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História Okay - A saída (penúltimo capítulo)


Escrita por: GSilva

Capítulo 15 - A saída (penúltimo capítulo)


CAPÍTULO 14 – A SAÍDA

 

Eu tentei fazer de tudo para não ver o futuro que estava extremamente próximo. Tentei não olhar para os olhos do Yian, tampouco para mim mesmo ou para os respingos de sangue no chão. Tentei, contudo, minhas tentativas desapareceram aos poucos.

Yian ficou encostado à parede do porão, com as mãos ao lado do corpo e as pernas esticadas. Eu esperei alguns segundos para fazer qualquer coisa além de ficar olhando para o rosto do Yian, principalmente porque Kaio ainda poderia estar por perto. Só Deus sabe o que o sequestrador disse para o garoto atirador, mas, tenho quase certeza, foi algo sobre assassinar o Yian.

— Oliver… — Yian disse, engasgando-se. Eu olhei para seus olhos, que estavam cheios de dor, e sorri.

— Não fale, você está fraco. — Respondi, olhando pela primeira vez para o corpo dele.

As mãos do garoto agora estavam sobre o buraco da bala, mas, percebi com uma espécie de desespero, ele mal parecia fazer pressão sobre o local. Uma linha de sangue escorria pela lateral do corpo dele e se derramava ao chão, formando uma poça escarlate. Quando voltei meus olhos novamente para o rosto dele, tentei passar o máximo de confiança possível.

— Não está tão ruim. Não está. — Cochichei para ele, que deu um sorrisinho.

— Você é ator, mas é péssimo mentiroso. — Yian disse. Eu não sei por que, mas sorri. Por algum motivo, eu queria sorrir naquele momento – não sei se era porque eu queria tranquilizá-lo ou porque estava muito nervoso.

Aproximei minha mão do rosto do garoto e acariciei gentilmente seu maxilar. Cada centímetro dele parecia tremer, cada músculo e cada órgão pareciam tomados por uma dor escruciante. Eu quis perguntar se estava doendo, se ele queria que eu fizesse alguma coisa para diminuir a dor, mas achei que a resposta já estava suficientemente clara. Ele estava morrendo.

Subitamente, levantei-me e olhei para trás. O alçapão ainda estava fechado, mas, felizmente, Kaio deixou a luz do porão acesa.

— Oli, onde… O-onde você vai? — Yian perguntou, gaguejando. Eu não olhei para ele, pois estava concentrado na única saída daquele porão.

— Você precisa de medicamentos, de um médico ou qualquer coisa. Eu sei onde fica a saída da casa, posso te tirar daqui. — Respondi.

Ele pareceu rir.

— Você vai lutar contra o Mestre e o Kaio sozinho?

— Vou.

— N-não sei se você percebeu, mas… Mas Kaio se juntou ao sequestrador. Não temos como sair. — Yian rebateu, parecendo conclusivo na própria ideia. É claro que ele não acreditou em mim, ele ainda não tinha me visto lutar.

— Você precisa sair daqui! — Interrompi, elevando a voz.

Olhei para ele com rispidez e, após alguns segundos, o garoto assentiu.

Voltei-me novamente para o alçapão. Ele ainda estava fechado e parecia mais selado do que nunca. Subi os degraus rapidamente, quase tropeçando, e, reunindo toda a força que eu julgava ter nos meus pulsos, esmurrei o assoalho de baixo para cima. O barulho ecoou pelo porão, enquanto eu gritava.

— Tem alguém aí?! O Yian precisa de um médico! Por favor!

Eu sabia que gritar por ajuda era uma atitude idiota, visto que as únicas pessoas naquela casa não se importavam nem um pouco com a saúde do garoto baleado. Eu não gritei para chamar a atenção do sequestrador ou do Kaio (embora parecesse isso), mas sim para tentar fazer a minha voz alcançar uma das casas vizinhas. Lembro-me bem de quando o sequestrador disse que a casa ficava longe do resto da cidade; foi uma mentira. Eu sabia que havia casas ao redor, e se eu conseguisse gritar o suficiente…

— Oliver, não adianta. — Yian me censurou. — Mesmo que você consiga chamar alguém…

— O quê? — Perguntei, virando-me para ele. Tentei passar uma atitude confrontadora, mas meus olhos já estavam cheios de lágrimas. — Não adianta por quê? Eu não vou deixar você morrer, Yian, nem pense nisso.

