrisos. — Depois vejo você, Okay?
A fofura desse garoto ultrapassa os limites. Me arrisco a dizer que talvez ele seja o mais fofo — Ainda mais depois de Hwarang — que eu já vi.
— Tudo bem, Taetae. — Clover sorriu de volta.
Esperei Taehyung saísse de nossa presença para poder caçoar o casal.
— Olhaaaaa... — Bati palminhas, animada. — Taetae, né? Hahahaha.
— Deixa de ser maluca, garota. — Clover reagiu.
— Maluca, eu? — Me fiz de inocente. — Gente, só estou venerando meu shipp lindo.
— Devia levar uns tabefes nessa raba pra sossegar. — Clov balançou a cabeça. — Enfim, o que quer?
— Nossa. Eu chamo o Taehyung de volta, se quiser... — Me virei para ir atrás do menino.
— Não vai chamar ninguém! — Clov apertou meu pulso e me puxou. — Diz logo o que você pretende comigo.
— Que violenta! — Soltei meu braço. — Quero te chamar pra dar uma voltinha pelas redondezas. Que tal?
— Pra gente encontrar o Myung? — Clover riu. — Vai você.
— Credão, loucona. — Fiz uma expressão de tédio. — Mas vamos lá, por favor!
— Okay, boboca. Vamos logo.
Comemorei por um momento e arrastei minha amiga pra rua. Não demorou muito tempo até que encontrássemos o Myung perto da sorveteria. Clover e sua boca grande.
— Nossa, só foi eu falaaaaar! — Ela tornou a rir.
— Você é louca. — Franzi o cenho.
Assim que nos viu, Myung acenou e veio até nós duas muito sorridente. Ele também é um garoto muito fofinho, acreditem.
— Olá, meninas. — O entregador nos cumprimentou com beijos na bochecha. Coisa um tanto surreal, já que na Coréia não fazem isso. — Como foi a viagem?
— Foi bem legal. — Clover lançou um olhar malicioso e ao mesmo tempo surpreso para mim.
Dei um tapa em seu braço. É ruim que eu ia deixar ela me caçoar.
— Que bom que voltaram. — Myung passeou com a mão em seu cabelo. Lindíssimo, por sinal. — O convite do cinema ainda está de pé? Quero convidá-las para irem comigo ver um filme que vai entrar em cartaz amanhã.
— Topamos! — Clover respondeu, empolgada.
— QUÊ? — Empurrei a maluca. — Digo... você nem perguntou a mim se poderemos mesmo ir!
— Se não puderem, não tem problema. — Myung disse.
Pensei por um momento. Ah, acho que não teria problemas sair entre amigos, não é? Seria bom para espairecer e afastar olhares.
— Tudo bem, nós vamos. — Falei, dando um pequeno sorriso. — Em qual sessão você quer ir?
— Pode ser na das três. — Myung ficou todo contente. — Querem que eu vá buscar vocês?
— Acho que a essa hora já vamos estar no apartamento dos meninos. — Lembrei. — Pode nos encontrar lá, então.
— Fechado.
Olhei para Clover, que parecia doida pra rir bastante. Essa menina me apronta demais.
— Bem, já que tudo está combinado, vejo vocês amanhã em frente ao apartamento dos meninos. — Myung cortou o silêncio. — Obrigado por aceitarem e me dizerem que vão voltar pro apartamento. Assim as assinaturas do Jin e dos outros sempre vão pra lá, como antes.
— Nós agradecemos pelo convite também. Agora vamos indo, né, Clover?
— Sim, vamos. — Clov ficou me imitando.
Nos despedimos de Myung e voltamos para casa, antes que alguma outra coisa acontecesse. Já tinha aventura demais querendo me pegar.
— Você endoidou na hora em que disse que nós topávamos o cinema, não é? — Perguntei, sem acreditar até agora na façanha de minha amiga.
— Ué, o que tem de mal? — Clov questionou. — Vai ser bem legal, mana. E se não era pra ir, apenas dissesse que não.
— É, mas agora vamos ir. — Sentei-me no sofá. — Vai ser legal ir ao cinema.
— Eu ouvi cinema? — Taehyung disse, aparecendo com Jungkook.
