História Oi, Jungkook - Eu acho que gosto de você

Acordei com a luz do sol atravessando a janela do quarto. Dei um mini salto de susto e olhei para a cama de Clover, com certo desespero. Será que ela já havia chegado e me viu dormindo com o Jungkook?

Senti a respiração do mesmo em minha nuca. Seu braço permanecia ao redor de mim e seu rosto estava por entre os meus cabelos. Me remexi e me virei de frente para ele. Fiquei o encarando, bem próxima de sua face. Como retirei seu braço de cima de mim, ele acordou na hora e arregalou os olhos, assustado. Para completar, deu um pulo enorme da cama e se sentou, confuso.

— O que eu tô fazendo aqui? — Kookie indagou. — Nós dormimos juntos?

Assenti, meio envergonhada.

— Bem... você veio pra cá e caiu no sono aqui mesmo. — Expliquei. — Fiquei com pena de te acordar, pois você mereceu a noite de sono que teve.

— Eu fiquei sonâmbulo? — Jungkook perguntou, envergonhado. — Senti que estava abraçando algo enquanto dormia e...

Ele me olhou, percebendo na mesma hora o que tinha abraçado durante a noite inteira.

— Me desculpe! — Ele falou, ficando vermelho.

— Tudo bem. — Respondi. — Eu ia ficar a noite toda acordada pra não ter que mexer em você por conta disso, mas não aguentei e acabei dormindo também. Me desculpe.

Kookie abaixou a cabeça, evitando me encarar. Nós dois estávamos muito encabulados com os últimos acontecimentos.

— Eu sou um idiota mesmo! — Ele disse. — Me perdoe por ter vindo ao seu quarto só pra te causar problemas. Não era minha intenção, eu juro.

— Jungkook, tudo bem! — Falei, tocando em seu braço.

Ele olhou pra essa ação e tornou a ficar acanhado. Talvez eu nunca saiba como agir perto dele.

— Eu vou olhar pra ver se não tem ninguém no corredor. 

Me levantei e saí do quarto, tentando eliminar toda essa tensão. Os outros pareciam ainda estar dormindo em seus aposentos.

— Pode sair, Jungkook. Eles ainda não saíram do quarto.

Kookie se levantou da cama e veio até a porta, olhando de um lado para o outro.

— Ufa! — Ele suspirou. — Tomara que eles não façam perguntas. Mas se fizerem, vou deixar isso preso entre nós, okay?

Sorri em resposta. Kookie se retirou e se dirigiu ao seu dormitório com passos lentos, na intenção de não fazer nenhum barulhinho sequer. Já eu, desci as escadas e fui para a sala de estar. Comprovei que Clover ainda não havia chegado e isso era um alívio.

— Bom dia, mocinha. — Jimin apareceu, fazendo com que eu me assustasse.

Ele veio até mim dando um de seus sorrisinhos e sentou-se ao meu lado no sofá. Espero que não tenha ouvido e nem visto nada.

— Bom dia. — Respondi. — Levantou tão cedo assim?

— Sim, até porque fiquei preocupado com umas coisas. — Ele disse, fazendo um bico.

Park Jimin sabia atiçar como alguém. Lindo pra carambola, alguém para!

— Quer me dizer que coisas são essas? — Perguntei, hesitante. — Quem sabe eu até poderia ajudar você?

— Não sei... — Jimin respondeu, com um olhar pensativo. — É que o Jungkook ficou fora do quarto a noite inteira, sabe? Não sei o quê pensar.

Engoli em seco. 

— Entendo... — Falei.

Jimin me encarou e chegou mais perto de mim.

— Você é muito bonita. — Ele riu, envergonhado.

E claro, acabei me envergonhando também e ficando embaraçada com aquilo. O que é que esse menino estava pensando?

— Obrigada, Jimin. — Agradeci. — Você realmente me impressiona.

— Por quê? 

— Porque conversa comigo normalmente e depois vem com essas coisas suas.

— É que eu gosto de ver as reações das pessoas. É tipo quando você fala de alguém para uma pessoa que provavelmente gosta desse alguém que você está falando.

Olhei para Jimin franzindo o cenho. Onde é que ele queria chegar com essas conversas?

— Alguém gosta de alguém? — Indaguei.

— Provavelmente. — Jimin respondeu. — Mas eu não sei. Podemos nos enganar, não é mesmo?

Meneei a cabeça. 

— Ufa, chegamos! — Yorin adentrou a casa, juntamente com a Clover.

Me levantei e fui até as duas, abraçando minha amiga.

— Mas agora? — Falei. — Por que demoraram anos?

— Os exames não demoraram, malucona. — Clover disse. — É que a amiga da Yorin achou melhor que ficássemos lá pelo hospital mesmo, pois era muito tarde pra voltar e eu tomei um remediozinho pra dor. Caí no sono lá mesmo.

— E ficou tudo bem, né?

— Sim. Só vou ficar usando essa tipoia para o pulso por uns dias.

Balancei a cabeça negativamente e olhei para umas bolsas no chão.

— O que é isso? — Perguntei.

— Comprei patins pra gente andar, aaaaa! — Clover riu, empolgada.

— Você com esse braço ruim quer andar de patins? Sabia que você era louca, mas retardada é novidade.

— Eu não preciso andar hoje, ué. Mas quer saber? Vou andar. 

— Não seria melhor descansar um pouco? - Yorin sugeriu.

— Quero ver a rua! — Clover disse, chorosa.

Suspirei, pensando na maluquice que ela queria fazer. E o pior era que se eu não aceitasse, ia sobrar pra mim depois.