Ele ficou em silêncio novamente enquanto eu batia e batia, gritava e gritava, tentava ao máximo chamar a atenção de alguém. E de repente o alçapão se abriu. Eu quase caí para trás, embora apenas uma fresta tenha surgido e, por ela, uma faca foi jogada dentro do porão. Ouvi a voz do Kaio dizer:

— Para o golpe de misericórdia.

Quando processei o que aquilo queria dizer, quando tentei abriu mais um pouco do alçapão, só mais um pouco, Kaio já tinha ido embora eu nós havíamos sido trancados no porão de novo. Olhei para baixo, onde a faca permanecia parada como uma arma letal, entretanto, indesejada.

— O que é? — Yian perguntou, porque obviamente não conseguia ver o que tinha sido jogado no chão.

Eu desci um degrau e me abaixei para pegar a faca. Quando me levantei, com o objeto prateado reluzente em mãos, os olhos do Yian quase se fecharam de tanta dor. Ignorei por um tempo o que estava ocorrendo ao meu redor, ignorei tudo, apenas fiquei pensando – pensando em como o Yian foi a pessoa mais gentil que eu já conheci, pensando que ele, apesar das circunstâncias nada agradáveis, me ajudou como ninguém, pensando que eu gostava mais dele do que era normal. Pensei que não havia, de forma alguma, nem que ele estivesse certamente fadado a morte… Eu não ia matá-lo.

— Oli, olhe para mim. — Ele disse, quando derramei uma lágrima sobre a lâmina. — Escute, você precisa fazer isso.

— Não, não, não… — Eu murmurei, aproximando-me dele rapidamente.

Ajoelhei-me ao seu lado, colocando a faca no espaço entre nós dois. Ela parecia criar uma barreira entre nossas vontades, porque claramente não queríamos a mesma coisa.

— Não, olhe… Se você não fizer isso, eu vou sangrar até a morte e seu esforço terá sido em vão. — Ele parecia muito sério ao falar. — Mas, se você me der o golpe de misericórdia…

— Eu não vou fazer isso! — Elevei a voz, praticamente gritando ao lado de Yian, que não se intimidou.

— Talvez seja um teste. — Ele disse. — Talvez o sequestrador queria que você me mate. Se você não o fizer, ele te matará. De qualquer forma, eu vou morrer.

— Se ele quer que você morra, que venha e faça por si mesmo. Eu não vou fazer isso. — Interrompi, olhando fundo nos olhos do Yian e de repente esqueci que estávamos no porão. Esqueci que éramos dois garotos sequestrados, esqueci que talvez eu nunca mais sairia daquela casa. A única coisa que eu pensava naquele momento era que eu gostava muito dele, e ele estava morrendo. — Eu demorei muito para perceber isso. — Comecei a falar. — Mas não quero que você morra, não quero sair daqui sem você e muito menos fazer qualquer coisa sem você. Eu quero muito me ver livre desse porão, dessa casa, mas nada fará sentido se você estiver morto.

Eu me curvei na direção dele, sem esperar pela resposta, e o abracei o mais gentilmente que consegui. Quando me afastei, ele estava sorrindo e todo o seu rosto sorria, não só sua boca, mas também seus olhos. Foi nesse momento que percebi que ele também gostava muito de mim. Aproximei-me novamente e, sem aviso, encostei os meus lábios aos dele. Foi um beijo caloroso, com gosto de sangue e dor.

Mal percebi que ele já estava segurando o punho da faca.

Aconteceu tudo muito rápido e eu não pude impedir. Ele me afastou rapidamente, como se não quisesse ser beijado naquele instante, e colocou a ponta da faca sobre o peitoral.