Fiquei meio sem reação quando os vi chegando. Merda, agora ferrou-se!
— Vocês vão ao cinema, Valentina? — Jungkook indagou. — Que legal!
— Éeee... — Concordei, um pouco nervosa. — Mas tem uma coisinha.
— Que coisinha? — JK me lançou o olhar psicopata dele.
Agora é que são elas.
— O Myung convidou a Clover e eu para irmos com ele. — Respondi, meio hesitante.
Jungkook arqueou as sobrancelhas e ficou sério. Como ele demorou a falar, imaginei que fosse cometer algo bem trágico.
— Você acabou de dizer o que eu ouvi? — Perguntou. — Vocês duas vão ao cinema com aquele Myung?
— Jungkook, ele não é aquele Myung. — O repreendi. — E sim, vamos com ele, mas é apenas uma atividade entre amigos. Preciso me divertir e tirar os olhos da Yorin de mim.
— Mas precisa ser com ele? — JK insistiu, começando a ficar irritado. — Quero ir junto!
— Você enlouqueceu? — Me levantei do sofá. — Sabe que não pode ir comigo. E se alguma sasaeng te ver e tirar mais fotos? Quer que me matem agora?
Jungkook cerrou os punhos e ficou inquieto, se sacudindo que nem uma criancinha fazendo birra.
— Não gosto de te ver com esse... — Parou para se corrigir. — Não gosto de te ver com o Myung, Valentina.
— Pare de ter ciúmes dele, Jungkook! — Me alterei. — Ele é apenas meu amigo. Chega de ficar implicando com o garoto, basta disso!
Parei de falar, com medo que alguém ouvisse. Taehyung olhava para Jungkook como se não o reconhecesse. Nem eu mesma o reconhecia quando ele ficava dando esses chiliques.
— Eu posso ir com elas ao cinema, Kookie. — Tae se ofereceu. — Se isso for te deixar mais tranquilo, eu vou com elas.
— Não precisa, Taetae. — JK cruzou os braços. — A Valentina pode ir com ele a Clover sem problemas.
— Finalmente! — O encarei. — Eu sei que pode parecer incômodo pra você, mas isso vai ser algo entre amigos, Jungkook. Jamais passará disso.
— Tudo bem. — Kookie permaneceu sério. — Confio em você.
Me aproximei do maknae e dei um beijo rápido nele, antes que alguém visse. Foi uma tentativa que eu encontrei de tentar acalmá-lo.
— Não faça essa cara, vai? — Pedi. — Vai ser legal.
— Posso ir com vocês? — Tae pediu de novo, fazendo aegyo. — Prometo que vou me comportar direitinho e ser uma boa criança.
— Tudo bem. — Sorri. — É mais seguro você ir do que o JK. Mas ainda temo que alguma fã nos veja e fiquem querendo coisas de você também.
— Elas não farão nada. — Tae assegurou. — Vou chamar o Bo Gum pra ir com a gente.
Clover eu puxamos Taehyung, cada uma para um lado.
— VOCÊ VAI CHAMAR QUEM?! — Gritamos juntas.
— PARK GOSTOSO BO GUM?! — Exclamei.
— O MEU CRUSH LINDO? — Clov sacudiu seu utt. — CHAMA LOGO HWARANG INTEIRO TAMBÉM!
— O que é que isso vocês duas? — Jungkook reclamou. — E você, Valentina?
— Desculpa, amor. — Comecei a rir. — É que eu amo o Park Bo Gum com todo o meu coração.
— Nossa, hein? — Kookie reclamou de novo.
— E EU TAMBÉM! — Clover começou a endoidar. — Ele é lindo, maravilhoso, um deus!
— Não conhecia esse seu amor, Clover. — Tae quis ficar sério como seu amigo. — Enfim, vou ligar para o Bo Gum e avisá-lo.
— Isso! — Clover pulou. — Aí você deixa eu falar com ele.
— Não mesmo.
Taehyung saiu correndo e foi seguido por Clover e por mim. Jungkook não perdeu a chance e nos seguiu também, indo ver no quê iam dar as nossas travessuras.
*****
Já estávamos à mesa para jantar. O assunto do momento era o telefonema para o Park Bo Gum, quase frustrado por Clover.
