Ronald Pines não poderia ser considerado um bom exemplo, muito ao contrário, sempre foi um monstrinho. Aos seis anos tentara afogar a própria irmã na piscina de um clube; aos sete atirou uma pedra na professora de artes, quase matando a mulher; e aos oito acalmou-se, nada mais fez. Agora, aos dezoito, os sinais de uma mente perturbada retornam ao garoto. Oito, sim, o número oito, sempre teve que estar ao seu lado.
Lá estava Ron Pines enterrando o corpo da ex-namorada. Isso é nada legal, Ronald...
-Cala a boca! –gritou o garoto Ron.
O que posso te dizer, Ron? Eu sou sua consciência, nunca me calarei, até a sua morte. Você deveria seguir meus conselhos com mais frequência, se o fizesse, não teria matado a Rachel e se arrependido tão amargamente.
-Rachel era uma vagabunda! Ela pediu isso!
Não, Ron, ela apenas estava fugindo de você. Você sabe que suas ações não estão sendo as melhores ultimamente. Olhe para ela! O amor da sua vida, mas que você matou por puro ciúme!
-Ela me traía com meu melhor amigo! –pobre Ron, começou a chorar.
Ron, você percebe como aqui é bonito? O mar está sempre revolto, a grama é escura e sempre com aspecto úmido e o farol reina com sua forte luz que ilumina as ondas cinzentas. O que você acha sobre isso?
Ron está calado. Está concentrado em enterrar Rachel. Os cabelos escuros e o corpo da falecida já estão completamente cobertos, apenas os seios e o rosto não foram tapados pela areia fofa.
Ron, a camisa dela está bonita hoje não? O que é aquele rasgão no ombro?
-Foi de quando ela tentava fugir de mim.
Ah, sério? E lembro de que ela te chamou de algo antes de dar o último suspiro. Você se lembra do que ela disse?
-Que sou um monstro.
Você concorda, Ron? Hum, continua calado. Ah, entendi! Está contando as marcas das facadas no peito? Foram quantas?
-Sete... Mas contando com o rasgão na camisa, são oito. –o jovem Ron senta ao lado da cova.
Seu jeito de calcular é um pouco duvidoso, Ron. Então, você concorda com o que ela disse?
-Não. Não sou um monstro.
Ron! Você matou uma pessoa! Não tem noção do que está acontecendo? Você é um monstro!
-Cala boca! Cala a boca! Sai da minha mente!
...
-Silêncio?
...
-Você está aí?
...
-Eu não contei quantas pás cheias de areia foram necessárias para enterrá-la.
...
-Por favor, me responde!
...
-Eu estou implorando.
...
-Fala!
Foram seis, seis pás cheias, Ron. Sua teoria está errada.
-Não, não está errada. Eu só não medi direito a quantidade de areia. Eu vou tirar toda a areia para enterrá-la com a quantidade certa.
Você vai tirar toda a areia? Só por causa de um número?
-Sim, óbvio.
Ai, Ron...
-Conta comigo.
...
-Conta comigo.
...
-Fala!
...
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