— Eu não tenho força para fazer sozinho. — Disse ele, com um olhar gentil. Eu detestei que ele estivesse olhando daquele jeito para mim, naquele momento. Por um impulso de susto, tentei tirar a arma branca das mãos dele, mas, por mais que tenha dito “eu não tenho força”, não consegui.

— Eu não vou fazer isso. — Repeti, mais seriamente dessa vez. Ele girou o cabo da faca.

— Eu preciso da sua ajuda, Oliver. — Disse ele, quase chorando. — Está doendo. Está doendo muito. Eu preciso que você termine isso para mim.

Repentinamente, olhei para o local onde o tiro havia acertado. A ferida já parecia podre e uma linha de sangue mais grosso saía do ferimento.

Olhei novamente para ele, que estava sorrindo, lindo como sempre.

— Eu te amo. — Disse Yian, penetrando a faca por alguns centímetros no peitoral. Eu comecei a chorar drasticamente e segurei a mão dele. Ambos seguramos a faca. — Por favor. — Ele disse.

E de repente eu fiz. Fiz aquilo que disse que não faria, mas, ainda assim, o fiz. Com força, empurrei a faca contra o peito dele e a lâmina se enterrou até o início do punhal. Ouvi um som de algo quebrando e os olhos dele se voltaram para mim.

Dizem que não se sabe o exato momento que alguém morre. Você nunca pode saber o exato momento, apenas pode saber quando olhou no relógio e constatou o horário da morte. Mas eu senti, quase como um sopro deixando o corpo, como se ele estivesse saindo. Eu senti a luz deixando os olhos dele. Eu senti o amor dele sobre mim e, de repente, senti sumir.

Quando soltei o ar pela primeira vez, percebi. Ele estava morto.

 

***

 

As minhas lágrimas se derramavam sobre o corpo do Yian e embaçavam a minha visão, enquanto eu ainda segurava a mão dele e me esforçava para não olhar para seu rosto. Foi impossível. Perdi a conta de quantas vezes me aproximei dele e beijei seu maxilar ou quantas vezes fiquei murmurando o quanto eu gostava dele. Fiquei lá por incontáveis minutos que pareceram durar uma eternidade. A poça de sangue já tinha aumentado e agora encostava nas minhas pernas. Eu não recuei. Por algum motivo, estava bom ficar ao lado dele.

Contudo, a minha história não acaba por aí.

Com uma última olhadela para Yian, levantei-me cambaleante e comecei a andar. Tive que me apoiar nas ripas que sustentavam o teto do porão, pois mal sentia as minhas pernas e parecia que havia um sapateador no meu estômago. Com esforço, limpei o sangue dos meus antebraços na camisa que Andrew havia me dado, franzindo o cenho. Estava insuportável ficar naquele porão, então fiz a única coisa que podia fazer. Andei até o alçapão. Assim como fiz antes, bati as mãos no alçapão e gritei.

— Yian está morto! Me deixei sair!

Tive que repetir algumas vezes para poder receber alguma resposta, que veio em forma de ruídos e barulho estranhos. De repente, o alçapão se abriu ruidosamente e uma pessoa surgiu atrás dele.

— Finalmente. Pensei que ele nunca ia morrer. — O sequestrador disse, estendendo a mão para mim. Eu suspeitei desse gesto de caridade dele, mas, ainda assim, segurei em sua mão e subi para o andar superior.

Ele ainda ficou parado por um tempo, para fechar o alçapão, mas depois se virou para mim com um sorrisinho nada agradável.

— Se tudo ocorrer bem — disse ele —, eu nunca mais vou precisar abrir esse porão de novo. Seu namoradinho vai apodrecer lá.

Eu quis perguntar como ele sabia que eu e Yian estávamos juntos, mas deixei a questão guardada para uma melhor oportunidade. Naquele momento, enquanto a imagem de Yian sucumbindo não saía da minha mente, o meu alvo era outra pessoa.

— O que quer dizer com isso? — Perguntei.