— Que bom que ele aceitou ir ao cinema com vocês. — Yoongi disse, comendo um pedaço de carne. — Eu desistiria após ouvir os gritos da louca da Clover.
— Fica quieto, okay? — Clover retrucou. — Eu tenho todos os dotes para conquistar Park Bo Gum.
— Depois dessa eu desconvidava ele, Taehyung. — Yoongi apontou o indicador para o Tae.
— O Bo Gum hyung não vai dar ideia para a Clover. — Taehyung olhou para minha amiga.
— Quem te disse isso? — Clover se indignou. — Eu sou linda, meu amor.
— E louca. — Yoongi fez uma careta. — Eu sairia fora.
— Como se eu fosse me interessar por você. — Clover sorriu com escárnio para Suga.
— Já chega de briguinhas. — Jin ordenou, pegando um pouco de ramen em sua tigela. — Vamos falar sobre a minha pureza.
— Sua pureza? — Jimin riu. — Você não tem nada de puro, hyung.
— Como se você fosse uma criança inocente. — Namjoon entrou na conversa. — Eu vi bem que você meteu a mão no meu notebook e abriu meus vídeos. Por respeito as meninas eu não aprofundo mais esse assunto.
— Eu não meti a mão em nada. — Jimin ficou vermelho. — Pede pra ele parar, Jin!
— Não vou fazer nada. — Jin falou. — Vocês maknaes não me ouvem mais, então também não atenderei seus pedidos.
— Obrigada por me lembrar da maknae line, Jin. — Olhei para os mais novos. — Não me esqueci do castigo de vocês.
— Você é mesmo vingativa. — Jimin piscou para mim.
Okay, isso me ''coisou'' um pouco. Até porque, né manas? É Park Jimin.
— Se quiser ajuda, me chame. — Yoongi se ofereceu.
— Pode deixar. — Sorri.
— Mas voltando ao telefonema... — Namjoon mudou o assunto. — É verdade que as duas gritaram quando o Tae estava falando com o Bo Gum e ele ficou perguntando quem era?
— Sim, hyung. — Tae respondeu. — Eu não deixei elas falarem com ele, mas o avisei pra ir preparado amanhã. Quase fiquei surdo.
— Imagino. — Yoongi disse.
Terminamos o jantar e retiramos a mesa. Yorin não havia jantado conosco porque estava trabalhando em seu quarto, ou seja, sem incômodo.
— Eu vou indo dormir. — Me levantei. — Boa noite pra vocês, amores.
— Boa noite. — Todos responderam.
Subi para o quarto sozinha, já que Clover quis ficar com os meninos mais um pouco. Por um lado, seria bom cair no sono logo e descansar da viagem, porque eu ainda não tinha parado quieta nem por um segundo.
*****
Acordei antes de todo mundo e fui correndo comer alguma coisa. Queria ficar um pouco sozinha e aproveitar a voz do silêncio. E eu não quis fazer isso para pensar — Apesar de ter pensado em algumas coisas — e nem porque estava mal, e sim porque eu queria. É bom estar só consigo mesmo ás vezes.
Peguei mais alguns biscoitos e um pouco de suco. Saboreei o aroma de cada alimento sem a menor pressa. Senti duas mãos cobrirem os meus olhos com delicadeza. Já tinha sentido o toque delas antes...
Era Jimin.
Retirei suas mãos de mim e sorri para ele, enquanto o mesmo se sentava ao meu lado no balcão da copa.
— Já sabia que era eu? — Jimin perguntou, deitando a cabeça em cima dos braços dobrados. Uma bela cena para se ver de manhã cedo.
— Como não saber que é você? — Fitei sua face. — Suas mãos não negam. São muito pequenas e seus dedos são gordinhos.
Chimchim olhou para suas mãos e ficou admirando elas.
— Bate aqui. — Pediu, erguendo as palmas no ar.
Fiz o que ele queria e nossas mãos acabaram por se entrelaçar.
— Espere. — Jimin disse, soltando uma das minhas mãos e colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Prontinho. Mais linda do que nunca.
Soltei minha outra mão da dele e evitei encarar seu rosto. Às vezes, Jimin tinha umas coisas bem... ah, não sei que palavra usar. Era diferente ele agir assim, mas não me pergunte porquê.