— Okay, nós vamos. Mas é bom que tome cuidado, porque se você cair eu vou é rir da sua cara.

Clover me agarrou, comemorando. No fim, ela sabia que conseguia tudo.

— Vou ir pra cozinha, me deem licença. — Jimin riu, se levantando do sofá. — E melhoras, Clover.

— Você é o meu remédio. — Ela deu um sorriso mal.

Soquei seu braço na hora, lançando um olhar de reprovação.

— O quê? — Jimin indagou.

— Nada, pode ir. — Falei, fazendo sinal com a mão pra ele sair.

— Juízo vocês duas. — Yorin disse, fazendo um sinal com os dedos e com os olhos de que estava de olho em nós.

Peguei os patins do chão e fui com Clover pra rua, antes que me fosse inventada mais alguma coisa.

— Vamos colocar esses brinquedos e sair para a aventura! — Ela começou a pular.

— Você nem parece ter dezenove anos, às vezes. — Eu ri.

Nos sentamos no meio fio da calçada e colocamos os patins. Com a ajuda uma da outra, nos levantamos e arriscamos os primeiros passos.

— Pode me soltar! — Clover largou minha mão.

A idiota começou a patinar que nem uma retardada. E eu, claro, fui seguindo a mesma.

— Opa... — Me desequilibrei, mas continuei de pé.

— Toma cuidado, oh malucona!

De repente, meu desequilíbrio foi piorando e eu comecei a acelerar. Nunca fui muito boa com patins, mas também não chegava a ser um desastre.

— AAAH! — Me desesperei, tentando alcançar a Clover para segurá-la.

Eu tentava usar o freiozinho do troço, mas cadê que eu conseguia? As pessoas na rua começaram a ficar desesperadas comigo e eu continuava acelerada no bicho. Quando pensei que ia ser meu fim e que eu ia me quebrar toda, algo ocorreu...

Myung, o entregador, vinha vindo de bike na minha direção e parou na hora, saindo de seu meio locomotor e correndo até mim.

— MYUNG, NÃAAAO! — Gritei.

— Confia em mim! — Ele também gritou.

O entregador abriu os braços e, quando eu ia de encontro com seu corpo, ele me agarrou e caímos juntos no chão. Fui parar em cima do menino, coitado.

— Você se machucou? — Indaguei.

— Você tá bem? — Ele me encarou.

Falamos ao mesmo tempo e acabamos rindo disso. Nossos rostos estavam bem próximos um do outro, cena perturbadora de se presenciar. Myung segurou a minha cintura e se sentou no chão para se levantar, me ajudando a fazer o mesmo em seguida. Ele pegou minhas mãos e logo eu estava de pé junto de si.

— Obrigada por me salvar, Myung! — Falei, fazendo uma careta de dor.

Olhei para minhas pernas e vi que tinha feito um corte horrível na coxa direita. E pra completar, não conseguia andar de jeito nenhum.

— Tina, você tá beeem? — Clover veio toda afobada.

— Estou, obrigada. — Eu ri.

— Vou acompanhar vocês até a casa do Bangtan. — Myung disse. — Já que você não vai conseguir andar até lá, me permita fazer uma coisa.

O entregador me pegou em seus braços e segurou-me em seu colo. A ação me surpreendeu e confesso que me deixou meio sem jeito. Passei os braços ao redor de seu pescoço e minha cabeça tombou em seu ombro.

— Vou pegar sua bicicleta, menino! — Clover disse, levantando a bike de Myung do chão.

Depois disso, seguimos para casa.

      *****

Jungkook

Não aguentei ficar no dormitório e fui para a sala de estar. Não tinha ninguém lá, então fui dar uma olhada na cozinha. Haviam alguns ingredientes para sanduíche no balcão da copa e a porta que dava para o jardim estava entreaberta. Apoiei os braços no balcão, suspirando aliviado por ninguém estar ali. 

Que loucura foi essa da noite anterior, hein? Eu dormi com a Valentina! É claro que não fizemos nada demais e foi tudo muito na pureza, só que eu não deveria ter entrado no quarto da menina.

Mas, pensando bem, eu dormi muito feliz essa noite. Fazia um tempinho que não conseguia parar e descansar como descansei com ela.

Droga, estou morrendo de vergonha agora! Como vou olhar para a Valentina de novo? Eu não consegui olhar para ela direito desde que saí do quarto. E se eu agir da forma que estou agindo agora, ela vai me achar mais estranho do que eu já sou e com razão.

— Aí está o baderneiro! — Jimin apareceu.

Ele também apoiou os braços no balcão e ficou ao meu lado, fazendo aegyo pra mim.

— Onde você estava a noite inteira, Jungkook? — Jimin indagou. — Não te vi no quarto e quero explicações.

— Não somos um casal pra eu ficar te dizendo onde foi que eu dormi ou não, não acha? — Disparei.

— Ei... — Jimin começou a demonstrar traços de que estava se irritando. — Não somos um casal, mas ainda assim eu quero saber! Estava preocupado com você, seu maluco!

— Me desculpe. — Falei, meio arrependido. — É que... eu só não fiquei no quarto. Foi isso!

— E onde você ficou? — Jimin insistiu. 

Esse cachorro raivoso! E o pior é que eu não gostava de mentir para nenhum dos meus hyungs. Eu sempre contava tudo pra eles, não podia deixar nada sem dizer.

— Okay, eu vou contar onde estava...

Fui interrompido por barulhos de gemidos de dor vindos da sala de estar. Jimin e eu nos entreolhamos e fomos correndo ver o quê era. Quando chegamos no local, nos deparamos com uma cena inesperada para mim...

Myung, o entregador, vinha entrando com Valentina em seu colo.