Ele sorriu novamente e indicou o final do corredor com o braço. Eu segui a direção, indo para a mesma porta que, dias atrás, levou a sala onde os garotos foram envenenados e Alan foi morto. Entrei, seguido pelo sequestrador, encontrei o mesmo panorama que antes.

Até parecia o mesmo banquete, com a mesma mesa, os mesmos papéis de parede, os mesmos talheres, as mesmas velas colocadas nos mesmos castiçais. Olhei em volta rapidamente, parando apenas para me observar no espelho que havia ao lado da porta. Eu não havia percebido, mas o sangue do Yian tinha manchado até o meu pescoço e o meu rosto. Nervosamente, esfreguei as áreas onde o sangue estava e, sem sucesso, olhei para o fundo da sala. Kaio estava lá, ao lado do sequestrador.

— Sente-se, Oliver. — Disse o sequestrador. Kaio permaneceu parado, como um dos guarda-costas do Montmore.

Não respondi nada. Minha mente girava, girava em torno de um momento e de uma pessoa. A única lembrança que eu tinha era do momento em que Yian foi atingido pelo disparo feito por Kaio, ou seja, eu estava mais sedento de justiça do que nunca. Comecei a andar, ignorando o pedido do sequestrador.

— Oliver, sente-se.

Cada passo parecia sincronizado com a rapidez do meu coração, que batia forte contra as minhas costelas. Respirei fundo, olhando para o causador da morte da única pessoa que eu realmente gostei em toda a minha vida.

— Oliver, o que você está fazendo? — O sequestrador perguntou, se levantando da cadeira. Eu não respondi.

Alcancei o garoto parado ao lado dele e agarrei o colarinho da camisa dele – no momento, nem percebi que Kaio estava vestido. Com raiva, joguei Kaio contra o chão, que caiu como uma pedra, depois comecei a chutar seu estômago. Ele tentou se levantar, mas não conseguiu fazer nada além de se apoiar para não desmaiar. Foi tudo tão rápido. Senti subitamente dois braços me segurando por trás, e, quando fui afastado do garoto, percebi que era o sequestrador. Foi apenas nesse momento que a minha voz funcionou.

— Você o matou! Você o matou! Seu desgraçado, filho da puta! Eu vou te matar! — Gritei, esperneando, enquanto o sequestrador me afastava.

Ele conseguiu me carregar até o outro lado da mesa e finalmente me largou. Comecei a andar novamente na direção do Kaio, mas parei no meio do caminho, barrado pelo sequestrador.

— Oliver, chega. — Disse ele, com uma mão virada na minha direção.

Kaio, do outro lado da sala, já estava em pé e parecia barrar o fluxo de sangue que saía da sua boca.

— Mas ele…

— Chega! — O sequestrador gritou. — Meu Deus, garotos… Não era para acontecer assim. Oliver, sente-se.

O homem sinalizou a cadeira na extremidade da mesa. Eu olhei em volta e constatei que não tinha muitas opção, então aproximei-me da mesa e me sentei. Kaio ficou em pé, ao lado do sequestrador, com as mãos atadas na frente do rosto, enquanto o homem se sentava.

— Sabem, eu estou prestes a receber uma promoção, se vocês colaborarem… — Disse o sequestrador, servindo para si mesmo uma grande taça de vinho. — O sistema nunca viu algo tão perfeito quanto o Original, há alguns anos.

Franzi as sobrancelhas, porque não sabia do que ele estava falando. O sequestrador olhou para o Kaio, depois para mim, e sorriu, balançando a taça de vinho no ar.