— Você levantou bem cedo. — Jimin arrumou seus fios castanhos. Charmoso demais. — Isso é ansiedade para o cinema?
— Ansiedade? — Dei uma risada. — Vai ser um programa normal e entre amigos.
— É. — Jimin fez um bico. — Já comeu?
— Sim. Quer alguma coisa?
— Não, obrigado. Vou procurar algo para comer sozinho.
Jimin se levantou e foi vasculhar toda a dispensa. Reparei que ele estava usando uma camiseta bem justa, que valorizava bem seus músculos e seu antigo abs. Esse garoto é realmente uma atiça para a perdição.
— Eu vou caminhar, okay? Depois nos vemos.
Jimin assentiu, olhando para os pacotes de biscoito em sua mão. Me retirei dali e fui para o jardim da casa procurar mais um pouco de silêncio.
*****
Jungkook
No fundo, eu ainda estava bem pensativo quanto a ida ao cinema de Valentina e Myung. Bom, é claro que não iriam só eles dois, mas também o Taehyung, a Clover e o Bo Gum. Talvez fosse exagero agir assim, entretanto, isso ainda me incomodava e muito.
— Jungkook? — Tae me chamou.
Olhei para o meu amigo, cheio de tédio.
— Está pensando no cinema, não é? — Ele perguntou. — Não tenha medo. Eu estarei lá e vou cuidar da Valentina como se fosse minha vida.
Comecei a rir e a estapear Taehyung. Esse rapazinho tem a facilidade de me alegrar.
— Vou parar de pensar nisso, Taetae. A Valentina precisa se divertir e ter amigos.
Saímos do dormitório e fomos caminhar no jardim. Não encontrei os outros hyungs desde a hora em que almoçamos todos juntos e, pra completar, nem a Valentina eu tinha visto também.
— Olá, vocês dois. — Jimin veio me abraçar. — Hoje devemos nos beijar, Jungkook.
Empurrei o ''pequeno'' e dei uma série de gargalhadas.
— Ah, como pude esquecer. — Jimin cruzou os braços. — Você prefere os beijos da sua namorada, não é? Mas esqueça ela, EU quem devo te beijar agora. Você é meu.
— Vai sonhando. — Zombei. — Eu sou apenas da Valentina, Jimin. Eu pertenço totalmente a ela, portanto, apenas ela pode me beijar.
— Você entristece meu coração, Jungkook. — Jimin colocou a mão no peito esquerdo. — Eu te amo.
— Para com isso.
Taehyung olhou para o celular e se assustou com a hora.
— Nossa, está quase na hora de ir! — Ele disse. — Vou colocar uma roupa para ir ao cinema, okay? Até mais.
Droga! Esse cinema...
— Está com medo de que aconteça algo? — Jimin indagou. — Sabe que aquela garota ama unicamente você, não é? Apesar de que, como eu sou, talvez eu seria pior do que você quando visse a minha namorada saindo com o amigo dela.
— Nossa, obrigado. — Bufei.
*****
Alguns minutos depois e lá estavam Valentina, Clover e Taehyung prontos para saírem.
— Espero que se divirtam. — Falei, um pouco sério. — Vou ficar esperando vocês chegarem lá no apartamento, já que estamos indo pra ele daqui a pouco.
— Não faça essa carinha, vai? — Valentina abraçou o meu pescoço e me deu um rápido selar de lábios. — Vou voltar logo logo pra você.
— Não estou convencido. — Comecei a fazer tipo.
Valentina mordeu o lóbulo da minha orelha e deu uma leve puxada na argolinha que eu havia colocado ali. Bela forma de atiçar meus hormônios.
— Você não me provoque... — Sussurrei em seu ouvido. — Se estivéssemos sozinhos aqui, você iria me pagar.
— Até parece. — Valentina me lançou um olhar sedutor e foi até Taehyng e Clover. — Já estamos indo. Arrumei as malas com a Clov e, quando forem, é só pegá-las no quarto.
Os meninos assentiram.
— Agora vamos, antes que nos atrasemos. — Taehyung disse.
O trio se despediu de todos e saiu pela porta. Já eu, me sentei no sofá e pensei se seria bom ir atrás deles, mas expulsei esse pensamento e fiquei conversando com os hyungs.
*****
Valentina
Logo que saímos, encontramos Myung em frente ao portão da casa do Bangtan. Acabei tendo que enviar uma mensagem de texto para avisá-lo que ainda estávamos lá.
— Olá, pessoal. — Myung nos cumprimentou. — Você... tá linda, Valentina.
Fiquei meio sem jeito com o comentário. Taehyung semicerrou os olhos e Clover arqueou as sobrancelhas, surpresa.
— O-obrigada, Myung. — Sorri, educada.
Clover fez sinal para um táxi que estava vindo.
— Acho melhor irmos logo, não? - Ela nos apressou.
Entramos no carro bem rapidamente. Myung foi no banco da frente ao lado do motorista, deixando os demais e eu com os bancos de trás.
*****
Pouco mais de quinze minutos depois e nós chegamos a entrada do cinema. Taehyung ficou olhando de um lado para o outro procurando pelo Bo Gum.
— Tem certeza de que o meu crush vem, Taetae? — Clover indagou, ansiosa.
— Ele tem que vir. — Taehyung respondeu. — Já deve estar a caminho.
De repente, um rapaz super bonito veio em nossa direção com um sorriso super lindo no rosto. Nem preciso dizer quem era...
— PARK BO GUM, AAAAA! — Clover gritou, agarrando o garoto.
Comecei a dar gritinhos também, mas não endoidei como a louca da minha amiga.
— Não acredito que estou vendo o ator dos meus doramas. — Myung ficou boquiaberto.
— Não sabia que você via doramas. — Ri.
— Faço várias coisas que você não sabe. — Myung deu uma piscada.
E mais uma vez, fiquei sem graça com essa ação dele. Me virei para o agarramento de Clover com o Bo Gum e interferi naquilo.
— Já chega, agora é a minha vez de crushar ele. — Tirei minha amiga de perto do ator e o abracei.
— Mas olha... — Clover reclamou.
— Não briguem. — Bo Gum riu. — Gosto das duas.
— É, mas a briga entre mim e a Clov por você já é antiga, meu bem. — Falei. — Ela quer todos os atores, desde o Lee Min Ho ao Park Seo Joon, que é muito meu também.
— Até parece. — Clover revirou os olhos. — Vamos querer parar.
Terminamos de cumprimentar o Bo Gum, que também foi super gentil com o Myung. Ele é um amorzinho, além de ser bastante educado.
Compramos os ingressos mais todas as guloseimas que iríamos comer e entramos na sala para assistir ao filme. Nos sentamos na quinta fileira do lado esquerdo, todos um perto do outro. Myung sentou-se na poltrona da ponta, eu na segunda e Clover ao meu lado, seguida de Taehyung e Bo Gum.
— Ver filme de comédia romântica, ainda por cima oriental não é brincadeira, não. — Clov comentou, já comendo a sua pipoca.
— Vê se fica quieta pra gente ouvir. — Avisei.
— Eu a farei ficar quieta, Valentina. — Taehyung riu.
— Não sei como. — Clover disse.
— Me interessei por isso aeeee. — Botei pilha.
As luzes se apagaram, dando a entender que o filme ia começar.
— Vou crushar o primeiro ator que aparecer. — Clov falou.
— Nem comece. — Provoquei.
— Ei, vocês duas. — Taehyung brigou.
— Vai dar uma de Yoongi? — Clover encarou seu utt.
— Vou. — Tae sustentou sua pose de durão. — Agora, assista ao filme quietinha.
Comecei a rir do casalzinho. Os anúncios do cinema apareceram no telão, até mesmo os trailers de outras produções e doramas.
— O CHOI MINHO ALI, AAAAA. — Clover fez um escândalo.
Todos que estavam ali riram de se mijar das maluquices dela. Também, era impossível não achar engraçado.
— Não comece o vexame. — Fingi aconselhar.
— A emoção aí está forte, hein? — Myung brincou. — Não sabia que vocês eram tão amantes da Ásia assim.
— Pra você ver. — Eu disse.
O Filme finalmente começou. Me acomodei na poltrona e abri todos os meus chocolates para comer.