— Ah, é claro, vocês não conhecem essa história. — Disse ele, com um sorriso perverso. — Deixem-me contar, então. — Ele se levantou e começou a andar. — Nós do Sistema chamamos um momento muitíssimo importante de Original. Gordon Dale foi o primeiro a começar o Sistema, e ele arquitetou toda uma organização que se infiltrava desde a polícia até o subúrbio londrino. Em Londres, ele fez o maior sequestro do nosso sistema, com vinte garotos simultaneamente. No fim, o sequestro foi descoberto e, posteriormente, ele foi morto por um dos garotos sobreviventes. Desde então, o Sistema vem tentando fazer algo parecido. — Ele fez uma pausa para tomar um gole do vinho. — E tenho o orgulho de dizer que a minha função, de fornecedor, está quase perfeita. Nunca, em todos os sequestros da história do Sistema, houve a perfeição. Exceto agora. Em quase todos os sequestros, um ou dois garotos pareciam saber demais, o amiguinho de vocês, Erick, era um desses. Mas no meu sistema, não há isso. Praticamente todos os garotos estão mortos, graças a minha organização de testes, exceto vocês dois. Mas esse é o teste final.

Eu olhei nervosamente para o Kaio, que parecia tão confuso quanto eu, com as sobrancelhas arqueadas e os olhos fixos no sequestrador. O homem continuou a andar, com a taça de vinho dançando em sua mão, e de repente retirou um revólver que vinha trazendo na parte de trás das calças. Ele caminhou até Kaio.

— Embora eu tenha um apreço especial pelo Oliver, acho que ele não bem do tipo que o Sistema gostaria. — Disse o sequestrador, segurando a arma pelo cano e entregando o punho para Kaio. — Agora, você parece ser a escolha perfeita.

Eu vi cada detalhe quando Kaio segurou o revólver, a forma como os lábios dele se contraíram, a forma como seus olhos investigaram o rosto do sequestrador atrás de uma resposta mais clara. Até mesmo eu, apesar dos meus medos naquele momento, abri a boca para perguntar, mas o sequestrador foi mais rápido e respondeu a dúvida abrangente. Ele apontou para mim.

— Mate-o.

Kaio desviou o olhar para meu rosto.

— O quê? — O garoto perguntou, parecendo estranhamente consternado.

— Você é surdo? Mate-o. — O sequestrador rebateu grosseiramente. — Eu sei que você consegue.

— Não, não. Eu não vou fazer isso. — Kaio respondeu. — Eu não mato…

— O quê? Vai dizer que não mata pessoas inocentes? Pois eu posso ir ao porão agora mesmo e trazer o corpo daquele garoto que você assassinou. — O sequestrador interrompeu. — Mate-o. Esse é o teste final. Se você o matar, o Sistema te recompensará.

— Vamos, Kaio, eu sei que você quer fazer isso, de qualquer forma. — Respondi, erguendo o rosto. Eu quis mirá-lo perfeitamente antes do disparo. — Eu não hesitaria se estivesse no seu lugar.

— Ouviu isso? — O sequestrador perguntou novamente. — Mate-o e sairá dessa casa. É a única saída.

 

Foi um milissegundo, uma pequena fração do tempo que, corriqueiramente, não tem importância. Aquele milissegundo teve, aquele pequeno pedaço de paz que eu senti. Fechei os olhos e evitei abri-los para mirar o Kaio. Minha mente girava em torno de tudo o que aconteceu, desde quando saí do meu país de origem até aquele momento, também iludia-me com momentos que nunca chegariam. Eu me vi numa casa sossegada, com uma vida tranquila e, quem sabe, até mesmo um cachorro de estimação. Eu me vi feliz. Então esperei o disparo.

— Você está certo. — Kaio disse, e subitamente sua voz estava carregada de raiva. — É a única saída.

E a arma disparou, mas não da forma como eu imaginava. Esperei sentir a dor, uma dor escruciante que potencialmente me faria implorar pela morte, mas não. Eu estava bem. Pelo susto, abri os olhos e mirei o outro lado da sala. O sequestrador estava apoiado na mesa com uma mão e a outra tampava o ferimento ensanguentado na sua garganta, sangue escorria por entre seus dedos e manchava sua camiseta. Eu vi o pânico em seus olhos quando ele focou no garoto, nada mais além disso. Vi a vida deixando seu corpo, enquanto ele se engasgava com o próprio sangue. E subitamente percebi o que havia acontecido.



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