— Já shippo o casal de cara. — Clover apoiou os braços na poltrona.
— Isso tá parecendo Goblin. — Fiz uma referência.
Ficamos prestando toda atenção do mundo em cada cena mostrada no telão. O longa metragem dava sinais de que seria maravilhoso. De repente, uma movimentação frenética começa a acontecer do meu lado direito. Quando olho, vejo Clover puxando com toda a força o milk shake da mão de Taehyung para tomar.
— Menina louca! — Tirei a mão dela do lanche do garoto. — Deixa ele tomar o coiso dele em paz.
— MAS EU QUERO! — Clover berrou.
Todos ficaram olhando pra nossa cara. Apertei os braços de Clov cheia de vergonha e comecei a sacudi-la.
— Sossega esse co. — Ordenei, grunhindo. — Vou te arrebentar se não deixar o garoto quieto.
Clover voltou a assistir o filme e Taehyung tornou a tomar seu milk shake, semelhante a uma criança de três aninhos.
— Vocês duas são muito engraçadas, hahaha. — Myung falou.
— Engraçadas, é? — Suspirei. — Essa menina merece uns tapas.
Voltei a comer minhas guloseimas. Rimos bastante com as cenas engraçadas do casal principal e morremos de amores com os momentinhos bobos. Por sorte, Clover parou de movimentações e apenas ficou fazendo comentários sobre tudo o que passava.
Pouco mais de uma hora depois, o filme já estava chegando na parte final. O casalzinho quase se separou, mas se reconciliaram com um reencontrozinho no aeroporto e tudo. Fim do espetáculo, palmas da platéia e olhos marejados.
— Amei o final. — Myung disse. — Casal lindíssimo.
— Queria ser ela. — Clover confessou.
— Até eu queria ser. — Peguei minha bolsa do chão.
Saímos da sessão e fomos comprar ainda mais guloseimas, além de ficar andando pelo cinema.
— Tae, quero ir naquelas máquinas. — Clover puxou o 4D.
— Mas e a Tina? — Tae indagou. — Vai ficar sozinha?
— Podem ir. — Dei permissão aos pombinhos. — Vou comprar mais chocolates.
Os dois saíram juntos de forma muitíssimo fofa. Queria meu shipp acontecendo e não ia empacar, né?
— Vocês dois, rapazes, fiquem conversando aqui que eu já volto.
Deixei Bo Gum e Myung sozinhos e dei a volta pelo cinema em busca de mais chocolates. Quando ia pagar na maquininha de doces, lembrei que minha grana estava com a Clover. Aaaaish!
— Algum problema? — Myung apareceu como num passe de mágica.
— Ué, mas eu não deixei você com o Park Bo Gum, garoto? — Indaguei.
— Sim, deixou. Mas ele precisou ir falar com o Tae que ia embora e eu vim procurar você. Sua demora me preocupou.
— Bem, eu... tive problemas aqui. Minha grana está com a Clov e eu preciso ir buscar.
— Não precisa fazer isso, tolinha. Eu pago pra você.
— Não, Myung. Não precisa fazer isso e...
Sem hesitar, o garoto socou o dinheiro na máquina e me estendeu o chocolate.
— Obrigada, mocinho. — Sorri, me rendendo. — Você não é fácil, mesmo!
Do nada, umas criancinhas agitadas vieram correndo e acabaram me empurrando em cima do entregador.
— Aaai! — Exclamei, cravando os dedos na blusa do menino.
Ele segurou minha cintura para que eu não caísse e nossos rostos acabaram por se aproximar, fazendo com que o mesmo me encarasse bem de perto.
— Crianças, mais cuidado! — Uma moça chamou a atenção dos pequeninos. — Me desculpem.
Myung me soltou devagar e fez uma reverência para a moça. Ela saiu rapidamente com as crianças.
— Você está bem? — Indagou, meio tímido.
— Estou. — Respondi, vermelha. — E você?
— Também.
Voltamos para a parte central do cinema e encontramos os outros. Foi bom isso ter ocorrido, porque eu estava me sentindo um tanto embaraçada com o entregador.
— Que bom que apareceram! — Bo Gum sorriu. — Vim me despedir.
Myung e eu cumprimentamos o ator, que agradeceu muitíssimo pelo convite. Bem que ele poderia ir morar com o Bangtan. Parei.
— Vou ter que ir separado de vocês, porque ainda vou gravar uma cena. — Bo Gum explicou. — Espero que não fiquem chateados.
Chamamos um táxi para nos levar para casa. Bo Gum se despediu mais uma vez e deixou claro que queria mais encontros como o que tivemos. Entramos no veículo e acenamos para ele, que ficou sorrindo super feliz do lado de fora.
Não demorou muito e o taxista já estava parando em frente ao prédio onde o Bangtan morava. Todos saímos do carro e agradecemos ao motorista pelo serviço.
— Foi muito legal ter ido ao cinema com vocês, pessoal. — Myung falou. — E como o Bo Gum disse, precisamos fazer isso mais vezes.
— Nós quem agradecemos pelo convite, Myung. — Coloquei as mãos nos bolsos de minha calça. — E sim, podemos ver outro dia pra repetirmos o cineminha.
E como esperado, o silêncio veio. Isso é agonizante, sério.
— Vamos subir, meninas? — Tae sugeriu. — Foi um prazer estar com você hoje, Myung.
Ambos se cumprimentaram com socos no punho.
— Posso falar com você rapidinho, Valentina? — Myung pediu.
Clover e Taehyung me olharam meio estranhos. Eu imaginava o que eles deviam estar pensando.
— Sim, pode. — Respondi. — Vão na frente vocês dois. Já subo.
O casalzinho assentiu. Tae pareceu não querer muito ir, mas decidiu acompanhar a Clover.
— Bem, Myung... pode falar.
Eu quero agradecer pelo dia de hoje. — O entregador pegou minhas mãos e as segurou. — Muito obrigado por ter aceitado ir ao cinema. Estou muito feliz por isso e planejo ficar por muito tempo.
Fiquei sem reação com a façanha do garoto, mas me recompus rapidamente.
— Obrigada também. — Puxei minhas mãos bem devagar. — E valeu pelo chocolate. Te devolvo a grana amanhã.
— Não precisa. — Myung sorriu. — O chocolate foi um presente.
— Enfim, vou devolver de alguma forma. Agora eu vou subindo, okay? Te vejo depois.
— Tudo bem. — Myung acenou para mim. — Tchauzinho.
— Tchau.
Me virei e fui andando para dentro do prédio. Eu senti que se continuasse a conversar com o entregador alguma coisa poderia acontecer e foi melhor evitar.
*****
Jungkook
Já não estava mais aguentando esperar. Quando me levantei para abrir a porta do apartamento e ir atrás do trio amoroso, Taehyung e Clover chegaram.
— Olá, amigos. — Tae entrou e se sentou.
— Por que a Valentina não está com vocês? — Indaguei, quase saindo do controle.
Clover e Taehyung se entreolharam, talvez ponderando se deviam me contar o que estava acontecendo ou não.
— Falem logo! — Insisti.
— A Tina está conversando com o Myung, mas já está vindo. — Clover respondeu, por fim.
— ELA O QUÊ? — Esbravejei. — Vou ir atrás dela agora mesmo!
No momento em que eu ia sair, Valentina apareceu e me empurrou de volta para dentro.
— Aonde estava indo? — Ela perguntou.
— Óoo, onde será que eu estava indo? — Falei, bravo. — Ia atrás de você ver o quê estava falando com aquele Myung.
— E o quê poderíamos estar conversando, garoto? — Valentina ficou irritada. — Você já vai começar? Não gosto que fique me sondando e implicando com o Myung.
— Por que está defendendo ele? — Gritei.
— PARA DE GRITAR! — Valentina alterou ainda mais a voz.
— Chega disso vocês dois! — Namjoon brigou. — Pare de agir assim, JK.
— Ouça seu líder, Jungkook. — Valentina zombou. — Não fale comigo, okay? Não quero conversar com você.
Tina saiu andando e foi para um dos quartos, me deixando ali sem dar nenhuma explicação.
— Valentina! — A chamei, estressado.
— Deixa ela, Kook. — Namjoon aconselhou. — Depois vocês conversam.
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